quarta-feira, 21 de agosto de 2013

ACRE, O PREÇO DE UM CAVALO


No final do século XIX havia grande confusão acerca dos limites entre Brasil, Bolívia e Peru. Segundo se sabe, as demarcações, muitas vezes, eram feitas por cartógrafos que nunca sequer haviam estado na região. Terra quente e chuvosa onde predominava a floresta densa, habitada por índios de várias tribos e um e outro branco, as vezes boliviano, as vezes brasileiro.

Entretanto, o advento da indústria automobilística trouxe a necessidade da borracha para fazer os pneus e, como ainda não havia sido inventada a borracha sintética, o produto natural, vindo das seringueiras, tornou-se, em pouco tempo, um produto valioso e cobiçado.

Milhares de brasileiros vindos, especialmente do nordeste em busca de uma vida melhor, invadiram a região do atual acreana.

Segundo o próprio governo brasileiro, o Acre pertencia à Bolívia, mas, se fez de cego e surdo diante da crescente invasão.

Quando o governo boliviano percebeu a grana que estava em jogo, tentou marcar presença. Pobre e fragilizado por uma guerra, a Guerra do Chaco, contra o Paraguai pôde apenas fazer um péssimo negócio, trazendo um consórcio de empresas de capital inglês e americano para extrair a borracha, além de instalar uma base militar.

Porém, em todos aqueles anos de abandono por parte do governo da Bolívia, a região já “falava português” e os movimentos seguintes foram de instabilidade e troca de tiros em 1902, na chamada “questão acreana” em que os brasileiros foram liderados pelo gaúcho Plácido de Castro e os bolivianos levaram evidente desvantagem.

Foram então abertas negociações que terminariam com a assinatura do Tratado de Petrópolis em 1903.

Muito menor que o Brasil, e muito mais pobre, a Bolívia foi prejudicada nesse Tratado. Por ele o Acre foi incorporado ao território brasileiro em troca de 2 milhões de libras (hoje seria algo em torno de 400 milhões de reais), algumas terras no Mato Grosso e a promessa da construção de uma estrada de ferro que auxiliaria o transporte de produtos bolivianos (a Bolívia não tem saída direta para o mar). O Brasil ainda pagou uma indenização de 110 mil libras esterlinas pela rescisão do contrato aos gringos do consórcio Bolivian Syndicate.

O presidente boliviano Evo Morales, costuma dizer que seu país deu o Acre, uma região 3 vezes maior que a Suíça, ao Brasil em troca de um cavalo. Realmente, ao final das negociações foi dado um belo cavalo brasileiro ao presidente Aniceto Arce. Comenta-se que preso ao lado inferior da sela, havia um maço de dinheiro ao nobre presidente, num evidente ato de corrupção.

O Tratado de Petrópolis teve seus documentos oficiais classificados como de segredo de estado, e mesmo hoje, 110 anos após sua assinatura, ainda é vedado aos historiadores e demais interessados.

Seria, segundo muitos, um dos motivos pelo qual o Itamarati é visceralmente contrário a Lei que atualmente tramita no Congresso, que acaba com o “sigilo eterno” dos documentos oficiais.

Certamente, neles poderíamos entender melhor as cláusulas não escritas que levaram a um dos negócios mais escusos da América Latina, e quanto, afinal “custou” aquele cavalo.

Prof. Péricles

domingo, 18 de agosto de 2013

O DIA QUE O MUNDO ACABOU


Os norte-americanos adorariam que a vida toda fosse como foram os anos 20 para eles. Enquanto a Europa saía alquebrada da I Guerra Mundial (1914-1918) com sua agricultura arrasada, sua indústria em frangalhos e dívidas externas (inclusive com os EUA) imensas, os Estados Unidos saíram dela vencedores e sem marcas debatalhas em seu território e com a economiasmais pujante do que nunca.

Nesse período, especialmente entre 1924 a 1929, conhecido como “Big Business” prédios antigos foram substituídos por arranha-céus e o mundo invejou profundamente a nação do norte, surgindo, inclusive a expressão “American Way of Life” para designar o modo americano de viver e progredir.

