sábado, 12 de março de 2016

A LEI DE MURICI


O Muricizeiro é uma espécie rústica que se desenvolve muito bem em solos arenosos com poucos nutrientes. Por isso, o seu fruto, o murici, é típico do sertão nordestino.

Aliás, o Muricizeiro permanece florido, e muito bonito, mesmo na seca mais tenebrosa, daí nasceu o provérbio popular de que, quanto mais florido o muricizeiro, mais difícil é a vida do sertanejo.


Em 1896, tropas federais, promoveram uma campanha contra o Arraial rebelde de Canudos, no sertão da Bahia. Essas tropas eram comandadas pelo general Moreira César, militar importante na época.


Os “homens do Conselheiro” promoveram uma emboscada e as forças oficiais caíram como patinhos. Moreira César foi mortalmente atingido e o comando deveria passar ao coronel Pedro Nunes Tamarindo, porém, o coronel tomado de enorme pavor teria abandonado a luta gritando “em terra de murici cada um cuida de si”.

Até hoje, naquela parte do país chamasse de “lei de murici” a idéia de que, no perigo, cada um que trate de salvar a própria pele.

De certa forma se repete muitas vezes o mesmo comportamento.

Diante das ameaças, muitos pensam apenas em si e nas suas vantagens.

O PMDB é o partido político que encarna perfeitamente o coronel Tamarindo.

Desde o fim da ditadura militar, em 1985, tem se mantido no poder sem assumir a responsabilidade do poder, alterando apoios conforme o sabor das ondas.

Nas eleições presidenciais de 1989 apoiou Fernando Color jogando a candidatura do presidente do próprio partido,  Ulisses Guimarães no lixo, mas abandonou a barca assim que os escândalos do caso PC Farias bateu à porta do presidente.

Seus deputados votaram em peso pelo impeachment sem nenhum rubor na face.

Manteve-se no poder nos oito anos de governo Fernando Henrique Cardoso, do PSDB (que surgiu de uma dissidência do próprio PMDB em 1985).

Em troca de ministérios e cargos em todos os escalões, apoiou os governos Lula e Dilma do PT, sendo o mais importante partido da base governista, porém, sempre com um pé dentro e outros fora, atento ao menor ruído.

Quando a atual crise política chegou perto de Dilma, o vice-presidente (também presidente do PMDB) divulgou uma carta patética que beirava a infantilidade política mas, importante para assinalar sua postura de “se apertar, não conte comigo”.

Dessa forma, ao entrarmos na parte final de pedido de impeachment de Dilma quando as decisões do presidente do senado (do PMDB) e os votos de seus parlamentares se tornam decisivos para a continuidade da ordem institucional ou não, pergunta-se qual será, afinal, a postura do PMDB?

Embora nada possa ser antecipado no jogo político que se trava hoje no Brasil, mas, diante dos antecedentes históricos desse partido e de sua clássica estratégia oportunista para se manter no poder, não será surpreendente se ele, novamente, aplicar a “Lei de Murici”.



Prof. Péricles

quinta-feira, 10 de março de 2016

O ENCANTO DAS ESTRELAS E O CAPITALISMO



Por Laerte Braga


A extinção das estrelas como astros capazes de gerir, influenciar, ou despertar o amor, a solidariedade, a beleza da Criação, está determinada.

O jornalista Natan de Guarulhos divulgou em seu Jornal Regional News, notícia publicada no Jornal da Chapada, anunciando a descoberta de uma nuvem de petróleo no interior da nebulosa de Orion, com 200 vezes a quantidade de água existente nos oceanos da Terra.

Tudo bem que a distância de 1 400 anos luz de nosso planeta dificulta a exploração desse petróleo por empresas do setor, mas, certamente, a partir de agora, o perfil da corrida espacial tem um ingrediente dominante. O petróleo. É o capitalismo se expandindo para além das galáxias, ameaçando o Universo com sua sanha destruidora.

Imagino que os republicanos, por exemplo, nos EUA, vão querer verbas astronômicas para pesquisas e investimentos em viagens de espaçonaves tanques para buscar o petróleo farto e capaz de assegurar o futuro do modelo de exploração do homem pelo homem. Os astronautas, terão que ser muitos, deverão ser as próximas vítimas do sistema.

“Ora direis ouvir estrelas...” É por aí que o fim – nada a ver com os Maias, vai se espraiando de forma irreversível. É na destruição pura e simples do que existe, inclusive o próprio ser.

A descoberta foi feita por astrônomos do Instituto Max Planck, Alemanha, usando um radiotelescópio de 30 metros, do Instituto de Radioastronomia Milimétrica, esse na Espanha.

O brilho intenso de uma estrela próxima faz com que determinadas partículas no interior da nebulosa se transformem em petróleo.

Deve ser sina.

No Fórum Social Mundial de 2003, em Porto Alegre, a freira conhecida como irmã Sherine, em palestra para mais de 15 mil pessoas, falou sobre a perspectiva de guerra contra seu país, o Iraque e ao final disse que “nossa maior riqueza, o petróleo, é também a nossa maior tragédia”.

Não deu outra.

No Brasil não é muito diferente. O pré-sal está sendo quase que inteiramente entregue a empresas estrangeiras e a Petrobras, desde o fim do monopólio estatal do petróleo (governo FHC), vive um constante processo de esvaziamento e transformação em acessório do mundo capitalista do petróleo. Um pouco foi disfarçado no governo de Lula, está escancarado o seu sucateamento no governo neoliberal de Dilma Roussef (a que não sabe para que lado vai e não vai a lado algum, é refém das elites políticas e econômicas).

Se pensarmos, por um instante, que Mitt Romney tivesse vencido as eleições presidenciais dos EUA, lógico que ele diria aos norte-americanos que “Deus nos abençoou com um futuro de poder para guiar o mundo”. Ou palavras semelhantes. Obama disfarça, enfrenta a jocosa tentativa de separação do Texas. O estado de George Bush quer se desligar da União e virar república. Segundo os especialistas seria a 15ª economia do mundo.

Um novo Álamo? A história desmentiu a “tragédia” transformada em filme. Não foi bem aquilo que se vê nas telas.

Orion seria entronizada no altar do capitalismo como uma espécie de anjo e logo cuidariam de um tratado internacional, nos moldes do que rege a exploração do continente Antártico, assegurando os direitos dos primeiros a chegar.

Em caso de problema diriam que uma parte da nebulosa, particularmente a do petróleo, seria reservada ao estado de Israel, como forma de reparar as atrocidades cometidas pelo nazismo. Hoje a versão é nazi/sionismo, só questão de atualizar a barbárie.

Foi-se o encanto das estrelas, foi-se a poesia, o universo, pelo jeito, vai virar um mar de petróleo e ao invés de “tu pisavas os astros distraída...” vamos ter refinarias e todo o complexo tecnológico do poder capitalista. Se pisar os “astros distraída”, vai sujar os pés e sumir também a doce imagem de “sem saber que a maior ventura dessa vida é o luar, a cabrocha e o violão” (versos de Orestes Barbosa, que alguns pretendem seja o Hino Nacional).

Já imagino o Jornal Nacional transmitindo ao vivo a chegada do homem a Orion e aquele jorro tradicional de petróleo, com William Bonner anunciando uma “nova era para o mundo”. Ao fundo, ao invés do plim plim, o símbolo, a bandeira dos EUA.





Laerte Braga é jornalista em Juiz de Fora/MG

segunda-feira, 7 de março de 2016

O PODER COMO ALGO PRIVADO


A questão de fazer parte é decisiva para entender a oposição quase irracional que alguns indivíduos fazem ao PT, e em especial, ao ex-presidente Lula.

O país sempre foi governado por um representante das elites, assim como sempre houve parcela da classe média que julga fazer parte dos mesmos interesses.

Os presidentes da república velha, por exemplo, sempre foram grandes produtores de café ou aliados dos grandes cafeicultores.

Dos 10 presidentes entre 1894 a 1930 seis eram grandes fazendeiros.

Getúlio Vargas derrubou a linhagem decadente do café especialmente ferida com a crise internacional de 1929, mas só chegou ao poder aliado de novas elites em crescimento no país: os industriais.

Mesmo assim, deixou de ser reconhecido como aliado quando passou se aproximar em demasia dos movimentos sindicais.

Morto Getúlio, em 1954, tivemos a crise dos três Jotas.

JK chegou lá, mas, por ser médico ligado Getúlio e do PSD, não foi identificado como “da turma”, quase não tomou posse, e no poder teve que enfrentar dois movimentos militares golpistas.

Jânio, apesar de polêmico e populista extremado abençoado pelo apoio fascista da UDN, mas era tão doido que nem a Casa Grande conseguiu manobra-lo e renunciou antes de começar a governar de fato.

Os presidentes da Ditadura Militar (1964-1985) não eram elite, mas filhos da classe média domesticada.

Collor, cuja famíia é dona de metade do estado das Alagoas, sim, esse fazia parte, tanto que foi eleito pela mídia.

FHC também, apesar do rótulo equivocado de intelectual de esquerda que ele mesmo pediu para apagar.

