domingo, 6 de novembro de 2011

A MIDIACRACIA

Teve gente, e me incluo nesse barco, que acreditou que com o fim do governo do último general e com o início do governo de um civil, mesmo eleito indiretamente, a Ditadura havia acabado.

Foi um erro.

Deveríamos ter percebido isso, logo em seguida, quando um político praticamente desconhecido do Brasil, tendo sido apenas Prefeito de Maceió por indicação dos militares, Fernando Collor de Melo, derrotou políticos carismáticos e cheios de história como Leonel Brizola e Ulisses Guimarães tornando-se presidente.

Todos foram unânimes em apontar a eleição de Collor como uma vitória da mídia. Dizia-se que Collor fora eleito pela televisão. Quem viveu aquela época deve lembrar da campanha montada pela maior rede televisiva que incluía a imagem favorecida de Collor diariamente no vídeo, criando-se do nada, um ícone e fabricando uma popularidade de cima para baixo. Ou ainda, de jogadas pérfidas como o falso ataque em Caxias do Sul (tipo, bolinha de papel jogada no Serra) o seqüestro de Abílio Diniz e as imagens dos seqüestradores com camisetas do PT e a imoral montagem sobre o último debate entre Collor e Lula no segundo turno.

O que, talvez, poucos perceberam, é que aquela não havia sido uma vitória isolada. Mais do que isso, aquela eleição forjada com a força da imagem e da palavra midiática era apenas um indício de que a ditadura, no Brasil, ainda não havia acabado, assim como, ainda não acabou.

Apenas saímos de uma Ditadura explicita para uma implícita.

A mídia brasileira, a poderosa, a que domina o mercado quase de forma monopolista, hoje se percebe, governa o Brasil. A mesma mídia que apoiou o golpe e a ditadura. A mesma cuja maior emissora foi fundada durante a ditadura.

Uma de suas estratégias preferidas lembra cobrança ensaiada de falta no futebol, ou a jogadinha do vôlei em que um levanta, outro distrai e um terceiro baixa o braço numa cortada fatal. É assim: a poderosa Revista levanta as acusações (provas são desnecessárias), e cria um clima de “bomba”, de grande revelação. Na Televisão rostos indignados e perplexos reproduzem “a descoberta” ampliando o clima. Usando personagens ilibados que todos os dias entram nas casas do espectador, como o casal “compenetrado” do telejornal, ou o comentarista diretor de cinema que revira os olhinhos quando fala clima teatral, eles estão acima de qualquer suspeita. Depois das fintas e negaceios, os poderosos jornais aplicam a cortada ampliando e repetindo cada “informação” e preferência trazendo “especialistas”, que, claro, dizem aquilo que eles querem que seja dito.

Está montado o circo e em pouco tempo tudo é repetido nas ruas como se fossem verdades (repito, provas são desnecessárias).
Goebels, chefe da imprensa nazista já dizia que uma mentira repetida vira uma verdade.

O Brasil é o único país do mundo governado pela mídia. Por isso mesmo, é o único país da América do Sul que tem medo de julgar os carrascos que mataram e torturaram no período ditatorial.

É o único país do mundo em que quem escreve não precisa apontar suas fontes mesmo que a “informação” implique numa acusação contra a moral de alguém.

É o único país do mundo envolto numa midiacracia. Onde qualquer proposto de estabelecer algum controle ético sobre a mídia é imediatamente rotulado de censura.

E sabe o que é o pior? Aparentemente o governo não tem força ou vontade suficiente para detê-la.

O dono de poderoso grupo, detentor da revista de maior credibilidade do país afirmou, sem meias palavras, que irá derrubar o governo Dilma
Você duvida?

Prof. Péricles

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

UM BULLING NACIONAL

As mensagens que infestam a Internet sugerindo que o ex-presidente Lula trate seu câncer pelo SUS, são reveladores e, ao mesmo tempo, preocupantes.

Não, não se engane, não é apenas uma piada como alguns, talvez com um leve traço de remorsos podem alegar.

Piadas são para fazer rir e precisam de uma porção de ficção, do tipo “nada pessoal”, ou da cumplicidade da “vítima” para ter graça. Mesmo as de humor negro.

Piadas não agridem pessoas reais que são seu alvo. É por isso que bulling, como apelidar os coleguinhas por algum destaque físico negativo, embora faça rir aos idiotas, não é uma piada.

Não. A alegação “foi uma brincadeira” não se justifica quando de uma mão só.

Também não se trata de um desejo sério e verdadeiro de debater o SUS. Isso seria válido e justo a qualquer cidadão brasileiro.