Consumiam de tudo, do útil ou supérfluo, boates lotadas todas as noites, sucessos imortais no cinema, o blues e o Jazz acompanhado de letras mais do que otimistas. Aliás, o otimismo era tamanho, que até se tentou acabar com uma doença, o alcoolismo, através de uma Leia, a “Lei Seca”.

Essa nação parecia representar a vitória definitiva da economia liberal (aquela que o governo interfere o mínimo na economia e por isso atua também o mínimo nas questões sociais).

Acreditasse que a catástrofe começou alguns anos antes de 1929, mas ninguém percebeu. Tanto que em 3 de setembro, o jornal The New York Times” anunciava um não recorde na Bolsa de Valores que havia virado paixão nacional, com investidores de todos os tamanhos.

Na semana que começou na segunda 21 de outubro, observadores notaram um número um pouco maior de ações postas à venda, mas ninguém deu muita importância, acreditando ser apenas uma flutuação natural.

Foi então que o mundo financeiroyankeacabou.

Na quinta-feira, dia 24 de outubro de 1929, o pregão da Bolsa já abriu num clima tenso. Uma enxurrada de ações começaram a ser postas à venda. Logo atingiu 6.091.870 títulos. Esse volume imenso puxou pra baixo as ações em geral (lei da oferta e da procura), desesperados, investidores colocavam suas ações a venda por preços cada vez menores, numa espiral enlouquecida que se auto-alimentava e acelerava cada vez mais.

Às 11:30 daquele dia, milhares de pessoas aglomeravam-se nas proximidades de Wall Street numa imensa nuvem de desesperados. Corria a notícia de boca em boca (notícia verdadeira) que onze conhecidos especuladores haviam se suicidado. Ao meio dia, finalmente, alguém tomou uma atitude e mandou fechar as portas da Bolsa de Nova York para evitar uma invasão iminente e uma tragédia humana de grande dimensão.

Claro que o governo deveria ter intervido para evitar o pior. Mas a economia era liberal, lembra? Governo jamais interferia na economia, etc. etc.

Na noite daquele dia que entrou para a história com o nome de “quinta-feira Negra” 3bancos estavam quebrados.

Ainda viria a segunda-feira negra (28 de outubro) e a terça-feira negra (29 de outubro) que concretizaria o colapso de todo o sistema financeiro do paí,saté então, uma ilha de progresso e prosperidade invejada pelo mundo inteiro. Iniciava-se um período chamado de “A Grande Depressão Econômica” que só seria realmente resolvida com o início da segunda guerra mundial em 1939.

Nesse período, milhares de pessoas que antes dispunham de excelente salário, foram para a fila do sopão doado pelo governo. Centenas de pessoas cometeram suicídio forçando o governo a implantar uma campanha de valorização e preservação da vida. Nos filmes de Chaplin, os bacanas tiram o lugar de Carlitos na fila dos desempregados. Os E.U.A. conheceram investidores, antes poderosos perambulando a esmo pelas ruas e até um caso trágico de um desses se jogando no rio Hudson, não sem antes comover e fazer chorar a todos que estavam próximos.

O mundo inteiro sentiu esse abalo.

Na Alemanha começa o caos econômico que levaria o Partido de Hitler a ganhar as eleições de 1933. No Brasil o café apodreceria nos portos à espera dos antigos compradores que não mais comprariam favorecendo as articulações que levaram à Revolução de 30.

As causas da catástrofe geram polêmicas até hoje. Resumidamente, para nosso maior entendimento poderíamos dizer que o que houve foi que, pelo completo afastamentodo Estado na economia, ocorreu uma superprodução de capitais. Uma superprodução de papel e ações. A vida ensinou que até riqueza quando produzida em excesso, gera problemas e tragédias.

Prof. Péricles

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

É O CRESCIMENTO DA RENDA, ESTÚPIDO



Uma economia que fez a renda média da sociedade dobrar em 17 anos não pode estar à beira do abismo

Embora tenha durado apenas o tempo de uma flor de manacá, a exposição do aumento dos índices de IDHM dos municípios do Brasil na mídia precisa ser recuperada. Talvez tenha sido a notícia mais importante do ano para os analistas que procuram olhar o Brasil sob a ótica das mudanças estruturais de nossa sociedade.

