Na semana da criança, nada mais procedente do que refletir um pouco sobre o que já foi feito e o que se deve fazer em relação aos nossos pequenos.
A história de nossas crianças, reflete a nossa própria história de cidadania.
Até bem pouco tempo existiam no brasil “dois tipos de crianças”.
Os filhos dos ricos, considerados verdadeiramente crianças, e os filhos dos pobres, vistos como pequenos marginais em formação.
A esse segundo grupo as políticas públicas sempre se preocuparam com a prevenção contra o crime, com a punibilidade, onde os orfanatos viraram confortáveis soluções.
Durante o século XVI crianças e adolescentes abandonadas e marginalizadas, em Portugal, são trazidas para o Brasil para colaborar na aproximação com os índios e na catequese.
Mesmo na Europa, nessa época, criança era vista como mini-adulto e adolescência era uma coisa que simplesmente “não existia”.
No século XVIII surgem as primeiras escolas no Brasil. Praticamente todas administradas pelos padres jesuítas e vistas como espaço de disciplina, voltadas diretamente às crianças da elite.
Também no século XVIII surgem as “Rodas dos Expostos”, instrumento em que as mães depositavam seus filhos e faziam girar, como uma roda, fazendo que os pequenos ficassem para o lado dentro dos muros que cercavam alguma instituição (geralmente hospitais). Em seguida batiam num sino que serviam como alerta e desapareciam para sempre, enquanto alguma irmã de caridade recolhia o pequeno abandonado.
No século XIX, a partir de 1886 e da Lei Visconde do Rio Branco, multiplica-se o número de crianças abandonadas pelas ruas do país, fruto da “bondosa” Lei, também chamada de Lei do Ventre Livre, que torna livre os filhos, e apenas os filhos, não os pais, de escravos a partir dos sete anos de idade.
Já no século XX, em 1924, é criado o Tribunal de Menores, uma estrutura Jurídica muito mais preocupada com a punição às infrações cometidas por jovens, do que qualquer outra coisa.
Em 1927 é promulgado o primeiro Código de menores, conhecido como Código Mello Mattos, como um prolongamento do Tribunal de Menores.
A Era Vargas (1930-1945) trouxe algumas mudanças como, a criação do Ministério da Educação e da obrigatoriedade do Ensino Fundamental.
Mas, as mudanças realmente significativas surgem no final da década de 40, com a Declaração Universal dos Direitos Humanos, promulgada pela ONU e a criação do Fundo das Naçoes Unidas para a Infância (UNICEF).
Em 1950 a UNICEF se instala no Brasil, no estado da Paraíba, trazendo programas de proteção à saúde da criança e da gestante. Uma absoluta novidade em nossas terras.
Em 1959 é aprovada pela Assembléia Geral da ONU a Declaração Universal dos Direitos da Criança.
O mundo, e o Brasil, começavam a mudar seus olhar e a descobrir a criança e o adolescente.
domingo, 16 de outubro de 2011
quinta-feira, 13 de outubro de 2011
STEVE JOBS - MENSAGEM
"Lembrar que logo eu vou estar morto é a ferramenta mais importante que eu já encontrei para me ajudar a fazer as grandes escolhas na vida.
Porque quase tudo, toda a expectativa exterior, todo o orgulho, todo o medo de dificuldades ou falhas, essas coisas simplesmente somem em face da morte deixando apenas o que é realmente importante.
Lembrar que você vai morrer é a melhor maneira que eu conheço para evitar a armadilha de achar que você tem algo a perder.
Você já está nu. Não há razão para não seguir o seu coração.
Seu tempo é limitado, então não gaste vivendo a vida de outra pessoa.Não caia no dogma que é viver com o resultado do pensamento de outra pessoa.
Não deixe o ruído da opinião alheia sufocar a sua voz interior e mais importante tenha coragem de seguir seu coração e sua intuição, eles de alguma forma já sabem o que você realmente quer se tornar. TUDO MAIS É SECUNDÁRIO.”
