terça-feira, 15 de novembro de 2011

MÚSICA BRASILEIRA E A DITADURA MILITAR - 01

Em 1968, os estudantes continuavam a ser os maiores inimigos do regime militar. Reprimidos em suas entidades, passaram a ter voz através da música. A Música Popular Brasileira começa a atingir as grandes massas, ousando a falar o que não era permitido à nação.

Diante da força dos festivais da MPB, no final da década de sessenta, o regime militar vê-se ameaçado. Movimentos como a Tropicália, com a sua irreverência mais de teor social-cultural do que político-engajado, passou a incomodar os militares. A censura passou a ser a melhor forma da ditadura combater as músicas de protesto e de cunho que pudesse extrapolar a moral da sociedade dominante e amiga do regime.

Com a promulgação do AI-5, em 1968, esta censura à arte institucionalizou-se. A MPB sofreu amputações de versos em várias das suas canções, quando não eram totalmente censuradas.

Para censurar a arte e as suas vertentes, foi criada a Divisão de Censura de Diversões Públicas (DCDP), por onde deveriam previamente, passar todas as canções antes de executados nos meios públicos. Esta censura prévia não obedecia a qualquer critério, os censores poderiam vetar tanto por motivos políticos, ou de proteção à moral vigente, como por simplesmente não perceberem o que o autor queria dizer com o conteúdo.

A censura além de cerceadora, era de uma imbecilidade jamais repetida na história cultural brasileira. Os Perseguidos do Pré-AI-5 antes mesmo de deflagrado o AI-5, alguns representantes incipientes da MPB já eram vistos pelos militares como inimigos do regime, entre eles, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Taiguara e Geraldo Vandré.

A intervenção de Caetano Veloso era mais no sentido da contracultura do que contra o regime militar. Os tropicalistas estavam mais próximos dos acontecimentos do Maio de 1968 em Paris, do que das doutrinas de esquerda que vigoravam na época, como o marxismo-leninismo soviético e o maoísmo chinês.

Mas os militares não souberam identificar esta diferença, perseguindo Caetano Veloso e Gilberto Gil pela irreverência constrangedora que causavam. Na época da prisão dos dois cantores, em dezembro de 1968, os militares tinham de concreto contra eles, a acusação de que tinham desrespeitado o Hino Nacional, cantando-o aos moldes do tropicalismo na boate Sucata, e uma ação que queria mover um grupo de católicos fervorosos, ofendidos pela gravação do “Hino do Senhor do Bonfim” (Petion de Vilar – João Antônio Wanderley), no álbum “Tropicália ou Panis et Circenses” (1968).

Juntou-se a isto a provocação de Caetano Veloso na antevéspera do natal de 1968, ao cantar “Noite Feliz” no programa de televisão “Divino Maravilhoso”, apontando uma arma na cabeça. O resultado foi a prisão e o exílio dos dois baianos em Londres, de 1969 a 1972.

Ao retornar do exílio, Caetano Veloso e Gilberto Gil sofreram com a perseguição da ditadura e da censura. Em 1973, Caetano Veloso teve a sua canção “Deus e o Diabo”, vetada por causa do último verso “Dos bofes do meu Brasil”. Diante do veto, a gravadora solicitou recurso, foi sugerido pelo censor que o autor substituísse a palavra “bofes”. Mas um segundo censor menciona os versos “o carnaval é invenção do diabo que Deus abençoou” e “Cidade Maravilhosa/ Dos bofes do meu Brasil”, como ofensivos às tradições religiosas.

Em 1975, o álbum “Jóia” trazia na sua capa Caetano Veloso, sua então mulher Dedé e o filho Moreno, completamente nus, com o desenho de algumas pombas a cobrir-lhe a genitália. Censurada, o álbum foi relançado com uma nova capa, onde restaram apenas as pombas.

eltheatro11@eltheatro.com
Editor: Elpídio Navarro

domingo, 13 de novembro de 2011

LEI SECA COM MAIOR RIGOR

Atenção, especialmente minha gente jovem.
É bom não brincar com a sorte e entender que as coisas estão mudando.
Não jogue sua vida fora.
Leiam o texto abaixo e veja se, literalmente, vale à pena...


BRASÍLIA - A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado aprovou ontem projeto de lei que torna crime dirigir sob efeito de qualquer teor de álcool, acaba com a obrigatoriedade do teste do bafômetro para comprovar a embriaguez do motorista e ainda aumenta as penalidades para infratores, que, atualmente, são submetidos à pena única de seis meses a três anos de detenção.

