domingo, 30 de abril de 2017
OUSANDO MAIS DEMOCRACIA
Por Eugênio José Guilherme de Aragão
O "depoimento" de Emílio Odebrecht é nauseabundo. Merece as aspas, pois mais parece um monólogo em conversa de botequim. A narrativa vem recheada de suposições e visões pessoais, particulares, miúdas. Confirma os estereótipos sobre a política nacional como negócio imundo.
Inevitável é a comparação com a ira ensaiada do discurso de Roberto Jefferson da tribuna da Câmara, que abriu o escândalo do chamado "mensalão". A diferença está no estilo. Enquanto o burguesão Odebrecht se dá ao luxo de olhar com desprezo arrogante para a inhaca em que seu grupo se meteu, o canastrão Roberto Jefferson deblatera com oratória digna advogado de num júri de arrabalde. Já a semelhança está na atitude e no objetivo político. Ambos não estão "arrependidos", de suas confissões. Querem criar uma comoção social para desviar a atenção da gravidade dos seus malfeitos.
É tudo farinha do mesmo saco. Jefferson e Odebrecht são delinquentes que se gabam da sua "coragem". Querem passar de gatunos a heróis, às custas da estabilidade política e econômica do país e com a preciosa ajuda da mídia comercial. Esta perdoa a gatunagem ao gatuno delator do inimigo político. Festeja-o como se mocinho fosse, permitindo-lhe posar e esbanjar deboche e cinismo na cara da platéia idiotizada.
Quando a infração à norma vira regra, é preciso avaliar se não há algo de errado com ela, porque nesse contexto a infração se sobrepõe à norma, ao aparentemente correto, talvez não tão correto assim.
Para começar, seja qual for a atitude do observador político, de dar ou não crédito ao deboche cínico de Odebrecht, tal atitude deverá ser uniforme diante dos malfeitos de gregos e troianos. Não dá para considerar, de antemão, 100% verdadeiras as afirmações sobre uns e 100% erradas as sobre outros, conforme a simpatia política. As circunstâncias e personalidades envolvidas sugerem ser mais fácil achar que a turba em volta de Temer esteja enterrada até o pescoço na lama do que acreditar no locupletamento pessoal de Lula.
Quem conhece a turba, sabe do que seus são capazes.
Quem armou um golpe contra a democracia e dele se beneficiou tem menos credibilidade do que quem honrou a soberania popular, fortaleceu no seu mandato os órgãos da persecução penal, dinamizou a economia brasileira e praticou uma política externa "ativa e altiva" e deu ao Brasil uma visibilidade internacional que ele nunca antes tivera.
Mas isso não faz a delação de Odebrecht parecer mais ou menos crível. Sua mácula está no método da sua extração ou extorsão, já que seu autor não parece minimamente arrependido para fazê-la de livre e espontânea vontade.
Emílio Odebrecht delatou por temer não só a violência processual contra si e seu filho, mas também o desmoronamento do seu império empresarial. Por isso, tomou uma decisão estratégica que implica entrega tática de informações selecionadas e com endereço conhecido. Isso nada tem a ver com a verdade toda que se quer colocada a nu.
Para o Ministério Público, esse defeito – estético apenas, não processual – parece irrelevante. Tornou pública a delação, assumindo dolosamente o risco da turbulência política que causaria. Mais importante e igualmente dolosa foi a intenção de salvar a própria pele. Tamanha foi a escala de informações, que estas não poderiam ficar em segredo por muito tempo. Pior ainda teria sido o vazamento seletivo, a sepultar de vez a credibilidade da instituição. Importou agora fingir a isenção que o Ministério Público não mostrara antes. Tal atitude revela mais desespero do que um esforço de transparência.
Na operação "Lava Jato", a violência processual e o desrespeito aos direitos fundamentais dos investigados e dos acusados são rotina, a começar pela presunção de inocência, esfolada com a exibição pública de presos e conduzidos.
Escutas e outras provas sensíveis tem sido escancaradas à curiosidade coletiva, para destruir reputações perante a sociedade. Tudo foi feito num timing para causar o máximo de impacto político.
