quarta-feira, 17 de maio de 2017
BAIONETAS
A baioneta era uma arma letal. Espécie de punhal ou sabre que se encaixava no bocal do fuzil tornando-se uma espécie de lança.
Foi muito usada na Primeira Guerra Mundial (1914-1918) e também, muito temida, pois produzia ferimentos capazes de provocar uma morte lenta e dolorosa, tão dolorosa que, um acordo extraoficial entre as partes envolvidas na guerra baniu seu uso nos campos de batalha.
Mesmo envolvidos no mais sangrento conflito militar, a angustiosa imagem de soldados agarrados às vísceras totalmente expostas, com dores lacinantes (anestésicos eram raros) e morrendo aos poucos de hemorragia forçou um acordo não assinado.
Normalmente até nas guerras há espaço para algum tipo de ética e é possível valorizar o que seja moral mesmo no terror.
No Brasil, faz algum tempo que se assiste a uma verdadeira guerra. Não uma guerra no sentido bélico da palavra. Não há tiros nem batalhas, mas é uma guerra igualmente sórdida decretada por forças políticas e econômicas cujo objetivo é recuperar o poder do qual foram afastados em 2003.
Como em toda guerra a primeira vítima é a verdade, só que, essa guerra em especial, tem demonstrando uma sanha assassina de verdades que assusta a qualquer um que a examine de forma um pouco mais atenta.
Verdadeiros bombardeiros acusatórios estão sendo usadas e produzindo vítimas que sucumbem após violentas dores, não exatamente físicas, de vísceras expostas, mas da honra e da credibilidade.
Não existem convenções, nem ética, nem moral. Vale tudo, até mesmo vilipendiar a memória de pessoas recentemente falecidas.
A exposição do nome da esposa do ex-presidente é um golpe de baioneta dos mais pérfidos e rasteiros.
Acreditando ter o apoio da massa fácil de ser manipulada pela propaganda e ainda, ter o controle dos meios judiciais, um exército de fazer inveja a Átila, exercita sem o menor pudor sua capacidade de criar fatos e “verdades”.
Não são o flagelo de Deus como se dizia do líder dos Hunos, mas o flagelo do que se entende por ética.
Nessa guerra cuja maior vítima é o próprio país, humilhado lá fora e mergulhado numa crise cada vez maior, literalmente, vale tudo para atingir o líder maior “do inimigo”, independente do que seja ou não verdadeiro.
Ninguém poderia imaginar que as baionetas da perversidade, dos tipos e dos teclados, dos meios lícitos, ilícitos e eletrônicos pudessem produzir dores tão atrozes quanto as baionetas de metal.
Alguém deveria ceder ao bom senso e estipular limites à loucura, ou vamos todos marchar para a nossa batalha final, que, talvez, já tenha até mesmo sido perdida.
Prof. Péricles
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