quarta-feira, 24 de julho de 2013
DEMOCRACIA, A HISTÓRIA DE UMA MENTIRA 01
Teoricamente “democracia” seria o “governo do povo”, a administração dos interesses públicos tendo como base a vontade da maioria.
A democracia tomou forma a partir de 590 a.C com as reformas de Sólon, passando por aperfeiçoamentos com Clístenes e Psístrato, atingindo seu apogeu no século V a.C. no governo de Péricles, tudo isso em Atenas, cidade-estado grega.
Nesse século, também chamado de “O Século de Ouro da Democracia”, Péricles depois de derrotar os invasores persas numa coligação de forças gregas, propôs a criação da Liga de Delos que seria a união de recursos das polis gregas para enfrentar uma provável nova invasão dos Medos (como eles chamavam os persas).
Nem todas confiaram em deixar a chave do cofre a ele (Esparta criou sua própria Liga, a Liga do Peloponeso), mas uma boa parte de cidades-gregas não apenas concordou como também confiou a Péricles a administração de todas as suas economias para o caso de uma nova agressão.
A tal nova invasão dos Medos jamais aconteceria e Péricles, espertamente passou a desviar os recursos comuns em favor da sua Atenas. A cidade teve o porto duplicado e tornou-se um centro comercial agitadíssimo. Produtos de todas as partes, do Egito a Gália, da Fenícia e Mesopotâmia, passaram a circular por ali, aquecendo a economia do mediterrâneo. Péricles ainda utilizou esses recursos para construir o Partenon e fortificar a cidade.
Atenas se tornou centro financeiro e referência econômica em seu tempo. Até a sua moeda, o Dracma, tornou-se moeda única para todas as polis da Liga de Delos.
Por tudo isso, uma nova classe de ricos, uma nova Aristocracia, surgiu em Atenas e Péricles sabia que essa nova gente poderosa necessitaria ocupar espaço político, principalmente em relação à antiga e decadente aristocracia rural ateniense.
É nesse sentido que verdadeiramente encontramos os esforços de Péricles. No sentido de abrir espaço político para uma nova minoria. Nunca de levar a maioria, os pobres, a qualquer parcela do poder.
A instituição máxima da democracia de Atenas era a Eclésia, uma Assembléia onde todo cidadão podia ouvir os debates e votar nas decisões de sua preferência.
Importa lembrar que cidadão eram apenas homens (mulheres fora) maiores de 18 anos e filhos de pai e mãe ateniense (estrangeiro e descendentes excluídos). Importante lembrar ainda que, apesar de todo o discurso, Atenas mantinha escravos, que, claro, também eram excluídos do processo. Assim, só para se ter uma idéia, no ano de 431 a.C Atenas possuía uma população total de 430 mil habitantes sendo que, destes, apenas 60 mil eram reconhecidos como cidadãos.
Embora as votações na Eclésia (levantando o braço) representem uma forma de democracia direta, a exclusão da maioria a torna frágil. Mais frágil ainda se lembrarmos que outra instituição, a Bulé ou Boule, organizava a agenda do que era ou não discutido na Eclésia, e era firmemente dominada por Péricles.
Dessa forma, com uma cidadania restrita, uma agenda controlada por sua vontade, e discursos brilhantes que contagiavam os votantes, Péricles permitiu a ascensão dos novos ricos e a continuidade da exclusão da maioria, de forma pacífica e ainda dando a ilusão de ser a vontade de todos. Essa ilusão é a Democracia.
Péricles teve seu nome dignificado para a posteridade.
A democracia passaria a ser perseguida nos séculos seguintes e ainda hoje tem quem acredita. Porém, jamais deixou de ser uma forma de manter o poder dos ricos e alimentar a ilusão dos pobres.
Nunca foi muito mais do que uma mentira.
Prof. Péricles
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