Na comemoração dos 25 anos da Confederação Nacional dos Metalúrgicos, nessa quarta-feira 28 de junho, Lula fez um de seus melhores discursos em forma de comício.
- Mais do que nunca esse país precisa de uma classe trabalhadora unida para levantar a cabeça e dizer que esse país não é de meia dúzia.
- Trabalhador não pode ir à feira só depois das onze para comprar o tomate que a elite já espremeu, pegar a xepa! Não! Trabalhador tem que comprar o melhor pepino, a melhor alface!
A seguir, outros trechos desse discurso brilhante:
- as indústrias jamais voltarão a gerar os empregos que geravam.
- Peguem o documento que eu apresentei na primeira reunião do G-20 e eu dizia: precisamos criar empregos, precisamos de comércio, para que os países pobres também possam vender.
- só se recupera a Economia com mercado interno
- esse Governo que está aí de Governo não tem nada
- não foi Deus quem pôs o Temer lá: foi um Golpe de uma maioria no Congresso que assaltou o poder
- esse Governo destrói a indústria com a destruição da Petrobras e dos bancos públicos
- no começo de 2009, quando eu disse que o Brasil não ia ser destruído por uma marolinha, foram os bancos públicos que salvaram o Brasil – Banco do Brasil, Caixa, BNDES, BASA, BNB
- eu até liguei pro Obama para ele criar um BNDES
- a Lava Jato destruiu a indústria nacionalista
- quem roubou tem que ir preso, mas, não, ser preso por delação premiada, senão, ninguém escapa
- a construção civil demitiu 600 mil trabalhadores
- a naval, que nós recuperamos, 50 mil
- quem vai investir aqui, sem consumo interno, com a queda da renda das famílias?
- é preciso pensar uma saída política para esse país
- a saída política é o povo eleger o presidente da República, seja ele quem for
- mas eleito democraticamente
- a desgraça de quem não gosta de política é ser governado por quem gosta
- político ladrão? Alguém botou ele lá!
- temos hoje um Poder Judiciário desacreditado, um Presidente desacreditado, um Congresso desacreditado
- não faz muito tempo que essa gente tenta me destruir
- uma vez quando me prenderam: a greve tinha 17 dias. Com a minha prisão, a greve durou 41 dias!
- eu fiz mais que todos eles juntos!
- quando fui presidente, tinha uma determinação sagrada: cada brasileiro tem que tomar café da manha, almoçar e jantar todo dia
- fiz o maior programa de Educação desse país
- filho de trabalhador foi fazer mestrado, doutorado
- durante três anos, todo dia nos jornais, vinte horas de Jornal Nacional, num ano – isso dá doze jogos do Barcelona contra o Real Madrid
- qualquer outro não teria coragem de abrir a porta, a porta do banheiro tinha que ficar fechada
- foi um massacre
- aí apareceu uma pesquisa que não é da CUT, mas da Folha de São Paulo
- eu fico imaginando como é que o diretor de jornalismo da Globo, da Folha, do Estadão, da Zero Hora, do Diário de Pernambuco, do Jornal da Bahia, do cacete a quatro – como é que esses caras reagiram?
- o Lula tá morto! O PT está morto!
- tem que somar todos eles juntos para chegar perto do Lula
- todos os partidos juntos não dão a metade da preferência pelo PT
- isso deve ter dado uma insônia desgraçada neles
- eles não podem dizer outra vez que o povo é burro
- o povo sabe o que está acontecendo
- (quando deixou a Presidência) o desemprego era de 4,3% - mais do que pleno emprego, mais do que a Suécia
- aumento real do salário mínimo, 74% de aumento do salário mínimo
- empregada doméstica passou a ter carteira assinada e ser tratada como cidadã
- esse pais deixou de ser apenas Rio, São Paulo e Minas
- o Brasil precisa de fertilizante? Fizemos uma fábrica de ureia em Mato Grosso e de amônia em Minas
- as duas estão paradas!
