Teve gente, e me incluo nesse barco, que acreditou que com o fim do governo do último general e com o início do governo de um civil, mesmo eleito indiretamente, a Ditadura havia acabado.
Foi um erro.
Deveríamos ter percebido isso, logo em seguida, quando um político praticamente desconhecido do Brasil, tendo sido apenas Prefeito de Maceió por indicação dos militares, Fernando Collor de Melo, derrotou políticos carismáticos e cheios de história como Leonel Brizola e Ulisses Guimarães tornando-se presidente.
Todos foram unânimes em apontar a eleição de Collor como uma vitória da mídia. Dizia-se que Collor fora eleito pela televisão. Quem viveu aquela época deve lembrar da campanha montada pela maior rede televisiva que incluía a imagem favorecida de Collor diariamente no vídeo, criando-se do nada, um ícone e fabricando uma popularidade de cima para baixo. Ou ainda, de jogadas pérfidas como o falso ataque em Caxias do Sul (tipo, bolinha de papel jogada no Serra) o seqüestro de Abílio Diniz e as imagens dos seqüestradores com camisetas do PT e a imoral montagem sobre o último debate entre Collor e Lula no segundo turno.
O que, talvez, poucos perceberam, é que aquela não havia sido uma vitória isolada. Mais do que isso, aquela eleição forjada com a força da imagem e da palavra midiática era apenas um indício de que a ditadura, no Brasil, ainda não havia acabado, assim como, ainda não acabou.
Apenas saímos de uma Ditadura explicita para uma implícita.
A mídia brasileira, a poderosa, a que domina o mercado quase de forma monopolista, hoje se percebe, governa o Brasil. A mesma mídia que apoiou o golpe e a ditadura. A mesma cuja maior emissora foi fundada durante a ditadura.
Uma de suas estratégias preferidas lembra cobrança ensaiada de falta no futebol, ou a jogadinha do vôlei em que um levanta, outro distrai e um terceiro baixa o braço numa cortada fatal. É assim: a poderosa Revista levanta as acusações (provas são desnecessárias), e cria um clima de “bomba”, de grande revelação. Na Televisão rostos indignados e perplexos reproduzem “a descoberta” ampliando o clima. Usando personagens ilibados que todos os dias entram nas casas do espectador, como o casal “compenetrado” do telejornal, ou o comentarista diretor de cinema que revira os olhinhos quando fala clima teatral, eles estão acima de qualquer suspeita. Depois das fintas e negaceios, os poderosos jornais aplicam a cortada ampliando e repetindo cada “informação” e preferência trazendo “especialistas”, que, claro, dizem aquilo que eles querem que seja dito.
Está montado o circo e em pouco tempo tudo é repetido nas ruas como se fossem verdades (repito, provas são desnecessárias).
Goebels, chefe da imprensa nazista já dizia que uma mentira repetida vira uma verdade.
O Brasil é o único país do mundo governado pela mídia. Por isso mesmo, é o único país da América do Sul que tem medo de julgar os carrascos que mataram e torturaram no período ditatorial.
É o único país do mundo em que quem escreve não precisa apontar suas fontes mesmo que a “informação” implique numa acusação contra a moral de alguém.
É o único país do mundo envolto numa midiacracia. Onde qualquer proposto de estabelecer algum controle ético sobre a mídia é imediatamente rotulado de censura.
E sabe o que é o pior? Aparentemente o governo não tem força ou vontade suficiente para detê-la.
O dono de poderoso grupo, detentor da revista de maior credibilidade do país afirmou, sem meias palavras, que irá derrubar o governo Dilma
Você duvida?
Prof. Péricles
Um comentário:
Professor, estou levando seu texto para reflexão em sala de aula. Obrigado! Professor Sávio R. Borges.
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