Mas, Lula não. Esse definitivamente nunca fez e jamais fará parte da turma da Casa Grande.

Nordestino, sem lustro da educação formal, líder sindical, definitivamente, Lula faz parte da Senzala.

Nem seu partido, o PT, tido como partido de mulambentos, de pobres e de intelectuais e teóricos.

É por isso que Lula não é aceito, mesmo governando de forma que beneficiou enormemente os interesses dos ricos.

Numa análise descompromissada de seu governo veremos que poucas vezes as elites lucraram tanto.

Por isso, o ódio à Lula não se dá por questões econômicas, mas, sociais.

É por isso que Dilma não é aceita, mesmo tendo enterrado velhas machadinhas de guerra da esquerda brasileira, como a reforma agrária, e utilizado até ministros e acenado com receitas neoliberais como “reforma previdenciária”.

O PT no poder, nunca foi, de fato, um governo de esquerda.

Mesmo assim  jamais será aceito por nossas elites.

Nem qualquer outro governo do PT. Isso porque as elites brasileiras acreditam, realmente, que o poder tem dono, é seu, é privado.

Lula, simplesmente não faz parte.





Prof. Péricles

domingo, 6 de março de 2016

O IMPÉRIO DA OPINIÃO


Por Sheila Sacks.

O noticiário dos blogueiros nas redes sociais é olhado com desconfiança.

Na série de TV americana Good Wife, ambientada nos tribunais de Chicago, uma das magistradas possui determinada característica que desarma os bacharéis que recorrem à sua jurisdição. Dependendo do viés interpretativo adotado pelos advogados de defesa ou de acusação em relação ao tema em julgamento, a juíza interrompe a argumentação com o bordão “na sua opinião”, sinalizando aos contendores e aos membros do júri que o raciocínio expresso pelo profissional em questão representa um ponto de vista pessoal e não necessariamente uma visão verdadeira ou correta dos fatos em exame.
Diferente dos tribunais, cujos parâmetros legais dificultam e restringem eventuais manipulações na construção de um raciocínio, a imprensa é um campo aberto a observações pessoais especulativas pela própria natureza de seu serviço voltado à livre difusão da informação e por extensão ao livre exercício da opinião. 
Ainda que o comentário afronte conceitos éticos e apresente visões distorcidas da realidade, o jornal lhe confere visibilidade e, essencialmente, o crédito da confiabilidade.
O historiador americano Christopher Lash (1932-1994), crítico dos processos de disseminação da informação no mundo globalizado, teve essa percepção ao enunciar em seu livro “Cultura do Narcisismo” (de 1979), que “para algo ser aceito como real, basta que apareça como crível ou plausível, ou como oferecido por alguém confiável”.
Consulta divulgada pelo Ibope, em dezembro de 2014, apontou que 58% dos entrevistados confiam “muito ou sempre nos jornais impressos”, percentual superior a outros meios de comunicação como televisão, rádio e internet.
Em relação às novas mídias, a pesquisa indicou que 71% dos entrevistados confiam pouco ou nada nas notícias veiculadas pelas redes sociais. O percentual de desconfiança chegou a 69% em relação aos blogs e 67% no que se refere aos sites.
Entre os vários itens pesquisados, ficou patente que o jornal é o meio de comunicação que recebe maior nível de atenção exclusiva, ou seja, metade dos leitores não faz nenhuma outra atividade durante a sua leitura.
Com a credibilidade em alta, aumenta naturalmente a responsabilidade daqueles que dispõem de espaços em jornais para emitir, formar e direcionar opiniões.
Sabe-se que o texto opinativo visa o assentimento às ideias, teorias e juízos apresentados, e que cabe ao leitor a nem sempre fácil tarefa de separar o que se enquadra efetivamente no real daquilo que se configura em um ideário de aparências e enganos.
No livro “A arte de argumentar”, o professor Bernard Meyer da Universidade de Rouen, na França, destaca que a argumentação age basicamente sobre os indivíduos e não sobre conceitos como o da verdade. E explica: “Ela (a argumentação) não procura determinar se uma tese é verdadeira ou falsa, mas influenciar outra pessoa, logo, ela nunca será automática ou obrigatoriamente aceitável, como o é a demonstração matemática.” De acordo com Meyer, a argumentação é bem sucedida quando convence o destinatário e não, como muitos pensam, atinge a verdade.
Na última década, ampliando a influência subjetiva das páginas opinativas que interferem na formação e avaliação da realidade, a imprensa vem agregando a esse plantel de profissionais de jornalismo uma plêiade de personalidades do mundo artístico, aparentemente em prol da diversidade de ideias e conceitos que balizam a liberdade de expressão nas democracias.
Se antes, cineastas, compositores, músicos e outros astros populares “bons de escrita” se expressavam nos suplementos de cultura ou “segundo caderno” sobre a sua arte, agora migraram para as páginas reservadas à prática e observação jornalísticas das cenas político-sociais, concorrendo em igualdade de espaço e mérito com os textos do “pessoal da casa”. O cineasta Cacá Diegues e os compositores Nelson Motta e Aldir Blanc, por exemplo, ocupam regularmente as páginas de opinião de “O Globo”, emitindo conceitos, análises, avaliações e críticas sobre temas que envolvem políticos, diretrizes de governo, relações internacionais etc.
A seu favor, os próprios currículos festejados pela imprensa e a admiração dos leitores-fãs, dois referenciais de peso a embasar pontos de vista individuais e impositivos que caracterizam “a superioridade bem informada” conceituada pelo filósofo e sociólogo alemão Theodor W. Adorno (1903-1969).
Na obra “Minima Moralia: reflexões a partir da vida lesada” (1951), Adorno então em seu exílio nos Estados Unidos chama a atenção para a responsabilidade que deve prevalecer entre a elite formadora de opinião – “os inteligentes” – quando se propõe a expressar suas ideias e opiniões valendo-se de um meio de comunicação de massa. “Nenhum pensamento é imune à comunicação e proferi-lo no lugar errado e por meio de entendimento errado é suficiente para solapar sua verdade”, escreveu.
Para o professor de Ciências da Comunicação da Universidade Nova Lisboa, João Pissarra Esteves, aqueles que têm acesso à mídia estão investidos de um poder extraordinário, “porque impõem a sua própria realidade perante os outros, de acordo com os seus valores e interesses próprios” (“A Ética da Comunicação e os Media Modernos”, de 1998).
Maior contundência mostra o autor de “Nossa Cultura ou o que restou dela” (2005), o psiquiatra e escritor inglês Theodore Dabrymple, de 65 anos, um implacável analista da sociedade globalizada com uma dezena de livros publicados. Ele credita aos artistas, diretores de cinema, romancistas, dramaturgos, jornalistas e até cantores populares – além de economistas e filósofos sociais – o poder de indução e controle das sociedades. “São eles os legisladores invisíveis do mundo e devemos prestar muita atenção àquilo que dizem e como dizem”, assinala no prefácio do livro.
Sobra ao leitor consciente, diante de certas leituras nitidamente comprometidas com dogmas ideológicos, a desagradável sensação de impotência diante da leitura de textos bem articulados, produzidos por uma elite inteligente respaldada por veículos de comunicação de grande tiragem e influência social. 
Nesse caso soa perfeita a observação do sociólogo polonês Zygmunt Bauman, de 89 anos, quando afirma que “nunca fomos tão livres e tão incapazes para mudar as coisas”.

Sheila Sacks, jornalista formada pela PUC-RJ sempre trabalhou em assessoria de imprensa.Tem artigos publicados nos sites Observatório da Imprensa e Rio Total. Desde 2009 mantém o blog “Viajantes do tempo”.


sábado, 5 de março de 2016

A HISTÓRIA DAS SARDINHAS




Era uma vez... um cardume de sardinhas.

Num contexto mais amplo as sardinhas tinham a função de alimentar os tubarões.

E assim era, o tempo todo desde que os tubarões haviam descoberto as águas das sardinhas.

Haviam eleições para escolher a líder do cardume, mas, toda vez que aparecia uma sardinha de baixo, que ousasse questionar a ordem da cadeia alimentar era combatida pelas sardinhas de cima e as sardinhas do meio.

As sardinhas de cima eram as que viviam melhor já que, por estarem acima recebiam alguns afagos e eram poupadas pelos tubarões que preferiam mergulhar nas águas mais profundas, as vezes até no pré-sal.

As sardinhas da faixa média achavam que um dia seriam sardinhas de cima (as sardinhas de cima riam em segredo das coitadas) e desprezavam as sardinhas de baixo, as quais se achavam superiores.

As sardinhas do meio acabavam na barriga dos tubarões igual as sardinhas de baixo, porém, se achavam superiores e mais espertas.

Para manter essa ideia, havia, entre as sardinhas, as sardinhas vendidas.

Sardinhas vendidas eram sócias dos tubarões no Globo todo, mas isso era segredo, e passavam a vida transmitindo as notícias do que acontecia lá na superfície e dentro do cardume, distorcendo essas notícias de modo que, as sardinhas do meio e até as sardinhas de baixo, pensavam justamente o que as vendidas queriam.

Havia sardinhas que estudavam a história do cardume, mas, ninguém as ouvia e diziam que não sabiam de nada.