Steve Jobs
(parte do discurso na formatura da turma da universidade de Stanford, em 2005, pouco após a descoberta do seu cancer no pâncreas)
Porque quase tudo, toda a expectativa exterior, todo o orgulho, todo o medo de dificuldades ou falhas, essas coisas simplesmente somem em face da morte deixando apenas o que é realmente importante.
Lembrar que você vai morrer é a melhor maneira que eu conheço para evitar a armadilha de achar que você tem algo a perder.
Você já está nu. Não há razão para não seguir o seu coração.
Seu tempo é limitado, então não gaste vivendo a vida de outra pessoa.Não caia no dogma que é viver com o resultado do pensamento de outra pessoa.
Não deixe o ruído da opinião alheia sufocar a sua voz interior e mais importante tenha coragem de seguir seu coração e sua intuição, eles de alguma forma já sabem o que você realmente quer se tornar. TUDO MAIS É SECUNDÁRIO.”
Steve Jobs
(parte do discurso na formatura da turma da universidade de Stanford, em 2005, pouco após a descoberta do seu cancer no pâncreas)
quarta-feira, 12 de outubro de 2011
VITIMAS DA DITADURA 03: ITAIR VELOSO O TERROR É GELADO
Itair José Veloso, afrodescendete nasceu na pequena cidade mineira de Faria Lemos, bem na divisa tríplice com o Rio de Janeiro e Espírito Santo. Trabalhou como montador de calçados e apontador de obras, profissão esta em que se tornaria importante sindicalista.
Seu engajamento político remonta a 1953, período em que passou a integrar a Juventude do Partido Comunista. Em 1961, foi eleito para a direção do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil de Niterói e Nova Iguaçu, alçando em seguida o posto de secretário-geral da Federação dos Trabalhadores da Construção Civil.
Durante o governo João Goulart, Itair chegou a liderar uma delegação sindical brasileira que viajou para um encontro internacional de sindicalistas em Moscou.
Era casado com Ivanilda da Silva Veloso, com quem teve quatro filhas. Após abril de 1964, Itair sofreu perseguições e teve sua residência invadida pelo DOPS de Niterói, que, não o encontrando, saquearam o domicílio.
Passou a ser processado pela Justiça Militar, o que o obrigou à militância política clandestina.
O pouco que se sabe a respeito de seu desaparecimento, aos 45 anos, é que, no dia 25/05/1975, às 7h30min, ele saiu de casa para encontrar companheiros do PCB e disse à sua mulher que voltaria ao meio-dia, para ir ao médico com ela. Desde então está desaparecido.
Em entrevista à revista Veja, em 18/11/1992, o sargento Marival Chaves, testemunhou que pelo menos oito integrantes do PCB tiveram seus corpos atirados nas águas do Rio Novo, em Avaré, São Paulo. Marival disse também que Itair foi preso por agentes do DOI-CODI/SP, no Rio de Janeiro, durante a Operação Radar, acusado de integrar o Comitê Central do PCB. Na entrevista a Veja, o sargento Marival também afirma que Itair morreu de choque térmico, sob tortura, imerso em água gelada, numa casa de Itapevi, na Grande São Paulo. Seu corpo sem vida teria sido jogado da ponte, nas imediações de Avaré, a 260 quilômetros de São Paulo.
Na revista, as palavras textuais do ex-agente do DOI-CODI/SP foram:
“O corpo de Itair José Veloso também foi jogado da ponte. Ele foi preso no Rio, pelo DOI de São Paulo. Era o inverno de 1975 e o que o levou à morte foi banho de água gelada. Morreu de choque térmico”.
Como no caso dos demais desaparecidos políticos, a esposa de Itair, Ivanilda Veloso sustentou uma longa peregrinação buscando denunciar a prisão de seu marido, recorrendo à CNBB, a Dom Eugênio Sales, aos advogados Modesto da Silveira e Heleno Fragoso, a todas as portas
possíveis.
O documentário Memória para uso diário, realizado por Beth Formaggini para registrar os 21 anos de atividade do Grupo Tortura Nunca Mais do Rio de Janeiro, inclui imagens sobre a saga de Ivanilda pesquisando documentos dos arquivos policiais em busca de informações, há 32 anos, sobre o marido desaparecido.
Em Belo Horizonte, existe hoje uma avenida, no Bairro das Indústrias, com o nome de Itair José Veloso, sendo que em 2004 ele foi um dos homenageados com a entrega da Medalha Tributo à Utopia, criada pela Câmara Municipal da capital mineira no ano anterior.
Adaptações do Jornal "O Berro"
Seu engajamento político remonta a 1953, período em que passou a integrar a Juventude do Partido Comunista. Em 1961, foi eleito para a direção do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil de Niterói e Nova Iguaçu, alçando em seguida o posto de secretário-geral da Federação dos Trabalhadores da Construção Civil.
Durante o governo João Goulart, Itair chegou a liderar uma delegação sindical brasileira que viajou para um encontro internacional de sindicalistas em Moscou.
Era casado com Ivanilda da Silva Veloso, com quem teve quatro filhas. Após abril de 1964, Itair sofreu perseguições e teve sua residência invadida pelo DOPS de Niterói, que, não o encontrando, saquearam o domicílio.
Passou a ser processado pela Justiça Militar, o que o obrigou à militância política clandestina.
O pouco que se sabe a respeito de seu desaparecimento, aos 45 anos, é que, no dia 25/05/1975, às 7h30min, ele saiu de casa para encontrar companheiros do PCB e disse à sua mulher que voltaria ao meio-dia, para ir ao médico com ela. Desde então está desaparecido.
Em entrevista à revista Veja, em 18/11/1992, o sargento Marival Chaves, testemunhou que pelo menos oito integrantes do PCB tiveram seus corpos atirados nas águas do Rio Novo, em Avaré, São Paulo. Marival disse também que Itair foi preso por agentes do DOI-CODI/SP, no Rio de Janeiro, durante a Operação Radar, acusado de integrar o Comitê Central do PCB. Na entrevista a Veja, o sargento Marival também afirma que Itair morreu de choque térmico, sob tortura, imerso em água gelada, numa casa de Itapevi, na Grande São Paulo. Seu corpo sem vida teria sido jogado da ponte, nas imediações de Avaré, a 260 quilômetros de São Paulo.
Na revista, as palavras textuais do ex-agente do DOI-CODI/SP foram:
“O corpo de Itair José Veloso também foi jogado da ponte. Ele foi preso no Rio, pelo DOI de São Paulo. Era o inverno de 1975 e o que o levou à morte foi banho de água gelada. Morreu de choque térmico”.
Como no caso dos demais desaparecidos políticos, a esposa de Itair, Ivanilda Veloso sustentou uma longa peregrinação buscando denunciar a prisão de seu marido, recorrendo à CNBB, a Dom Eugênio Sales, aos advogados Modesto da Silveira e Heleno Fragoso, a todas as portas
possíveis.
O documentário Memória para uso diário, realizado por Beth Formaggini para registrar os 21 anos de atividade do Grupo Tortura Nunca Mais do Rio de Janeiro, inclui imagens sobre a saga de Ivanilda pesquisando documentos dos arquivos policiais em busca de informações, há 32 anos, sobre o marido desaparecido.
Em Belo Horizonte, existe hoje uma avenida, no Bairro das Indústrias, com o nome de Itair José Veloso, sendo que em 2004 ele foi um dos homenageados com a entrega da Medalha Tributo à Utopia, criada pela Câmara Municipal da capital mineira no ano anterior.
Adaptações do Jornal "O Berro"
OPERAÇÃO RADAR
No Brasil dos negros tempos da Ditadura Militar, nem todas as organizações de resistência optaram pela luta armada. Uma dessas organizações, com largo histórico de lutas, mas que preferia a resistência política, apostando nas organizações populares acelerando o desgaste e fim natural da ditadura foi o PCB (Partido Comunista Brasileiro) carinhosamente apelidado de “Partidão”.
Na metade da década de 70, organismos que escolheram a luta armada estavam, praticamente, extintos, massacrados pelo aparato assassino da repressão. Como não participara da luta armada, o PCB estava praticamente inteiro em sua estrutura dirigente, e articulado em praticamente todo o território nacional.