- eles querem que o Brasil volte a ser cachorro vira-lata que abana o rabo pro patrão
- não tem mais empresário nacional!
- cadê o Antônio Ermírio, o Bardella, o Villares?
- eles eram nossos adversários, mas eram brasileiros, eram nossos!
- 70 milhões de brasileiros foram bancarizados. Essa é uma palavra que muita gente não entende, mas vi catadora de papel chorar porque abriu uma conta em banco!
- criamos 22 milhões de empregos!
- o povo não é burro!
Créditos: Ricardo Stuckert
quinta-feira, 29 de junho de 2017
terça-feira, 27 de junho de 2017
MICOS VIRTUAIS E GOLPES REAIS
O conhecimento formal, foi tratado por nosso povo, ao longo dos anos, como algo distante e, de certa forma, supérfluo.
Na maioria das mentes das classes mais carentes, seus filhos deveriam auxiliar na sobrevivência material da família. Estudo era coisa para filho de doutor, esse sim, que usaria um dia o conhecimento na carreira.
Filho de pobre não precisava, esse tinha que ajudar a pôr o pão na mesa, em primeiro lugar.
Era como se o mundo do conhecimento fosse exclusividade, ou melhor, mais uma propriedade, dos mais ricos.
Falar bem o idioma era coisa bonita, praticada por gente chic. Escrever errado não era feio pois, filho de gente pobre precisa escrever para que?
Conhecimento de história era demonstração de cultura, mas, inútil para os filhos de lavradores ou de operários. Ficava bem era nos discursos políticos e até na poesia.
Coisa de filho de coronel.
Ser educado era saber seu lugar, e como “seu lugar” entenda-se o conformismo com a vida dura e com as desigualdades que dessa forma, eram ainda mais eternizadas.
Os próprios jovens eram conformistas com essa “realidade”. Muitos, apesar dos esforços dos pais em manterem-nos na escola pelo tempo mínimo, acabavam fugindo das responsabilidades, abandonando os estudos pois não viam nada mais consistente para o “sacrifício” de estudar.
O mundo de virtualidade vem alterando também esses conceitos, ou melhor, a falta deles, no que se refere a educação.
Hoje, o mundo se comunica através das redes virtuais na velocidade de um clic, onde as ideias são colocadas e debatidas por escrito.
De repente, a meninada passou a perceber o quanto é importante saber expressar suas ideias, e, no caso, escrever corretamente aquilo que se quer dizer.
Os erros crassos tornaram-se temidos.
No debate simples sobre a realidade do mundo, do país, da cidade e do bairro, a opinião sobre o que falou essa ou aquela autoridade ou artistas, o conhecimento de história, de geografia, entre outros, tornou-se importante já que ninguém quer ficar calado diante da polêmica.
Ter uma opinião passou a ser uma necessidade e ter sua opinião reconhecida, uma necessidade maior ainda.
Mas, cada vez mais a opinião necessita ter alguma base, alguma referência que não exponha seu autor ao ridículo.
Muita gente descobre só agora que matar aquela aula de história, talvez não tenha sido uma boa ideia.
Esse é um dos pontos positivos da massificação da comunicação e que já produzem melhorias nas relações humanas.
Com o tempo, essas melhorias se solidificarão em busca de conhecimento para não pagar mico maior ainda.
Como os que pagam hoje os que defenderam o golpe de 2016 sem saber de fato qual era seu papel no teatro do golpe.
O micão do pato da FIESP, o mico da bateção das panelas...
Ao estudarem um pouco mais de história perceberão o quanto foram manipulados.
Ao lerem textos sobre o fascismo compreenderão que estiveram muito próximos daqueles personagens que apoiaram a ascensão de tiranos ao poder, impulsionados pela propaganda.
Otimismos? Talvez, mas a ideia é a de que, o conhecimento as vezes tarda, mas não falha.