Havia sardinhas que formavam grupos de pensamentos sardinhescos populares, mas eram tachados de comunistas comedores de ostrinhas, e ninguém as ouvia.

Um dia, uma estrela do mar fez parceria com as sardinhas mais de baixo e uma Lula passou a liderar o cardume.

Graças a isso a vida melhorou, principalmente das sardinhas que eram preferencialmente devoradas ainda na infância.

Houve ódios e ranger de dentes quando as sardinhas do meio viram filhos das sardinhas de baixo nadando nas mesmas águas.

Mas, as sardinhas de baixo e as do meio que apoiavam a Lula eram maioria e passaram a ganhar todas as eleições do cardume.

Então,tudo se fez e todas as alianças se criaram para derrubar a estrela.

“Nesse mundo, o mundo dos seres Marinhos, quem manda somos nós” bradaram as sardinhas vendidas, cara de lata, que davam as notícias.

O que acontecerá com o cardume, com a Lula e com a estrela?

Não sei.

Essa história ainda está acontecendo e é você que contará o final.





Prof. Péricles

quinta-feira, 3 de março de 2016

MAD MAX: A ESTRADA DA FÚRIA É NO BRASIL

Brasil, em algum momento do futuro.

Olhos perdidos no nada buscam entender seu tempo.

Nosso herói sobreviveu a ultima epidemia provocada por mosquitos, que matou toda sua família.

Milhões de outras pessoas morreram já que não tinham dinheiro para pagar hospitais nem planos privados de saúde.

O SUS existiu mesmo um dia ou era uma lenda?

Esgotado, na saída do hospital privado e pago, procura lembrar como tudo começou.

Sim, pensa nosso heróis, foi na grande vitória dos coxinhas.

Agora lembrava bem...

Depois de uma enorme farsa montada pela mídia em parceria com a ala asiática da Polícia federal e membros do judiciário, a presidenta foi afastada.

Seu vice ficou de mau e nada fez para ajuda-la.

Pobre Presidenta, tão tolinha, acreditava em democracia.

Seu substituto natural e ex-presidente, foi atado a uma teia de acusações que inviabilizaram sua candidatura.

Não importava se acusações tivessem fundamento. Podiam ser míseros pedalinhos, tudo era usado para desvirtuar a candidatura dele.

Ao mesmo tempo desviava-se a atenção de milhões e milhões roubados pelos amigos da mídia e das companhias americanas.

Oh God! Como fomos tão cegos!

No poder, o tirânico ex-presidente do congresso deu o golpe final na democracia, e se declarou imperador, Coxinha I enquanto a primeira dama recebia o título de sobrecoxa.

O pré-sal foi entregue por alguns pilas (a moeda gaúcha foi adotada como moeda nacional) e a Petrobras trocada por um posto de gasolina da Shell em Caxias.

Os bancos da Suíça receberam dupla cidadania.

Numa festa apresentada por Fábio Júnior e Regina Duarte com músicas de Lobão, transmitida ao vivo pela maior rede de televisão e de audiência obrigatória pela nova ditadura, um ex-sociólogo recebeu o título de príncipe de acordo com sua insaciável vaidade.

O tucano virou a ave nacional e por determinação do Coxinha Supremo todos tiveram que colocar um globo na manga de suas camisas.

As saudações “Eil” usada pelos nazistas ou “anauê” pelos integralistas foram substituídas por “plim-plim” quando coxinhas se encontravam ou saudavam seus líderes

Sim, nosso herói lembrava bem...

Lembrava das festas do 4 de julho que substituíram o 7 de setembro e eram comemoradas com marcha dos estudantes pelas ruas do Brasil.

Lembrava dos campos de reeducação no interior do Araguaia onde a juventude aprendia inglês e era forçada a frequentar cursos intitulados de “revoltados on line” e “vem pra rua” onde sofriam lavagem cerebral e viravam umas bestas.

Shits! Quanto horror!

Ele nem sabia o que era pior...

Seria, talvez, os mandamentos da NIB (Nova Igreja Brasileira) que pregava que lésbicas, gays, índios e negros iriam para o inferno e o estado deveria dar um empurrãozinho?

Ou os discursos dos Bolssonaristas, membros de uma poderosa organização que pretendia enviar para campos de concentração e extermínio todos aqueles que fossem de esquerda ou tivessem um petista em sua árvore genealógica?

Nosso herói não sabia, mas uma coisa ele tinha certeza... aquilo tudo havia sido apenas o começo da grande tragédia que se abateu sobre os brasileiros, mas agora, chegara a hora de virar o jogo.



(continua)


Prof. Péricles