O jovem desolado, mãos nos bolsos, caminha tenso pela calçada vazia de uma noite que ficou para trás.
Sua rebeldia acumulada luta para escapar do peito e transformada em gritou assustar a fauna noturna que já dorme nos becos.
A repressão dos tempos negros daquela época em que qualquer tipo de comportamento rebelde era perigoso para saúde estava sempre atenta a gritos fugitivos que se escondiam nos becos.
Eram tempos em que, quem não suportava as injustiças e as ordens opressoras não tinha para quem apelar, a não ser, para seus próprios deuses imaginários. E esses deuses eram seus únicos amigos confiáveis, naqueles tempos.
Dia haverá de chegar, pensava ele, em que todos os ouvidos estarão abertos aos apelos dos perseguidos.
Não há madrugada que não acabe, pensava ele enquanto chutava uma lata, sempre haverá um novo amanhecer.
Muitos anos depois o jovem já não é mais jovem, embora seus sonhos esqueçam disso e insistam em ter as mesmas cores de antigamente.
E para sua imensa surpresa ele se pega novamente chutando lata.
Novos gritos se recusam às masmorras da ordem estabelecida.
A repressão dessa vez, não tem a face suja de sangue como antigamente, mas tem nos olhos aparência mais sinistra, talvez, devido aos comerciais.
A quem apelar em pleno estado de direito, se são os juízes que escolhem o que ouvir, a quem julgar, que listas devem ser apuradas ou esquecidas?
A quem pedir justiça se ela foi privatizada e agora tem dono?
Nos tempos antigos os perseguidos eram listados por organismos cujas siglas tornaram-se sinônimas de terror: DOPS, OBAN, SNI e tantas outras.
Nos tempos novos os perseguidos são selecionados em gabinetes refrigerados, por equipes profissionais que escolhem as notícias e as versões que serão impostas ao povo.
São nos estúdios e editoras que se traçam destinos e se praticam torturas.
Se antes os profissionais se envergonhavam, de sua própria brutalidade escondendo da própria família sua “rotina de trabalho” hoje, os profissionais da mentira vestem roupas limpas, ganham bons salários e se orgulham do que fazem.
Antes o inimigo era bem definido, usava farda. Agora, é invisível, ou melhor, é bem trajado e maquiado.
Dia virá em que tudo isso será reescrito e redefinido.
Dia virá... bolas, mas até lá, como esconder tanta patifaria e canalhice?
Dia virá em que tudo isso será reescrito e redefinido.
Dia virá... bolas, mas até lá, como esconder tanta patifaria e canalhice?
A geração mais velha prefere a luta direta do que a farsa de uma democracia prostituída.
Essa é uma ditadura imprópria para maiores de 50 anos.
Muito difícil jogar um jogo de cartas marcadas. Melhor mesmo a fria bala do fuzil.
É mais dura, porém mais sincera.
Prof. Péricles
Muito difícil jogar um jogo de cartas marcadas. Melhor mesmo a fria bala do fuzil.
É mais dura, porém mais sincera.
Prof. Péricles