quinta-feira, 7 de setembro de 2017

COMEMORAR O QUE?


A independência política do Brasil ocorreu após um processo dirigido pelas elites brasileiras.


Nesse processo, a maior preocupação das elites, não era com a independência propriamente dita, nem com a situação de seu povo menos favorecido. Ao contrário, a independência se fez sob uma ótica quase obsessiva de se manter a escravidão no país que então iria nascer.


Para atingir esse objetivo obsessivo, as elites apostaram todas suas fichas na figura do Príncipe Regente, D. Pedro, a ponto de fazer nascer na América latina uma monarquia, sistema político totalmente estranho ao cenário americano e decadente no restante do mundo.


Fez-se a monarquia e D. Pedro foi coroado imperador, tudo para manter a escravidão, na forma desumana de exploração da mão-de-obra africana. Para isso, o novo governo chegou a assumir um compromisso por escrito com a Inglaterra de que iria sim acabar com a escravidão, mas só no dia de “São Nunca”.


O Brasil nasceu como país já demarcando fortemente as mais perversas características de seu caráter: um estado fascista, explorador e assassino.


Tudo para suas elites, nada para seus desgraçados.


Desgraçados que foram sistemática e perversamente mortos ao longo dos anos com as torturas da escravidão, nos sertões miseráveis de Canudos, na região do Contestado.


Quando não pode matar como gostaria, o estado fascista e elitista brasileiro usou todos os recursos da mentira e dissimulação como na Revolta da Vacina ou na Revolta da Chibata, para manter sua autoridade acima de qualquer reivindicação popular.


A torpeza de caráter dos dirigentes políticos brasileiros sempre foi exposta e imposta vencendo com todos os recursos da fraude mais baixa em eleições mentirosas como as da República velha.


Nossa classe média que sempre esteve no degrau mais baixo, muito mais próximo dos miseráveis do que dos poderosos, sempre foi subserviente, dócil e mais que isso, uma autêntica defensora dos interesses de seus amos e senhores.


Foi ela, nossa classe média, que forçou Getúlio a apertar o gatilho daquela arma, que cerrou fileiras nas marchas com Deus pela Pátria e Liberdade, que apoiou a ditadura e agora, contribuiu decisivamente para o golpe jurídico-midiático-parlamentar que depôs uma presidenta legitimamente eleita.


Ao longo dos tempos no Brasil se forjou uma classe média déspota e reacionária, talvez a mais hipócrita do mundo.


Engana-se quem pensa que todos nós somos brasileiros no sentido de igualdade. Não somos iguais e o Estado não se preocupa com todos. Somos como que reféns num gigantesco campo de concentração onde os senhores não nos lançam nas fornalhas, mas, exploram o trabalho e o talento, sugam a juventude e depois lançam os restos ao lixo de uma aposentadoria imoral.


O Estado Brasileiro não é brasileiro no sentido dos que nascem no Brasil, mas existe, serve e preocupa-se apenas e tão somente com suas elites e senhores e vende sistematicamente as riquezas do país a preço de bananas, e com isso, ao mesmo tempo que se delapida o país, fortalece-se a riqueza dos que já são ricos.


Aqui quem é nacionalista é mal visto e rotulado de subversivo e até é, realmente, tendo em vista que a ordem vigente é do entreguismo.


Por tudo isso, é de se perguntar, comemorar o que em 7 de setembro?





Prof. Péricles

Nenhum comentário: