Quando se trata de Cuba muita gente, torce o nariz, afirma detestar Fidel e a Revolução.
Claro que o direito de opinião é legítimo e democrático, porém, muitos o fazem baseados apenas no que a mídia oficial comenta, e no folclore que ao longo de 50 anos, se criou sobre a ilha, sua revolução e seu líder.
Cuba, próxima dos Estados Unidos como Osório de Porto Alegre (90 Km) é um fato nunca aceito pelos Estados Unidos, acostumados a ver na América Latina, o seu quintal.
Com o intuito de trazer fatos e dados ignorados pela mídia oficial, listamos abaixo algumas informações, que bem poderiam intitular de
“CUBA - VOCÊ SABIA?”
1) que o povo cubano vem suportando um bloqueio econômico, comercial e financeiro por parte dos Estados Unidos desde o ano de 1961, como medida de guerra que castiga toda empresa que negocia com Cuba e que tal embargo/bloqueio não está legitimado pelas Nações Unidas?
- e que os danos causados por esse bloqueio a uma pequena ilha produtora de meia dúzia de produtos primários antes da revolução foi estimado em 53 bilhões de euros entre 1961 a 2008? O Brasil resistiria a um semestre de embargo do mundo?
2) que o povo cubano celebra eleições a cada cinco anos, nos âmbitos municipal, estadual e federal e que na mesma não concorrem os partidos políticos, nem tampouco o Partido Comunista?
3) que o povo cubano aprovou uma Constituição democrática de caráter socialista, no ano de 1976 com voto favorável de 97% do eleitorado, que reconhece e garante os direitos fundamentais amparados da Declaração Universal dos Direitos Humanos?
4) que Cuba ocupa o posto número 50 em Desenvolvimento Humano (IDH), posição, portanto, superior ao Brasil?
5) que Cuba é, segundo a UNICEF, o único país da América Latina que erradicou a desnutrição infantil e exibe a Esperança de Vida mais alta do chamado Terceiro Mundo (78 anos) e a taxa de mortalidade infantil mais baixa da América Latina e Caribe? (4,7 por cada mil nascidos vivos, inclusive mais baixa daquela apresentada pelos Estados Unidos)?
6) que Cuba erradicou o analfabetismo em 1961, somente dois anos depois da revolução e que atualmente através do programa de alfabetização de adultos “Yo, si puedo” permitiu que em escassos dois anos, países como a Venezuela, Nicarágua e Bolívia ficassem livres do analfabetismo?
7) que Cuba é o país do mundo que aloca mais médicos na Campanha das Nações Unidas contra a AIDS com mais de três mil médicos, quando os Estados Unidos e a União Européia juntos aportam apenas um mil? O mesmo acontece com os 2.500 médicos cubanos enviados para cobrir o terremoto do Paquistão em 2005 e na qual foram salvas mais de 1.500 pessoas e curado centenas de milhares mais. Sabiam vocês que Cuba tem o melhor handicap médico por habitante do mundo e quem afirma isso é a OMS?
8) que na batalha de “Cuito Cuanavale” em Angola em 1987, graças às tropas cubanas, foi derrotado o exército da África do Sul apoiado pelos Estados Unidos e Israel e com isso se obteve a independência total de Angola, Namíbia e Zimbawe e ao mesmo tempo dado um golpe mortal no regime racista da África do Sul – o que permitiu o desmoronamento poucos anos depois desse regime e a libertação de Nelson Mandela?
9) que os Estados Unidos proíbem seus cidadãos viajar para Cuba e quem o fizer se sujeitarão a penas de 10 anos de prisão?
10) que Cuba tem um dos melhores sistemas sanitários e educativos do mundo de caráter público, gratuito, universal, reconhecido pelas Nações Unidas – da qual beneficiam inclusive cidadãos estadunidenses de baixa renda, e que chegam a Cuba tanto para estudar como para serem medicados e que correm riscos no retorno ao seu país de sofrerem represálias de autoridades governamentais?
11) que em Cuba os adultos maiores de idade realizam voluntariamente tarefas sociais de interesses comunitários e devido a isso em Cuba não existem anciões que vivem sós?
12) que em Cuba existe 65 escolas de arte, se editam 80 milhões de livros ao ano e são rodadas 5 ou 6 filmes anualmente e que existem 11 mil instalações esportivas gratuitas, sendo uma potência mundial no esporte, com 24 medalhas em Pequim e 27 em Atenas?
13) que Cuba é o único país da América que dá as mulheres grávidas um ano de licença, com recebimento de salário integral e no retorno ao trabalho há garantias de que essa pessoa não perderá o emprego? E se a criança necessitar cuidados especiais, a mãe pode tirar outra licença e o salário dela irá para o pai se assim o casal concordar?
14) que cada cidadão cubano tem o direito de ser atendido sem despensas para si em operações cirúrgicas de alto custo como doenças do coração, homodiálise, AIDS, transplantes de órgãos e outros.
15) que todos os serviços básicos oferecidos a população como água, luz, gás telefone, cesta básica, transporte público, pagamento de aluguéis para moradia e outros são subsidiados pelo governo, portanto as famílias pagarão preços reduzidos pelo uso dos mesmos e que tal fato pode ser considerado como sendo salário indireto aos trabalhadores.
"É isso que eles não podem nos perdoar, que tenhamos feito uma revolução socialista debaixo dos seus narizes (...) Esta é a revolução socialista e democrática dos humildes, com os humildes e para os humildes"
Fidel Castro
quarta-feira, 7 de março de 2012
domingo, 4 de março de 2012
A VOZ DO DESERTO
Era uma vez, um comerciante árabe chamado Muhammad Bin Abdullah Bin Abdul Mutalib Bin Hachim Bin Abd Manaf Bin Kussay, que, cansado após longo caminho percorrido sob o sol do deserto, entrou numa caverna fresca e convidativa, e nela adormeceu.