Os números são impressionantes e mostram um país que passa de uma posição vergonhosa no campo de desenvolvimento social para a companhia de sociedades mais justas e ricas. Mas essas informações entram em choque com o clima de que estamos próximos de um desastre e que tomou conta de boa parte dos agentes econômicos --empresários e financistas-- nos últimos meses.

Não é possível que uma economia que fez com que a renda média real da sociedade dobrasse em 17 anos esteja à beira do abismo, mesmo que os resultados nos últimos três anos sejam decepcionantes.

Em 1993, a renda média anual do brasileiro era --a valores reais de 2012-- de R$ 5.016,00, equivalentes ao câmbio também de 2012 a US$ 2.500. Em 2010, 17 anos depois, esse número atingiu R$ 10.884,00, ou seja, próximo de US$ 5.500. Um aumento de mais de 100% no período, o que corresponde a uma taxa anual composta de 4,7%.

Mesmo se tomarmos como base a renda média de 1994, início do período do real, os números chamam a nossa atenção. Nesses 16 anos, entre o início do período de estabilidade de nossa moeda e o fim do ciclo de crescimento em 2010, o aumento real da renda média do brasileiro chegou a 64%, ou seja, cresceu a uma taxa anual de 3,14%.

Todo economista sabe --ou deveria saber-- que o fator mais importante por trás das mudanças sociais é o crescimento econômico por um prazo longo. Importa menos a taxa anual de crescimento e mais a duração do período em que esse crescimento se sustenta.

Uma segunda verdade em que acredito é a que nos diz que o principal --e mais difícil-- fator por trás do crescimento econômico sustentado é o aumento da renda real das famílias. Isso é verdade principalmente em uma sociedade de cigarras como a nossa, em que o consumo representa mais de 2/3 do PIB (Produto Interno Bruto).

Por isso, os dados do Pnud da ONU, publicados recentemente, não surpreenderam a equipe de economistas da Quest Investimentos. Afinal, o quadro inicial das apresentações institucionais aos nossos clientes, desde 2007, apresenta um gráfico da renda real calculada pelo IBGE entre 1978 e 2013 e mostra, por meio de uma linha de tendência, seu comportamento nesse período.

Em 1979, último ano do milagre econômico dos militares, a renda real anual era de R$ 7.464,00. Em 1993, fim do período em que tivemos uma hiperinflação histórica, o brasileiro médio ganhava anualmente apenas R$ 5.016,00. Ou seja, uma queda de mais 30% em 14 anos. Podemos contar essa mesma terrível história dizendo que, nesse período negro, o brasileiro empobreceu em média mais de 2% ao ano.

A mais importante conseqüência desse longo período de crescimento que tivemos depois do Plano Real pode ser vista --a olho nu-- em uma fotografia da sociedade brasileira dividida em classes de renda. Ela também faz parte, desde 2006, das apresentações da Quest como um de seus pontos centrais.

Para chegar a ela, dividimos os brasileiros em apenas duas classes de renda: na primeira estão aqueles que estão inseridos na economia de mercado, ou seja, têm carteira de trabalho assinada, acesso a crédito bancário e no comércio e estão protegidos por programas sociais como aposentadoria, seguro-desemprego e outros que não o Bolsa Família.

Na outra classe, estão os brasileiros que vivem na informalidade e não têm acesso às instituições do mundo formal.

Em 1993, os brasileiros da classe formal representavam um terço da população, ficando o grupo informal com os outros dois terços. Hoje temos a situação oposta, ou seja, dois terços vivem no mundo formal e o outro terço no informal. Uma mudança extraordinária e muito difícil de ser encontrada na história das nações emergentes como a nossa.

Peço agora ao leitor que volte ao título desta coluna.



LUIZ CARLOS MENDONÇA DE BARROS, 70, engenheiro e economista, é economista-chefe da Quest Investimentos. Foi presidente do BNDES e ministro das Comunicações (governo Fernando Henrique Cardoso). Consultor de economia para grandes grupos empresariais. Escreve às sextas-feiras, a cada 14 dias coluna na Folha de S. Paulo

domingo, 11 de agosto de 2013

10 DIAS MALDITOS NA HISTÓRIA BRASILEIRA


1. 20 de novembro de 1694: é morto Zumbi, líder da resistência de Palmares, mais importante quilombo da história do Brasil. A morte de Zumbi representou diretamente, o fim do próprio quilombo destruído por Domingos Jorge Velho. Indiretamente representou bem mais. Foi o fim das esperanças de uma negociação que acabasse com a escravidão abjeta e que a Coroa mudasse sua visão sobre as terras recuperadas após as invasões holandesas. Palmares se localizava na serra da Barriga, atual estado de Alagoas e essa data foi escolhida para celebrar o dia da consciência negra no Brasil.

2. 08 de novembro de 1799: São executados pela forca os quatro principais líderes da Revolta dos Alfaiates, ou Conjuração Baiana. Esse movimento foi extremamente popular reunindo inclusive lideranças negras, de ex-escravos. Suas principais exigências eram: Proclamação da independência, Abolição da escravatura, Proclamação da República, Diminuição dos impostos, abertura dos portos e fim do preconceito racial. Se tivesse obtido sucesso o país estaria mais perto de ser um país dos pobres e não dos poderosos como acabou sendo com a independência dirigida pelas elites.

3. 19 de maio de 1817: tropas portuguesas entram em Recife e encontram a cidade abandonado. Os rebeldes da Revolta dos Padres ou Insurreição Pernambucana, iniciada em março daquele ano, se rendem. Movimento extremamente nacionalista que repudiava o vinho português e incentivava o consumo de cachaça brasileira, o da farofa, o ritmo de tambores na música e que imaginou um Brasil brasileiro, chegou a dominar a província por 100 dias. Foi a última tentativa de se criar um país popular. Cinco anos depois, D. Pedro e a aristocracia escravagista iriam proclamar a independência que valeu.

4. 23 de agosto de 1840: morre o último rebelde nos igarapés do Pará pondo término à Cabanagem, movimento de revolta da população mais pobre dessa Província brasileira, que carecia de tudo. A grande infelicidade do movimento foi perder seu líder, o Padre Batista Campos, num acidente enquanto se barbeava. Os rebeldes tomaram Belém e surpreenderam pela determinação, mas as intrigas,divisões e oportunismos entre suas lideranças foram fatais e maior causa de sua derrota. Calcula-se que 40% da população do Pará (antes dos acontecimentos a população total era de 100 mil habitantes) tenham morrido nos combates. Duas tribos indígenas os Murás e os Mauês foram extintas.

5. 13 de dezembro de 1864: O Paraguai declara Guerra ao Brasil dando início a um conflito que iria extrapolar as questões estratégicas, tornando-se, no final, um verdadeiro massacre a esse país que até hoje não se recuperou completamente. No final da guerra, sob comando de Conde D’eu, genro do Imperador, houve de tudo. Decapitações, fuzilamentos da população civil e massacre de crianças. Para o Brasil, segue uma dolorosa lembrança de um tempo em que nosso país se tornou juiz e carrasco de um povo inteiro.

6. 24 de agosto de 1954: Madrugada. Diante da iminência de ser derrubado pelos militares, o presidente do Brasil, em pleno exercício do mandato, Getúlio Vargas, comete suicídio. Era o fim de uma crise que iniciara dia 5 daquele mês com o atentado da Rua Toneleros que feriu o jornalista e opositor de Vargas, Carlos Lacerda e matou o major do exército Vaz Monteiro. O suicídio chocou o país e o mundo. Definitivamente, não era a melhor forma, de terminar a “Crise de Agosto”.

