Uma das mais extraordinárias batalhas da Primeira Guerra Mundial foi a “Batalha de Verdun” quando a França resistiu à invasão alemã (que acabaria acontecendo na Segunda Guerra Mundial) entre os meses de fevereiro a dezembro de 1916. Nessa batalha decisiva para o destino da França na Guerra e da própria guerra, morreram quase 1 milhão de pessoas (976 mil baixas).
Sabendo que o futuro de seu país se decidia ali, e, num momento em que tudo parecia perdido, o general francês Robert Nivelle pronunciou a frase “on ne passe pas” traduzida como “não passarão”.
Essa expressão de resistência se tornaria lema da esquerda na Guerra Civil Espanhola (1936-1939) quando fascistas do General Franco e forças democráticas se engalfinharam numa guerra desigual, visto que os fascistas de Franco foram alimentados, armados e fortalecidos pelos nazistas e sua força aérea. Num momento em que Madri estava sendo cercada pelas tropas do terror fascista, Dolores Ibárruri Gomez, líder do Partido Comunista Espanhol a adotou na versão “no pasarán”.
“No Pasarán” também foi adotado como lema pelos revolucionários Sandinistas em sua guerra contra a ditadura de Anastásio Somoza na Nicarágua, quando o ditador protegido pelos aliados norte-americanos acabou vencido pelas forças populares.
Dessa forma “Não Passarão” adquiriu cores de heroísmo e de resistência democrática contra as forças fascistas e imperialistas no mundo.
Atualmente, no Brasil, um golpe orquestrado pela direita fascista brasileira imediatamente após sua derrota nas urnas, ameaça ser plenamente vencedor.
A presidenta eleita democraticamente por mais de 54 milhões de votos foi derrubada através de um impeachment ilegítimo, visto não conter fato de ilícito praticado pela autoridade.
Um vice-presidente sem apoio popular governa o país e, numa pressa que delata os verdadeiros interesses em derrubar a presidenta, anuncia medidas de âmbito neoliberal assim como políticas que afastam o país das decisões do BRIC e do MERCOSUL para recoloca-lo, servil, na órbita dos interesses do império norte-americano.
Os investimentos estatais ameaçam serem comprometidos por vinte anos, assim como é grande a ameaça aos direitos históricos dos trabalhadores brasileiros.
O próprio patrimônio público está em xeque diante da fome privatista e entreguista voltada até contra a Petrobras e o pré-sal.
E, se tudo isso não bastasse, grupos fascistas sentem-se tão à vontade que ousam invadir o Congresso Nacional exigindo a volta da Ditadura Militar.
Diante de tudo isso sente-se, cada vez mais, falta do “não passarão”.
Onde está o grito de resistência das organizações sociais?
Em que canto dorme distraída a força dos sindicatos dos trabalhadores brasileiros?
Por que estão inertes as forças mais populares beneficiadas diretamente pelas políticas de urgência contra a fome extrema e a desigualdade?
Está faltando a garra tradicional das militâncias populares e, especialmente, está faltando o grito de guerra e resistência “não passarão” no combate às arbitrariedades cometidas e aos, até aqui, impunes ataques à ordem constitucional tão arduamente conquistada depois da Ditadura Militar.
Está faltando povo nas ruas do Brasil.
Assim como as forças democráticas da espanha anunciavam que Madri seria a tumba do fascismo, devemos anunciar que as ruas brasileiras serão o túmulo das idéias racistas, fascistas e homofóbicas em nosso país.
Diante do avanço da direita, das forças neopetencostais militantes e fanatizadas, dos heróis da intolerância e do flagrante abuso de autoridade, falta o “Não Passarão”!
Prof. Péricles