quarta-feira, 30 de julho de 2014

O ENCONTRO



Por Luiz Fernando Veríssimo

Os peixinhos nadavam por entre as nossas pernas. Estávamos no mar em frente à casa do José Paulo e da Maria Lecticia Cavalcanti, Praia do Toquinho, Lagoa Azul, Pernambuco, Brasil, América do Sul, Terra, Via Láctea, Universo, com água pela cintura.

Quem éramos nós? Millôr e Cora, Gravatá, Lucia, eu e peixinhos anônimos. Zé Paulinho e Maria Lecticia tinham providenciado tudo para que o prazer dos seus hóspedes fosse completo: sol decididamente pernambucano, céu e mar de um azul irretocável, uma mesa flutuante com guarda-sol em cima coberta de coisinhas para comer e bebidinhas para beber.

A um sinal do Zé Paulinho vinham mais camarão, mais marisco, mais caipirinha, mais pássaros, menos pássaros, mais brisa, menos brisa – e de repente, descendo na nossa direção pela praia como uma aparição, um convidado convocado pelos Cavalcanti para que o dia fosse mais que perfeito: o Ariano Suassuna. De calção de banho !

Ele entrou no mar, e os peixinhos continuaram nadando entre as nossas pernas, sem nenhuma curiosidade intelectual. Eles só estavam ali para pegar os restos da mesa flutuante, alheios ao grande momento, como se um encontro de Millôr Fernandes e Ariano Suassuna com água pela cintura acontecesse todos os dias.

Nós, ao contrário dos peixinhos, nos encharcávamos do momento. Eu, chupando um picolé de mangaba – eu mencionei que também havia picolés de mangaba? –, finalmente descobria o sentido da palavra “embasbacado”.

Depois do encontro no mar, um almoço magnífico –, não fosse comandado pela dona Maria Lecticia. E o dia mais que perfeito terminou com uma visita a um terreno próximo onde o Zé Paulinho criava bodes. Nosso anfitrião queria nos mostrar um animal que importara da África do Sul e que, de tão antipático e posudo, recebera do Suassuna o apelido de “Somebode”.

Uma aula do Suassuna era um show, um show do Suassuna era uma aula.

Além de produzir ele mesmo boa parte da cultura contemporânea da sua terra, Suassuna conhecia como ninguém a história (e as histórias), as artes e as tradições do Nordeste, esse outro mundo dentro do Brasil, e lutava para mantê-las vivas.

Tinha uma memória fantástica, poemas enormes decorados inteiros para qualquer ocasião, e era notável sua capacidade de, aparentemente, se perder em digressões quando falava sobre determinado assunto, a ponto de criar uma expectativa nervosa na plateia – será que ele volta para o assunto ou não volta? –, e retomar o que estava dizendo do ponto exato da digressão, para alívio geral.

O Brasil perdeu um tesouro.

segunda-feira, 28 de julho de 2014

APOLO E O GIRASSOL




O romance foi breve, mas para ela, profundo e único. Clítia, a ninfa das águas, uma das filhas do Oceano, apaixonou-se perdidamente por Apolo, o Deus das artes, da música, das profecias.

Clítia sonhava com aquele jovem Deus, atraente, dono de um rosto de menino e de uma voz encantadora. Por ele, ela seria capaz de qualquer coisa e entregou-se inteira, cega de amor.

Mas Apolo, divindade relacionada ao sol, que era seu carro dourado com o qual percorria o firmamento, tinha outras paixões e foi surdo aos seus clamores. Clítia mostrou que a única que o amava realmente era ela e que ela era a sua melhor escolha. Mas, tudo em vão.

Apolo continuou apaixonado por Castália, que, no entanto, corria dele e acabou preferindo se transformar numa fonte cristalina no Monte Parnaso, onde está correndo até hoje, ou Coronis que ofendeu o deus ao troca-lo por Isquis, um simples mortal. Ou ainda por Marpessa, disputada por Apolo e por Idas, príncipe da Messênia, que preferiu o mortal quando Zeus ordenou que fizesse uma opção: Apolo não me serve como parceiro, disse ela. "Para um deus, o tempo não passa; para os humanos, porém, cada hora deixa a vida mais curta".