Disso tinham consciência as aves de rapina do sistema, como comprova o, hoje conhecido, relatório do general Ednardo D’Avila Mello que afirma a necessidade de “passar a operar para desmantelar o PCB, conhecido também como Partidão, que pôde se fortalecer, pois, além de não se ver fustigado, conseguiu provar perante toda a esquerda do país, que a tomada do poder deveria ser feita por via pacífica’’.
A essa criminosa operação, planejada para matar os dirigentes e membros do PCB, foram dados vários nomes, sendo o mais conhecido “Operação Radar”.
Para militares como o general Ednardo, os tempos de abertura política e de retorno à normalidade democrática, se aproximavam, sendo importante, antes disso, aniquilar aquela organização de esquerda capaz de se articular e liderar as classes trabalhadoras pós ditadura.
Dirigentes do Partidão foram espionados, seqüestrados e mortos antes das prisões em massa em todo o país. Só em São Paulo foram presos no Doi-Codi 2.408 militantes da legenda até então clandestina.
A morte de Vladimir Herzog, em 25 de outubro de 1975, foi o auge de operação de ‘‘cerco e aniquilamento’’ do Partido Comunista Brasileiro (PCB), concentrada em São Paulo, mas que se estendeu a todo o país. Além do jornalista, foram mortos no Doi-Codi em São Paulo o professor Jean Leszek Dulemba, da Universidade de Campinas (Unicamp), o tenente reformado José Ferreira de Almeida, o Piracaia, em 8 de agosto, e o operário Manoel Fiel Filho, em 18 de janeiro de 1976.
No final de outubro, o general Ednardo D’Ávila Mello, que liderou a operação, em seu relatório, contabilizava resultados: 2.409 prisões efetuadas pelo Doi-Codi; 908 ,prisioneiros detidos em outros estados e encaminhados para sua jurisdição, em São Paulo. Segundo o general, a crise política provocada pela morte de Herzog, ‘‘que parecia tomar rumos imprevisíveis, de repente esvaziou’’.
A repressão ao PCB resultou na prisão de 14 membros efetivos e 16 suplentes da direção nacional, dos quais foram seqüestrados e mortos Luiz Maranhão Filho (jornalista), Walter Ribeiro (militar), Davi Capistrano (militar), Elson Costa (funcionário público), Orlando Bonfim (jornalista), João Massena Melo (metalúrgico), Jaime Miranda de Amorim (comerciário), Hiram Pereira de Lima (estivador), Itair José Veloso (carpinteiro), Nestor Veras (jornalista) e José Montenegro de Lima (estudante), encarregado da juventude comunista.
Seus corpos jamais foram encontrados.
Na metade da década de 70, organismos que escolheram a luta armada estavam, praticamente, extintos, massacrados pelo aparato assassino da repressão. Como não participara da luta armada, o PCB estava praticamente inteiro em sua estrutura dirigente, e articulado em praticamente todo o território nacional.
Disso tinham consciência as aves de rapina do sistema, como comprova o, hoje conhecido, relatório do general Ednardo D’Avila Mello que afirma a necessidade de “passar a operar para desmantelar o PCB, conhecido também como Partidão, que pôde se fortalecer, pois, além de não se ver fustigado, conseguiu provar perante toda a esquerda do país, que a tomada do poder deveria ser feita por via pacífica’’.
A essa criminosa operação, planejada para matar os dirigentes e membros do PCB, foram dados vários nomes, sendo o mais conhecido “Operação Radar”.
Para militares como o general Ednardo, os tempos de abertura política e de retorno à normalidade democrática, se aproximavam, sendo importante, antes disso, aniquilar aquela organização de esquerda capaz de se articular e liderar as classes trabalhadoras pós ditadura.
Dirigentes do Partidão foram espionados, seqüestrados e mortos antes das prisões em massa em todo o país. Só em São Paulo foram presos no Doi-Codi 2.408 militantes da legenda até então clandestina.
A morte de Vladimir Herzog, em 25 de outubro de 1975, foi o auge de operação de ‘‘cerco e aniquilamento’’ do Partido Comunista Brasileiro (PCB), concentrada em São Paulo, mas que se estendeu a todo o país. Além do jornalista, foram mortos no Doi-Codi em São Paulo o professor Jean Leszek Dulemba, da Universidade de Campinas (Unicamp), o tenente reformado José Ferreira de Almeida, o Piracaia, em 8 de agosto, e o operário Manoel Fiel Filho, em 18 de janeiro de 1976.
No final de outubro, o general Ednardo D’Ávila Mello, que liderou a operação, em seu relatório, contabilizava resultados: 2.409 prisões efetuadas pelo Doi-Codi; 908 ,prisioneiros detidos em outros estados e encaminhados para sua jurisdição, em São Paulo. Segundo o general, a crise política provocada pela morte de Herzog, ‘‘que parecia tomar rumos imprevisíveis, de repente esvaziou’’.
A repressão ao PCB resultou na prisão de 14 membros efetivos e 16 suplentes da direção nacional, dos quais foram seqüestrados e mortos Luiz Maranhão Filho (jornalista), Walter Ribeiro (militar), Davi Capistrano (militar), Elson Costa (funcionário público), Orlando Bonfim (jornalista), João Massena Melo (metalúrgico), Jaime Miranda de Amorim (comerciário), Hiram Pereira de Lima (estivador), Itair José Veloso (carpinteiro), Nestor Veras (jornalista) e José Montenegro de Lima (estudante), encarregado da juventude comunista.
Seus corpos jamais foram encontrados.
sábado, 8 de outubro de 2011
CATEGORIA DE IMBECIL POLÍTICO
A seguir temos uma interessante classificação de Imbecis políticos.
Eu ousaria somar um item ao texto abaixo:
4 - O “Simpatizante Fictício”. É aquele cara conservador que nunca votou nem jamais votará em qualquer partido de esquerda, mas que, para dar tom de veracidades aos seus desgastados argumentos, adora começar seus discursos com “eu já votei no PT”. Como o voto é secreto e nunca se poderá contestar sua afirmação e ainda, por educação, ninguém irá chama-lo de mentirosos, sente-se à vontade para vestir a capa de um “esquerdista decepcionado” e defender sua visão direitista, conservadora, preconceituosa e radical.
Leiam abaixo as definições da jornalista Cynara Menezes.
...........
Em 1996, três jornalistas, entre eles o filho do Nobel de Literatura Mario Vargas Llosa, Álvaro, lançaram com estardalhaço o “Manual do Perfeito Idiota Latino-Americano”. Com suas críticas às idéias de esquerda, o livro se tornaria uma espécie de bíblia do pensamento conservador no continente. Vivia-se o auge do deus mercado e a obra tinha como alvo o pensamento de esquerda, o protecionismo econômico e a crença no Estado como agente da justiça social. Quinze anos e duas crises econômicas mundiais depois, vemos quem de fato era o perfeito idiota.
Mas, quem diria, apesar de derrotado pela história, o Manual continua sendo não só a única referência intelectual do conservadorismo latino-americano, como gerou filhos.
No Brasil, é aquele sujeito que se sente no direito de ir contra as idéias mais progressistas e civilizadas possíveis em nome de uma pretensa independência de opinião que, no fundo, disfarça sua real ideologia e as lacunas em sua formação.
Como de fato a obra de Álvaro e companhia marcou época, até como homenagem vamos chamá-los de “perfeitos imbecis politicamente incorretos”. Eles se dividem em três grupos:
1. O pensador imbecil politicamente incorreto: ataca líderes LGBTs (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Trânsgeneros) e defende homofóbicos sob o pretexto de salvaguardar a liberdade de expressão. Ataca a política de cotas baseado na idéia que propaga de que não existe racismo no Brasil. Além disso, ações afirmativas seriam “privilégios” que não condizem com uma sociedade em que há “oportunidades iguais para todos”. Defende as posições da Igreja Católica contra a legalização do aborto e ignora as denúncias de pedofilia entre o clero. Adora chamar socialistas de “anacrônicos” e os guerrilheiros que lutaram contra a ditadura de “terroristas”, mas apóia golpes de Estado “constitucionais”. Um torturado? “Apenas um idiota que se deixou apanhar.” Foge do debate de idéias como o diabo da cruz, optando por ridicularizar os adversários com apelidos tolos. Seu mote favorito é o combate à corrupção, mas os corruptos sempre estão do lado oposto ao seu.
Prega o voto nulo para ocultar seu direitismo atávico. Em vez de se ocupar em escrever livros elogiando os próprios ídolos, prefere a fórmula dos guias que detonam os ídolos alheios –os de esquerda, claro. Sua principal característica é confundir inteligência com escrever e falar corretamente o português.
2. O comediante imbecil politicamente incorreto: sua visão de humor é a do bullying. Para ele não existe o humor físico de um Charles Chaplin ou Buster Keaton, ou o humor nonsense do Monty Python: o único humor possível é o que ri do próximo. Por “próximo”, leia-se pobres, negros, feios, gays, desdentados, gordos, deficientes mentais, tudo em nome da “liberdade de fazer rir.” Prega que não há limites para o humor, mas é uma falácia. O limite para este tipo de comediante é o bolso: só é admoestado pelos empregadores quando incomoda quem tem dinheiro e pode processá-los. Não é à toa que seus personagens sempre estão no ônibus ou no metrô, nunca num 4X4. Ri do office-boy e da doméstica, jamais do patrão. Iguala a classe política por baixo e não tem nenhum respeito pelas instituições: o Congresso? “Melhor seria atear fogo”. Diz-se defensor da democracia, mas adora repetir a “piada” de que sente saudades da ditadura. Sua principal característica é não ser engraçado.
3. O cidadão imbecil politicamente incorreto: não se sabe se é a causa ou o resultados dos dois anteriores, mas é, sem dúvida, o que dá mais tristeza entre os três. Sua visão de mundo pode ser resumida na frase “primeiro eu”. Não lhe importa a desigualdade social desde que ele esteja bem. O pobre para o cidadão imbecil é, antes de tudo, um incompetente. Portanto, que mal haveria em rir dele? Com a mulher e o negro é a mesma coisa: quem ganha menos é porque não fez por merecer. Gordos e feios, então, era melhor que nem existissem. Considera normal contar piadas racistas, principalmente diante de “amigos” negros, e fazer gozação com os subordinados, porque, afinal, é tudo brincadeira. É radicalmente contra o bolsa-família porque estimula uma “preguiça” que, segundo ele, todo pobre (sobretudo se for nordestino) possui correndo em seu sangue. Também é contrário a qualquer tipo de ação afirmativa: se a pessoa não conseguiu chegar lá, problema dela, não é ele que tem de “pagar o prejuízo”. Sua principal característica é não possuir idéias além das que propagam os “pensadores” e os comediantes imbecis politicamente incorretos.
Cynara Menezes é jornalista. Atuou no extinto "Jornal da Bahia", em Salvador, onde morava. Em 1989, de Brasília, atuava para diversos órgãos da imprensa. Morou dois anos na Espanha e outros dez em São Paulo, quando colaborou para a "Folha de S. Paulo", "Estadão", "Veja" e para a revista
"VIP". Está de volta a Brasília há dois anos e meio, de onde escreve para a CartaCapital.
Eu ousaria somar um item ao texto abaixo:
4 - O “Simpatizante Fictício”. É aquele cara conservador que nunca votou nem jamais votará em qualquer partido de esquerda, mas que, para dar tom de veracidades aos seus desgastados argumentos, adora começar seus discursos com “eu já votei no PT”. Como o voto é secreto e nunca se poderá contestar sua afirmação e ainda, por educação, ninguém irá chama-lo de mentirosos, sente-se à vontade para vestir a capa de um “esquerdista decepcionado” e defender sua visão direitista, conservadora, preconceituosa e radical.
Leiam abaixo as definições da jornalista Cynara Menezes.
...........
