sábado, 11 de julho de 2015

FOGO, AMOR E OUTRAS REVOLUÇÕES



Quando o homem descobriu o fogo, descobriu também uma arma, além de uma forma de tornar as noites geladas mais quentes.

E nunca mais parou de descobrir.

Foi o fogo que fez com que os indivíduos e indivíduas dos grupos sentassem lado a lado para se aquecer. Descobriram a prosa, e provavelmente, também foi quando nasceu a mentira.

Não precisar ficar olhando para todos os lados para não ser surpreendido pelos predadores (os animais temiam o fogo) permitiu que ele olhasse outras coisas, como a menina ao lado.

Foi quando nasceu o namoro.

Sem medo de surpresas indivíduo e indivídua puderam se dedicar a um sexo mais elaborado, abandonando a velha rapidinha e nesse fogo foi possível sobreviver a era glacial.

Sem dúvida o fogo foi revolucionário. A primeira grande revolução humana.

Quando o homem inventou a roda, inventou também outras coisas que vieram juntas.

E nunca mais parou de inventar.

O menor esforço para levar pesos a longas distâncias possibilitou o surgimento da pressa, e, em pouco tempo havia uma disputa entre os indivíduos de quem fazia a melhor e mais competente roda para impressionar as indivíduas.

Nasceu assim a ostentação e o Magal sem som, porque o rádio ainda levaria um tempo para ser inventado.

A descoberta da agricultura foi a segunda grande revolução humana.

Produzir o próprio alimento tornava o homem um produtor, o único do ecossistema planetário e superior aos demais animais eternamente dependentes da caça e da coleta.

O homem deixou de ser dependente do meio para virar um transformador do meio.

E nunca mais deixou de transformar.

Se olharmos nosso planeta com os olhos do tempo veríamos que hoje, a paisagem transformada é superior a paisagem primitiva.

O homem transformou tudo e bagunçou com tudo também.

Regrou terras inférteis, secou pântanos, subiu montanhas, ocupou desertos. Fez cidades e países cheios de gente que moram em outras transformações sobrenaturais que chamamos casas, ou apartamentos.

Com o advento da agricultura, nas comunidades mesolíticas surgiram coletividades que dividiam o trabalho por sexo e idade. Havia as tarefas para os homens, como preparar e limpar a terra cultivada de tudo que fosse inútil ao plantio e tarefas para as mulheres, como lançar a semente ao solo e depois colher o resultado.

Tudo era tão bem dividido e honesto que os historiadores chamam de “comunismo primitivo”.

Mas o tempo foi passando e o homem evoluindo (?).

Na Idade dos Metais, com o crescimento da população, surgem tarefas específicas. Surgem os especialistas. Militar, governo, comerciante, etc., e essa especialização deu origem as classes sociais.

Os indivíduos se apropriaram dos meios de produção e relegaram as indivíduas a uma situação de inferioridade social.
Não foi pela força que o homem se tornou senhor e a mulher satélite. Foi pela apropriação, da tecnologia (ferramentas) e da propriedade privada.

O comunismo primitivo e a divisão das tarefas por sexo e idades deram lugar a sociedades mais evoluídas sendo nelas o trabalho dividido de acordo com a especialização enquanto a posse deu origem a propriedade privada e as diferenças sociais.

A mulher, portanto, foi a primeira vítima da ideia de tornar as coisas de todos, algo de alguém.

Aliás, uma péssima ideia.

Outra ideia revolucionária foi a religião.

Como o homem não sabia de quase nada dos fenômenos naturais, criava deuses para explicar esses fenômenos.

Quanto mais descobertas mais deuses, e como o homem não parava de descobrir, a lotação de deuses foi inchando e tornando-se difícil lembrar das preferências de cada um deles e de suas “individualidades”.

Surgiu assim o clero, o sacerdote, o indivíduo que parou de produzir qualquer coisa útil para se tornar especialista em divindades, culto, exigências dos deuses e destino.

Foi outra apropriação indébita, a da fé pública que se tornou fé privada.

Foi então que as indivíduas, percebendo que os indivíduos usariam a posse dos meios de produção para explora-las, fizeram a terceira grande revolução humana, inventaram o amor.

Mas essa, já é outra história.

Prof. Péricles

quarta-feira, 8 de julho de 2015

EPIDEMIA FATAL AMEAÇA O BRASIL



A população brasileira ainda não percebeu a extensão de todo o mal.

O pânico ainda não se estabeleceu, mas, definitivamente, o perigo é real e imediato.

Vivemos no país uma grave epidemia.

Talvez a mais grave epidemia pela qual nosso país já foi alguma vez assolado.

O vírus, o mais agressivo já registrado é o vírus do ódio.

Trata-se de uma moléstia que, após ser contraída ataca diretamente o coração.

O tecido social em sua epiderme da fraternidade é gravemente atingindo abrindo rombos internos, que, provavelmente, jamais cheguem a cicatrizar.

Perguntem aos pais e amigos de algum desaparecido político se a dor já passou.

O ódio costuma atacar o sistema imunológico do amor, em seus valores de solidariedade, compaixão e igualdade.

Os sintomas mais comuns do ódio são: arrogância alta, aversão aos mais pobres, soberba contra negros, índios, quilombolas, gays, lésbicas. São comuns a ocorrência de delírios que iludem o portador de já ter sido um dia superior “a tudo o que não presta”, e de ter vivido num tempo em que “cada um ficava no seu lugar” donde, por extensão, o doente passa a odiar pobres que andam de avião, negros que namoram brancas e qualquer plebeu que compre carro sem ser patrício.

O doente manifesta saudades da ditadura militar e dificuldades de raciocínio político lógico.

A visão fica turva a ponto de considerar que o problema da violência seja a maioridade aos 18 anos e não aos 5.

A doença também se manifesta com problemas de memória já que o afetado passa a acreditar que a corrupção começou hoje assim como os problemas de saúde e educação pública, considerando que antes o país era uma espécie de paraíso ético de povo saudável e educado.

Numa espécie de Heizeimer político vê corruptos como defensores da moral e indigentes intelectuais como sábios.

Normalmente adere a uma espécie de monoidéia de que ele é um iluminado enquanto Lula, Dilma, todo e qualquer petista, simpatizante, militante de outra ideologia que não a sua (?) e qualquer um que não odeie como ele próprio, estejam no lado negro da força.

A doença é adquirida na soma de preconceitos antigos que dormitavam na alma da vítima com novos-velhos conceitos eivados de interesses escusos de instituições nacionais e internacionais.

Segundo consta a mídia é grande veículo de disseminação do vírus do ódio que, geralmente, são, antes, incubados em corredores escuros de quem perdeu o poder mas sonha em reconquistá-lo de outra maneira já que nas urnas foi derrotado sistematicamente nos últimos 13 anos.

A vacina para esse terrível mal que se multiplica pelo país é a vacina-tríplice: educação formal, educação política e educação cristã. Mas, parece que o remédio anda escasso em nossas fronteiras.

Existem, porém, formas paralelas de combater a epidemia.

A empatia, ou seja, o exercício de colocar-se no lugar do outro (no caso, no lugar dos mais pobres) tem revelado excelentes resultados.

Vergonha na cara também tem bons resultados assim como doses maciças, mas maciças mesmo de humildade.

Infelizmente as perspectivas não são boas.

A peste não é inédita, mas continua se propagando pelo Brasil e, a história já mostrou em duas outras oportunidades, 1954 e 1964, que o final desse praga nacional é sempre doloroso, especialmente para os que amam a democracia e sonham com a construção de uma sociedade mais justa.

Esperemos que, o governo perceba a gravidade da situação. Deixe de tratar fascista com democracia, deixe de recomendar curativos em vez de amputação e lembre de sua obrigação na defesa constitucional do estado de direito e da democracia.

Quem o elegeu e nele confiou, precisa ser defendido.

Antes que seja tarde e a história se repita, pois, o vírus do ódio é fatal à liberdade.


Prof. Péricles


segunda-feira, 6 de julho de 2015

TÂNIS, A CIDADE ESQUECIDA




Tânis foi uma antiga cidade do Egito, capital da 21ª Dinastia.