Definitivamente Apolo, o mais belo dos deuses do Olimpo, não tinha sorte no amor, mas preferia sofrer por quem não o amava do que olhar para Clítia.

Então, a ninfa das águas com a alma despedaçada, afastou-se do convívio feliz das outras ninfas e foi sentar na terra, nua, no lugar mais solitário da campina. Ali, no raiar de cada manhã, ela esperava que Apolo apontasse no horizonte, dirigindo ocarro do Sol, e dali mesmo ela seguia sua luminosa trajetória no azul do firmamento, até que o manto da Noite viesse cobrir o Universo.

Segundo o poeta Ovidio, ela ficou assim imóvel, sem sentir fome nem sede, nutrida apenas pelo orvalho e pelas lágrimas que derramava, por nove dias e nove noites, quando então os deuses, por piedade, transformaram-na numa flor, o girassol, que até hoje acompanha nos céus a passagem de seu amado.

As mulheres mais práticas perceberam que, o deus da perfeição também era o deus da morte súbita, das pragas e doenças, e que, portanto, sua luz de beleza indescritível podia ser mortal como a luz que atrai e arrasta a mariposa para a morte.

Clítia, porém, foi ingênua ao acreditar no amor impossível entre ela, que vivia na planície e Apolo, que brilhava entre os astros do céu.

Amem, meninas e meninos, intensamente, mas cuidem-se do brilho falso e não permitam que seu amor se transforme num belo girassol, perdidamente solitário nas dobras do coração.


Prof. Péricles

domingo, 27 de julho de 2014

TROCO BEM DADO


Por Omar Catito Peres


Alguém no Brasil já ouviu falar que algum cambista tenha sido preso no Brasil? Eu nunca ouvi falar. Aliás, cambista, existe no mundo inteiro e nada acontece. Como a prostituição e droga, são grandes indústrias em todos os países do mundo, o câmbio negro, também sempre existiu.

Mas por que, então, um Delegado de policia, de Copacabana, do nada, começa a investigar a "máfia de Zurich", sobre a venda de ingressos no câmbio negro? A Policia civil do Estado do Rio tem condições materiais para se meter num barulho desses?

Encontrem a resposta na forma arrogante, prepotente e canalha que se comportaram os dirigentes da FIFA antes do evento. Refiro-me ao Sr. Jerome Volker que, claro, falava em nome do "capo" Blatter e dos mafiosos que compõem a diretoria da FIFA.

O governo brasileiro tinha que dar o "troco" a essa gente. Mas tinha de ser de forma inteligente, sem se expor. E assim foi feito.

Autoridade brasileira significava nada pra esse canalha. Eles se consideram "chefes de Estado". E, por favor, não me venham dizer que os ataques de Volcker eram pertinentes, dado a incompetência do governo e dos Ministros do PT e que, portanto, eles, Volcker e Cia. tinham razão em falar e criticar de forma covarde. Eu estou me referindo à falta de respeito com o meu país, independente de quem, esteja no poder.

O desrespeito foi ao Brasil! Isso não é correto, sobretudo, vindo de mafiosos, canalhas e, agora, comprovado, "cambistas".

A FIFA expôs internacionalmente o Brasil, de forma covarde, pois fazia conferências de imprensa lá fora, esculhambando o país pela "desorganização" do evento.

Vale relembrar as palavras e declarações desse bandido chamado Jerome Volker: 1) os estádios estão todos atrasados e estamos preocupados se realmente haverá copa no Brasil; 2) Sim, há possibilidade de transferirmos a estréia da Copa para o Maracanã, já que o estádio em São Paulo não deve ficar pronto; 3) já estamos com o plano B para retirar Curitiba da Copa, pois o estádio não deve ficar pronto; 4) Nos preocupa a estrutura dos aeroportos brasileiros. Estamos prevendo grandes problemas nessa área; 5) nos preocupa a falta de planejamento para a segurança; 6) não esperem uma copa no Brasil, como se fosse na Alemanha.

Sempre acompanhado de Ronaldo Nazário, agora "travestido" de jornalista, o ex jogador brasileiro sempre apoiou as "reclamações" da FIFA, culminando com a sua famosa declaração de que se "envergonhava do Brasil".

