A revista americana “Newsweek” chega às bancas esta semana com a presidente Dilma Rousseff na capa. Uma foto de Dilma ilustra a reportagem de capa, intitulada “Onde as mulheres estão vencendo”. A edição americana da revista diz que Dilma “está na área” e ressalta que a presidente será a primeira mulher a abrir a Assembléia Geral da ONU, em Nova York, na quarta-feira. Na edição internacional, a “Newsweek” chama a presidente de “Dilma Dinamite”.
Na entrevista à “Newsweek”, Dilma falou sobre Brasil, economia mundial, pobreza e corrupção. Fez questão de exaltar a solidez da economia brasileira e a capacidade do país de combater uma crise mundial. “Sabemos que não somos uma ilha. A Grécia não pode pagar seu socorro. A Espanha está em apuros, assim como a Itália. Os EUA não estão crescendo. Isso tem um impacto negativo nos resto do mundo”, disse a presidente. “Você sabe a diferença entre o Brasil e o resto do mundo? Temos todos os instrumentos intactos para combater o crescimento lento ou mesmo a estagnação da economia mundial”. Segundo ela, “ainda podemos cortar juros”.
“Somos uma grande economia, rica em recursos e com um mercado interno enorme”, continua Dilma. “Graças às nossas políticas sociais, tiramos 40 milhões de pessoas da pobreza e as colocamos na classe média desde 2003. É o equivalente a uma Argentina. A demanda doméstica ficou tão reprimida por tanto tempo que temos um imenso potencial de crescimento. Temos um boom da construção, mas não uma bolha. Esse mercado interno nos permitirá acelerar o crescimento”.
Dilma afirmou ainda que é preciso profissionalizar e reformar o serviço público, “promovendo as pessoas com base no mérito”.
Dentro do especial das mulheres, a reportagem-perfil sobre a presidente (“Não mexa com a Dilma”), que tratou de seu governo e de sua trajetória pessoal, começa com uma história da corrida eleitoral. Entrevistada pela “Newsweek” em Brasília, Dilma contou que foi abordada por uma menina, curiosamente chamada Vitória, em um aeroporto, e ela lhe perguntou: “Uma mulher pode ser presidente”? E Dilma respondeu que sim.
A presidente contou que, quando era criança, queria ser bailarina ou bombeira, e acredita que a pergunta da menina mostra sinais de progresso. A revista diz que um terço do gabinete de Dilma é de mulheres. E lembra que 20 mulheres comandam Estados hoje, sendo quatro das Américas - além de Dilma, há Cristina Kirchner (Argentina), Laura Chinchilla (Costa Rica) e Kamla Persad-Bissessar (Trinidad e Tobago).
A revista publicou elogios dos empresariados. O empresário Eike Batista disse que Dilma gosta de eficiência: “Trabalhar é seu hobby”. O publicitário Nizan Guanaes acredita: “O país sente que há alguém no comando”. E disse que “nosso homem do ano é uma mulher”.
Segundo a reportagem, Dilma se levanta cedo para caminhar nos jardins do Alvorada, devora um resumo das notícias em seu iPad e está em seu escritório às 9h15, onde fica até as 21h. Para a “Newsweek”, a presidente, embora não perca a chance de enaltecer seu antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva, não é a inocente política que os rivais pintavam.
Dilma disse à revista que nunca usou armas na militância - embora fosse boa em limpá-las - porque era muito míope para atirar. A “Newsweek” contou em detalhes a trajetória revolucionária da presidente, sua prisão e a tortura a que foi submetida.
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