No antigo Testamento ela é chamada de Zoã, e Moisés lá teria feito alguns milagres.

Situava-se no delta do rio Nilo e no século VI d.C. desapareceu quando o rio mudou seu curso e o lago Manzala cobriu seus restos.

Por quase mil e 500 anos ficou desaparecida. Sabia-se de sua existência, mas a localização exata era desconhecida.

No filme “Os Caçadores da Arca Perdida” foi incorretamente descrita como tendo sido destruída por uma tempestade de areia e descoberta pelos nazistas.

Na verdade, no início do século passado ela foi, aos poucos, sendo redescoberta.

Em 1939, porém, ela entrou de forma dramática nos noticiários da arqueologia.

Um arqueólogo francês (e não pelos nazistas), Pierre Montet, encontrou uma parte da necrópole real das XXI e XXII dinastias, cujos túmulos não haviam sido reconhecidos pelos escavadores anteriores.

Do conjunto da necrópole real destacam-se túmulos onde repousam as múmias de 4 faraós (inclusive o faraó Chechonk III que governou o Egito por 52 anos) dois herdeiros e um arqueiro. Junto às múmias máscaras e joias de prata e de ouro, além de outras peças de valor extraordinário como jarros, ataúdes, espelhos.

Infelizmente o desenrolar da segunda guerra mundial (1939-1945) impediu qualquer expedição ou outra tentativa de chegar a região com liberdade para escavar e pesquisar.

Alguns dos tesouros descobertos por Montet estão hoje no Museu Egípcio do Cairo e fascinam seus visitantes.

Os próximos passos em direção a redescoberta de Tânis guardam enorme expectativa. Isso porque imagens de satélite em infravermelho revelam o que parece ser edificações, prédios, casas, ruas e templos, soterrados e a espera de ressurgirem ao sol.

Que tesouros serão encontrados em Tânis? E que segredos ela ainda pode estar escondendo?

Você se arriscaria a procurar?

Ah... leve junto algum arqueólogo experiente, pois suas ruinas ainda guardam ativas, inúmeras armadilhas para vitimar os desavisados aventureiros de ontem e de hoje.


Prof. Péricles

domingo, 5 de julho de 2015

A METAMORFOSE





Por Luis Fernando Veríssimo



Uma barata acordou um dia e viu que tinha se transformado num ser humano. Começou a mexer suas patas e viu que só tinha quatro, que eram grandes e pesadas e de articulação difícil. Não tinha mais antenas.

Quis emitir um som de surpresa e sem querer deu um grunhido. As outras baratas fugiram aterrorizadas para trás do móvel. Ela quis segui-las, mas não coube atrás do móvel. O seu segundo pensamento foi: "Que horror... Preciso acabar com essas baratas..."

Pensar, para a ex-barata, era uma novidade. Antigamente ela seguia seu instinto. Agora precisava raciocinar. Fez uma espécie de manto com a cortina da sala para cobrir sua nudez.

Saiu pela casa e encontrou um armário num quarto, e nele, roupa de baixo e um vestido. Olhou-se no espelho e achou-se bonita. Para uma ex-barata. Maquiou-se.

Todas as baratas são iguais, mas as mulheres precisam realçar sua personalidade. Adotou um nome: Vandirene.

Mais tarde descobriu que só um nome não bastava. A que classe pertencia? Tinha educação? Referências?

Conseguiu a muito custo um emprego como faxineira. Sua experiência de barata lhe dava acesso a sujeiras mal suspeitadas. Era uma boa faxineira.

Difícil era ser gente... Precisava comprar comida e o dinheiro não chegava.

As baratas se acasalam num roçar de antenas, mas os seres humanos não. Conhecem-se, namoram, brigam, fazem as pazes, resolvem se casar, hesitam. Será que o dinheiro vai dar ? Conseguir casa, móveis, eletrodomésticos, roupa de cama, mesa e banho.

Vandirene casou-se, teve filhos. Lutou muito, coitada.

Filas no Instituto Nacional de Previdência Social. Pouco leite. O marido desempregado... Finalmente acertou na loteria. Quase quatro milhões!