Ao permitir o uso de outras provas para atestar a embriaguez do motorista, alguns senadores consideram que a proposta, aprovada em caráter terminativo e que agora segue para a Câmara, estabelece a "tolerância zero de álcool" para os motoristas brasileiros. No entanto, admitem que esse ponto ainda terá de ser regulamentado.

O senador Demóstenes Torres (DEM-GO) incluiu no texto emenda aumentando significativamente as penas para os condutores de veículos envolvidos em acidentes com vítimas. "A gente espera que isso diminua esse sentimento de impunidade que existe. Pela morosidade da Justiça em analisar esses casos, a atual punição para quem provoca uma morte no trânsito por causa do álcool acaba sem efeito", comemorou o senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES), autor do projeto.

Se provocar morte, por exemplo, o motorista poderá ter pena de "reclusão de oito a 16 anos, multa e suspensão ou proibição de se obter permissão ou habilitação para dirigir veículo automotor". A pena poderá ser acrescida em um terço ou metade se o motorista não tiver habilitação ou se seu direito de dirigir estiver suspenso.

Se um acidente resultar em lesão corporal gravíssima, a pena poderá variar de seis a 12 anos de prisão. E mesmo se a conduta não resultar em lesão corporal, o motorista ainda estará sujeito à reclusão de um a quatro anos. Se for detectado simplesmente que o condutor está sob efeito do álcool, mesmo não tendo se envolvido em acidente, ele estará sujeito a detenção de seis meses a três anos.

Diante da decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) de liberar os motoristas do teste do bafômetro, com o argumento de que ninguém é obrigado a produzir provas contra si mesmo, Ferraço incluiu no projeto outros meios para a comprovação de que um condutor está sob o efeito de álcool. Poderão ser usadas provas testemunhais, imagens, vídeos ou "quaisquer outras provas em direito admitidas", o que, na prática, estabelece uma política de álcool zero para motoristas. Hoje, é permitido dirigir com até 6 decigramas de álcool por litro de sangue.

Jornal do Commercio - 10/11/2011

terça-feira, 8 de novembro de 2011

AUTO-DE-FÉ DE BARCELONA, 150 ANOS

Preocupadíssimo com o crescimento das idéias reformistas na Europa, o Papa Paulo III convocou, em 1545 o Concílio de Trento, para decidir as estratégias da Igreja Católica contra esse crescimento. Foi o concílio mais longo da História, realizado de 1545 a 1563. Também ficou conhecido como o Concílio da Contra-Reforma.

As decições desse Concílio, para o enfrentamento das idéias protestantes seriam decisivas para a história da Europa e da América, e consistiram entre outras decisões importantes: reafirmação do celibato clerical, da doutrina da graça e do pecado original, do culto dos santos e principalmente a instituição do Index Librorum Prohibitorum (uma espécie de index de livros proibidos aos católicos), a criação da companhia de Jesus (padres Jesuítas) e a refundação da Inquisição, agora com o nome de Tribunal do Santo Ofício.

Já o Auto-de-fé era um misto de cerimônia religiosa com execução judicial, tudo envolvido por um enorme aparato dogmático e teatral. Uma cerimônia pública em que se liam as sentenças da Inquisição. Em geral, aconteciam na principal praça da cidade, com uma procissão prolongada, missa solene, juramento de obediência ao Tribunal do Santo Ofício, sermão e leitura das sentenças de condenação.

Geralmente as penas variavam entre prisão perpétua e morte. O primeiro auto-de-fé foi realizado em Sevilha, na Espanha, em 1481, e o último, teve lugar no México, em 1850.

No dia 09/10/2011 completou-se 150 anos da realização do Auto-de-fé de Barcelona. Nele 300 exemplares de O Livro dos Espíritos, O Livro dos Médiuns e O que é o Espiritismo, de Allan Kardec, enviados da França, foram confiscados na Espanha pelo arcebispo dom Antônio Palau Y Termenes sob alegação de serem "imorais e contrários à fé católica" e queimados em praça pública.

Por volta de 10h30, surgiu um padre, vestido com paramentos especiais para ritos daquela espécie, trazendo numa das mãos uma cruz e, na outra, uma tocha. Era acompanhado por outras autoridades e auxiliares, inclusive três serventes, encarregados de manter aceso o fogo.

Quando, finalmente, as chamas se apagaram, a comitiva clerical se retirou, sob as vaias da multidão e os gritos de "abaixo a Inquisição!".

Os exemplares de O Livro dos Espíritos, O Livro dos Médiuns e O que é o Espiritismo chegaram a Barcelona num lote juntamente com outros, todos devidamente comprados e pagos, pelo renomado escritor e editor francês Maurice Lachâtr. Enviados de Paris, haviam sido inspecionados na alfândega espanhola, cobrando-se do destinatário todos os tributos correspondentes.

A propósito, o jornal La Carona publicou, à época, o seguinte:
"Os sinceros amigos da paz, do princípio de autoridade e da religião, se afligem com essas demonstrações reacionárias porque compreendem que às reações sucedem as revoluções. Os liberais sinceros se indignam de semelhantes espetáculos, dados por homens que não compreendem a religião sem a intolerância e querem impor como Maomé impunha o seu Alcorão".

A propósito, em tempos de crítica e demonização do Islã é bom refletirmos sobre atos que hoje se imputam aos muçulmanos terem sido praticados largamente no Ocidente.

Quanto ao Espiritismo e Allan Kardec seguiram seu caminho natural, apesar de toda repressão e intolerância.


Prof. Péricles

SUS É ASSUNTO SÉRIO

Os dados abaixo são do Ministério da Saúde:

INVESTIMENTOS EM ONCOLOGIA

Os avanços na área da Oncologia (tratamento de câncer) para pacientes atendidos no Sistema Único de Saúde (SUS) são importantes: nos últimos 12 anos, os gastos federais com assistência oncológica no país triplicaram, passando de R$ 470,5 milhões (em 1999) para cerca de R$ 1,8 bilhão (em 2010).

O Ministério da Saúde vai fechar o ano de 2011 com investimento de R$ 2,2 bilhões para o setor. Este aumento de recursos serviu para ampliar e melhorar a assistência aos pacientes atendidos nos hospitais públicos e privados que compõe o SUS, sobretudo para os tipos de câncer mais frequentes, como fígado, mama, linfoma e leucemia aguda.

Houve aumento de 40% no número de cirurgias oncológicas, que passou de 67 mil (2003) para 94 mil (estimativa 2011). Neste período, o número de procedimentos quimioterápicos dobrou – passou de 1,2 milhão (2003) para 2,4 milhões (2011/estimativa).

REDUÇÃO DE PREÇOS DE MEDICAMENTOS

Nos últimos anos, o governo federal – por meio do Ministério da Saúde – tomou uma importante decisão: tornar o país, gradualmente, independente do mercado internacional de medicamentos e outros produtos para a saúde.
O Ministério da Saúde vem adotando a política de “comprar melhor” – medida diretamente relacionada à melhoria da gestão.

CENÁRIO ATUAL
• Câncer é a segunda causa de mortalidade no mundo, atrás das doenças cardiovasculares.
• O Sistema Único de Saúde hoje garante assistência especializada e gratuita aos pacientes – de consultas e exames a procedimentos cirúrgicos, radioterapia, quimioterapia e iodoterapia – e hoje conta com 276 serviços especializados no tratamento oncológico.
• Todos os 26 estados e o Distrito Federal têm pelo menos um hospital habilitado em Oncologia.
• A estimativa do Ministério é de que, em 2010, no Brasil tenha ocorrido cerca de 490 mil novos casos de câncer, sobretudo câncer de pele não melanoma, próstata e mama.

DADOS GERAIS
São 276 serviços especializados no SUS.
Estima-se que tenham ocorrido 490 mil novos casos de câncer em 2010.
Brasil avançou na detecção precoce da doença: 44% dos tumores diagnosticados estavam na fase inicial.
Câncer é a segunda causa de mortalidade no mundo, atrás das doenças cardiovasculares.

CÂNCER DE LARINGE
• O câncer de laringe ocorre predominantemente em homens e é um dos mais comuns entre os que atingem a região da cabeça e pescoço.
• Representa cerca de 25% dos tumores malignos que acometem essa área e 2% de todas as doenças malignas.
• Aproximadamente 2/3 dos tumores surgem na corda vocal, localizada na glote, e 1/3 acomete a laringe supraglótica (acima das cordas vocais).
Número de mortes: 3.594, sendo 3.142 homens e 452 mulheres (dado de 2008)
• Fatores de risco – álcool e o tabaco são os maiores inimigos da laringe. Fumantes têm 10 vezes mais chances de desenvolver câncer de laringe. Em pessoas que associam o fumo a bebidas alcoólicas, esse número sobe para 43.

domingo, 6 de novembro de 2011

A MIDIACRACIA

Teve gente, e me incluo nesse barco, que acreditou que com o fim do governo do último general e com o início do governo de um civil, mesmo eleito indiretamente, a Ditadura havia acabado.

Foi um erro.

Deveríamos ter percebido isso, logo em seguida, quando um político praticamente desconhecido do Brasil, tendo sido apenas Prefeito de Maceió por indicação dos militares, Fernando Collor de Melo, derrotou políticos carismáticos e cheios de história como Leonel Brizola e Ulisses Guimarães tornando-se presidente.

Todos foram unânimes em apontar a eleição de Collor como uma vitória da mídia. Dizia-se que Collor fora eleito pela televisão. Quem viveu aquela época deve lembrar da campanha montada pela maior rede televisiva que incluía a imagem favorecida de Collor diariamente no vídeo, criando-se do nada, um ícone e fabricando uma popularidade de cima para baixo. Ou ainda, de jogadas pérfidas como o falso ataque em Caxias do Sul (tipo, bolinha de papel jogada no Serra) o seqüestro de Abílio Diniz e as imagens dos seqüestradores com camisetas do PT e a imoral montagem sobre o último debate entre Collor e Lula no segundo turno.

O que, talvez, poucos perceberam, é que aquela não havia sido uma vitória isolada. Mais do que isso, aquela eleição forjada com a força da imagem e da palavra midiática era apenas um indício de que a ditadura, no Brasil, ainda não havia acabado, assim como, ainda não acabou.

Apenas saímos de uma Ditadura explicita para uma implícita.

A mídia brasileira, a poderosa, a que domina o mercado quase de forma monopolista, hoje se percebe, governa o Brasil. A mesma mídia que apoiou o golpe e a ditadura. A mesma cuja maior emissora foi fundada durante a ditadura.

Uma de suas estratégias preferidas lembra cobrança ensaiada de falta no futebol, ou a jogadinha do vôlei em que um levanta, outro distrai e um terceiro baixa o braço numa cortada fatal. É assim: a poderosa Revista levanta as acusações (provas são desnecessárias), e cria um clima de “bomba”, de grande revelação. Na Televisão rostos indignados e perplexos reproduzem “a descoberta” ampliando o clima. Usando personagens ilibados que todos os dias entram nas casas do espectador, como o casal “compenetrado” do telejornal, ou o comentarista diretor de cinema que revira os olhinhos quando fala clima teatral, eles estão acima de qualquer suspeita. Depois das fintas e negaceios, os poderosos jornais aplicam a cortada ampliando e repetindo cada “informação” e preferência trazendo “especialistas”, que, claro, dizem aquilo que eles querem que seja dito.

Está montado o circo e em pouco tempo tudo é repetido nas ruas como se fossem verdades (repito, provas são desnecessárias).
Goebels, chefe da imprensa nazista já dizia que uma mentira repetida vira uma verdade.

O Brasil é o único país do mundo governado pela mídia. Por isso mesmo, é o único país da América do Sul que tem medo de julgar os carrascos que mataram e torturaram no período ditatorial.

É o único país do mundo em que quem escreve não precisa apontar suas fontes mesmo que a “informação” implique numa acusação contra a moral de alguém.

É o único país do mundo envolto numa midiacracia. Onde qualquer proposto de estabelecer algum controle ético sobre a mídia é imediatamente rotulado de censura.

E sabe o que é o pior? Aparentemente o governo não tem força ou vontade suficiente para detê-la.

O dono de poderoso grupo, detentor da revista de maior credibilidade do país afirmou, sem meias palavras, que irá derrubar o governo Dilma
Você duvida?

Prof. Péricles

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

UM BULLING NACIONAL

As mensagens que infestam a Internet sugerindo que o ex-presidente Lula trate seu câncer pelo SUS, são reveladores e, ao mesmo tempo, preocupantes.

Não, não se engane, não é apenas uma piada como alguns, talvez com um leve traço de remorsos podem alegar.

Piadas são para fazer rir e precisam de uma porção de ficção, do tipo “nada pessoal”, ou da cumplicidade da “vítima” para ter graça. Mesmo as de humor negro.

Piadas não agridem pessoas reais que são seu alvo. É por isso que bulling, como apelidar os coleguinhas por algum destaque físico negativo, embora faça rir aos idiotas, não é uma piada.

