terça-feira, 27 de junho de 2017
MICOS VIRTUAIS E GOLPES REAIS
O conhecimento formal, foi tratado por nosso povo, ao longo dos anos, como algo distante e, de certa forma, supérfluo.
Na maioria das mentes das classes mais carentes, seus filhos deveriam auxiliar na sobrevivência material da família. Estudo era coisa para filho de doutor, esse sim, que usaria um dia o conhecimento na carreira.
Filho de pobre não precisava, esse tinha que ajudar a pôr o pão na mesa, em primeiro lugar.
Era como se o mundo do conhecimento fosse exclusividade, ou melhor, mais uma propriedade, dos mais ricos.
Falar bem o idioma era coisa bonita, praticada por gente chic. Escrever errado não era feio pois, filho de gente pobre precisa escrever para que?
Conhecimento de história era demonstração de cultura, mas, inútil para os filhos de lavradores ou de operários. Ficava bem era nos discursos políticos e até na poesia.
Coisa de filho de coronel.
Ser educado era saber seu lugar, e como “seu lugar” entenda-se o conformismo com a vida dura e com as desigualdades que dessa forma, eram ainda mais eternizadas.
Os próprios jovens eram conformistas com essa “realidade”. Muitos, apesar dos esforços dos pais em manterem-nos na escola pelo tempo mínimo, acabavam fugindo das responsabilidades, abandonando os estudos pois não viam nada mais consistente para o “sacrifício” de estudar.
O mundo de virtualidade vem alterando também esses conceitos, ou melhor, a falta deles, no que se refere a educação.
Hoje, o mundo se comunica através das redes virtuais na velocidade de um clic, onde as ideias são colocadas e debatidas por escrito.
De repente, a meninada passou a perceber o quanto é importante saber expressar suas ideias, e, no caso, escrever corretamente aquilo que se quer dizer.
Os erros crassos tornaram-se temidos.
No debate simples sobre a realidade do mundo, do país, da cidade e do bairro, a opinião sobre o que falou essa ou aquela autoridade ou artistas, o conhecimento de história, de geografia, entre outros, tornou-se importante já que ninguém quer ficar calado diante da polêmica.
Ter uma opinião passou a ser uma necessidade e ter sua opinião reconhecida, uma necessidade maior ainda.
Mas, cada vez mais a opinião necessita ter alguma base, alguma referência que não exponha seu autor ao ridículo.
Muita gente descobre só agora que matar aquela aula de história, talvez não tenha sido uma boa ideia.
Esse é um dos pontos positivos da massificação da comunicação e que já produzem melhorias nas relações humanas.
Com o tempo, essas melhorias se solidificarão em busca de conhecimento para não pagar mico maior ainda.
Como os que pagam hoje os que defenderam o golpe de 2016 sem saber de fato qual era seu papel no teatro do golpe.
O micão do pato da FIESP, o mico da bateção das panelas...
Ao estudarem um pouco mais de história perceberão o quanto foram manipulados.
Ao lerem textos sobre o fascismo compreenderão que estiveram muito próximos daqueles personagens que apoiaram a ascensão de tiranos ao poder, impulsionados pela propaganda.
Otimismos? Talvez, mas a ideia é a de que, o conhecimento as vezes tarda, mas não falha.
Prof. Péricles
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