E, agora, Ronaldo, ainda continua com vergonha? Paulo Coelho é quem te definiu muito bem: um babaca!

Sempre dizendo que todo o planejamento e o cronograma das obras estavam em total desordem, o Sr. Volcker continuava humilhando o país nas conferências de imprensa, aqui e lá fora, ajudando a destruir a comprometida imagem do país, sugerindo e colocando em dúvida, até mesmo se o turista deveria vir ver a Copa no Brasil.

O Sr. Volcker não se cansava de humilhar o país, criando um clima de constrangimento a tal ponto, que se pensou em declará-lo "persona non grata".

O "Capo Blatter" teve de vir falar com a Dilma e "pedir" desculpas.

Silenciosamente, a Presidente não disse nada. Colocou-se "panos quentes" em cima do mafioso francês. Mas o troco teria de ser dado.

Foi então que o Serviço de Inteligência Brasileiro montou a maior operação para pegar membros dessa máfia chama FIFA.

O buraco que encontraram foi o envolvimento de toda a direção da FIFA na venda de ingressos no câmbio negro, que já acontecia desde que Blatter se apoderou da instituição.

E, aí montou-se a mais maldosa e inteligente estratégia de vingança contra a máfia de Zurich: pegar os representantes de Blatter e Volcker que dominam o mercado paralelo de ingressos durantes as Copas.

A empresa Match, a única credenciada para vender os ingressos do evento, tem sócios e parentes de Blatter. Os agentes que a representam no Brasil foram monitorados muito antes de começar o evento.

Mas para não deixar pista, a Policia Federal não podia estar envolvida, pois ficaria claro que seria um ato do governo federal. Colocaram, então, os melhores delegados do Rio para executar a ação.

Resultado: um sucesso! Pegaram todo o esquema e, simplesmente, sem coletiva de imprensa, deixaram que a mídia nacional e internacional desse "conta do recado".

O mundo inteiro tomou conhecimento que a FIFA é dirigida por bandidos, tendo essa noticia, o envolvimento da direção da instituição na venda de ingressos no mercado paralelo, sido destaque em todos os veículos importantes de imprensa do planeta.

E para fechar com "chave de ouro" e comprovar a existência da "máfia de Zurich", Franz Beckenbauer, o maior ídolo do futebol alemão se recusou a vir assistir a final da Copa, declarando: "não quero e me recuso a ficar ao lado daquela gente da FIFA.

Cereja no bolo!

A FIFA sai desmoralizada depois dessa Copa. O governo e o povo brasileiro se vingaram. Mesmo perdendo de 7 a 1, o Brasil deu um show de bola na organização e um pontapé na bunda desses bandidos.



quinta-feira, 24 de julho de 2014

DEMÔNIOS SÃO RISONHOS


Como dizia o poeta Castro Alves, Senhor Deus dos desgraçados! Dizei-vós, Senhor Deus! Se é loucura... se é verdade, Tanto horror perante os céus?

Mísseis de alta tecnologia, guiados por satélites e precisão absoluta, lançados sobre casas de civis, sobre hospitais, templos, escolas.

Se nas guerras mais antigas havia o alento de que bombas jogadas mecanicamente através uma abertura na aeronave, fossem imprecisas e atingissem alvos distantes, agora nem isso existe mais.

Como pode um exército extremamente bem equipado, marchar e matar indistintamente pessoas como se matasse insetos? E justamente o exército de um povo que já sentiu isso na própria carne em passado tão recente?

Filas imensas de corpos de crianças destroçadas, crianças que nem mesmo sabem por que tanto ódio e tanta morte. Crianças que até ontem assistiam os jogos da Copa do Mundo e sonhavam serem artilheiros e craques de futebol, como tantas crianças no mundo inteiro. Meninos e meninas que tiveram o ano escolar interrompido pela guerra.

Por onde se escondeu a dignidade nas terras de Moisés?

Terão virado pó como os monumentos de demônios que assustavam os caravaneiros dos tempos de Judá?

O inferno é aqui e os demônios ocupam gabinetes refrigerados, usam computadores e falam por celulares.

O cheiro do inferno não é de enxofre, mas de gasolina queimada, de butano, de lenha em chamas.

Enquanto tropas de um dos exércitos mais bem equipados e poderosos do mundo marcham eivando a terra de sangue, a ONU faz reuniões inócuas e declarações vazias.