7. 31 de março de 1964: Às 3 horas da manhã o General Olimpio Mourão Filho iniciou o movimento de suas tropas localizadas em Minas Gerais, em direção ao Rio de Janeiro. Era o início do golpe militar de 1964 que depôs o presidente João Goulart, o Jango, e instituiu no poder uma ditadura que durou 20 anos, aumentou a dependência econômica do país, cassou mandatos, perseguiu opositores, prendeu e matou em nome de algo etéreo denominado “Segurança Nacional” que exigia a luta contra os “comunistas” e “subversivos”, isso é, todo aquele que fosse contra a própria ditadura.

8. 13 de dezembro de 1968: Conhece o ditado que diz que nada está tão ruim que não possa ficar pior? Pois o regime militar que extinguira a frágil democracia no Brasil e sofria a resistência heróica de trabalhadores e principalmente, de estudantes, promoveu um golpe dentro de si mesma, nessa data, com a assinatura pelo General-Presidente Arthur da Costa e Silva do AI-5 (Ato Institucional nº 5). A partir da entrada em vigor desse repulsivo expediente jurídico criado nos quartéis, toda e qualquer atividade ficava proibida, (a simples reunião de mais de três pessoas poderia ser considerada reunião política). Os mecanismos de repressão policial-militar tipo DOPS, SNI, DOI-CODI etc. passavam a ter poderes ilimitados em suas ações, permitindo prisões sem mandatos e tortura. A delação foi incentivada. Funcionários públicos demitidos, gente presa e morta sem acusação formal e alguns, desaparecidos até hoje já que o regime jamais assumiu suas prisões e execuções.

9. 21 de abril de 1985: logo depois do Fantástico, na Rede Globo, é anunciado pelo porta-voz Antônio Brito, a morte de Tancredo Almeida Neves que, apesar de eleito indiretamente no ano anterior, representava a volta do país à normalidade política, já que sua posse e o fim do mandato do último General-Presidente, João Figueiredo, decretavam o fim da Ditadura Militar. Político mineiro, Tancredo que sempre militara no MDB durante a ditadura, havia baixado o hospital exatamente na véspera da posse. Fala sério, depois de vinte anos de ditadura o civil eleito morrer sem assumir... ninguém merece.

10. 15 de março de 1990: Toma posse oficialmente do cargo da Presidência da República, Fernando Collor de Melo, eleito em outubro de 1989. Collor tinha 5% de intenção de voto quando a campanha começou, mas foi maquiado e produzido pelos meios conservadores de comunicação, especialmente a Rede Globo de Televisão, para vencer, a qualquer custo. Sua eleição não pode ser questionada em sua lisura, mas foi lamentada profundamente por todos aqueles que sofreram na Ditadura Militar e esperavam pela volta das eleições presidenciais livres (a última havia sido há 29 anos). Apesar de se dizer representante do moderno, Collor representava as coisas mais ultrapassadas de nossa história, como o coronelismo, a manipulação da informação e a soberba dos poderosos. Como se já não bastasse, a vitória de seu modelo político significou a chegada do neoliberalismo ao poder e tudo aquilo que dele se temia e, infelizmente, se confirmou: desnacionalização da economia, privatizações às escondidas, desmoralização do serviço público e de seus servidores.


Prof. Péricles





quinta-feira, 8 de agosto de 2013

OS 8 MELHORES GOVERNANTES DO BRASIL



A seguir uma lista dos “melhores”. Cada um deles nos leva a boas discussões em outro fórum. Aqui, tratamos apenas de realçar alguns pontos. Confira se você concorda com “Os 8 Melhores Governantes do Brasil”:

1 – Mem de Sá: Foi o terceiro governador-geral do Brasil. Veio pra cá para resolver os problemas que o governador anterior, Duarte da Costa, não conseguira resolver. Chegou em 1558 e por aqui ficou até sua morte em 1572. Sentindo-se doente passou os últimos anos pedindo ao Rei para voltar para casa, em Portugal, mas por sua enorme competência o rei ficou enrolando. Graças a ele e seu sobrinho, Estácio de Sá, os franceses foram expulsos. Proibiu a escravidão indígena e assim pacificou os índios. Combateu como pôde a bandidagem dessas terras habitadas por bêbados, homicidas, estupradores e criminosos de toda a espécie. Prendendo ou enforcando os principais desordeiros. Combateu também, a antropofagia e o homossexualismo, que hoje não seria politicamente correto, mas, na época afetava muito a cultura indígena. No seu governo foi fundada a cidade do Rio de Janeiro.