Juiz e procuradores anunciaram sem qualquer pejo que o apoio da opinião pública era fundamental para o sucesso de sua missão, como se estivessem à cata de uma legitimidade que só o voto pode dar. Paralelamente lançaram anteprojeto corporativo de lei, disfarçado de iniciativa popular, para alavancar seus poderes.
Questionados sobre os abusos cometidos, reagiram e reagem sempre com histeria e histrionismo, acusando os críticos de querer inviabilizar seu "combate à corrupção".
Nesse clima de conflagração, a delação, menos do que um prêmio, é uma proteção mínima contra a continuidade do linchamento público. Quem a faz não tem convicção de nada, a não ser da necessidade de se preservar.
É importante que a sociedade tenha clareza sobre o que está acontecendo no Brasil, para não se deixar enganar pela balbúrdia decorrente do trato midiático de indícios processuais de pouco valor. Sempre é bom lembrar que no Estado de Direito é melhor absolver um culpado pela imprestabilidade da prova do que condenar um inocente: In dubio pro reo.
O verdadeiro desafio para a democracia brasileira, neste momento, não está no noticiário da delação de Emilio Odebrecht, mas na forma como lidaremos com a própria delação. Os inimigos da democracia são os que, tendo se omitido diante do golpe, destroem de forma irresponsável o país, vendendo moralismo barato em troca de reconhecimento público.
Diante de corruptos não cabe ser tolerante, mas depois de produzida a prova prestável e rejeitada a prova imprestável, sem qualquer parti pris e sem qualquer esforço de fortalecimento corporativo.
É fundamental, também, distinguir entre o que é genuíno desvio de recursos públicos e locupletamento ilícito do que é admitido e tolerado na prática dos embates eleitorais. A criminalização da política não revigora o regime democrático, antes o debilita. Se tais práticas são agora percebidas como inaceitáveis, deverão ser mudadas daqui para frente, por meio de ampla reforma política, que conte com a participação da sociedade e seja feita por quem tenha condições políticas de fazê-la.
Não esqueçamos, porém, que essa reforma é tão importante como a reforma do Estado, que restitua os poderes em seu leito normal, impeça o uso de atribuições funcionais para o reforço de pretensões corporativas e devolva a credibilidade e autoridade às instituições.
Só assim sairemos da crise em que nos encontramos, limpando a mancha do golpe e – para citar o famoso lema de Willy Brandt na campanha eleitoral de 1969, da qual ele saiu como chefe de governo da República Federal da Alemanha – “ousando mais democracia”.
Eugênio José Guilherme de Aragão jurista, membro do Ministério Público Federal desde 1987, foi último Ministro da Justiça de Dilma Rousseff em 2016
sábado, 29 de abril de 2017
DESCOBRIMENTO, ACHAMENTO OU CULPA DO LULA?
Nesse mês de abril, em comemoração aos 517 anos de chegada de Cabral ao Brasil, o Blog apresenta as três versões para o fato, até hoje, um dos mais polêmicos de nossa história.
Versão 01: Uma poderosa esquadra é enviada para a rota já conhecida do contorno da África em direção ao oriente. Além da tripulação envolvendo 13 navios, sendo um de apoio levando água e mantimentos, a expedição era composta por militares, comerciantes e padres para dar início ao ambicioso plano de estabelecer negócios e estruturar monopólio na região produtora das especiarias. Durante a viagem, para evitar área de calmarias, o comandante Pedro Álvares Cabral determina um desvio para o oeste e durante a operação é surpreendido por uma tempestade. Resultado – a enorme expedição chega por acaso ao Brasil em 22 de abril de 1500. Um descobrimento norteado por amplas coincidências felizes.
Essa é a versão oficial, reproduzida nos livros de história até metade do século passado.