Seu sono tranqüilo foi interrompido por uma voz que o despertou repentinamente.
Olhos arregalados o mercador viu surgir em sua frente um anjo, que se identificou como Arcanjo Gabriel (lembram dele? Aquele que avisou Maria que ela seria mãe).
O Arcanjo disse que a partir daquele dia, ele, o mercador, receberia instruções vindas de Deus, que deveriam ser recitadas para o conhecimento dos homens.
Isso aconteceu em 610, quando o homem tinha 40 anos, e ele, até morrer, em 632, jamais deixaria de recitar (sim, recitar como quem recita um poema) em estado alterado de consciência, lições recebidas diretamente de Deus, segundo a crença.
Suas palavras, em transe, foram copiadas em folhas de palmeira, pedras, ossos, e finalmente copiladas pelo califa Omã no ano 644.
Essa compilação tornou-se o livro sagrado e é chamado de Corão (em árabe “a Recitação”) e reúne leis e mandamentos da religião Islâmica ou muçulmana, seguidos hoje em dia, por mais de 1,3 bilhão de pessoas.
O comerciante de nome comprido acabou sendo conhecido pelo ocidente como Muhammad, depois por, Maomé.
Só há um Deus, e Maomé é seu Profeta (La illa Allah, Mohammed rasul Allah)
Muhammad casou aos 25 anos com uma rica viúva de nome Kadija. Com 39, ele mesmo ficou viúvo. Um ano depois veio a caverna e a revelação.
A religião de Maomé foi o mais importante e significativo fato histórico de seu povo.
A crença em um único Deus (Alá) unificou sua gente antes pulverizada em várias tribos e religiões tão politeístas quanto regionais.
As principais obrigações do fiel são: acreditar em Alá como único Deus e em Maomé seu profeta; rezar cinco vezes por dia, sempre voltado para Meca; jejuar durante o dia no mês sagrado dos muçulmanos, o Ramadã (o nosso outubro/novembro); dar esmola aos pobres; fazer uma peregrinação à cidade de Meca ao menos uma vez na vida se tiver condições materiais, mas em suas suratas (capítulos), o Corão determina boa parte do dia a dia do crente, interpretando a fé, explicando a história e ditando as normas de vida, incluindo um código com punições para quem não seguir essas leis.
Falando abertamente contra a idolatria, isto é, o culto a imagens, e contra os males sociais de seu tempo, Maomé provocaria a fúria dos poderosos Coraixitas que tentaram matá-lo e impedir o crescimento de sua religião no ano de 622. Entretanto, ele sobreviveria embora tivesse que fugir de Meca, sua cidade natal, e retornaria vitorioso em 632, mesmo ano de sua morte.
Após sua morte houve divergências quanto a quem seria seu sucessor e essa questão, entre outras, acabou separando para sempre os muçulmanos xiitas dos muçulmanos sunitas.
Tradicionalmente vistos como menos radicais, os sunitas contam com a simpatia do ocidente (o que explica, por exemplo, o apoio a Hosni Mubarak, ditador sunita do Egito, ou ao governo Turco, ou ainda, o apoio a Sadam Hussein na guerra contra o Irã) enquanto os xiitas (a maioria) são considerados inimigos em potencial.
Com certeza, essa divisão não faria feliz o velho coração do mercador de Meca, que um dia sonhou, no interior de uma caverna, no meio do deserto, ver seu povo unido pela fé.
Prof. Péricles
Seu sono tranqüilo foi interrompido por uma voz que o despertou repentinamente.
Olhos arregalados o mercador viu surgir em sua frente um anjo, que se identificou como Arcanjo Gabriel (lembram dele? Aquele que avisou Maria que ela seria mãe).
O Arcanjo disse que a partir daquele dia, ele, o mercador, receberia instruções vindas de Deus, que deveriam ser recitadas para o conhecimento dos homens.
Isso aconteceu em 610, quando o homem tinha 40 anos, e ele, até morrer, em 632, jamais deixaria de recitar (sim, recitar como quem recita um poema) em estado alterado de consciência, lições recebidas diretamente de Deus, segundo a crença.
Suas palavras, em transe, foram copiadas em folhas de palmeira, pedras, ossos, e finalmente copiladas pelo califa Omã no ano 644.
Essa compilação tornou-se o livro sagrado e é chamado de Corão (em árabe “a Recitação”) e reúne leis e mandamentos da religião Islâmica ou muçulmana, seguidos hoje em dia, por mais de 1,3 bilhão de pessoas.
O comerciante de nome comprido acabou sendo conhecido pelo ocidente como Muhammad, depois por, Maomé.
Só há um Deus, e Maomé é seu Profeta (La illa Allah, Mohammed rasul Allah)
Muhammad casou aos 25 anos com uma rica viúva de nome Kadija. Com 39, ele mesmo ficou viúvo. Um ano depois veio a caverna e a revelação.
A religião de Maomé foi o mais importante e significativo fato histórico de seu povo.
A crença em um único Deus (Alá) unificou sua gente antes pulverizada em várias tribos e religiões tão politeístas quanto regionais.
As principais obrigações do fiel são: acreditar em Alá como único Deus e em Maomé seu profeta; rezar cinco vezes por dia, sempre voltado para Meca; jejuar durante o dia no mês sagrado dos muçulmanos, o Ramadã (o nosso outubro/novembro); dar esmola aos pobres; fazer uma peregrinação à cidade de Meca ao menos uma vez na vida se tiver condições materiais, mas em suas suratas (capítulos), o Corão determina boa parte do dia a dia do crente, interpretando a fé, explicando a história e ditando as normas de vida, incluindo um código com punições para quem não seguir essas leis.
Falando abertamente contra a idolatria, isto é, o culto a imagens, e contra os males sociais de seu tempo, Maomé provocaria a fúria dos poderosos Coraixitas que tentaram matá-lo e impedir o crescimento de sua religião no ano de 622. Entretanto, ele sobreviveria embora tivesse que fugir de Meca, sua cidade natal, e retornaria vitorioso em 632, mesmo ano de sua morte.
Após sua morte houve divergências quanto a quem seria seu sucessor e essa questão, entre outras, acabou separando para sempre os muçulmanos xiitas dos muçulmanos sunitas.
Tradicionalmente vistos como menos radicais, os sunitas contam com a simpatia do ocidente (o que explica, por exemplo, o apoio a Hosni Mubarak, ditador sunita do Egito, ou ao governo Turco, ou ainda, o apoio a Sadam Hussein na guerra contra o Irã) enquanto os xiitas (a maioria) são considerados inimigos em potencial.
Com certeza, essa divisão não faria feliz o velho coração do mercador de Meca, que um dia sonhou, no interior de uma caverna, no meio do deserto, ver seu povo unido pela fé.
Prof. Péricles
quinta-feira, 1 de março de 2012
O NAZISMO NO PODER
Na gelada manhã de 30 de janeiro de 1933 (79 anos) chegaria ao fim a tragédia da República de Weimar, a tragédia de 14 frustrados anos em que os alemães buscaram infrutiferamente pôr em funcionamento uma democracia.
Mais ou menos às 10h30, os membros do ministério proposto em negociações entre nazistas e reacionários da velha escola, mais forças conservadoras e de centro, parcelas sociais-democratas, além dos grandes empresários, atravessam o jardim do palácio e se apresentam no gabinete presidencial.
O presidente da República, o velho marechal Paul Von Hindenburg, 86 anos, confia a chancelaria a Adolf Hitler, 43 anos, ‘führer’ do Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães (NationalsozialistischeDeutsche Arbeiterpartei- NSDAP), mais conhecido como Partido Nazista, e o encarrega de formar o novo governo.
A nomeação surpreendente de Hitler seguiu-se às tratativas entre os dirigentes conservadores, notadamente o ex-chanceler Franz von Papen, e os simpatizantes nazistas, representados pelo doutor Hjalmar Schacht, um reputado economista, responsável pelo reordenamento espetacular da economia alemã após a crise monetária de vertiginosa inflação de 1923, o «ano desumano».
Os conservadores e o grande empresariado queriam se servir de Hitler para deter a ameaça comunista. Não acreditavam que os nazistas representassem um perigo real para a democracia alemã. No entanto, eles sabiam bem quem era Hitler e sua ideologia, desde a publicação do Mein Kampf, a ‘Bíblia nazista’, oito anos antes.
O Partido Nazi estava perdendo velocidade eleitoral. No pleito de julho de 1932 haviam conquistado 230 cadeiras no Reichstag de um total de 608 e 37,3 % dos votos populares. Já nas eleições legislativas de novembro do mesmo ano obtiveram 33,1% dos sufrágios, perdendo 2 milhões de votos e 34 lugares no Parlamento. Os comunistas ganharam 750 mil votos e os sociais-democratas perderam a mesma quantidade. Com esse resultado os comunistas passaram de 89 para 100 cadeiras e os socialistas caíram de 133 para 121 deputados. Os dois somados – 221 – superavam largamente as 196 cadeiras nazistas. A perda de 2 milhões de votos nazistas sobre um total de 17 milhões, em quatro meses, significava um duro revés.
O governo formado por Hitler foi aberto amplamente aos representantes da direita clássica. Não contava com mais do que três nazistas, Hitler entre eles. Von Papen é, ele próprio, o vice-chanceler.
Por falta da maioria absoluta no Reichstag, Hitler parecia longe de poder governar a seu talante. Ninguém, a não ser os nazistas, levava a sério os discursos antissemitas e racistas. Muitos alemães pensavam, ao contrário, que ele poderia recuperar o país atormentado pela crise econômica.
Com uma rapídez fulminante e por meios totalmente ilegais, vai consolidar a ditadura a despeito da fraca representação de seu partido no governo e no Reichstag.
No dia seguinte a sua investidura na chancelaria, Hitler dissolve o Reichstag e prepara novas eleições para 5 de março de 1933. Ao mesmo tempo, traça aquilo que seu chefe de propaganda, Josef Goebbels, chamava de «as grandes linhas da luta armada contra o terror vermelho».
As tropas de assalto de seu partido, as SA (Sturmabteilung) aterrorizam a oposição, à guisa de campanha eleitoral. Cometem pelo menos 51 assassinatos.
Um dos principais acólitos de Hitler, Hermann Goering, ocupando o cargo chave de Ministro do Interior da Prússia, manipula a polícia, demite funcionários hostis, coloca os nazistas nos postos essenciais.
Hitler faz rondar o «espectro da revolução bolchevique», mas como esta tarda a eclodir, decide inventá-la. Já em 24 de fevereiro, uma batida na sede do Partido Comunista permite a Goering anunciar a apreensão de documentos prenunciando a revolução. Esses documentos jamais foram publicados.
Como toda essa agitação não parecia bastar para reunir a maioria dos sufrágios aos nazistas, decidem, logo em seguida, em 27 de fevereiro, pôr fogo no Reichstag, lançando a culpa aos comunistas do Comintern.
As classes conservadoras julgavam ter encontrado o homem que as ajudaria a alcançar suas metas : erguer uma Alemanha autoritária que pusesse termo à « insensatez democrática » ; esmagasse os comunistas e o poder dos sindicatos ; arrancasse as algemas de Versalhes; reconstruísse um grande exército; reconquistasse para o país o seu lugar ao sol.
[A rede castorphoto é uma rede independente tem perto de 41.000 correspondentes no Brasil e no exterior. Estão divididos em 28 operadores/repetidores e 232 distribuidores; não está vinculada a nenhum portal nem a nenhum blog ou sítio. Os operadores recolhem ou recebem material de diversos blogs, sítios, agências, jornais e revistas eletrônicos, articulistas e outras fontes no Brasil e no exterior para distribuição na rede]
Mais ou menos às 10h30, os membros do ministério proposto em negociações entre nazistas e reacionários da velha escola, mais forças conservadoras e de centro, parcelas sociais-democratas, além dos grandes empresários, atravessam o jardim do palácio e se apresentam no gabinete presidencial.
O presidente da República, o velho marechal Paul Von Hindenburg, 86 anos, confia a chancelaria a Adolf Hitler, 43 anos, ‘führer’ do Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães (NationalsozialistischeDeutsche Arbeiterpartei- NSDAP), mais conhecido como Partido Nazista, e o encarrega de formar o novo governo.
A nomeação surpreendente de Hitler seguiu-se às tratativas entre os dirigentes conservadores, notadamente o ex-chanceler Franz von Papen, e os simpatizantes nazistas, representados pelo doutor Hjalmar Schacht, um reputado economista, responsável pelo reordenamento espetacular da economia alemã após a crise monetária de vertiginosa inflação de 1923, o «ano desumano».
Os conservadores e o grande empresariado queriam se servir de Hitler para deter a ameaça comunista. Não acreditavam que os nazistas representassem um perigo real para a democracia alemã. No entanto, eles sabiam bem quem era Hitler e sua ideologia, desde a publicação do Mein Kampf, a ‘Bíblia nazista’, oito anos antes.
O Partido Nazi estava perdendo velocidade eleitoral. No pleito de julho de 1932 haviam conquistado 230 cadeiras no Reichstag de um total de 608 e 37,3 % dos votos populares. Já nas eleições legislativas de novembro do mesmo ano obtiveram 33,1% dos sufrágios, perdendo 2 milhões de votos e 34 lugares no Parlamento. Os comunistas ganharam 750 mil votos e os sociais-democratas perderam a mesma quantidade. Com esse resultado os comunistas passaram de 89 para 100 cadeiras e os socialistas caíram de 133 para 121 deputados. Os dois somados – 221 – superavam largamente as 196 cadeiras nazistas. A perda de 2 milhões de votos nazistas sobre um total de 17 milhões, em quatro meses, significava um duro revés.
O governo formado por Hitler foi aberto amplamente aos representantes da direita clássica. Não contava com mais do que três nazistas, Hitler entre eles. Von Papen é, ele próprio, o vice-chanceler.
Por falta da maioria absoluta no Reichstag, Hitler parecia longe de poder governar a seu talante. Ninguém, a não ser os nazistas, levava a sério os discursos antissemitas e racistas. Muitos alemães pensavam, ao contrário, que ele poderia recuperar o país atormentado pela crise econômica.
Com uma rapídez fulminante e por meios totalmente ilegais, vai consolidar a ditadura a despeito da fraca representação de seu partido no governo e no Reichstag.
No dia seguinte a sua investidura na chancelaria, Hitler dissolve o Reichstag e prepara novas eleições para 5 de março de 1933. Ao mesmo tempo, traça aquilo que seu chefe de propaganda, Josef Goebbels, chamava de «as grandes linhas da luta armada contra o terror vermelho».
As tropas de assalto de seu partido, as SA (Sturmabteilung) aterrorizam a oposição, à guisa de campanha eleitoral. Cometem pelo menos 51 assassinatos.
Um dos principais acólitos de Hitler, Hermann Goering, ocupando o cargo chave de Ministro do Interior da Prússia, manipula a polícia, demite funcionários hostis, coloca os nazistas nos postos essenciais.
Hitler faz rondar o «espectro da revolução bolchevique», mas como esta tarda a eclodir, decide inventá-la. Já em 24 de fevereiro, uma batida na sede do Partido Comunista permite a Goering anunciar a apreensão de documentos prenunciando a revolução. Esses documentos jamais foram publicados.
Como toda essa agitação não parecia bastar para reunir a maioria dos sufrágios aos nazistas, decidem, logo em seguida, em 27 de fevereiro, pôr fogo no Reichstag, lançando a culpa aos comunistas do Comintern.
As classes conservadoras julgavam ter encontrado o homem que as ajudaria a alcançar suas metas : erguer uma Alemanha autoritária que pusesse termo à « insensatez democrática » ; esmagasse os comunistas e o poder dos sindicatos ; arrancasse as algemas de Versalhes; reconstruísse um grande exército; reconquistasse para o país o seu lugar ao sol.
[A rede castorphoto é uma rede independente tem perto de 41.000 correspondentes no Brasil e no exterior. Estão divididos em 28 operadores/repetidores e 232 distribuidores; não está vinculada a nenhum portal nem a nenhum blog ou sítio. Os operadores recolhem ou recebem material de diversos blogs, sítios, agências, jornais e revistas eletrônicos, articulistas e outras fontes no Brasil e no exterior para distribuição na rede]
terça-feira, 28 de fevereiro de 2012
ORIENTE MÉDIO – ACOMPANHANDO AS NOTÍCIAS
Para aqueles que procuram compreender melhor o mais complexo entrevero político de nossos tempos (a questão do Oriente Médio), o entendimento de alguns conceitos é fundamental para acompanhar a linguagem das notícias e dos livros que se publicam sobre o assunto. Então, aí vão algumas coisas que você deve saber antes de entrar nesse “labirinto”:
- SEMITA: Povo antiguíssimo que habitava o planalto da Turquia e que a milhares de anos ao migrar para áreas mais amenas deram origem a três povos: os hebreus, os Assírios e os Fenícios. Os dois últimos já desapareceram, mas os hebreus são os modernos judeus. Quando os livros dizem que os nazistas eram anti-semitas estão dizendo que eram anti-judeus.
- SIONISTA: nome que se dá ao movimento nascido na Áustria no final do século XIX que buscava estabelecer um espaço nacional, uma área geográfica onde se estabeleceria o estado Judeu, ou Israel.
