sexta-feira, 8 de agosto de 2014
NA RÚSSIA, AMEAÇAS NÃO EXISTEM
O ocidente, apesar de tudo, parece que ainda não conhece a Rússia.
Na cultura russa as crianças aprendem que nunca se ameaça um adversário ou inimigo.
O menino é severamente advertido pelo pai se é visto ameaçando outros meninos naquelas brigas de rua ou na escola, com atitudes do tipo “vou isso ou vou aquilo”.
Não ameace, apenas faça se acha que deve e que pode, diz papai russo.
Pois os Estados Unidos e sua cachorrinha amestrada, a União Européia, parece que não sabem disso.
Por semanas anunciaram que iriam boicotar os negócios russos no ocidente, em retaliação ao apoio do Kremlin aos separatistas do leste da Ucrânia e por sua “interferência” na Criméia.
Vamos fazer e acontecer anunciaram Obama, presidentes e ministros das relações exteriores dos países satélites.
O governo da Rússia manteve silêncio, apenas informando que o país se sentiria no direito de responder a qualquer tipo de retaliação contra ela. E mais nada falou.
Pois no início da semana, primeiro a União Européia e posteriormente os Estados Unidos (sempre jogada ensaiada) anunciaram sanções fortes contra a Rússia por um período de de três meses. Essas sanções, basicamente, concentraram-se nos setores armamentistas (não importação de equipamentos russos) e suspensão da venda de alimentos e produtos agrícolas da União Europeia e dos EUA para aquele país, além de impedir bancos russos de uma série de transações financeiras.
Ontem, o governo de Vladimir Putin anunciou sua resposta, com medidas duríssimas que valerão não por 3, mas por 12 meses.
Entre essas medidas estão a proibição do uso do espaço aéreo da Rússia para aviões comerciais da Europa que fazem linhas para a Ásia (o que irá encarecer um bocado os transportes aéreos desses países) e a suspensão da venda de gás para antigos parceiros do ocidente. Além disso,o Ministro da Agricultura da Rússia, Nikolai Fyodorov, anunciou a suspensão da importação de matérias-primas de países que decidiram sancionar o país por causa do conflito no leste da Ucrânia e que está abrindo novas parcerias com os países que não votaram por sanções contra eles.
As medidas atingem Estados Unidos, União Européia, Canadá, Austrália e Noruega.
Entre os mais gravemente afetados estão a Espanha, a Grécia, a Itália e a França.
Entre os maiores beneficiados está, o Brasil. Para nossa economia os benefícios podem ser imensos.
O secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Seneri Paludo da Rússia disse à agência de notícias russa Interfax, que a situação pode representar uma “revolução” para a indústria brasileira, comparável à que a China provocou na última década.
Só na área da carne de frangos a estimativa gira num aumento em torno de 150 mil toneladas, o que acrescentaria US$ 300 milhões de receitas à balança comercial.
Silenciosamente, Putin está dizendo ao ocidente que os tempos são outros e que quem tem mais a perder agora é a economia dos Estados Unidos e aliados e não a dos BRICS. Lembra que, os governos da União Européia, ao persistirem numa política de vergonhosa adesão a tudo que é proposto pelos Estados Unidos, assumem riscos que podem ser fatais aos seus próprios interesses.
E, enquanto a mídia ocidental canta de galo, diz que faz e acontece, na Rússia, não se ameaça, simplesmente se faz.
Prof. Péricles
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