Prof. Péricles
sábado, 24 de junho de 2017
O JANELÃO ESTILHAÇADO DA REDE GLOBO
Por Tatiana Carlotti
Em tempos de golpe, a fragilidade das nossas instituições democráticas se escancara. Na seara da comunicação, enquanto a Mídia Alternativa luta pela sobrevivência, garantindo o mínimo do contraditório ao discurso hegemônico; as Organizações Globo, promotoras deste discurso, inauguram a nova sede do seu jornalismo.
A discrepância de forças ficou evidente na última segunda-feira (16.06.2017). Durante cinco minutos, o Jornal Nacional vendeu o aparato jornalístico a seus telespectadores, detalhando a metragem do novo espaço, o dobro do anterior, e suas 18 novas ilhas de edição.
A cobertura da “cerimônia macabra”, assim qualificada pelo jornalista Paulo Henrique Amorim, incensou a parafernália tecnológica, destacando os imensos telões e as ilustrações em três dimensões do Jornal Nacional.
Segundo o script, “isso é possível porque o novo cenário é formado por duas camadas de imagens. Primeiro um vidro de 15 metros em curva, que varia do fosco para o transparente. E, ao fundo, um telão gigante, o de três metros de altura a por 16 de largura. Uma janela para o mundo”.
Uma embalagem bonita para um escasso conteúdo. A tentativa do Grupo Globo de compensar a baixíssima qualidade de seu jornalismo. Não será um vidro de 15 metros que devolverá a credibilidade perdida às Organizações Globo. Ela foi estilhaçada pela politicagem rasteira que o Grupo realiza há 92 anos.
É brutal a asfixia ao contraditório, ao debate de ideias e propostas perpetrado pela empresa, vide a cobertura da PEC do Teto de Gastos, a defesa aguerrida das reformas trabalhistas. É criminosa a perseguição promovida contra desafetos da emissora, bem como sua atuação política, interferindo diretamente nos rumos do país, vide os episódios que antecederam e sucederam o golpe – os dois, aliás.
E o que dizer da seletividade de suas pautas? O silêncio diante de questões de extrema importância, como o genocídio da população jovem, negra e pobre nas periferias, assassinada pela Polícia Militar, em vários estados do país. Como isso não é pauta na principal emissora brasileira?
O Brasil e o mundo passam longe do janelão da família Marinho.
Prova disso foi o discurso do presidente do Grupo Globo, Roberto Irineu Marinho que falou sobre “futuro”, “compromisso da emissora com o país” e, pasmem, “jornalismo independente”. Mandatário de uma organização que faz política diuturnamente, ele disse ser “significativo que, no auge de um período crítico da vida nacional”, o Grupo Globo esteja “inaugurando um moderno estúdio de jornalismo”.
Muito significativo, aliás, dado o protagonismo das Organizações Globo no afastamento de uma presidenta democraticamente eleita do poder, sem crime de responsabilidade.
Roberto Irineu mencionou também os 92 anos da emissora salientando que ela pretende continuar “sendo uma empresa familiar que olha para o longo prazo” e que “investe hoje para construir o futuro onde queremos viver”.
Queremos? Uma tarde assistindo à Globonews nos permite compreender de que futuro se trata: aquele desenhado pela agenda da austeridade. O futuro de um país garroteado pelo estado mínimo, onde a criminalização da política é lei e a destruição da imagem de partidos, lideranças e movimentos de esquerda, uma prática corrente.
Um futuro, diga-se de passagem, recusado quatro vezes nas urnas pela maioria da população brasileira. Daí o terceiro turno forjado pelas Organizações Globo, com seu candidato o senador afastado Aécio Neves, incensado como a saída para o país; as manifestações pró-impeachment convocadas explicitamente pela emissora; o golpe de 31 de Agosto, cujas consequências recaem sobre o povo brasileiro, via crise institucional, política e econômica que se prolonga.