- PALESTINA: genericamente designa toda uma região do Oriente Médio, em vários aspectos sagrada para as três maiores religiões do mundo – Judaísmo, Cristianismo e Islamismo. Mais especificamente designa a pátria do povo palestino, muçulmanos de turbante quadriculado. O estado Palestino criado pela ONU em 1948 é composto de duas regiões não contínuas, a Faixa de Gaza e a Cisjordânia.
- GUERRA DOS SEIS DIAS: Conflito ocorrido em 1967 que estabeleceu uma vitória militar completa de Israel/Estados Unidos. No final do conflito a Palestina não existia mais como nação independente já que foi totalmente anexada por Israel. Além da Faixa de Gaza e da Cisjordânia, Israel tomou a Península do Sinai, do Egito e as Colinas de Golan, da Síria.
- INTIFADA: ou “revolta das pedras”. Designação dada a uma resistência civil dos palestinos contra Israel nas áreas ocupadas.
- OLP: Organização para a Libertação da Palestina, grupo criado na década de 60 onde se destacou a liderança de Yasser Arafat. A OLP defendia a luta armada contra o invasor e ações de impacto, como seqüestros de aviões, por exemplo, para chamar a atenção do ocidente para a sua luta. Na década de 90 a OLP acabou, transformando-se em ANP. Atualmente lideranças políticas palestinas falam em recriar a OLP agora com outras funções.
- ANP: Criada por Yasser Arafat nos anos 90 com o intuito de substituir as ações armadas e de terror contra Israel pela diplomacia, reconhecendo o estado judeu e negociando o reconhecimento por parte deste.
- HAMAS e FATAH: grupos políticos e ativistas dos palestinos. São rivais e, de certa forma, inimigos. O Hamas não é reconhecido por Israel e governa (depois de eleito em eleições livres) a Faixa de Gaza. O Fatah consegue dialogar diplomaticamente com Israel e governa (também foi eleito) a Cisjordânia.
- LIKUD: Partido político radical de Israel. Defensor da manutenção do controle da questão palestina mantendo-se o uso da força. O diálogo que se pretende avançar em busca da paz com os palestinos sempre é mais difícil (ou impossível) quando esse grupo, como agora, está no poder.
- SEMITA: Povo antiguíssimo que habitava o planalto da Turquia e que a milhares de anos ao migrar para áreas mais amenas deram origem a três povos: os hebreus, os Assírios e os Fenícios. Os dois últimos já desapareceram, mas os hebreus são os modernos judeus. Quando os livros dizem que os nazistas eram anti-semitas estão dizendo que eram anti-judeus.
- SIONISTA: nome que se dá ao movimento nascido na Áustria no final do século XIX que buscava estabelecer um espaço nacional, uma área geográfica onde se estabeleceria o estado Judeu, ou Israel.
- PALESTINA: genericamente designa toda uma região do Oriente Médio, em vários aspectos sagrada para as três maiores religiões do mundo – Judaísmo, Cristianismo e Islamismo. Mais especificamente designa a pátria do povo palestino, muçulmanos de turbante quadriculado. O estado Palestino criado pela ONU em 1948 é composto de duas regiões não contínuas, a Faixa de Gaza e a Cisjordânia.
- GUERRA DOS SEIS DIAS: Conflito ocorrido em 1967 que estabeleceu uma vitória militar completa de Israel/Estados Unidos. No final do conflito a Palestina não existia mais como nação independente já que foi totalmente anexada por Israel. Além da Faixa de Gaza e da Cisjordânia, Israel tomou a Península do Sinai, do Egito e as Colinas de Golan, da Síria.
- INTIFADA: ou “revolta das pedras”. Designação dada a uma resistência civil dos palestinos contra Israel nas áreas ocupadas.
- OLP: Organização para a Libertação da Palestina, grupo criado na década de 60 onde se destacou a liderança de Yasser Arafat. A OLP defendia a luta armada contra o invasor e ações de impacto, como seqüestros de aviões, por exemplo, para chamar a atenção do ocidente para a sua luta. Na década de 90 a OLP acabou, transformando-se em ANP. Atualmente lideranças políticas palestinas falam em recriar a OLP agora com outras funções.
- ANP: Criada por Yasser Arafat nos anos 90 com o intuito de substituir as ações armadas e de terror contra Israel pela diplomacia, reconhecendo o estado judeu e negociando o reconhecimento por parte deste.
- HAMAS e FATAH: grupos políticos e ativistas dos palestinos. São rivais e, de certa forma, inimigos. O Hamas não é reconhecido por Israel e governa (depois de eleito em eleições livres) a Faixa de Gaza. O Fatah consegue dialogar diplomaticamente com Israel e governa (também foi eleito) a Cisjordânia.
- LIKUD: Partido político radical de Israel. Defensor da manutenção do controle da questão palestina mantendo-se o uso da força. O diálogo que se pretende avançar em busca da paz com os palestinos sempre é mais difícil (ou impossível) quando esse grupo, como agora, está no poder.
domingo, 26 de fevereiro de 2012
A CULPA SEMPRE É DO POBRE
Roma foi o maior império da antiguidade. Unificou seu poder das ilhas da Bretanha às fronteiras da Índia, do Egito ao norte da África às terras próximas da Escandinávia. Este vasto Império explorou a exaustão o trabalho escravo. Havia escravos em Roma para todos os serviços e atividades, desde lecionar (sim, professores sempre foram escravos) até lutar e morrer para a diversão da platéia nos estádios. Desde que Roma caiu sob as patas dos cavalos dos “bárbaros” os historiadores consideraram o seguinte: a causa da queda do gigante foi... dos escravos. Sim, foi o excesso de escravos nas atividades remuneradas que fez crescer o desemprego entre a população livre, a inflação, etc., que por fim fez ruir o maior império do ocidente. Não foi a ganância, a vaidade, a exploração. Foram os escravos. Sugados até o bagaço ainda carregam para a eternidade a culpa do fim do mundo romano.