2 – Mauricio de Nassau: Entre 1637 e 1644. Funcionário dos holandeses que haviam invadido o Brasil. Em sua administração a parte do Brasil comandada por ele (Pernambuco e arredores) progrediu enormemente. Era apaixonado pela beleza da terra brasileira que chamava de “Nova Holanda”. Valorizou a produção do açúcar, aumentou o porto de Recife, embelezou Olinda, criou estradas, trouxe artistas que tornaram o Brasil conhecido na Europa e no Mundo. Quando foi embora, o Brasil ficou mais triste e a os holandeses começariam a ser expulsos do nordeste.

3 – Marquês do Pombal: Sebastião José de Carvalho e Melo jamais pisou em solo brasileiro. Mas, na condição de uma espécie de primeiro-ministro do rei D. José I, administrou as terras brasileiras entre 1750 e 1777. É uma figura polêmica, mas sem dúvida, um notável administrador. Foi ele, por exemplo, que reconstruiu Lisboa completamente destruída por um terremoto em 1755. Por aqui, foi ele o principal mentor e artífice do Tratado de Madri (1750) que definiu como brasileiras (portuguesas) as terras além de Tordesilhas que configuram o Brasil, praticamente como é hoje. Incorporou o Rio Grande do Sul ao restante do território, expulsou os jesuítas de língua espanhola que mandavam por aqui. Tentou criar uma rede escolar no Brasil que não tinha nada nessa área além da boa vontade dos padres. Sua idéia era criar 500 escolas, mas teve que desistir porque não apareceram nem 500 professores dispostos a trabalhar por aqui. Algo assim parecido com os médicos e as nossas carências na saúde de hoje em dia.

4 – D. João VI: Filho de mãe louca, casado com uma mulher que lhe odiava profundamente e o traia com todos, pai de dois filhos, um que amava e a política lhe tirou (D. Pedro) e outro que o odiava tanto quanto a mãe e que sempre pretendeu o trono (D. Miguel). Teve que correr de Portugal e disso nunca se recuperou se julgando um covarde. No final da vida perdeu quase todos os poderes para uma revolução liberal, a Revolução do Porto de 1820. D. João VI vivia em depressão. Como não havia prosac naquele tempo, comia compulsivamente, até guardando coxinhas de galinha no bolso da casava. Tornou-se obeso, amargo e infeliz. Mas não era incompetente como a historiografia oficial tenta lhe definir. No Brasil entre 1808 e 1820, anexou a Cisplatina (Uruguai) ao território brasileiro, criou o Banco do Brasil, calçou as cidades da capital, criou o Jardim Botânico, a Biblioteca Nacional e muitos outros melhoramentos.

5 – Padre Diogo Antônio Feijó: Naquele curioso período entre um Imperador e outro, que chamamos de Período Regencial (1831-1840) foi o Regente único entre 1835 a 1837. Racista, reacionário e violento, o Padre Feijó recebeu o apelido de “o padre de ferro” por sua obstinada luta contra os movimentos que ameaçavam a unidade nacional com várias províncias buscando a independência (Rio Grande do Sul, Bahia, Para, Maranhão). Fundou o Partido Liberal que junto com o Conservador, governou o Brasil por todo o Segundo Reinado. Criou a Guarda Nacional que daria origem ao coronelismo. Morreu cego, numa cadeira de rodas, mais amargo do que nunca, porém orgulhoso de que o Brasil, muito por sua causa, continuava do mesmo tamanho.

