Definitivamente vivemos dias muito estranhos.
Olha só o que aconteceu com Chapeuzinho Vermelho, por exemplo.
Depois de anos vivendo na imaginação infantil, como uma heroína, foi levada coercitivamente para Curitiba a fim de prestar contas sobre denúncias chegadas por lá.
Queriam saber por que seu chapéu era vermelho. Seria uma militante comunista ou petista? Cadê a estrela ou a foice e o martelo? Seria militante do MST lá na floresta da vovó, reivindicando reforma agrária?
E quem era, na verdade, o caçador? Um agente de Moscou infiltrado para protegê-la?
Pobre chapeuzinho teve ligações com a vovó grampeadas e expostas na mídia. Tudo bem, ela não falava nada demais nas gravações, mas, nem precisava, o estrago já estava feito.
E o Zé Milita então?
Zé Milita sempre acreditou na neutralidade da justiça e nas boas intenções de todos os seus agentes. Chegou a brigar com o irmão mais velho que insinuou que no Brasil todos são mais ou menos iguais perante a Lei.
Zé Milita não admitia suspeição sobre a “dona justa” como ele chamava o sistema judiciário brasileiro.
Pois Zé Milita está acamado, e, dizem, em estado grave já que não entende porque um ex-candidato a presidente, derrotado em 2014, ainda não está preso, mesmo depois de quilômetros de gravações onde ele debocha de tudo e de todos e demonstra estar envolvido em negociatas e uma fome enorme por dinheiro, público ou privado.
Maldoso, o irmão ainda mandou uma carta perguntando a Zé Milita onde estaria encarcerado o dito cujo.
Tempos estranhos onde a extrema-direita da França é derrotada, porém, nada de comemorações, pois quem a derrotou é um estranho partido fundado há poucos meses e que jura não ser de direita nem de esquerda, ou seja, tão direitoso que nem se assume.
Tempos em que grande parcela da população brasileira aplaude atos de terrorismo contra contraventor que rouba bicicleta velha, desde que o contraventor seja pobre claro, pois rico pode ser tudo o que quiser, contraventor, cheirador, deputado ou senador.
Em dias que ser reacionário, homofóbico e racista não traz vergonha pra ninguém e em que juízes e réus aparecem de braços dados entre risos e afagos.
Sei não. Acho que vou pedir asilo político na floresta do Chapeuzinho.
Prof. Péricles
Sei não. Acho que vou pedir asilo político na floresta do Chapeuzinho.
Prof. Péricles