Nada disso, obviamente, foi mencionado pelo presidente da maior empresa de comunicação do país. Na pele de CEO, Roberto Irineu esqueceu de mencionar o desemprego acirrado pela turbulência política, preferiu citar os 19 mil empregos diretos e os 15.800 indiretos criados pela empresa da sua família.
Tampouco falou das denúncias de sonegação fiscal, mais de R$ 600 milhões devidos aos cofres públicos decorrentes da compra dos direitos de transmissão da Copa de 2002. Preferiu mencionar o pagamento de R$ 14,5 bilhões em impostos nos últimos cinco anos, “com muito orgulho”, destacou.
E afirmou ainda: “só com uma empresa que permanece e se sustenta conseguimos produzir jornalismo independente”, como se as Organizações Globo não recebessem financiamento das estatais, não se fizessem política, nem defendessem os interesses corporativos e financeiros que defendem descaradamente nos seus noticiários.
Nesta semana aliás a Globosat assinou um acordo com a Vice Media, maior companhia de mídia e produção de conteúdo para o público jovem do mundo, ela inclusive tem como sócia a Disney, para criar uma joint-venture. Pelo acordo, em torno de US$ 450 milhões, a Globo terá participação minoritária na Vice Brasil.
Com público alvo de jovens entre 18 e 34 anos, a joint-venture irá oferecer entretenimento com foco em comportamento pela Globosat que conta com 33 canais e mais de 18 milhões de telespectadores diários.
Um discurso vazio em meio a um cenário megalomaníaco, a síntese do jornalismo Globo que não teria consequência alguma, não fosse o imenso poder que detém, graças à concessão pública, das quais as Organizações Globo abusam, sem qualquer regulação ou controle do poder público.
Concentrada nas mãos de meia dúzia de famílias, a comunicação no Brasil segue engessada ante qualquer possibilidade de concorrência. E o mais grave: o discurso hegemônico impera impedindo à população de ter acesso a vários pontos de vistas e opiniões; engessando múltiplas pautas; impedindo ao Brasil, diverso e múltiplo que somos se reconhecer naquilo que é veiculado na TV, nas rádios e jornais.
Daí o esforço da Mídia Alternativa em assegurar o mínimo de contraditório à narrativa autoritária e hegemônica que comanda a pauta nacional. E sem financiamento, diga-se de passagem, já que uma das primeiras medidas de Michel Temer, assim que entrou no governo foi promover a asfixia econômica de sites e blogs progressistas e independentes no Brasil.
O ônus da ausência de uma efetiva Lei de Mídia – uma das principais reivindicações da Mídia Alternativa ao longo dos últimos anos – é a própria democracia e a quebra da ordem constitucional que vivemos.
Aliás, os graves problemas desta concentração e seus danos à democracia são tema de um estudo recente e imperdível divulgado pela UNESCO, sob o título “Concentração da Propriedade de Mídia e Liberdade de Expressão: Padrões e Implicações Globais para as Américas”.
Com base no direito internacional, o documento aponta quais ações precisam ser promovidas para se regular o mercado de mídia, destacando cinco ameaças à democracia resultantes da concentração da mídia. São eles:
"1. Influência excessiva dos proprietários de meios ou de seus anunciantes sobre os responsáveis políticos e os poderes públicos, e manipulação encoberta das decisões políticas para favorecer interesses econômicos ocultos;
2. Concentração da propriedade dos meios comerciais e sua possível influência sobre a esfera política, seja a concentração da propriedade nas mãos dos governantes, de todos os meios de comunicação de um país nas mãos de um único proprietário, ou (situação especialmente perigosa nos países pequenos) de todos os meios de comunicação nas mãos de proprietários estrangeiros;
3. Efeito nefasto da concentração dos meios de comunicação e da evolução dos modelos econômicos sobre a qualidade do jornalismo (de investigação e de outros tipos), traduzido na diminuição da margem de liberdade editorial, degradação das condições de trabalho e precarização do trabalho dos jornalistas;
4. Falta de transparência sobre a propriedade dos meios e as fontes de financiamento;
5. Potenciais conflitos de interesses que resultam na proximidade entre os jornalistas e os interesses econômicos.”
Como você pode notar, tratam-se de riscos de primeira grandeza, sobretudo em um Brasil dominado por “mini-Berlusconis”, conforme cunhou The Economist, ao avaliar a oligarquia das empresas familiares de comunicação que mandam e desmandam no Brasil.
