Simon Metz o mais famoso micro-encefálico |
Ele não é cidadão brasileiro,
embora a maioria dos brasileiros pensem o contrário.
Faz parte do pacote de tragédias
que o país paga pela grande desgraça da escravidão, já que chegou aqui junto
com os escravos, em navios negreiros, em algum momento dos anos 1500.
Na verdade, ele é egípcio, mas
sem o charme e o interesse das grandes realizações desse país, numa passado
distante.
O Aedes aegypti é um dos
mosquitos mais fatais e temidos do mundo, transmissor de doenças como a dengue,
a febre amarela, a febre chikungunya e o vírus zika.
Em paralelo, aparentemente
responsável pelo crescimento de má formação dos bebês, com a microcefalia,
provocada pelo vírus zika.
Permaneceu discreto e matando em
silêncio até ser descoberto em 1762 e reconhecido como um inimigo mortal em
1818.
Acredita-se que na grande
campanha contra a febre amarela, no início do século XX, ele tenha sido
derrotado e erradicado do país, com o uso decisivo de inseticidas químicos.
Mas, ele voltou.
Foi novamente identificado nos
anos 80, numa nova leva originária, provavelmente, de Cingapura.
Porém, dessa vez o buraco é mais
em baixo.
O inimigo ao longo das gerações
posteriores às da febre amarela, e pelo uso indiscriminado de nossa parte de
produtos químicos, criou resistência aos inseticidas químicos.
Se borrifar na cara dele, ele
come como sobremesa.
Ele pediu revanche, e parece que,
dessa vez, veio preparado para nos derrotar.
Segundo o Levantamento Rápido de
Índices para Aedes aegypti (LIRAa), que se baseia em dados dos meses de outubro
e novembro de 2015 e acumula informações de 1.792 cidades, um total de 199
municípios brasileiros estão em situação de risco de surto de dengue,
chikungunya e vírus zika devido à presença significativa do Aedes
aegypti.
A classificação, feita com base
em dados reunidos pelo Ministério da Saúde, leva em conta o fato de que em mais
de 4% das casas visitadas nesses locais foram encontradas larvas do mosquito.
O Ministério da Saúde identificou
ainda, um primo próximo do aegypti, muito perigoso, o aedes albocictus, que
também transmite a chikungunya e o vírus zika.
Portanto, além de querer
vingança, o danado ainda trouxe reforços da própria família.
A luta, parece, está apenas
começando.
Mas uma vez o Brasil se vê às
voltas com uma doença típica da falta de educação que nega ao seu próprio povo,
pois, assim como outras doenças propagadas pelos mosquitos, é a falta de
cuidados e de higiene o maior responsável pela multiplicação dos casos das
doenças.
Água parada e suja (água corrente
ou limpa o egípcio detesta) deve ser evitada a todo custo.
Cuidados com o lixo e o descarte
do que já não será mais útil, porém serve de berçário às larvas do mosquito,
como pneus velhos, garrafas, etc., são fundamentais.
São coisas aparentemente simples,
mas distantes do policiamento do estado e que exigem a participação da
cidadania.
É possível vencer a ameaça, não
com o uso de armas poderosas como os inseticidas químicos, mas através de um
processo muito mais humano, definitivo e sem contraindicações: a educação.
Prof. Péricles