O ódio nas ruas |
De certa forma, 2015 foi um ano perdido na economia nacional também como consequência de uma crise política que não permitiu medidas mais objetivas no enfrentamento das dificuldades econômicas.
A frágil e exígua democracia brasileira (dizem que ela existe) esteve por um tênue fio.
O fascismo representado em outros tempos com os integralistas de Carlos Lacerda retorna lépido e faceiro, vestido de CBF pedindo o fim da corrupção e o impeachment de uma presidente eleita por mais de 54 milhões de votos.
Mas se a “democracia” sobreviveu a ingenuidade dos que acreditavam num presidente do congresso ou num senador derrotado como paladinos da justiça, morreu.
A seguir as manchetes nacionais com jeito de conteúdo de prova de atualidades.
Sempre lembrando que processos ainda em andamento, como a questão do impeachment, não costumam cair em prova.
Ao começar 2015 o Brasil descobriu que em alguns lugares do mundo a pena de morte ainda existe. O carioca Marco Archer Cardoso Moreira, de 53 anos foi fuzilado por tráfico de drogas na Indonésia, já que o presidente daquele país, Joko Widodo não tomou conhecimento dos insistentes pedidos do governo brasileiro de conceder clemência e alterar a pena para prisão.
Em fevereiro uma greve de estranhas origens sindicais promoveu bloqueios em estradas federais, sendo o estado do Rio Grande do Sul, o mais afetado, com 91 bloqueios.
Em março a Operação Lava a Jato passa a fazer parte do cotidiano do brasileiro, quando o ministro do Supremo Tribunal Federal, Teori Zavaski, deferiu 21 pedidos de abertura de inquéritos.
O Judiciário brasileiro levou uma pancada no seu ego quando em abril o juiz Flávio Roberto de Souza confessa que desviou cerca de R$ 1,14 milhão sob sua tutela, além de utilizar o veículo de luxo do empresário Eike Batista. Mas, o juiz foi exemplarmente punido com.. a aposentadoria.
O vergonhoso futebol brasileiro atingiu seu clímax de vexame internacional com a prisão do ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol, José Maria Marin, em maio, na Suíça.
A cota de fiascos nacionais cresceu em junho quando uma inexplicável missão diplomática, tendo o senador Aécio Neves (PSDB) à frente terminou de forma vexatória algumas horas depois de pousar no aeroporto da Venezuela, com as vaias de populares. Nossos heróis tentaram o papel de vítimas, mas, restou mesmo o papel de intrometidos e desajeitados.
O que não teve graça nenhuma foi um atentado a bomba contra o Instituto Lula, em julho, na Zona Sul da capital paulista. A bomba atirada de um carro em movimento causou apenas danos materiais, mas, serviu de alerta. A extrema direita em ascensão no país deve ser vista com seriedade e atenção.
O horror das chacinas voltou a assustar o Brasil em agosto quando 18 pessoas foram mortas nos municípios de Osasco e Barueri. O paulista sente-se cada vez mais desprotegido e acuado.
Uma anotação que não tem as características de de prova, mas que me obrigo a fazer por uma questão pessoal.
Morreu em setembro um dos meus ídolos dos tempos de formação no curso de história, o grande historiador, escrito e professor Joel Rufino dos Santos. Autor de mais de 50 livros de ficção e não-ficção, Rufino escrevia para adultos, jovens e crianças, ganhou alguns prêmios por sua literatura. Foi uma das cabeças iluminadas na área do ensino de história no período da ditadura militar, quando foi preso e torturado. Foi-se o professor, mas ficou sua obra e sua mensagem de coragem na forma de reinterpretar a história do Brasil.
O Brasil manteve sua tradição de atenção aos refugiados políticos. Em outubro o Alto Comissariado da Organização das Nações Unidas (ONU) para os Refugiados (ACNUR) considerou o Brasil um dos mais importantes países para o acolhimento de imigrantes e refugiados. Existem atualmente, 8,4 mil refugiados legalizados no país.
Em novembro (dia 5) ocorreu o maior incidente ambiental da história do Brasil. O rompimento de barragens da mineradora Samarco. O mar de lama desapareceu com a cidade de Mariana (MG) e seguiu num rastro de destruição até desembocar no mar, no estado do Espírito Santo. Os efeitos nocivos ao meio-ambiente ainda são desconhecidos em sua total profundidade.
O ano termina com um alarme sanitário. Com o aumento de casos de microcefalia no país, relacionados ao vírus zika, a coordenadora do ambulatório de microcefalia do Hospital Oswaldo Cruz, Regina Coeli, recomendou que grávidas usem repelentes para evitar que sejam picadas pelo mosquito Aedes aegypti, transmissor do vírus. O país redobra sua guerra contra o mosquito.
Prof. Péricles