terça-feira, 9 de abril de 2013
CORÉIA DO NORTE: NADA A PERDER
Simon Bolívar costumava dizer que só teve coragem de lutar todas as guerras que lutou, e botar a vida em risco tantas vezes como fez, porque perdera sua esposa muito cedo.
Jovem e sem filhos, cheio do dinheiro e sem prazer para gastá-lo, resolveu seguir seus sonhos doidos de promover a independência da América Latina. Missão difícil, quase impossível e de imenso perigo. Na época, para impor o medo aos coloniais, as metrópoles não faziam prisioneiros. Enforcavam alguns, fuzilavam outros, e até mesmo esfolavam vivo como fizeram com o índio Tupac Amaru.
O homem costuma medir as conseqüências dos seus atos, e nada o torna mais prudente e temeroso do que ter família para prover e filhos para ver crescer. Quanto menos ele tiver a perder mais afoito será, mais radical poderão ser suas alternativas.
De certa forma dá para dizer o mesmo das nações.
Quanto mais tem a perder numa guerra maior a prudência, quanto menos a perder maior a afoiteza.
É exatamente esse o perigo que representa a Coréia do Norte hoje para a paz mundial.
Desde que a Coréia se desmembrou em duas por força do cessar fogo de Pamunjog (tecnicamente ainda estão em guerra), em 1953, a Coréia do Norte se acostumou a fazer papel de vilão para, em troca, manter a independência e a economia funcionando. Dessa forma, durante a Guerra Fria foi sustentada pela China e em troca representava um peão, estrategicamente colocado pelo bloco socialista no tabuleiro mundial. Quando a Guerra Fria acabou o peão deixou de ter importância e a Coréia do Norte tornou-se uma espécie de peça de museu de uma era encerrada.
Ela está muito longe de representar qualquer tipo de governo socialista. Não representa nem o socialismo nos moldes da antiga União Soviética, nem o socialismo que veio dos campos, como na China. Na verdade é uma ditadura atípica, algo como uma Monarquia absolutista em que o poder se processa por hereditariedade.
Tudo o que se sabe da Coréia do Norte, não se sabe, apenas se desconfia tão fechado é o país para os olhos do mundo.
Segundo desconfia a FAO, órgão da ONU encarregado dos assuntos da agricultura e alimentação, ocorre alta taxa de mortalidade infantil originada da falta de alimentos.
Ao mesmo tempo o país investiu seus parcos recursos num programa nuclear cujo único objetivo é esse que vemos atualmente, ameaçar o mundo. É, portanto uma espécie de miserável, esfomeada, mas muito bem armada.
Ao contrário do Irã, a Coréia do Norte, embora não tenha chance nenhuma de vencer um conflito, tem condições reais de provocar grandes prejuízos, especialmente ao Japão e à Coréia do Sul. Além disso, poderia causar um prejuízo incalculável ao meio ambiente e a todo o planeta.
E o pior é que, diante da situação econômica de abandono, quando até a China, agora interessada em manter mercados, lhe volta às costas, a Coréia do Norte não tem muitas opções.
Por isso, a crise só pode lhe trazer benefícios de barganha, já que, pior do está, não pode ficar. Não tem literalmente, nada a perder
Prof. Péricles
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