Templo de Palmira foi destruído |
Mesopotâmia,
terra entre rios. Um dos berços da humanidade.
Terra de
muitos povos que surgiram, floresceram e desapareceram, mas deixaram sua marca
e seu legado.
Tudo
testemunhado pelos rios Tigre e Eufrates e seus vizinhos como a Palestina do
Rio Jordão e o Egito, a terra dos faraós.
Ali a
humanidade aprendeu a escrever em cuneiformes gravados em tabletes de argila,
tão antigos quanto os hieróglifos egípcios.
E foi em
escrita hieroglífica que ficou registrado o mais antigo código de leis
conhecido pelo homem, o Código do grande rei Hamurabi.
“Eu,
Hamurabi, pela vontade dos deuses rei de toda a mesopotâmia...”
Suas
velhas cidades assistiram o esplendor de povos que cultuavam o prazer do agora
e buscavam fazer da vida o melhor passatempo possível.
Segundo
os autores bíblicos foi ali que um dia Deus criou o Jardim do Éden, os homens
construíram a Torre de babel e onde duas cidades, Sodoma e Gomorra, foram
completamente destruídas pela ira de Deus.
Muitas de
suas maravilhas, como os Jardins Suspensos da babilônia já desapareceram,
muitas outras ainda são perceptíveis através de ruínas e outras ainda estão
para serem descobertas.
Mas a
Mesopotâmia e seus arredores fica na região mais conflituosa do globo. O
Oriente Médio, mais especificamente o Iraque, destruído pelos Estados Unidos e
aliados, a Síria, o Irã, o Afeganistão.
Aqui a
perversidade anda de mãos dadas com a intolerância e no rastro de exércitos
muito mais cruéis do que foram um dia os Assírios do rei Sargão II, os tesouros
de sua história convivem com a ameaça de agressão.
A Rússia
há algumas semanas entrou no conflito pois o “faz de contas” dos Estados Unidos
de combater o tragicômico EI já ameaçava diretamente o governo de seu aliado Bashar
al-Assad.
Sem fazer
de contas a aviação russa em três semanas destruiu mais da força militar do EI do
que EUA e aliados em mais de ano.
Mas os misseis não distinguem os tesouros humanos de seus objetivos, quando lançados, por isso Sergei Lavrov, ministro das Relações Exteriores russo, pede que a UNESCO (órgão
da ONU para Educação, Ciência e Cultura), envie peritos para a região para
avaliar os danos causados pela guerra ao patrimônio cultural e mapear, com
clareza, as regiões de interesse histórico mais importantes e que precisam ser
preservadas.
Diga-se
de passagem, essa é uma súplica antiga de historiadores do mundo inteiro.
Historiadores norte-americanos chegaram a entregar por escrito uma carta de
recomendação ao presidente Barak Obama, assinalando os pontos mais importantes a serem preservados mas, ao que parece, não foram levados
em consideração pelos senhores da guerra.
A questão
é urgente como demonstra à demolição do templo de Palmira uma antiga cidade semita de muitas histórias, situada num oásis na província de Homs, a 215 km de Damasco, capital da Síria.
Palmira
foi declarada Patrimônio Mundial da UNESCO, mas nem por isso o Estado Islâmico
deixou de dinamitar vários lugares, incluindo os antigos templos de Baal
(divindade máxima dos mesopotâmios) Marduke e Baalshamin, de onde
veio a expressão Belzebaal, ou Belzebu, dos hebreus.
O pedido do Ministro Lavrov tem
como base jurídica a Convenção das Nações Unidas de 1954 sobre a proteção de
bens culturais em caso de conflito armado.
Os esforços da Rússia para o
desenvolvimento das relações culturais entre os países do mundo no âmbito do
trabalho da Unesco estão prejudicados por medidas discriminatórias de certos governos
para quem os interesses estratégicos e econômicos superam em larga margem os
interesses culturais, afirma o Ministro.
Espera-se
que os deuses antigos orientem os passos daqueles que, como herdeiros da
cultura milenar deixada pelos mesopotâmios, têm a tarefa intransferível de
protege-la.
Prof.
Péricles