O governo de Israel calcula quantos poderá ainda matar até ser forçado a parar já que os custos de uma missão militar são elevados, e convenhamos, como são caros os mísseis de hoje em dia.

Mil? Dois mil? Três mil?

Utiliza a contabilidade parecida com a utilizada pelos nazistas quando em Wassen optaram pela solução final, ou seja, pela extinção dos judeus. A diferença é que, enquanto os campos de extermínio de judeus eram escondidos nas terras em guerra, a solução final palestina se dá ao vivo e a cores em todos os canais de notícias.

Aposto que Benjamin Netanyahu sorri. Aposto que Obama já pensa nas férias de verão. Se bobear um general coça o saco e ri enquanto conta uma piada de algum palestino que ele pode eliminar, aproveitando a oportunidade.

Segundo Dante, os demônios são risonhos.

E os demônios gracejam sobre a morte nas terras de Canaã, enquanto a ONU, protesta.

Como pode, senhor Deus dos desgraçados, tanto horror perante os céus?

Prof. Péricles


quarta-feira, 23 de julho de 2014

BARBÁRIE EM GAZA



Por Noam Chomsky/Outras Palavras

Às três da madrugada (horário de Gaza), de 9 de julho, em meio ao último exercício de selvageria de Israel, recebi um telefonema de um jovem jornalista palestino em Gaza. Ao fundo, podia ouvir o lamúrio de seu filho pequeno, entre sons de explosões de jatos, atirando sobre qualquer civil que se mova e sobre casas.

Ele acabava de ver um amigo, num carro claramente identificado como “imprensa”, voar pelos ares. E ouvia gritos ao lado de sua casa, após uma explosão — mas não podia sair, ou seria um alvo provável. É um bairro calmo, sem alvos militares – exceto palestinos, que são presa fácil para a máquina militar de alta tecnologia de Israel, abastecida pelos Estados Unidos.

Ele contou que 70% das ambulâncias haviam sido destruídas e, até aquele momento, mais de 70 pessoas [o número subiu para 120 na sexta, 11/7, segundo o Guardian] haviam sido mortas e 300 feridas – cerca de 2/3, mulheres e crianças. Poucos ativistas do Hamas, ou instalações para lançamento de foguetes, haviam sido atingidas. Apenas as vítimas de sempre.

É importante entender como se vive em Gaza, mesmo quando o comportamento de Israel é “moderado”, no intervalo entre crises fabricadas, como esta. Um bom retrato está disponível num relatório da UNRWA (a agência da ONU para refugiados palestinos) preparado por Mads Gilbert, o corajoso médico norueguês.

Quando Israel está em fase de “bom comportamento”, mais de duas crianças palestinas são mortas por semana – um padrão que se repete há 14 anos. As causas de fundo são a ocupação criminosa e os programas para reduzir a vida palestina a mera sobrevivência em Gaza.

Enquanto isso, na Cisjordânia os palestinos são confinados em regiões inviáveis e Israel tomas as terras que quer, em completa violação do direito internacional e de resoluções explícitas do Conselho de Segurança da ONU – para não falar de decência.

“Tudo isso vai continuar, enquanto for apoiado por Washington e tolerado pelo Ocidente – para nossa vergonha infinita”

Tradução: Antonio Martins/Outras Palavras

sábado, 19 de julho de 2014

CEM ANOS DE TRINCHEIRAS


A Primeira Guerra Mundial, cuja data de início fez cem anos, recentemente, foi uma das maiores tragédias humanas da nossa história, e também, um dos fatos mais anunciados e previstos.

No século XIX ocorreu a segunda revolução industrial. Novas fontes de energia, máquinas cada vez mais rápidas e eficientes, provocaram uma superprodução de bens nunca antes vista na história do capitalismo.

Nunca se produziu tanto e a venda dessa produção prometia uma riqueza nunca antes imaginada.

Para isso, era fundamental vender. Ampliar o mercado consumidor virou obsessão de industriais, banqueiros, investidores e de seus representantes, os respectivos governos de seus países.

Junto a isso havia a “necessidade” de encontrar matéria-prima que fosse cada vez mais barata para serem transformadas no produto industrial.