Em 1996, três jornalistas, entre eles o filho do Nobel de Literatura Mario Vargas Llosa, Álvaro, lançaram com estardalhaço o “Manual do Perfeito Idiota Latino-Americano”. Com suas críticas às idéias de esquerda, o livro se tornaria uma espécie de bíblia do pensamento conservador no continente. Vivia-se o auge do deus mercado e a obra tinha como alvo o pensamento de esquerda, o protecionismo econômico e a crença no Estado como agente da justiça social. Quinze anos e duas crises econômicas mundiais depois, vemos quem de fato era o perfeito idiota.
Mas, quem diria, apesar de derrotado pela história, o Manual continua sendo não só a única referência intelectual do conservadorismo latino-americano, como gerou filhos.
No Brasil, é aquele sujeito que se sente no direito de ir contra as idéias mais progressistas e civilizadas possíveis em nome de uma pretensa independência de opinião que, no fundo, disfarça sua real ideologia e as lacunas em sua formação.
Como de fato a obra de Álvaro e companhia marcou época, até como homenagem vamos chamá-los de “perfeitos imbecis politicamente incorretos”. Eles se dividem em três grupos:
1. O pensador imbecil politicamente incorreto: ataca líderes LGBTs (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Trânsgeneros) e defende homofóbicos sob o pretexto de salvaguardar a liberdade de expressão. Ataca a política de cotas baseado na idéia que propaga de que não existe racismo no Brasil. Além disso, ações afirmativas seriam “privilégios” que não condizem com uma sociedade em que há “oportunidades iguais para todos”. Defende as posições da Igreja Católica contra a legalização do aborto e ignora as denúncias de pedofilia entre o clero. Adora chamar socialistas de “anacrônicos” e os guerrilheiros que lutaram contra a ditadura de “terroristas”, mas apóia golpes de Estado “constitucionais”. Um torturado? “Apenas um idiota que se deixou apanhar.” Foge do debate de idéias como o diabo da cruz, optando por ridicularizar os adversários com apelidos tolos. Seu mote favorito é o combate à corrupção, mas os corruptos sempre estão do lado oposto ao seu.
Prega o voto nulo para ocultar seu direitismo atávico. Em vez de se ocupar em escrever livros elogiando os próprios ídolos, prefere a fórmula dos guias que detonam os ídolos alheios –os de esquerda, claro. Sua principal característica é confundir inteligência com escrever e falar corretamente o português.
2. O comediante imbecil politicamente incorreto: sua visão de humor é a do bullying. Para ele não existe o humor físico de um Charles Chaplin ou Buster Keaton, ou o humor nonsense do Monty Python: o único humor possível é o que ri do próximo. Por “próximo”, leia-se pobres, negros, feios, gays, desdentados, gordos, deficientes mentais, tudo em nome da “liberdade de fazer rir.” Prega que não há limites para o humor, mas é uma falácia. O limite para este tipo de comediante é o bolso: só é admoestado pelos empregadores quando incomoda quem tem dinheiro e pode processá-los. Não é à toa que seus personagens sempre estão no ônibus ou no metrô, nunca num 4X4. Ri do office-boy e da doméstica, jamais do patrão. Iguala a classe política por baixo e não tem nenhum respeito pelas instituições: o Congresso? “Melhor seria atear fogo”. Diz-se defensor da democracia, mas adora repetir a “piada” de que sente saudades da ditadura. Sua principal característica é não ser engraçado.
3. O cidadão imbecil politicamente incorreto: não se sabe se é a causa ou o resultados dos dois anteriores, mas é, sem dúvida, o que dá mais tristeza entre os três. Sua visão de mundo pode ser resumida na frase “primeiro eu”. Não lhe importa a desigualdade social desde que ele esteja bem. O pobre para o cidadão imbecil é, antes de tudo, um incompetente. Portanto, que mal haveria em rir dele? Com a mulher e o negro é a mesma coisa: quem ganha menos é porque não fez por merecer. Gordos e feios, então, era melhor que nem existissem. Considera normal contar piadas racistas, principalmente diante de “amigos” negros, e fazer gozação com os subordinados, porque, afinal, é tudo brincadeira. É radicalmente contra o bolsa-família porque estimula uma “preguiça” que, segundo ele, todo pobre (sobretudo se for nordestino) possui correndo em seu sangue. Também é contrário a qualquer tipo de ação afirmativa: se a pessoa não conseguiu chegar lá, problema dela, não é ele que tem de “pagar o prejuízo”. Sua principal característica é não possuir idéias além das que propagam os “pensadores” e os comediantes imbecis politicamente incorretos.