Na Idade Média, os grandes latifundiários compunham a nobreza. Junto com o clero, concentravam toda a riqueza da época: a posse da terra. Os pobres, os miseráveis, trabalhavam para os donos de terra de sol a sol, sem salário, sem sindicato, sem elogios, nem hora extra. Eram os servos. Uma espécie de escravo que não era escravo só porque não era um mero instrumento que pudesse ser comprado ou vendido, mas que no mais, vivia igual ou pior que o escravo romano do passado. Quando esse mundo pré-determinado pelo nascimento entrou em decadência, com pestes mortais, fome e guerras infindáveis, os analistas consideraram que a culpa foi... dos servos. Seu crescimento populacional sem ser acompanhado por mais terras para feudalizar, e a busca desses infelizes de uma vida melhor através do comércio provocaram a ruptura do mundo feudal.
Hoje, o capitalismo que até uma década atrás se pavoneava como o modelo social perfeito, vencedor de todas as disputas e cujos defensores chegaram a alardear o fim da história, esse capitalismo, como o conhecemos, agoniza. Potências econômicas no divã, não sabem o que fazer para conter a decadência de suas moedas, de seus valores, de suas economias de papel. No sufoco, buscam culpados e os culpados são... os pobres.
Sim, são as políticas públicas, os investimentos públicos em saúde, previdência, educação, transporte, em síntese, os gastos públicos renomeados de déficit público os culpados. Os pobres, claro, só podiam ser eles. A culpa não é do gasto excessivo em guerras. Nem são das falcatruas criadas nas instituições especulativas internacionais. Nem da especulação gananciosa e sem freios que nada cria além de uma neurótica rede de mentiras. Não. A culpa é do remédio gratuito. Do valor da aposentadoria. Do aposentado ainda com saúde para trabalhar. Das leis trabalhistas. A culpa é dos pobres.
Quando o presidente Obama injeta aquela avalanche de dinheiro “na economia” ele está investindo que dinheiro? O do contribuinte, e sabemos bem que a contribuição maior é a do pobre. Pra onde deveria ir? Para os investimentos públicos, lógico, pois nesse país, nem saúde pública gratuita existe. Mas pra onde realmente irá? Para os cofres bancários “salvar o sistema financeiro nacional”, ou seja, salvar os coitadinhos dos bancos que faliram vendendo imóveis que não existiam, publicando saldos de lucros mentirosos para vender suas ações na bolsa, na ciranda imoral das falcatruas.
Essa associação do “sistema financeiro” com “nacionalismo” foi o argumento usado para convencer os povos da necessidade da Primeira Guerra Mundial. Essa associação é indevida e mentirosa pois povo e banco não são, nunca foram e jamais serão a mesma coisa e jamais habitarão o mesmo barco.
O discurso do momento, repetido por todos os governantes, que faz eco em todos os meios de comunicação é esse: a culpa da crise é o déficit público, os gastos públicos.
Por favor, não caia nessa, mentira.
A culpa não é dos pobres.
Prof. Péricles
Na Idade Média, os grandes latifundiários compunham a nobreza. Junto com o clero, concentravam toda a riqueza da época: a posse da terra. Os pobres, os miseráveis, trabalhavam para os donos de terra de sol a sol, sem salário, sem sindicato, sem elogios, nem hora extra. Eram os servos. Uma espécie de escravo que não era escravo só porque não era um mero instrumento que pudesse ser comprado ou vendido, mas que no mais, vivia igual ou pior que o escravo romano do passado. Quando esse mundo pré-determinado pelo nascimento entrou em decadência, com pestes mortais, fome e guerras infindáveis, os analistas consideraram que a culpa foi... dos servos. Seu crescimento populacional sem ser acompanhado por mais terras para feudalizar, e a busca desses infelizes de uma vida melhor através do comércio provocaram a ruptura do mundo feudal.
Hoje, o capitalismo que até uma década atrás se pavoneava como o modelo social perfeito, vencedor de todas as disputas e cujos defensores chegaram a alardear o fim da história, esse capitalismo, como o conhecemos, agoniza. Potências econômicas no divã, não sabem o que fazer para conter a decadência de suas moedas, de seus valores, de suas economias de papel. No sufoco, buscam culpados e os culpados são... os pobres.
Sim, são as políticas públicas, os investimentos públicos em saúde, previdência, educação, transporte, em síntese, os gastos públicos renomeados de déficit público os culpados. Os pobres, claro, só podiam ser eles. A culpa não é do gasto excessivo em guerras. Nem são das falcatruas criadas nas instituições especulativas internacionais. Nem da especulação gananciosa e sem freios que nada cria além de uma neurótica rede de mentiras. Não. A culpa é do remédio gratuito. Do valor da aposentadoria. Do aposentado ainda com saúde para trabalhar. Das leis trabalhistas. A culpa é dos pobres.
Quando o presidente Obama injeta aquela avalanche de dinheiro “na economia” ele está investindo que dinheiro? O do contribuinte, e sabemos bem que a contribuição maior é a do pobre. Pra onde deveria ir? Para os investimentos públicos, lógico, pois nesse país, nem saúde pública gratuita existe. Mas pra onde realmente irá? Para os cofres bancários “salvar o sistema financeiro nacional”, ou seja, salvar os coitadinhos dos bancos que faliram vendendo imóveis que não existiam, publicando saldos de lucros mentirosos para vender suas ações na bolsa, na ciranda imoral das falcatruas.
Essa associação do “sistema financeiro” com “nacionalismo” foi o argumento usado para convencer os povos da necessidade da Primeira Guerra Mundial. Essa associação é indevida e mentirosa pois povo e banco não são, nunca foram e jamais serão a mesma coisa e jamais habitarão o mesmo barco.
