O empresário Alejandro Burzaco, um dos delatores do caso Fifa, acusou a Globo de ter pago propina por direitos de transmissão de competições ligadas à Conmebol, como Copa América, Libertadores e Sul-Americana.
Burzaco, que se entregou em 2015, disse que, por meio de sua empresa de marketing esportivo, subornava autoridades.
Segundo ele, Marcelo Campos Pinto, então diretor da área esportiva da Globo, se reuniu em 2012 num restaurante de Buenos Aires chamado Tomo Uno com Julio Grondona, presidente da AFA, José Maria Marin e Marco Polo Del Nero. No encontro, falaram de pagar 600 mil reais aos dois últimos.
Campos Pinto foi afastado da Globo três anos depois. Estava na casa desde 1994. Dava expediente na CBF e conduzia pessoalmente os contratos de mídia com as equipes nacionais.
Em 2011, com a implosão do Clube dos 13, conseguiu manter o futebol na Globo. A TV passou a ser a principal fonte de receita dos times.
No ano passado, segundo estudo do Itaú BBA, Globo e seus canais pagos injetaram R$ 1,210 bilhão nos 23 maiores deles, que arrecadaram R$ 3,113 bilhões no total.
A demissão foi em consequência do caso Fifa, que já despontava no horizonte. Em nota divulgada na terça, no entanto, a Globo garante que “se surpreende com o relato envolvendo o ex-diretor Marcelo Campos Pinto”.
“A ser verdadeira a situação descrita, o Grupo Globo deseja esclarecer que Marcelo Campos Pinto, em apuração interna, assegurou que jamais negociou ou pagou propinas a quaisquer pessoas”.
Ah, tá! Resolvida a questão.
O cinismo do comunicado é digno do grupo. A relação promíscua de Campos Pinto com os ladrões era absolutamente desavergonhada e conhecida. Quando tornou-se insustentável - graças à Justiça americana -, ele dançou.
Em 2015, Campos Pinto fez um discurso na festa de encerramento do campeonato paulista.
É uma elegia à picaretagem, sem qualquer meio tom, orgulhosa. Foi proferido no início de maio, alguns dias antes de Marin ser preso na Suíça a mando do FBI.
No palco, foi introduzido por Tiago Leifert. Reinaldo Carneiro Bastos, sucessor de Marco Polo Del Nero como presidente da FPF, mereceu lágrimas e voz embargada.
A Justiça americana investiga 24 anos de roubalheira. A Copa do Mundo é transmitida pela TV Globo desde 1970.
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