6 – Mal. Floriano Vieira Peixoto: era vice e quando o Presidente Deodoro da Fonseca renunciou em 1891 deveria providenciar novas eleições. Mas, ao contrário assumiu plenamente o cargo e governou até 1894. Positivista, defendia a industrialização e por isso, a classe dominante brasileira, os produtores de café, lhe fizeram obstinada oposição. Mas foi rígido em suas idéias. Jamais tirou o eterno palito de dentes da boca, mesmo quando falava com os poderosos. Todo o domingo jogava gamão na praia de Copacabana com os amigos e qualquer um podia falar com o Presidente. Foi chamado de “o consolidador da República”, pois com mão de ferro derrotou duas revoltas da Armada (Marinha de Guerra), a Revolução Federalista no Rio Grande do Sul (Chimangos e Maragatos) e várias conspirações de quartel incentivadas pelos aristocratas. Era odiado pelos ricos e amado pelos miseráveis. Morreu um ano após deixar o governo e levou milhares de pessoas, todos pobres, para o seu enterro.

7 – Campos Sales: paulista, foi o primeiro presidente a combater seriamente a dívida externa brasileira através de um programa chamado “Funding Loan” onde uniu todas as dívidas num condomínio, decretou moratória por dois anos e estabeleceu uma política de austeridade nos gastos do governo. Cortou o cafezinho e criou uma Lei sobre os selos que provocou o ódio da população e o apelido de “Campos Selos”. Estruturou o poder das oligarquias da República Velha criando a chamada “política dos governadores”. Governou na passagem do século, de 1898 a 1902.

8 – Getúlio Dorneles Vargas: Talvez a figura mais polêmica da história do Brasil. Poderia constar na lista dos piores se sua atuação fosse vista apenas pelo lado ditador e populista. Mas, pela sua atuação como estadista e por ter de fato encaminhado o Brasil para a industrialização, criando uma indústria de base, além de promover, de um jeito ou de outro, a legislação trabalhista no Brasil (CLT), a política sindical e a estatização do monopólio do petróleo com a fundação da Petrobras em 1953, merece estar, também, na lista dos melhores. Governou como líder de uma revolução vitoriosa entre 1930 a 1934, designado pela Constituição de 1934 a 1937, como ditador entre 1937 a 1945 e finalmente como presidente eleito entre 1951 até seu suicídio em 1954. Na história do Brasil deu nome a uma época, a Era Vargas.

Concorda comigo? Discorda?
Mande para o Blog sua opinião ou sugestão. Experimente fazer a sua própria lista.
Abraços,

Prof. Péricles

terça-feira, 6 de agosto de 2013

OS 10 PIORES GOVERNANTES DO BRASIL


Jânio e a Indecisão

Caramba, são tantos os candidatos que fica difícil fazer uma seleção. Assim não dá.
Mas, a partir de muito esforço, aspirinas e horas com o analista, criamos, a pedido de nossos alunos, a lista dos 10 maiores bolas foras da história administrativa do Brasil.

A lista é pessoal, portanto, sujeita às críticas e sugestões. Os nomes estão apresentados por ordem cronológica e não de incompetência, pois aí já seria uma missão impossível...

OS 10 PIORES GOVERNANTES DO BRASIL

1. Duarte da Costa: Segundo Governador-Geral do Brasil pode ser considerado exemplo de incompetência administrativa. Em sua administração que foi de 1553 a 1558 provocou tanto os índios que estes, pela primeira e última vez, se uniram contra os portugueses. Os franceses invadiram a Baia da Guanabara e se não bastasse, seu filho e o primeiro bispo do Brasil D. Pero Fernandes Sardinha, brigaram em público provocando o maior barraco. O bispo morreu de forma misteriosa.

2. D. Pedro I: conseguiu o milagre de, em apenas 9 anos tornar-se de herói nacional em vilão detestado por quase todos. Fechou a Constituinte e impôs uma Constituição nos moldes dos maiores ditadores. Reprimiu um movimento com extrema brutalidade (Confederação do Equador) exigindo a execução de um padim adorado pelos nordestino (Frei Caneca). Perdeu a Cisplatina (Uruguai) numa guerra quase sem batalhas e provavelmente, mandou matar um jornalista que pegava no seu pé (Líbero Badaró). Ainda achou tempo para se envolver com toda a mulherada da corte e da senzala tendo mais de 50 filhos bastardos, segundo pesquisas.