O discurso do momento, repetido por todos os governantes, que faz eco em todos os meios de comunicação é esse: a culpa da crise é o déficit público, os gastos públicos.
Por favor, não caia nessa, mentira.
A culpa não é dos pobres.
Prof. Péricles
sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012
TRÊS JORNALISTAS
Em tempos de polêmica sobre a mídia, apresentamos a seguir três histórias de jornalistas que ajudaram, por bem ou por mal, a escrever a história do Brasil.
01) Morre o Jornalista, Cai Um Imperador.
Líbero Badaró, nasceu na Itália e mudou-se para o Brasil em 1826. Médico formado pelas Universidades de Turim e Pávia, mas era de escrever que gostava mais. No Brasil se radicou em São Paulo, fundou o jornal “O Observador Constitucional” tornando-se seu diretor e redator chefe. Liberalista, defendia causas populares e progressistas para sua época. Tornou-se crítico voraz do primeiro imperador do Brasil. Noticiou e comentou com entusiasmo os acontecimentos da Revolução de 1830 em Paris, defendendo que D. Pedro I era figura política autoritária, idêntica ao deposto Carlos X.
As 22 hs. do dia 20 de novembro de 1830, quando voltava pra casa na rua de São Sepé (hoje rua Líbero Badaró) foi cercado por quatro elementos e fuzilado com um tiro fatal de bacamarte. Segundo testemunhas antes de morrer teria dito “morro defendendo a liberdade”.
A morte do jornalista italiano causou uma comoção em São Paulo, onde 5 mil pessoas compareceram ao enterro, e no restante do país.
D. Pedro I foi responsabilizado pela morte (apenas uma pessoa foi presa, porém logo libertada) e esse foi um forte componente na crise política que derrubou o imperador que abdicou em 07 de abril de 1831.
02) O Atentado que Feriu o País.
Carlos Lacerda fundou o jornal “Tribuna da Imprensa” em 1949. Esse talentoso jornalista e orador foi vereador, deputado e Governador da Guanabara. Mas, seu sonho mesmo, era ser presidente. O problema é que para ser presidente ele deveria enfrentar uma eleição nacional e vencê-la, e isso, parecia não agradar Lacerda, um golpista nato, que tentou impedir a posse de JK, foi pivô da crise que levou Getúlio Vargas ao suicídio, apoiou Jânio Quadros e depois tentou derrubá-lo, e, finalmente, foi um dos articuladores do golpe militar de 1964, embora tenha sido rejeitado posteriormente pelo regime. É mole, ou quer mais?
No dia 5 de agosto de 1954, quando retornava para casa na Rua Toneleros, acompanhado do amigo major-aviador Rubens Florentino Vaz, Carlos Lacerda sofreu um atentado a tiros. Como saldo do atentado o Major morreu e Lacerda ficou ferido, com um tiro no pé. O raciocínio da época foi o seguinte: Lacerda, líder da UDN (partido de oposição ao presidente Getúlio Vargas) e jornalista tagarela que diariamente atacava o presidente em seu jornal “Tribuna da Imprensa” e assim, encarnara o anti-getulismo, sofrera um atentado à bala. Quem seria o mentor? Quem? Ula-la, ele mesmo, o próprio presidente seria o maior interessado em calar a boca do desafeto. O próprio Lacerda jogou lenha na fogueira e uma semana após o atentado já pedia, em seu jornal, a deposição do presidente da república.
Resultado? Na madrugada de 24 de agosto, ou seja, apenas 19 dias depois do tiroteio, o presidente Getúlio Dorneles Vargas se suicidava nas dependências do Palácio do Catete. Um tiro no peito que iria ter profundas conseqüências na história do Brasil.
03) O Jornalista do Suicídio Impossível
Em 1975 o regime militar mantinha-se em pé em terreno movediço. O governo Médice, período de maior terror do regime, havia acabado em 1974 e o novo General na presidência, Gen. Geisel, anunciava a abertura política, lenta e gradual de retorno à democracia. Isso exigia estratégia e atenção permanente para acomodar as “peças” no tabuleiro político, tanto os que pressionavam para o retorno à normalidade, como não desagradar a ala dura do regime que defendia mais tempo de ditadura. Geisel se equilibrava numa corda bamba e por isso seu governo é denominado de “pendular”, pois recheado de idas e vindas, entre o arbítrio e a abertura. Um fato que sacudiria a corda bamba foi a morte de um jornalista.
O jornalista Vladimir Herzog tinha então, 38 anos. Pai de sois filhos e diretor de jornalismo da TV Cultura de São Paulo, não era militante de nenhum partido político ou de qualquer organização de luta contra a ditadura.
No dia 24 de outubro de 1975, Herzog despediu-se da família com um “já volto e compareceu ao DOI-CODI de São Paulo para prestar depoimento sobre sua suposta proximidade com o PCB. No dia seguinte, 25 de outubro, em nota oficial desse órgão da repressão era anunciada a morte do Jornalista Vladimir Herzog por suicídio através de enforcamento na cela em que estava detido.
Para comprovar o fato, foram divulgadas na imprensa, fotos de Vladimir como supostamente havia sido encontrado pelos carcereiros. Para espanto de todos a foto mostrava Vladimir com a corda atada ao pescoço e a uma das grades, numa posição abaixo da própria altura. Para morrer por asfixia, o suicida teria que fazer muita força, sentado, abaixando a cabeça até o chão e não erguendo-a até a asfixia fazer seu trabalho. Considerando-se o instinto de sobrevivência, a patética foto mostrava a impossibilidade do enforcamento.