Entre as baratas ter ou não ter quatro milhões não faz diferença. Mas Vandirene mudou. Empregou o dinheiro. Mudou de bairro. Comprou casa. Passou a vestir bem, a comer bem, a cuidar onde põe o pronome. Subiu de classe. Contratou babás e entrou na Pontifícia Universidade Católica.

Vandirene acordou um dia e viu que tinha se transformado em barata. Seu penúltimo pensamento humano foi: "Meu Deus! A casa foi dedetizada há dois dias!".

Seu último pensamento humano foi para seu dinheiro rendendo na financeira e que o safado do marido, seu herdeiro legal, o usaria. Depois desceu pelo pé da cama e correu para trás de um móvel.

Não pensava mais em nada. Era puro instinto. Morreu cinco minutos depois, mas foram os cinco minutos mais felizes de sua vida.

Kafka não significa nada para as baratas...




quarta-feira, 1 de julho de 2015

PAÍS DA INCLUSÃO SOCIAL



Por Paulo Nogueira direto do Diário do Centro do Mundo



Foi com satisfação especial que vimos Marieta Severo viralizar no DCM.

O texto sobre a enquadrada que ela deu sobre Fausto Silva, de autoria de Kiko Nogueira, já foi lido por mais de 1 milhão de pessoas, no momento em que escrevo.

No Facebook, o artigo recebeu, até aqui, 106 000 curtidas, uma raridade para qualquer site em qualquer país.

Por conta disso, o DCM teve, ontem, uma de suas maiores audiências: 1,6 milhão de acessos.

O texto, fora sua carreira no DCM, foi reproduzido em vários outros sites. Tem sido uma constante: a repercussão de nossos artigos para além dos nossos domínios.

“Kiko mitou”, brincamos aqui.

O que nos agradou, mais que tudo, foi o conteúdo que mereceu tantos aplausos: Marieta, ao responder a Fausto Silva, desfez o discurso manipulador, cínico e desonesto da Globo e das demais grandes empresas de mídia.

O Brasil não é o paraíso que a Globo pintava na ditadura militar, mas definitivamente está longe de ser o inferno descrito pela mídia.

Com todos os percalços dos últimos anos, o país melhorou substancialmente em sua grande chaga: a desigualdade social.

A mídia, com seus interesses sinistros, esconde de seus leitores que o maior problema nacional é a desigualdade. Isso porque seus donos, riquíssimos, se beneficiam da desigualdade.

Em vez de erguer a voz contra a iniquidade, a mídia fala obsessivamente em corrupção – porque este truque funcionou em 1954, com Getúlio, e em 1964, com Jango.

Escândalos, a maior parte deles amplificados ou simplesmente inventados, ocupam a maior parte do noticiário. O alvo é sempre o PT, como antes foram Getúlio e Jango.

O paradoxo, aí, é que a mídia é visceralmente corrupta: vive descaradamente do dinheiro público. Fez do Estado sua babá.

Não contentes com os bilhões em publicidade, financiamentos em bancos públicos a juros maternos e outras mamatas, as empresas de jornalismo ainda sonegam impostos – certas da impunidade.

Faustão veio, diante de Marieta, com o clichê obtuso do “país da desesperança”, algo que tem um apelo extraordinário para analfabetos políticos que batem panelas e vestem camisas da seleção em manifestações estimuladas pela mídia.

E Marieta rebateu com a inclusão social, que a mídia finge não ter importância nenhuma como se fôssemos a Suécia ou a Dinamarca.

Marieta viralizou porque ela falou por muitos brasileiros que já não suportam mais tanta empulhação.

Foi a mesma coisa que ocorreu quando Boechat mandou Malafaia procurar uma rola. Quantos de nós não gostaríamos de dizer uma coisa dessas para Malafaia?

Marieta trouxe a inclusão social para a conversa – e este foi seu maior mérito.

O Brasil avançou no campo social – mas muito menos do que deveria.

Lula e Dilma fizeram mais que seus antecessores desde Getúlio, mas muito menos do que o necessário para que o Brasil deixe de ser sinônimo de desigualdade.

“Brasil da desesperança”, para usar a expressão de Fausto Silva, é aquele que a plutocracia predadora construiu.