Cynara Menezes é jornalista. Atuou no extinto "Jornal da Bahia", em Salvador, onde morava. Em 1989, de Brasília, atuava para diversos órgãos da imprensa. Morou dois anos na Espanha e outros dez em São Paulo, quando colaborou para a "Folha de S. Paulo", "Estadão", "Veja" e para a revista
"VIP". Está de volta a Brasília há dois anos e meio, de onde escreve para a CartaCapital.
segunda-feira, 3 de outubro de 2011
DROGAS SINTÉTICAS E MERCADOS
Cudidado com o consumo de inibidores de apetite, rebites e pílulas para tudo (dormir,manter-se acordado, etc). Você pode estar alimentando, sem saber, uma dolorosa disputa de mercado.
As drogas sintéticas superaram a cocaína e a heroína e passaram a ocupar o segundo lugar na lista de droga mais consumidas no mundo, atrás apenas da maconha, anuncia a Organização as Nações Unidas contra as Drogas e o Crime (ONUDC) em seu relatório anual.
"O mercado das ATS evoluiu de uma indústria de fabricação doméstica em pequena escala para um mercado do tipo cocaína e heroína, com um nível mais forte de integração e com grupos do crime organizado envolvidos ao longo da cadeia de produção e de distribuição", explicou o diretor executivo da ONUDC, Yuri Fedotov.
O relatório ressalta que as ATS são fáceis de produzir e precisam de um investimento relativamente pequeno, com um grande rendimento, ao contrário das drogas a base de plantas, como a cocaína e os opiáceos.
Na Ásia sul-oriental, a região mais afetada pelas anfetaminas, o número de pílulas de ATS confiscadas passou de 32 milhões em 2008 a 93 milhões em 2009 e alcançou 133 milhões ano passado.
Na América Latina e África Ocidental foram registrados recentemente as primeiras descobertas de laboratórios de ATS.
O relatório também aponta a emergência de novos componentes sintéticos não regulados, imitando os efeitos das substâncias ilícitas e que escapam do controle das leis internacionais.
"Muito perigosas e, no entanto, ainda consideradas legais em muitos países, estas drogas são facilmente encontradas pela internet", afirma ONUDC.
As drogas sintéticas superaram a cocaína e a heroína e passaram a ocupar o segundo lugar na lista de droga mais consumidas no mundo, atrás apenas da maconha, anuncia a Organização as Nações Unidas contra as Drogas e o Crime (ONUDC) em seu relatório anual.
"O mercado das ATS evoluiu de uma indústria de fabricação doméstica em pequena escala para um mercado do tipo cocaína e heroína, com um nível mais forte de integração e com grupos do crime organizado envolvidos ao longo da cadeia de produção e de distribuição", explicou o diretor executivo da ONUDC, Yuri Fedotov.
O relatório ressalta que as ATS são fáceis de produzir e precisam de um investimento relativamente pequeno, com um grande rendimento, ao contrário das drogas a base de plantas, como a cocaína e os opiáceos.
Na Ásia sul-oriental, a região mais afetada pelas anfetaminas, o número de pílulas de ATS confiscadas passou de 32 milhões em 2008 a 93 milhões em 2009 e alcançou 133 milhões ano passado.
Na América Latina e África Ocidental foram registrados recentemente as primeiras descobertas de laboratórios de ATS.
O relatório também aponta a emergência de novos componentes sintéticos não regulados, imitando os efeitos das substâncias ilícitas e que escapam do controle das leis internacionais.
"Muito perigosas e, no entanto, ainda consideradas legais em muitos países, estas drogas são facilmente encontradas pela internet", afirma ONUDC.
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