sábado, 18 de maio de 2013
A CAIXA DE PANDORA
As mulheres são seres iluminados, mas complicadas, complexas, imprevisíveis, instáveis.
Diferem do homem de forma emocional e cultural, além da própria tradição e mitos criados em torno de si.
Sabemos muito do cosmos, das relações físicas, do fundo do mar, mas sabemos pouco desse misterioso ser.
Em suas variantes como filha, mulher, mãe, namorada, etc ela continua, como antes, a ser a protagonista maior das nossas melhores e das nossas piores cenas.
Entender uma mulher é algo que poucos conseguem.
O significado do “nada” dito por uma mulher ou “não estou te acusando” permanecem a desafiar nossa compreensão.
Sacerdotes budistas e eremitas após anos e anos de reflexão dizem conseguir entendê-las, mas é um conhecimento inútil, pois já não há mais utilidade prática.
Selvagens e submissas, conservadoras e revolucionárias, piedosas e cruéis, sedutoras e vingativas, tudo isso num só ser é demais para nossas humildes cabeças masculinas.
Um povo, porém, parece ter compreendido a mulher como nenhum outro, os gregos.
Poucos como eles expuseram as mais íntimas características desse estranho ser.
E isso, fizeram com grande talento, nos contando as coisas a partir de seus mitos, como, por exemplo, na fascinante narração da Caixa de Pandora.
Essa história foi contada pelo poeta grego Hesíodo, um homem do século VIII AC.
Era um homem sábio que dizia “sem mulher, a vida do homem é impraticável, e com mulher impossível”. É ele que nos relata:
O titã Prometeu roubou o fogo do Olimpo e o revelou aos homens. Zeus, o Deus dos deuses” ficou indignado, pois esse segredo deveria ser vedado aos homens. E quando Zeus se indignava praticava o passatempo preferido dos deuses, a vingança. E a vingança de Zeus era implacável.
Prometeu foi amarrado a um rochedo e tinha seu fígado devorado por uma águia. Durante a noite um novo fígado crescia e no dia seguinte a águia retornava e o martírio se repetia. Nem o DOPS bolou um sofrimento tão grande.
Mas Zeus queria se vingar dos homens também e para isso elaborou um plano. Um plano ardiloso.
Criou a primeira mulher, extremamente linda, a quem chamou de Pandora. Antes, porém, convocou os deuses para uma reunião e determinou que cada um colocasse uma desgraça dentro de uma caixa. Apenas um único dom, a esperança misturou-se as maldições.
Em seguida deu essa caixa, na verdade um jarro, à Pandora (a primeira mulher, lembra?) e ordenou que fosse viver com os homens.
Detalhe importante para entender o maquiavelismo de Zeus: não revelou a Pandora o que havia dentro da caixa e ordenou que ela não a abrisse, sob nenhuma hipótese.
Zeus conhecia muito bem sua criação e sabia que nenhuma mulher conseguiria suportar tamanha curiosidade.
Como sabemos bem, Zeus estava certo. Pandora resistiu por dias, mas, finalmente disse a si mesma que não faria mal nenhum dar apenas uma olhadinha. Então abriu a Caixa para ver o que tinha dentro e zás todas as desgraças como orgulho, ódio, doenças, medo, egoísmo etc. escaparam da caixa. Assustada Pandora ainda tentou fecha-la, mas, conseguiu reter apenas a esperança.
A partir desse dia todas as desgraças passaram a conviver com o homem, além de Pandora e suas descendentes, como essa mesma que você agora tem a seu lado.
O que estariam nos dizendo os gregos sobre a mulher?
Primeiro nos alertam sobre a curiosidade feminina, que, convenhamos,longe de ser um defeito, é uma das melhores características do pensamento humano. Se é verdade que a ciência tornou nossas melhores vidas, também é verdade que foi a curiosidade que criou a ciência.
Se a falta de controle sobre a curiosidade foi à responsável pelo surgimento de todas as desgraças humanas é fato que o que nos faz evoluir são as dificuldades que as desgraças nos trazem o que provoca a busca da superação dessas dificuldades. Não houvessem desafios a serem superados o homem, provavelmente permaneceria inerte perante a vida.
Nos chamam a atenção de que apesar de todos os desafios e de todos os sofrimentos, o homem segue em frente porque é movido pela força invencível da esperança, e essa, a esperança é o dom que Pandora mantém e com a qual irá buscar se reabilitar perante os homens. A mulher, muito mais do que o homem, acalanta a esperança renovadora e fiel.
Hesíodo sabia muito de mulher. Eis aí um cara que valeria a pena conhecer e conversar, numa roda de cerveja (um modo bem melhor de comprometer o fígado do que o de Prometeu). Com certeza rindo muito de Zeus, que pensando nos estar sacaneando, nos presenteou com a mais maravilhosa de suas criações.
Prof. Péricles
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