quarta-feira, 31 de julho de 2013
O SALVADOR DA PÁTRIA
Antônio Conselheiro liderou uma multidão que acreditava que ele fosse o salvador, o messias que os levaria de uma vida miserável e desesperada para dias melhores, de fartura e felicidade, em campos verdejantes do Senhor.
Bem que Antônio caprichou, buscou cercar seu povo de segurança, mas foi traído pelo sistema dos coronéis e ele assim como os sonhos de seus seguidores acabaram destruídos com os entulhos de Canudos.
Jânio Quadros posou de salvador. Iria varrer a corrupção do Brasil. Limpar o país das imundícies das propinas e sonegações. Jânio, todos sabem, foi eleito para realizar a varredura prometida, mas acabou renunciando em menos de um ano de governo, lançando o país numa crise sem fim.
Fernando Collor de Melo prometia caçar os marajás, os funcionários públicos fantasmas e os super salários. Iria moralizar o Brasil e levá-lo para a modernidade e o progresso. Deu no que deu, um inédito processo de impeachment auto-humilhante para o país e sua gente.
Recentemente um Senador da República que aparecia diariamente com o dedo em riste acusando a outros de corruptos, perdeu o mandato, a pose de santo e talvez, a vergonha, sendo arrolado num processo imenso de corrupção e formação de quadrilha.
Salvadores da pátria são pessoas que surgem envoltas em promessas que excitam as esperanças e projetam soluções mágicas e instantâneas.
São carismáticos cada um do seu jeito e geralmente embasam suas propostas sublinhando os erros alheios. Erros que outros cometem, nunca eles, os salvadores.
Prometem terceirizar neles o sacrifício que cada brasileiro deve fazer para um país melhor e, assim, poupar a população de qualquer esforço. Basta depositar neles as esperanças.
Salvadores da Pátria, em geral, são decepcionantes porque não salvam como prometiam, e muitas vezes tornam o problema ainda maior do que já era.
Verdadeiros líderes, capazes de levar seus seguidores a estágios superiores não posam de salvadores nem prometem o que não podem. Não anunciam soluções tiradas da cartola. Ao contrário. Líderes anunciam que as melhorias não podem dispensar o sacrifício de cada um. Dessa forma, compartilham com todos o ônus da dificuldade e o mérito da conquista.
Nelson Mandela que liderou a busca da liberdade de seu povo atrelado a grotescas algemas de ódio racial e que depois comandou a união fraternal da África do Sul, de brancos e negros, pós-apartheid, evitando o derramamento de sangue, jamais prometeu o céu. Ao contrário, sempre se identificou como um simples ativista político e alertou seu povo que o caminho era longo e doloroso.
Salvadores da Pátria não existem, nem de camisolão como Antônio Conselheiro, nem de toga.
Prof. Péricles
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