No caso da Globo, há 92 anos.
Até quando?
A discrepância de forças ficou evidente na última segunda-feira (16.06.2017). Durante cinco minutos, o Jornal Nacional vendeu o aparato jornalístico a seus telespectadores, detalhando a metragem do novo espaço, o dobro do anterior, e suas 18 novas ilhas de edição.
A cobertura da “cerimônia macabra”, assim qualificada pelo jornalista Paulo Henrique Amorim, incensou a parafernália tecnológica, destacando os imensos telões e as ilustrações em três dimensões do Jornal Nacional.
Segundo o script, “isso é possível porque o novo cenário é formado por duas camadas de imagens. Primeiro um vidro de 15 metros em curva, que varia do fosco para o transparente. E, ao fundo, um telão gigante, o de três metros de altura a por 16 de largura. Uma janela para o mundo”.
Uma embalagem bonita para um escasso conteúdo. A tentativa do Grupo Globo de compensar a baixíssima qualidade de seu jornalismo. Não será um vidro de 15 metros que devolverá a credibilidade perdida às Organizações Globo. Ela foi estilhaçada pela politicagem rasteira que o Grupo realiza há 92 anos.
É brutal a asfixia ao contraditório, ao debate de ideias e propostas perpetrado pela empresa, vide a cobertura da PEC do Teto de Gastos, a defesa aguerrida das reformas trabalhistas. É criminosa a perseguição promovida contra desafetos da emissora, bem como sua atuação política, interferindo diretamente nos rumos do país, vide os episódios que antecederam e sucederam o golpe – os dois, aliás.
E o que dizer da seletividade de suas pautas? O silêncio diante de questões de extrema importância, como o genocídio da população jovem, negra e pobre nas periferias, assassinada pela Polícia Militar, em vários estados do país. Como isso não é pauta na principal emissora brasileira?
O Brasil e o mundo passam longe do janelão da família Marinho.
Prova disso foi o discurso do presidente do Grupo Globo, Roberto Irineu Marinho que falou sobre “futuro”, “compromisso da emissora com o país” e, pasmem, “jornalismo independente”. Mandatário de uma organização que faz política diuturnamente, ele disse ser “significativo que, no auge de um período crítico da vida nacional”, o Grupo Globo esteja “inaugurando um moderno estúdio de jornalismo”.
Muito significativo, aliás, dado o protagonismo das Organizações Globo no afastamento de uma presidenta democraticamente eleita do poder, sem crime de responsabilidade.
Roberto Irineu mencionou também os 92 anos da emissora salientando que ela pretende continuar “sendo uma empresa familiar que olha para o longo prazo” e que “investe hoje para construir o futuro onde queremos viver”.
Queremos? Uma tarde assistindo à Globonews nos permite compreender de que futuro se trata: aquele desenhado pela agenda da austeridade. O futuro de um país garroteado pelo estado mínimo, onde a criminalização da política é lei e a destruição da imagem de partidos, lideranças e movimentos de esquerda, uma prática corrente.
Um futuro, diga-se de passagem, recusado quatro vezes nas urnas pela maioria da população brasileira. Daí o terceiro turno forjado pelas Organizações Globo, com seu candidato o senador afastado Aécio Neves, incensado como a saída para o país; as manifestações pró-impeachment convocadas explicitamente pela emissora; o golpe de 31 de Agosto, cujas consequências recaem sobre o povo brasileiro, via crise institucional, política e econômica que se prolonga.
Nada disso, obviamente, foi mencionado pelo presidente da maior empresa de comunicação do país. Na pele de CEO, Roberto Irineu esqueceu de mencionar o desemprego acirrado pela turbulência política, preferiu citar os 19 mil empregos diretos e os 15.800 indiretos criados pela empresa da sua família.
Tampouco falou das denúncias de sonegação fiscal, mais de R$ 600 milhões devidos aos cofres públicos decorrentes da compra dos direitos de transmissão da Copa de 2002. Preferiu mencionar o pagamento de R$ 14,5 bilhões em impostos nos últimos cinco anos, “com muito orgulho”, destacou.
E afirmou ainda: “só com uma empresa que permanece e se sustenta conseguimos produzir jornalismo independente”, como se as Organizações Globo não recebessem financiamento das estatais, não se fizessem política, nem defendessem os interesses corporativos e financeiros que defendem descaradamente nos seus noticiários.
Nesta semana aliás a Globosat assinou um acordo com a Vice Media, maior companhia de mídia e produção de conteúdo para o público jovem do mundo, ela inclusive tem como sócia a Disney, para criar uma joint-venture. Pelo acordo, em torno de US$ 450 milhões, a Globo terá participação minoritária na Vice Brasil.
Com público alvo de jovens entre 18 e 34 anos, a joint-venture irá oferecer entretenimento com foco em comportamento pela Globosat que conta com 33 canais e mais de 18 milhões de telespectadores diários.
Um discurso vazio em meio a um cenário megalomaníaco, a síntese do jornalismo Globo que não teria consequência alguma, não fosse o imenso poder que detém, graças à concessão pública, das quais as Organizações Globo abusam, sem qualquer regulação ou controle do poder público.
Concentrada nas mãos de meia dúzia de famílias, a comunicação no Brasil segue engessada ante qualquer possibilidade de concorrência. E o mais grave: o discurso hegemônico impera impedindo à população de ter acesso a vários pontos de vistas e opiniões; engessando múltiplas pautas; impedindo ao Brasil, diverso e múltiplo que somos se reconhecer naquilo que é veiculado na TV, nas rádios e jornais.
Daí o esforço da Mídia Alternativa em assegurar o mínimo de contraditório à narrativa autoritária e hegemônica que comanda a pauta nacional. E sem financiamento, diga-se de passagem, já que uma das primeiras medidas de Michel Temer, assim que entrou no governo foi promover a asfixia econômica de sites e blogs progressistas e independentes no Brasil.
O ônus da ausência de uma efetiva Lei de Mídia – uma das principais reivindicações da Mídia Alternativa ao longo dos últimos anos – é a própria democracia e a quebra da ordem constitucional que vivemos.
Aliás, os graves problemas desta concentração e seus danos à democracia são tema de um estudo recente e imperdível divulgado pela UNESCO, sob o título “Concentração da Propriedade de Mídia e Liberdade de Expressão: Padrões e Implicações Globais para as Américas”.
Com base no direito internacional, o documento aponta quais ações precisam ser promovidas para se regular o mercado de mídia, destacando cinco ameaças à democracia resultantes da concentração da mídia. São eles:
"1. Influência excessiva dos proprietários de meios ou de seus anunciantes sobre os responsáveis políticos e os poderes públicos, e manipulação encoberta das decisões políticas para favorecer interesses econômicos ocultos;
2. Concentração da propriedade dos meios comerciais e sua possível influência sobre a esfera política, seja a concentração da propriedade nas mãos dos governantes, de todos os meios de comunicação de um país nas mãos de um único proprietário, ou (situação especialmente perigosa nos países pequenos) de todos os meios de comunicação nas mãos de proprietários estrangeiros;
3. Efeito nefasto da concentração dos meios de comunicação e da evolução dos modelos econômicos sobre a qualidade do jornalismo (de investigação e de outros tipos), traduzido na diminuição da margem de liberdade editorial, degradação das condições de trabalho e precarização do trabalho dos jornalistas;