O primeiro passo para o enriquecimento surreal que se previa fora os investimentos na criação de máquinas cada vez melhores. Ao mesmo tempo o pagamento de salários cada vez menores, a exploração da mão-de-obra infantil e do trabalho da mulher.

Num segundo momento ocorreu uma das mais indecentes e desumanas corridas que a história já assistiu. Uma corrida desenfreada de potências européias em direção aos territórios da África e da Ásia. Territórios ricos em matéria-prima e ocupados por povos divididos, governos regionalizados e defendidos por exércitos frágeis e mal equipados

Utilizando um pensamento asqueroso a quem alguém chamou de “Darwinismo social”, no qual os Europeus alegavam estarem levando o progresso aos povos primitivos do planeta, os países europeus empreenderam guerras de conquista que incluíram limpeza étnica e massacres incontáveis para dominar os territórios desses dois continentes. Esses crimes bárbaros, essa dominação violenta, são registrados na história como “neocolonização”.

Povos inteiros massacrados, espoliados, humilhados, expulsos de suas terras, em nome do progresso e do lucro do capital estrangeiro.

Do século XIX em diante as guerras não mais se dariam por fronteiras ou por direitos de coroa ou religião. Foram todas guerras por mercados.

Esse dinheiro sujo de sangue promoveu na Europa o luxo e o progresso que alguém denominou de “La Belle Époque”.

Agora, na virada do século XIX para o XX pairava um momento de grande expectativa.
A partilha pacífica tornava-se cada vez mais difícil diante de tantos interesses e de tanto dinheiro envolvido. Além disso, havia a Alemanha.

Esse país nasceu no final do século XIX a partir da concretização da idéia de criar “a pequena Alemanha” com a unificação dos estados germânicos, sem a Áustria. Oto Von Bismarck foi o artífice do sonho e idealizador da política que após três guerras bem planejadas, contra a Dinamarca, Áustria e frança, permitiram nascer uma nova nação no coração da Europa.

Mas, não era apenas uma nova nação, e sim, uma potência emergente que já surgiu com propostas bem concretas de ocupação de espaço e de conquistas de gordas fatias do já, disputadíssimo mercado.

O surgimento da Alemanha decretou um desequilíbrio definitivo entre as antigas potências.

Com os primeiros anos do século XX termina a Bela Época e se inicia um período tenebroso em que, apesar de não haver tiros, o cheiro da morte está no ar e era possível saber que a guerra estava próxima. A esse período denominamos “Paz Armada”.

Alianças secretas foram assinadas. Uma unia Inglaterra e França (arque inimigos, porém unidos pelo mesmo temor da Alemanha) e Rússia. Outra agrupava Alemanha e Itália (recém nascidos que se sentiam excluídos da partilha) e Áustria-Hungria.

O início da Grande Guerra foi antecedido por uma intensa campanha da mídia (sempre ela) que visava convencer os cidadãos de que a guerra era necessária. Não eram os interesses de industriais e banqueiros que estavam em jogo. Mas da pátria.

Na Inglaterra chegou-se a ouvir o discurso de que, não haveria um só inglês que não fosse beneficiado com a derrota da Alemanha numa guerra direta.

Na França o discurso nacionalista e revanchista contra uma guerra perdida em 1871 para essa mesma Alemanha, alimentava a imaginação de uma guerra inevitável.

Uma guerra que, diziam, seria rápida, quase a tempo de retornar para as aulas do colégio no ano seguinte.

Daí termos um acontecimento inédito na história das nações. A I Guerra Mundial não teve uma causa direta, específica. O assassinato do arquiduque da Áustria-Hungria em visita a Sarajevo, capital da Bósnia Herzegovina por estudantes sérvios, é apontado como causa. Mas, um assassinato político, seguido da prisão dos seus responsáveis jamais justificaria uma guerra mundial. A menos que, ela já estivesse preparada, apenas aguardando um sinal.

Na verdade a causa da Guerra que matou milhões foi a cobiça, a ambição e amor ao lucro e ao poder de gente que, não morreu na guerra, porque quem morre na guerra, não são os ricos e seus filhos, são os pobres, os trabalhadores, que, aliás, não tinham nada a ver com essa briga



Prof. Péricles