O resto, como escreveu Shakespeare, é silêncio.


segunda-feira, 29 de junho de 2015

O NAZISTA ERA JUDEU



Enquanto esperava para subir ao palco do auditório de uma escola em Budapeste, Csanad Szegedi andava apreensivo pelo corredor. Mas ao subir ao palco, em meio aos aplausos dos estudantes, não conteve o sorriso.

Szegedi o ex-militante neonazista húngaro não poderia ser uma pessoa mais diferente nos dias de hoje: há três anos, ele era um dos membros mais ativos do Jobbik, partido nacionalista húngaro de tendência neonazista e posicionamento marcado pelo antissemitismo.

Szegedi descobriu ser judeu em 2012.

Não fosse o suficiente para abandonar suas posições radicais, a avó dele sobreviveu aos horrores nazistas do campo de concentração de Auschwitz.

Ele foi educado como protestante pelos pais, apesar da origem judia de sua mãe.

Ao saber de sua origem judia, ele deu as costas para um passado de intimidações e intolerância. Vice-líder do Jobbik, Szegedi foi ainda fundador da “Guarda Húngara” uma milícia que tinha como hábito marchar uniformizada por bairros de Budapeste com presença de comunidades ciganas.

Juntos com os judeus, os povos nômades eram “acusados” pelo Jobbik por problemas atávicos da sociedade húngara. Uma plataforma que encontrou ressonância suficiente para eleger Szegedi membro do Parlamento Europeu, em 2009.

Na Hungria, estima-se que apenas entre 50 mil a 120 mil dos 10 milhões de habitantes são judeus. Mas calcula-se que, antes da Segunda Guerra Mundial, a população chegava a 800 mil – centenas de milhares foram deportados para campos de concentração.

Ao contrário do que se poderia imaginar, o partido não expulsou Szegedi quando ele revelou seu passado. O líder do Jobbik pensou em usar Szegedi como prova de que a legenda não era puramente antissemita.

Szegedi se converteu ao judaísmo ortodoxo. Viajou para Israel e fez uma visita a Auschwitz.

Ela também pôs fogo em cópias de sua autobiografia, “Eu Acredito na Ressurreição do Povo Húngaro”.

Hoje, Szegedi se dedica a dar palestras em escolas contra os perigos da intolerância.
E para tentar explicar a cultura judaica de forma a enfrentar estereótipos. Isso inclui descrições bem-humoradas do ritual da circuncisão. Ou o fato de que sua avó nos meses de verão usava um curativo no braço para esconder a tatuagem com um número de identificação, feita em prisioneiros de campos de concentração nazistas.

– O partido pode ter adotado uma postura mais para o centro, mas ainda está cheio de pessoas que se filiaram por causa de suas posições radicais, pelo nacionalismo e extremismo. Há um limite para o quão moderado o partido pode ser. Não penso mais numa vida política – disse o ex-militante a jornalistas da agência britânica de notícias BBC.

Szegedi critica o discurso antissemita na Hungria, mas ao mesmo tempo defende seus compatriotas. Para ele, é uma consequência do que chama de paradoxo do nacionalismo húngaro.

– Temos orgulho de nossas conquistas, mas não examinamos as conquistas de outros povos (que fazem parte da sociedade húngara). Temos medo de que sua cultura possa ser tão rica como a nossa – concluiu”.

Não poderia ser mais didático. O caçador, perseguidor de judeus, descobre-se ele próprio ser um judeu. O caçador se torna caça.

Seria interessante se tal fenômeno ocorresse mais frequentemente para modificar a cultura dos intolerantes.

Por exemplo, membros de uma classe média brasileira, supostamente superior aos que consideram mais pobres e ignorantes, despertassem num belo dia, dependendo da bolsa família para garantir a sobrevivência.

Ou se prolixos autores de argumentos contra as cotas nas faculdades despertassem negros, antes do ano 2000.

Infelizmente poucos Szegedis conseguirão aprender em tempo que, a intolerância é irmã do egoísmo e mãe de todo totalitarismo.


Prof. Péricles

Fonte: Correio do Brasil