O SUS, que, aliás, não foi criado por esse governo, é uma das grandes conquistas do povo brasileiro.

O SUS substituiu o extinto INAMPS que prestava auxílio à saúde apenas dos contribuintes, e ter carteira assinada e contribuição sindical em dia, era obrigatório para ter “carteirinha”, que valia apenas por um ano e necessitava ser renovada. É um sistema que prevê o atendimento universal a todos os brasileiros.

Os Estados Unidos, por exemplo, não tem SUS e o presidente Obama que enviou pra cá uma equipe que estudou o SUS por meses, ao propor um sistema semelhante ao Congresso Nacional, sofreu uma dolorosa derrota. Os Estados Unidos, ao que tudo indica, continuaram sem SUS.

Sim, o SUS é uma realidade desde a Lei que o criou em 1992 e que simbolizou a materialização de muitos sonhos. Porém distante do ideal. Possuí inúmeras dificuldades, como remuneração de profissionais da saúde, incompetência dos gestores municipais e estaduais e naturais adaptações de toda novidade em um país imenso como o nosso.

Por exemplo, falta a prática do nosso povo que ainda pensa saúde pensando em INAMPS.

Nossa gente, acostumada com a cultura da casa grande e senzala, ainda acha que saúde é coisa dos mais ricos e que seu direito é menor. Qualquer um que já trabalhou em Posto de Saúde sabe que esses brasileiros chegam de cabeça baixa, como quem “está incomodando”.
Não entende o que seja medicina preventiva. Desconhece os caminhos do SUS, e por desconhecer, busca atalhos que geralmente levam a caminhos errados, ou simplesmente desistem.

Você que está lendo essas linhas sabia que o SUS tem um Programa chamado “Saúde da Mulher” que prevê todos os exames de rotina, inclusive o famoso pré-câncer? Você sabia que existe outro programa chamado “Saúde da Próstata” que deve ser utilizado por todos os homens de forma preventiva? Você sabia que cada município Brasileiro tem o direito e o dever de ter um conselho municipal da saúde, autônomo, independente da prefeitura para fiscalizar e propor ações da saúde? Você sabia que quando as pequenas cidades abrem concurso público para médicos, depois de, com recursos do Fundo Nacional da Saúde, criarem Unidades ou hospitais, são obrigados a cancelar os concursos por falta de interessados, já que o sindicato médico desaconselha que qualquer profissional trabalhe por menos de um determinado valor?

Você já parou pra pensar quem paga cada coquetel de medicamentos contra a AIDS, quem paga os transplantes e exames de alta complexidade?

Você sabia que quando o bicho pega e a coisa é grave (e muito cara) rico também usa o SUS já que seus planos privados se socorrem do SUS ou tiram o corpo fora?

Infelizmente não é com intenção de combater as dificuldades do SUS que essas mensagens povoam a internet.

Na verdade, esses mails e PPS apenas revelam que o ódio, o sentimento mesquinho, o desejo de ver morto, a vontade de reverter derrotas eleitorais alimentam essas “brincadeirinhas”.
Quem lança essas besteiras imagina que o SUS é o fim do mundo e queria mais que o ex-presidente fosse pra lá, pro fim do mundo.

O fascismo vive!

Isso é o que revela esse lixo eletrônico.

E o preocupante é percebermos o teor do ódio que lateja nos corações, especialmente dos preconceituosos que acham que pobre não deveria ter direito a nada.

A mesma gente cujos partidos estiveram o tempo todo no poder e nunca fizeram melhor a vida de ninguém, a não ser de suas próprias e de seus interesses.

Tudo isso, infelizmente revela que embora o país tenha progredido e já se aproxime de ser a sexta economia do mundo; embora na última década uma Argentina inteira (em termos populacionais) tenha saído da pobreza e entrado na classe média. Embora os avanços, a personalidade política dos conservadores e ultra-direitista não evoluiu um só centímetro de humanidade além da ponta de seu nariz.

Continuam os mesmos, aves de rapina montados em galhos ilusórios criados pela mídia e pelo rancor.

O que preocupa, realmente, em toda essa história macabra, é a saúde da cidadania nacional e as ameaças que pairam sobre nossa frágil democracia (se é que ela existe).

Prof. Péricles

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

ARGENTINA CONDENA SEUS MONSTROS

Semana importante não apenas para a Argentina, mas para todos os países que sofreram ditaduras militares cujos autores ainda não foram processados por seus crimes. Também para os governos democráticos, mesmo os de direita, que tiveram cidadãos sequestrados e assassinados pela última ditadura Argentina. A sinistra canalha uniformada destruiu, entre outros milhares, a vida de estrangeiros de 32 países diferentes. Desses países, alguns colaboraram com a ditadura (como o Brasil, o Chile e a Itália), mas outros moveram céu e terra para que se fizesse justiça com seus cidadãos vítimas, como a Suécia, a França e a Alemanha.

Mas também foi um dia emocionante para qualquer país civilizado. Pela terceira vez na história moderna, após Nuremberg e o julgamento dos coronéis gregos, foi realizado um processo judicial profundo, não condicionado, dentro dos mais rigorosos princípios do direito humanitário, de 18 antigos membros da última ditadura Argentina. Deles, 16 foram condenados, 12 a prisão perpétua, e outros 4 a períodos de 18, 20 e 25 anos de reclusão.

Antes do julgamento, a Argentina já tinha condenado 209 criminosos militares e cúmplices civis e eclessiais, mas isso foi conseguido pela administração Kirchner, num esforço minucioso e esforçado desde 2002. Todavia, nenhum desses processos tinha atingido tal quantidade de genocidas, e tampouco seu simbolismo era tão forte. Todos os condenados no dia 26 foram chefões da Escuela de Mecánica de la Armada (Escola de Mecânica da Marinha, ESMA), a mais emblemática instituição dos carniceiros argentinos, e o mais destrutivo dos 360 campos de extermínio que a demência assassina dos fardados, junto com seus muitos cúmplices civis, ergueram ao longo do país.

Os militares da ESMA foram acusados de oitenta e seis casos comprovados de sequestro, tortura, assassinado e desaparição, mas a dimensão de seus crimes é muito maior. Cálculos muito bem fundamentados estimam entre 4.500 e 5.600 o número total de vítimas do sinistro campo de extermínio. Seria absurdo dizer que, entre os condenados ontem, alguém não fosse cúmplice de todos esses crimes, cuja execução foi resultado de um projeto tão doentio como o que implementaram os nazistas. Se as quantidades são menores, é porque os militares argentinos não tiveram a decisão nem a capacidade dos nazistas, mas não, com certeza, porque fossem menos truculentos.

Os 12 condenados a prisão perpétua pelo Tribunal Federal 5º da Argentina são: Alfredo Astiz – “herói” das Malvinas, assassino de várias freiras, de mães de Praça de Maio e da adolescente sueca Dagmar Hagelin.
Jorge “Tigre” Acosta, célebre psicopata que obrigava suas vítimas a rezar.

E os seguintes: Ricardo Cavallo, Antonio Pernías, José Montes, Raúl Scheller, Jorge Rádice, Adolfo Donda, Alberto González, Néstor Savio e Julio César Coronel e Ernesto Weber.

Desde Nuremberg, os crimes contra a humanidade são considerados uma categoria especial, que merece critérios especiais para seu julgamento. O direito de defesa, a aplicação de normas claras, e as condenações humanitárias e não vingativas devem ser iguais para quaisquer crimes, inclusos os crimes contra a humanidade, pois estes são princípios do direito natural que, como disse no século 2º o jurista Ulpiano “valem para os homens e para todos os seres vivos”.

Mas os crimes contra a Humanidade não prescrevem, e isso ficou demonstrado no julgamento de ontem na Argentina, acontecido 35 anos após os fatos. O direito humanitário é contrário à prisão perpétua, e erradica-la é fundamental, mas a condenação a prisão perpétua de autores de crimes contra a humanidade não é, como torpemente pretendem os bajuladores das casernas, um ato de vingança.

Por outro lado, sabemos que esses homens tem uma probabilidade quase zero de se recuperar, pois, nos 26 anos de investigação sobre o caso Argentina, nunca se viu algum militar e policial que estivesse arrependido das torturas e assassinatos cometidos.

Vários deles, em julgamentos anteriores, choraram no tribunal, mas não por motivos nobres. Um velho general, que se movimentava em cadeira de rodas, olhou os juízes e a audiência e disse:

-Eu me arrependo... de não ter podido matar mais, de não ter matado todos vocês. Em vez de 30 mil deveriam ter sido 3 milhões...

Carlos A. Lungarzo

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

NOTA POLÍTICA DO PCB - DIGA COM QUEM ANDAS...

O programa institucional do PC do B, exibido na televisão na última quinta-feira, revela sem disfarce seu reformismo e oportunismo, além de sua falta de escrúpulos. Assistimos uma grosseira falsificação da história.

Se nosso Partido fosse legalista, poderíamos reclamar no Procon, no TSE, na justiça comum, contra a tentativa de seqüestro da história do PCB: propaganda enganosa, falsidade ideológica, estelionato político, apropriação indébita.

Num roteiro de farsa, o PcdoB, que em 2012 comemorará 50 anos anunciou que completará 90, apropriando-se, de forma oportunista, de uma história que sempre repudiou e negou, sobretudo a ligação do PCB com o Partido Comunista da União Soviética, com o Movimento Comunista Internacional e inclusive com a Revolução Cubana, da qual esses dissidentes foram ferrenhos opositores.

(...) Para falsificar a história, exibiram como membros do Pc do B camaradas que morreram antes da criação deste partido e outros que, na cisão de 1962, notoriamente ficaram com a maioria, permanecendo no PCB.

(...) No conteúdo político do programa o reformismo aparece com toda a sua expressão. Em 2011, exibem um programa eleitoral voltado para as eleições de 2012! Como todos os partidos da ordem, passam os anos ímpares se preparando para as eleições dos anos pares!
(...) Em 10 minutos de programa, não houve menção alguma ao imperialismo e ao capitalismo. Parece que, para esse partido, nem o imperialismo está inventando guerras contra os povos nem os trabalhadores do mundo estão lutando contra as retiradas de seus direitos, em meio à crise sistêmica do capitalismo.

(...) Jovens, certamente aspirantes a vereador, aparecem no programa se dizendo socialistas (não comunistas) e explicam o que significa ser socialista. Segundo eles, ser socialista “é fazer as cidades mais justas”, “é ser ético sempre”, ”é tratar as pessoas com dignidade”, “é ser responsável com o dinheiro público”.

(...) Aliás, por falar em dinheiro público, o PCB, na crítica política e ideológica que faz ao PcdoB, não centrará suas divergências nas recentes denúncias contra o Ministro dos Esportes. Ficamos com o benefício da dúvida, aguardando os desdobramentos do caso e a apuração das denúncias, pela CGU, MPF, Polícia Federal, Procuradoria Geral da República, STF(...).

(...) A luta do PCB contra a corrupção é aberta e radical, no sentido de ir às raízes do problema. É parte da luta contra o capitalismo. Dizemos claramente que a corrupção é inerente ao capitalismo, é sistêmica. De alguma forma, mais ou menos ”esperta”, é usada por todos os partidos que apostam e jogam no cassino da democracia burguesa, onde a concorrência depende de financiamentos privados e caixas dois.

(...) Esperamos que um partido intitulado comunista não caia na vala comum dos partidos burgueses, abatido por aqueles que querem o Ministério dos Esportes não para acabar com a promiscuidade, mas para administrá-la. Ou o PcdoB se depura e corrige seu rumo ou que mude de nome, o que seria uma atitude de respeito aos verdadeiros comunistas.

(...) O desgaste provocado pela degeneração do PC do B tem sido muito grande para a luta dos comunistas e outros revolucionários, permitindo à mídia hegemônica criar uma imagem de que todos são “farinha do mesmo saco”, inclusive os comunistas.

O PCB não pode e não deve abrir mão de se diferenciar dos reformistas e oportunistas, para que os trabalhadores não os confundam com o nosso Partido. Não podemos deixar de zelar pela memória de todos nossos camaradas que honraram o PCB , muitos pagando com a própria vida, e por uma história de 90 anos de luta, heróica, cheia de erros e acertos, de vitórias e derrotas, de perseguições e acusações de toda sorte, mas sempre de mãos limpas.


VIVA OS 90 ANOS DO PCB!
PCB – Partido Comunista Brasileiro
Comitê Central
25 de outubro de 2011

Para ler na íntegra acesse www.pcb.org.br

PCB ou PC do B?

O Partido Comunista Brasileiro (PCB) foi fundado em plena República Velha, em 1922.

Naquele momento histórico de euforia pela revolução bolchevique na Rússia (1917), predominava a idéia da internacionalização do comunismo, já que todos os trabalhadores do mundo deveriam se unir para enfrentar as contradições do capitalismo e realizar a revolução comunista internacional.

Entretanto, temos no Brasil dois Partidos Comunistas. Por que isso acontece? Qual a diferença entre ambos? Há diferença?

A divergência começou após a morte de Stalin em 1953. Seu sucessor, Nikita Krushev liderou, em 1956, o XX Congresso do PCUS (Partido Comunista da União Soviética) o qual acorreram partidos Comunistas de todas as nacionalidades. Nesse Congresso os crimes de Stálin foram, pela primeira vez, denunciados (pelo próprio Kreshev), assim como os descaminhos do partido que havia se afastado da ideologia e adotado um verdadeiro culto à personalidade de Stalin (coisa tristemente comum aos ditadores).

Das várias alterações emanadas daquele congresso estavam uma revisão de estratégias que afetavam a todos os comunistas militantes e simpatizantes, bem como seus respectivos partidos.

No Brasil essas mudanças foram discutidas no V Congresso do Partido. Foi então que um grupo de militantes, minoria no Congresso brasileiro, não aceitou suas deliberações inspiradas naquele XX Congresso do PCUS e liderado por João Amazonas abandonou o partido, fundando um novo PC e readotando o nome PC do B.

Portando o PCB foi fundado em 1922 (fará 90 anos ano que vem) e o PC do B foi fundado em 1962 (fará 50 anos ano que vem).

Luis Carlos Prestes, Olga Benário, são figuras ligadas ao PCB e não ao PC do B.

Desde que se afastou do PCB o PC do B foi cada vez mais se afastando da URSS.

Adotou a visão da revolução que começa no campo e tomava as cidades, valorizando a guerrilha rural como forma de luta.

Ligou-se inicialmente a China reconhecendo seu líder Mao Tse Tung como o grande timoneiro. Depois o timão passou para Enver Hoxha, líder da pequena Albânia.

O PC do B era a favor da luta armada contra a ditadura militar e organizou uma das mais belas páginas de resistência, a Guerrilha do Araguaia. O PCB era contra a luta armada e pregava a luta política para desgastar a ditadura e liderar a volta à democracia, mas nem por isso foi menos torturado e massacrado. Vide a “Operação Radar”.

O PC do B sempre criticou a expansão da revolução cubana, liderada por Ernesto Tche Guevara, esse sim, um mito do PCB.

Após a reabertura política essas diferenças se acentuaram mais.

Enquanto o PCB manteve sua visão estratégica original de denúncia e enfrentamento do imperialismo e do capitalismo, o PC do B adotou novas idéias de chegada ao poder através de alianças e de compromissos cada vez mais estranhos.

Infelizmente o PC do B hoje, é muito mais parecido com outro partido oficialista do que com um partido verdadeiramente comunista.

Enquanto o PC do B “ficou grandinho” tendo inclusive ministério no governo do PT (embora já tenha feito alianças aqui no RS até com o PDT de Alceu Colares), o PCB continua pequeno, mas na mesma trilha e na mesma esperança que embalou corações idealistas do passado. Talvez lhe falte as fortes lideranças mortas em combate.

Nos dias atuais, quando a mídia oficial aproveita os escândalos para dizer que todos os que chegam ao poder são corruptos e busca fazer crer que todo comunista é farinha do mesmo saco, é mais importante do que nunca, ratificar claramente essas diferenças para as novas gerações.

Prof. Péricles

domingo, 23 de outubro de 2011

A ELEGÂNCIA DA OTAN

Segundo Yahoo - Notícias o alto comissariado da ONU pediu uma investigação completa sobre a morte de Kadafi e a possibilidade de que o ditador tenha sofrido uma execução sumária.

Segundo Mohamed Sayeh, autoridade de alto escalão do CNT (a turma da transição até cair na real), o corpo de Kadafi continua em Misrata, para onde foi levado após sua morte, e será enterrado seguindo a tradição muçulmana, seu corpo será lavado e tratado com dignidade.

“Espero que ele seja enterrado em um cemitério muçulmano dentro de 24 horas” acrescentou.

Qualquer um que assistiu ao vídeo exibido no mundo todo via internet, sabe muito bem, o que aconteceu e como Kadafi foi morto.

Mas, é digno de nota e emoção o respeito que a ONU tem pela vida.

Que comportamento maravilhoso! Como são éticos os ocidentais!

Nós, os mocinhos vencemos mais uma, e aquele bandido desalmado do Kadafi teve o desplante de morrer só de sacanagem.

“Deve ser mais um truque desses muçulmanos sujos Bill”.

Só não entendi por que a ONU “pediu” uma investigação...

Desde quando a OTAN/ONU/Estados Unidos, tem que pedir algo?

Será que entre um míssel e outro eles pedem licença?
“Foi mal aí criançada, quem manda vocês brincarem onde caem nossas bombas?”

É por isso que eu digo, gente educada e elegante essa aí: mata, incendeia, inutiliza, tortura, destrói, mas tudo com educação e fino trato.

Coisas de civilizados, com certeza.

Nada de novo pra quem já jogou duas bombas nucleares em cidades repletas de habitantes, matando, só na explosão 180 mil pessoas.

E a Síria, que se ligue, mas isso deve ser só para o ano que vem, quando outro lote de armas caríssimas ameaçar ultrapassar a data de validade.

Prof. Péricles