3. Mal. Deodoro da Fonseca: Proclamou a República só para impedir que o cara que lhe roubara a namorada, o senador Pinheiro Machado, o fizesse. Colocou um amigo inteligente, mas que não sabia nada de economia, Rui Barbosa, como Ministro da Fazenda e por causa disso o Brasil sofreu a crise econômica do Encilhamento. Sem paciência. Puxou a velha espada e tentou fechar o Congresso, mas foi vaiado pelos companheiros, ameaçado pela Marinha e renunciou.

4. Hermes da Fonseca: Presidente do Brasil de 1910 a 1914. Gaúcho de São Gabriel mas odiava o Rio Grande do Sul quase tanto quanto o Rio Grande do Sul o desprezava. Inventou artifício jurídico para colocar interventores nos estados em que não gostava dos governadores e chamou isso de “Política de Salvação Nacional”. O que conseguiu foi uma crise enorme, uma revolta de um padre muito doido (Padre Cícero) no Ceará e, acabrunhado, teve que voltar atrás e pedir perdão.

5. Washington Luis: de nome bem brasileiro foi presidente do Brasil de 1926 a 1930. O Brasil havia mudado, a crise da bolsa de NY em 1929 acabara de vez com o café brasileiro, o povo, o exército, o mundo, queria mudanças e mesmo assim insistiu com as fraudes para manter a República Velha. Quase jogou o país numa Guerra Civil e acabou, humilhantemente sendo convencido a vazar do poder e se exilar na Europa.

6. Eurico Gaspar Dutra: Presidente de janeiro de 1946 a janeiro de 1951. Esse militar simpatizante do fascismo integralista conseguiu em um só governo jogar fora todas as divisas acumuladas por Vargas no período da 2ª Guerra Mundial. Eleito com apoio dos donos de cassinos, proibiu os jogos de azar no país. Aderiu decididamente ao bloco capitalista liderado pelos Estados Unidos na Guerra Fria e o país tornou-se subserviente à essa nação estrangeira.

7. Juscelino Kubitschek de Oliveira. Endeusado pela direita brasileira, JK governou o Brasil de 1956 a 1961. Ofereceu um plano de metas que não cumpriu. Abriu as fronteiras do país para o capital internacional e as transnacionais. Acabou com as ferrovias em nome das rodovias que representavam a “modernidade”. Criou uma bomba-relógio inflacionária que explodiria no governo dos outros. Perto da corrupção para a construção de Brasília o que dizem que rola de corrupção nas obras da Copa é brincadeira de criança.

8. Jânio Quadros: dispensa maiores comentários. Eleito Presidente com uma plataforma conservadora que prometia o combate à corrupção, que seria varrida do país, e adorado por milhões de brasileiros, Jânio ficou apenas 7 meses no cargo (de janeiro a agosto de 1961), renunciando sem nenhuma explicação plausível. A crise gerada por sua renúncia não provocou uma Guerra Civil, mas bateu no poste (a Campanha da Legalidade). Conseguiu de forma inédita, desagradar os conservadores (se reaproximou da URSS, condecorou Guevara) e os liberais.

9. Os Governos Militares: devem ser vistos em bloco, pois, os próprios generais que adotaram o título de presidente reconheciam ser apenas soldados do regime no cargo. Os governos militares criaram crises financeiras notáveis, inflação em patamares inéditos na América do Sul e aumentaram de forma avassaladora as desigualdades sociais. Entretanto, usando artifícios mirabolantes como o “Milagre Brasileiro” tentaram convencer a nação que o Titanic ainda flutuava. Além disso, especialmente entre 1969 e 1974, desenvolveram a mais criminosa repressão já vista no Brasil e a isso chamaram de “Guerra”.

10. Fernando Collor de Melo: Entre 1990 e 1992 representou a chegada do neoliberalismo no poder. Iniciou as privatizações, algumas, nunca devidamente esclarecidas, e foi derrubado de forma humilhante por um processo de impeachment.

Eu sei, eu sei que está faltando muita gente, mas ela só comportava dez. Quem discordar da lista esteja a vontade para enviar seus comentários à esse Blog. Faça você também a sua lista.

Prof. Péricles