4. Falta de transparência sobre a propriedade dos meios e as fontes de financiamento;
5. Potenciais conflitos de interesses que resultam na proximidade entre os jornalistas e os interesses econômicos.”
Como você pode notar, tratam-se de riscos de primeira grandeza, sobretudo em um Brasil dominado por “mini-Berlusconis”, conforme cunhou The Economist, ao avaliar a oligarquia das empresas familiares de comunicação que mandam e desmandam no Brasil.
No caso da Globo, há 92 anos.
Até quando?
sexta-feira, 23 de junho de 2017
FASCISMO E CAIXINHAS PRETAS
O barulho era estranho, diria até, silencioso, no entanto eu via que eram muitas as engrenagens que estavam sendo movidas.
Uma correia, ou parecia ser uma correia, me fez lembrar das bicicletas, e do terror que quando criança, quando ela simplesmente desenganchava fazendo que todo o mecanismo trancasse.
Algumas peças redondas, outras cilíndricas. Cores vivas.
Uma caixa preta simpática, pequena, parecia sorrir da minha confusão.
Nunca entendi nada de motor de carro. Nunca quis entender e nem tive a curiosidade necessária para quem quer aprender.
E agora estava eu ali, olhando aquela maravilha da tecnologia... enquanto dois “profissionais do ramo” aguardavam meu parecer.
Cilindros, turbo, e muitos outros conceitos passavam pelos meus ouvidos sem significar nada.
- Então, professor, não é uma maravilha esse motor? Só falta falar, disse um deles, o proprietário do carro recém-comprado.
- Bobagem, disse o outro, motor comum, nem se compara ao do carro alemão, motor turbo... não acha professor?
Não achava nada, não entendo nada. Só sei que a caixinha era simpática e parecia sorrir mais eles não iriam entender essa minha opinião.
Porém, queriam um veredito... e agora?
Foi então que resolvi contra-atacar. Afinal, conhecimento se combate com conhecimento, ou vice-versa.
Me ergui e olhando os dois amigos coxinhas, perguntei: o que vocês acham do neoliberalismo? Da mais valia? Stalinismo ou Trotskismo? A reforma agrária é uma questão técnica ou ideológica?
Diante da surpresa e dos olhos arregalados, conclui: a gente deve ser humilde e reconhecer aquilo que não entendemos, aceitar nossas limitações e procurar estudar melhor o assunto.
Não sei qual o melhor motor, da mesma forma que a maioria dos direitistas não sabem o que é comunismo, dizem que o PT é comunista, pensam que reforma agrária é redistribuir terra, direitos humanos só ajudam bandidos e que Hitler era comuna.
Caracterizar como ignorante uma opinião (no sentido de desconhecer o assunto) não implica em desqualificar o debatedor, mas de qualificar o debate.
A diferença é que, o fascismo que aflora nesse tipo de “ignorância intelectualizada” ofende-se quando questionado por argumentos e, ao contrário de caixinhas pretas que parecem sorrir, definitivamente, não é nada simpático.
Claro, eu poderia pedir um tempo e perguntar a opinião do mecânico da frente da minha casa, mas isso, seria como terceirizar a minha própria opinião, como fazem os que defendem o que diz a mídia, sem reflexão, e isso, não seria honesto, seria mentira.
Prof. Péricles
quarta-feira, 21 de junho de 2017
OS DEZ MANDAMENTOS DA DELAÇÃO PREMIADA
Perguntaram-me como explicar brevemente o regime da colaboração/delação premiada no Brasil sem precisar ler muita coisa, no estilo 10 mandamentos. Aceitei o convite.
Abaixo, segue o que explico no Guia do Processo Penal conforme a Teoria dos Jogos, de maneira esquemática. Aviso que as alusões devem ser lidas com certa dose de cinismo. Significam perspectiva metafórica do que pode se passar, e não necessariamente com o que concordo.
Metaforizei a partir de um indivíduo que joga sujo e quer maximizar seus êxitos a qualquer preço, sem levar em consideração aspectos éticos e morais. Não estou falando, necessariamente, de você, leitor.
Seguem os mandamentos:
1. Ama (e salva) a ti mesmo sobre todas as coisas e pessoas.
2. Não torna seu nome em delator em vão, porque deve valer a pena a recompensa.
3. Guarda gravações, documentos e prints de pessoas que podem ser delatadas no futuro.
4. Delata pai e mãe, se necessário for.
5. Não delata muito antes de o comprador precisar da informação.
6. Não delata alguém que pode te delatar, salvo se conseguir destruir tua credibilidade antecipadamente.
7. Não rouba informação alheia nem reputações, salvo se necessário.
8. Não levanta falso testemunho, salvo se puder criar falsos indícios ou provas, e então o faça parecer crível.
9. Não deseja o julgador do próximo só porque ele é mais “garantista”.
10. Não cobiça as delações alheias (somente porque os outros jogaram melhor).
Alguns podem ficar magoados com o modo em que sugeri os mandamentos, mas pode ser que você esteja enfrentando alguém que pensa justamente assim.
Não admiro nem faço loas a quem joga sujo. Apenas descrevo um comportamento possível de um jogo de compra e venda de informações que se instalou no Brasil.
Se você não concordar, melhor. Talvez esteja errado. Que assim seja…
sábado, 17 de junho de 2017
CANALHAS ESTÚPIDOS DEVIAM SER FUZILADOS
Eles posaram de paladinos defensores da moralidade contra a corrupção.
Mídia cúmplice, holofotes atentos para divulgar cada acusação, cada palavra de efeito, cada caras e bocas.
A energúmena classe média ululava pedindo o impeachment da presidente e cadeia para o ex-presidente;
Eram os patriotas, os heróis, os corretos.
Agora estamos assistindo a um formidável espetáculo de máscaras caídas.
Nem foi preciso dar tempo, tamanha precariedade moral dos paladinos.
Depois que uma avalanche de hipocrisia acabou com um mandato presidencial legitimamente eleito, o povo brasileiro, estarrecido (povo brasileiro adora ficar estarrecido) assiste um show de lavagem de roupa suja, e as mais sujas são justamente togas, ternos e gravatas.
Como sempre, os mais moralistas são os mais corrompidos.
Senadores pegos falando em roubar dinheiro, aos milhões, como garotos falam em roubar bolinha de gude deslumbram o Grande Espetáculo da Terra brasilis. Terra triste de parcelas egoístas e preconceituosas, de risos debochados de canalhas.
Enquanto isso, a crise financeira que era administrável vai se avolumando e lembrando os piores tempos de passado recente.
Vamos vendendo riquezas a preço de banana e privatizando tudo que é possível, sempre em favor dos empresários e contra os interesses público.
Até direitos adquiridos depois de muito sangue e muita luta, como aposentadoria, estão ameaçados
Cai a máscara, caí dezenas, centenas de máscaras, e, infelizmente parece que cai o Brasil inteiro junto, s´po não caia a arrogância da cara dos estúpidos que apoiaram tudo isso, sem ser da elite.
Depois de alguns anos combatendo a miséria e criando programas sociais de profundidade o país volta aos tempos mais mesquinhos em que os poderosos coronéis fatiavam o Brasil para vende-lo em benefício próprio.
O povo? O povo que se dane!
Sempre fomos contra a pena de morte. Mas, devo confessar que não derramaria uma só lágrima vendo essa gente, de todas as áreas, num muro de fuzilamento.
Acusação? Alta traição nacional e Crime de lesa história e lesa povo com crueldade.
Prof. Péricles
Prof. Péricles
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