Não. A alegação “foi uma brincadeira” não se justifica quando de uma mão só.

Também não se trata de um desejo sério e verdadeiro de debater o SUS. Isso seria válido e justo a qualquer cidadão brasileiro.

O SUS, que, aliás, não foi criado por esse governo, é uma das grandes conquistas do povo brasileiro.

O SUS substituiu o extinto INAMPS que prestava auxílio à saúde apenas dos contribuintes, e ter carteira assinada e contribuição sindical em dia, era obrigatório para ter “carteirinha”, que valia apenas por um ano e necessitava ser renovada. É um sistema que prevê o atendimento universal a todos os brasileiros.

Os Estados Unidos, por exemplo, não tem SUS e o presidente Obama que enviou pra cá uma equipe que estudou o SUS por meses, ao propor um sistema semelhante ao Congresso Nacional, sofreu uma dolorosa derrota. Os Estados Unidos, ao que tudo indica, continuaram sem SUS.

Sim, o SUS é uma realidade desde a Lei que o criou em 1992 e que simbolizou a materialização de muitos sonhos. Porém distante do ideal. Possuí inúmeras dificuldades, como remuneração de profissionais da saúde, incompetência dos gestores municipais e estaduais e naturais adaptações de toda novidade em um país imenso como o nosso.

Por exemplo, falta a prática do nosso povo que ainda pensa saúde pensando em INAMPS.

Nossa gente, acostumada com a cultura da casa grande e senzala, ainda acha que saúde é coisa dos mais ricos e que seu direito é menor. Qualquer um que já trabalhou em Posto de Saúde sabe que esses brasileiros chegam de cabeça baixa, como quem “está incomodando”.
Não entende o que seja medicina preventiva. Desconhece os caminhos do SUS, e por desconhecer, busca atalhos que geralmente levam a caminhos errados, ou simplesmente desistem.

Você que está lendo essas linhas sabia que o SUS tem um Programa chamado “Saúde da Mulher” que prevê todos os exames de rotina, inclusive o famoso pré-câncer? Você sabia que existe outro programa chamado “Saúde da Próstata” que deve ser utilizado por todos os homens de forma preventiva? Você sabia que cada município Brasileiro tem o direito e o dever de ter um conselho municipal da saúde, autônomo, independente da prefeitura para fiscalizar e propor ações da saúde? Você sabia que quando as pequenas cidades abrem concurso público para médicos, depois de, com recursos do Fundo Nacional da Saúde, criarem Unidades ou hospitais, são obrigados a cancelar os concursos por falta de interessados, já que o sindicato médico desaconselha que qualquer profissional trabalhe por menos de um determinado valor?

Você já parou pra pensar quem paga cada coquetel de medicamentos contra a AIDS, quem paga os transplantes e exames de alta complexidade?

Você sabia que quando o bicho pega e a coisa é grave (e muito cara) rico também usa o SUS já que seus planos privados se socorrem do SUS ou tiram o corpo fora?

Infelizmente não é com intenção de combater as dificuldades do SUS que essas mensagens povoam a internet.

Na verdade, esses mails e PPS apenas revelam que o ódio, o sentimento mesquinho, o desejo de ver morto, a vontade de reverter derrotas eleitorais alimentam essas “brincadeirinhas”.
Quem lança essas besteiras imagina que o SUS é o fim do mundo e queria mais que o ex-presidente fosse pra lá, pro fim do mundo.

O fascismo vive!

Isso é o que revela esse lixo eletrônico.

E o preocupante é percebermos o teor do ódio que lateja nos corações, especialmente dos preconceituosos que acham que pobre não deveria ter direito a nada.

A mesma gente cujos partidos estiveram o tempo todo no poder e nunca fizeram melhor a vida de ninguém, a não ser de suas próprias e de seus interesses.

Tudo isso, infelizmente revela que embora o país tenha progredido e já se aproxime de ser a sexta economia do mundo; embora na última década uma Argentina inteira (em termos populacionais) tenha saído da pobreza e entrado na classe média. Embora os avanços, a personalidade política dos conservadores e ultra-direitista não evoluiu um só centímetro de humanidade além da ponta de seu nariz.

Continuam os mesmos, aves de rapina montados em galhos ilusórios criados pela mídia e pelo rancor.

O que preocupa, realmente, em toda essa história macabra, é a saúde da cidadania nacional e as ameaças que pairam sobre nossa frágil democracia (se é que ela existe).

Prof. Péricles