Três anos depois, no dia 27 de outubro de 1978, novas fotos saídas dos abismos do terror, mostravam Vladimir Herzog nu, com a cabeça entre as mãos em evidente estado de perturbação própria dos torturados. O processo movido pela família do jornalista revelou a verdade sobre a morte de Herzog. A União foi responsabilizada pelas torturas e pela morte do jornalista. Foi o primeiro processo vitorioso movido por familiares de uma vítima do regime militar contra o Estado.
Prof. Péricles
01) Morre o Jornalista, Cai Um Imperador.
Líbero Badaró, nasceu na Itália e mudou-se para o Brasil em 1826. Médico formado pelas Universidades de Turim e Pávia, mas era de escrever que gostava mais. No Brasil se radicou em São Paulo, fundou o jornal “O Observador Constitucional” tornando-se seu diretor e redator chefe. Liberalista, defendia causas populares e progressistas para sua época. Tornou-se crítico voraz do primeiro imperador do Brasil. Noticiou e comentou com entusiasmo os acontecimentos da Revolução de 1830 em Paris, defendendo que D. Pedro I era figura política autoritária, idêntica ao deposto Carlos X.
As 22 hs. do dia 20 de novembro de 1830, quando voltava pra casa na rua de São Sepé (hoje rua Líbero Badaró) foi cercado por quatro elementos e fuzilado com um tiro fatal de bacamarte. Segundo testemunhas antes de morrer teria dito “morro defendendo a liberdade”.
A morte do jornalista italiano causou uma comoção em São Paulo, onde 5 mil pessoas compareceram ao enterro, e no restante do país.
D. Pedro I foi responsabilizado pela morte (apenas uma pessoa foi presa, porém logo libertada) e esse foi um forte componente na crise política que derrubou o imperador que abdicou em 07 de abril de 1831.
02) O Atentado que Feriu o País.
Carlos Lacerda fundou o jornal “Tribuna da Imprensa” em 1949. Esse talentoso jornalista e orador foi vereador, deputado e Governador da Guanabara. Mas, seu sonho mesmo, era ser presidente. O problema é que para ser presidente ele deveria enfrentar uma eleição nacional e vencê-la, e isso, parecia não agradar Lacerda, um golpista nato, que tentou impedir a posse de JK, foi pivô da crise que levou Getúlio Vargas ao suicídio, apoiou Jânio Quadros e depois tentou derrubá-lo, e, finalmente, foi um dos articuladores do golpe militar de 1964, embora tenha sido rejeitado posteriormente pelo regime. É mole, ou quer mais?
No dia 5 de agosto de 1954, quando retornava para casa na Rua Toneleros, acompanhado do amigo major-aviador Rubens Florentino Vaz, Carlos Lacerda sofreu um atentado a tiros. Como saldo do atentado o Major morreu e Lacerda ficou ferido, com um tiro no pé. O raciocínio da época foi o seguinte: Lacerda, líder da UDN (partido de oposição ao presidente Getúlio Vargas) e jornalista tagarela que diariamente atacava o presidente em seu jornal “Tribuna da Imprensa” e assim, encarnara o anti-getulismo, sofrera um atentado à bala. Quem seria o mentor? Quem? Ula-la, ele mesmo, o próprio presidente seria o maior interessado em calar a boca do desafeto. O próprio Lacerda jogou lenha na fogueira e uma semana após o atentado já pedia, em seu jornal, a deposição do presidente da república.
Resultado? Na madrugada de 24 de agosto, ou seja, apenas 19 dias depois do tiroteio, o presidente Getúlio Dorneles Vargas se suicidava nas dependências do Palácio do Catete. Um tiro no peito que iria ter profundas conseqüências na história do Brasil.
03) O Jornalista do Suicídio Impossível
Em 1975 o regime militar mantinha-se em pé em terreno movediço. O governo Médice, período de maior terror do regime, havia acabado em 1974 e o novo General na presidência, Gen. Geisel, anunciava a abertura política, lenta e gradual de retorno à democracia. Isso exigia estratégia e atenção permanente para acomodar as “peças” no tabuleiro político, tanto os que pressionavam para o retorno à normalidade, como não desagradar a ala dura do regime que defendia mais tempo de ditadura. Geisel se equilibrava numa corda bamba e por isso seu governo é denominado de “pendular”, pois recheado de idas e vindas, entre o arbítrio e a abertura. Um fato que sacudiria a corda bamba foi a morte de um jornalista.
O jornalista Vladimir Herzog tinha então, 38 anos. Pai de sois filhos e diretor de jornalismo da TV Cultura de São Paulo, não era militante de nenhum partido político ou de qualquer organização de luta contra a ditadura.
No dia 24 de outubro de 1975, Herzog despediu-se da família com um “já volto e compareceu ao DOI-CODI de São Paulo para prestar depoimento sobre sua suposta proximidade com o PCB. No dia seguinte, 25 de outubro, em nota oficial desse órgão da repressão era anunciada a morte do Jornalista Vladimir Herzog por suicídio através de enforcamento na cela em que estava detido.
Para comprovar o fato, foram divulgadas na imprensa, fotos de Vladimir como supostamente havia sido encontrado pelos carcereiros. Para espanto de todos a foto mostrava Vladimir com a corda atada ao pescoço e a uma das grades, numa posição abaixo da própria altura. Para morrer por asfixia, o suicida teria que fazer muita força, sentado, abaixando a cabeça até o chão e não erguendo-a até a asfixia fazer seu trabalho. Considerando-se o instinto de sobrevivência, a patética foto mostrava a impossibilidade do enforcamento.
Três anos depois, no dia 27 de outubro de 1978, novas fotos saídas dos abismos do terror, mostravam Vladimir Herzog nu, com a cabeça entre as mãos em evidente estado de perturbação própria dos torturados. O processo movido pela família do jornalista revelou a verdade sobre a morte de Herzog. A União foi responsabilizada pelas torturas e pela morte do jornalista. Foi o primeiro processo vitorioso movido por familiares de uma vítima do regime militar contra o Estado.
Prof. Péricles
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