sábado, 23 de abril de 2016

O PODER DO VÁ SE FERRAR

O repertório de vocábulos utilizados na linguagem política é muito rico.

Essa riqueza varia em sua origem e fim. Pode ser rico em lustro intelectual, rico em significados, rico em oficialidade, etc.

O linguajar popular, por sua vez, também é rico. Pergunte a qualquer linguista ou professor de português.

Mas, geralmente não se mistura, a fala popular com a fala oficial.

Algumas expressões populares, porém, utilizadas por políticos deram vazão a uma enorme riqueza de significados e tornam-se inseparáveis do autor.

Muitos não lembram de Ronald Reagan, mas utilizam até hoje a expressão “Império do Mal” criada por ele para definir os “perigosos” à segurança dos Estados Unidos: União Soviética, Irã e Coréia do Norte.

No Brasil é o caso de “trabalhadores do Brasil” de Getúlio Vargas ou do “filhote da ditadura” de Leonel Brizola.

Brizola, aliás, possivelmente, era o mais profícuo nesse quesito, tendo tornado imortal os “interesses” com o primeiro “e” pronunciado com assento, ou ainda o “sapo barbudo” para definir Lula e a necessidade de engolir sapos na política.

Lula imortalizou o “nunca antes na história desse país”.

Algumas expressões, no entanto, são mais chulas, e nem por isso, menos imortais.

Possivelmente tenha faltado isso para a presidente Dilma.

Um eficiente assessor político (que falta fez para Dilma) deveria recomendar uma expressão que é cheia de significados populares e ao mesmo tempo rica em sua mensagem mais profunda. O “vai se ferrar”, variação educada do imortal “vai à merda”.

Quando a mídia censurou sua ida ao encontro de Lula após a ida “coercitiva” determinada pelo juiz paladino dos bons costumes, Dilma deveria ter dito simplesmente, “vai se ferrar” e mais nenhuma atenção ao fato.

Claro que a mídia cairia de pau censurando o uso de uma expressão tão grosseira na boca de uma presidente, mas, cá entre nós, isso faria alguma diferença? A mídia golpista alguma vez elogiou Dilma por ser “tão boazinha”?

Agora queriam impedi-la de uma viagem oficial até a ONU alegando que ela iria aproveitar o momento para criticar a política brasileira e “se fazer de vítima”.

O que Dilma deveria fazer era simplesmente mandar se ferrar e denunciar mesmo ao mundo, como já deveria ter feito antes, o golpe praticado no Brasil.

Imagine uma coletiva e diante de uma pergunta de repórter brasileira Dilma perguntasse “Você é da Globo? ” e diante do aceno positivo respondesse com um cheio, amplo, bem claro e sonoro “vai se ferrar”.

Dilma já deveria ter gritado ao mundo o golpe que estão aplicando nela. Já deveria ter pedido auxílio da Corte internacional de Haia sobre os desmandos jurídicos que se praticou no Brasil, e, embora muito tarde, faz muito bem em divulgar o golpe que está sendo aplicado aqui até para defender a democracia em outros pontos desse continente.

Você é golpista? Vai se ferrar.

Você votou “sim” em nome da mamãe, da esposa, da moral e dos bons costumes sem se ater à responsabilidade do fato? Vá se ferrar.

Vai se ferrar. Simples assim.

Vá se ferrar juiz que pensa que é Deus. Vá se ferrar eleitor mal perdedor.

Vão se ferrar todos os fascistas.

A esquerda do Brasil é muito bem-educada e observadora da etiqueta e da ética.

Está faltando a presidente Dilma um bom lado Leonel Brizola.

Ah, e bons assessores também.



Prof. Péricles



Nenhum comentário: