Qual teria sido sua última lembrança?
Teria sido sobre seu distante país, agora mergulhado, cada vez mais, numa sangrenta ditadura? Teria se arrependido de ter sido um de seus mentores?
Seria para os vôos que não fez?
Ou seria para o “Dr. Rui”?
Eis aí uma boa probabilidade... talvez o último pensamento do velho político e empresário paulista, Ademar de Barros, tenha sido para o “Dr. Rui”.
Ademar Pereira de Barros nasceu em Piracicaba, em 22 de abril de 1901, de uma tradicional família de cafeicultores.
Teve uma carreira política de sucesso, sendo prefeito, deputado estadual, federal e Governador do Estado de São Paulo..
Empresário dinâmico, sócio da Radio Bandeirantes que daria origem à Rede Bandeirantes (hoje dirigida por seu neto Johnny Saad), Presidente e proprietário de fábricas (como a de chocolates Lacta) e de fazendas.
Foi ainda, aviador e médico.
O mesmo sucesso, entretanto, o velho Ademar não teve como conspirador.
Tendo concorrido duas vezes à presidência da república do Brasil, em 1955 e em 1960 (derrotado por JK e Jânio Quadros, em ambas ficou em terceiro lugar), Ademar tornou-se um conspirador.
Formou, juntamente com Carlos Lacerda (Guanabara) e Magalhães Pinto (Minas Gerais), o tripé de conspiradores que deram apoio político formal e explicito aos golpistas de 1964.
Todos os três governadores tinham uma grande ambição à presidência da República, mas esta pretensão foi estancada pelo desejo dos militares de permanecer no poder por muito mais tempo do que, todos eles, imaginavam. Claro que, os militares haviam esquecido de avisá-los sobre isso.
Sentindo-se ludibriado, Ademar exigiu, em 1966, a renúncia do General de plantão na Presidência, Humberto de Alencar Castelo Branco. O general não gostou e retaliou com a truculência peculiar ao regime, cassando o seu mandato e seus direitos políticos por dez anos. Para evitar ser preso, Adhemar de Barros deixa o Brasil em 7 de junho de 1966, exilando-se em Paris, na França. Acabava-se ali, uma das carreiras políticas mais bem-sucedidas da história brasileira.
E também, uma das mais corruptas, pois, era de conhecimento público, que o governador paulista não economizava nas negociatas e voava com a destreza de um piloto, nos céus escuros da corrupção.
A “voz pequena” e às vezes, nem tão pequena, seus correligionários usavam o slogan extra-oficial “Esse Rouba, mas Faz”.
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