Versão 02: Em um acordo assinado por Portugal e Espanha em 1494, ficou acertado que toda a terra que viesse a ser descoberta à leste de uma linha imaginária traçada a 370 léguas a oeste da ilha de Santo Antão no arquipélago de Cabo Verde, seriam de Portugal, independente de quem chegasse ali primeiro. Portanto, mesmo antes de Cabral, o Brasil já seria de Portugal. Acontece que um ano antes do Tratado de Tordesilhas, houve uma proposta para estabelecer a mesma linha imaginária a 100 léguas de Cabo Verde (Bula Intercoetera), coisa que Portugal não aceitou exigindo empurrar essa linha imaginária mais para o oeste. Havia, portanto, o receio que a Espanha se sentisse ludibriada e a descoberta de terras naquelas longitudes provocassem um conflito entre ambas as nações. Dessa forma, o descobrimento do Brasil sem querer foi uma fraude e o que houve foi um “achamento” meramente oficial de algo que Portugal já sabia existir.
Essa é a versão mais considerada atualmente, de acordo com os poucos documentos possíveis, como o Diário de Bordo da expedição e pela lógica.
Versão 03: Essa versão da direita enviada ao Congresso através de MP afirma que o fidalgo decadente, mas adorado pela classe média, Pedro Álvares Cabral teve seu sublime trabalho patriótico sabotado por marinheiros petralhas ligados à CUT, que organizaram uma greve ilegal durante a expedição para sabotar os desejos de estabelecimento de monopólios e imperialismos, coisa que, todos sabem, a esquerda é profundamente contra. Por isso, os navios deram uma guinada para a esquerda (do ponto de vista de quem está olhando o mapa de cima) chegando acidentalmente ao Brasil em 1500. Como é de hábito dos esquerdistas, estes iniciaram a organização sindical dos índios. Além disso um ancestral de Lula defendeu a delimitação das terras indígenas, o que atrasou o progresso, fazendo com que a colonização propriamente dita começasse apenas 30 anos depois, com a chegada do coxinha Martim Afonso de Sousa.
Essa é a versão da Globo, Fiesp e defensores dos bons costumes e do ódio às esquerdas.
E você, caro leitor, qual versão prefere?
Prof. Péricles
sexta-feira, 28 de abril de 2017
VOCÊ TAMBÉM ESCREVE A HISTÓRIA
A greve geral, deflagrada no dia de hoje, é legítima e justa.
Também pode-se dizer que é tardia.
Tanta água já passou por essa ponte sem nenhuma reação das forças progressistas que, tem-se a impressão que estavam reféns de alguma letargia provocada pela descrença em si mesma.
Patos amarelos da Fiesp, bonecos agressivos ao ex-presidente e a presidente, campanhas difamatórias e provocativas sem resposta à altura talvez se explique pela falta de jeito da esquerda em estar no poder.
A greve, sempre foi vista como um instrumento válido da classe trabalhadora manifestar sua inconformidade e apresentar suas reivindicações.
No Brasil e no mundo sempre foi temida pelas classes dirigentes, especialmente a do tipo “Greve Geral”.
Na França, Inglaterra, Alemanha, Rússia, já mudou a história política dessas nações e de seus povos.
No Brasil ela estava desaparecida desde a chegada do PT ao poder em 2003, e manteve-se desaparecida em todo o episódio golpista que depôs a presidenta Dilma Rousseff.
Sim, houve aqui e acolá algumas manifestações de rua, principalmente os que diziam que não haveria golpe e haveria luta, mas greve no sentido real da palavra não.
A de hoje nos traz algum alento.
Vale o “antes tarde do que nunca”.
Uma das coisas mais engraçadas de se ver ou melhor, ouvir, é a reação da imprensa conservadora.
Por uma questão de imagem eles são obrigados a reconhecer nos microfones a legitimidade da greve como um instrumento que faz parte do jogo democrático.
Mas, por outro lado, é evidente o ranço contra o movimento, tanto que a cobertura dos fatos se restringe aos problemas de circulação, ônibus parados, metrô, etc. destacando que muitos trabalhadores estão parados porque não puderam chegar ao trabalho.
No Brasil ela estava desaparecida desde a chegada do PT ao poder em 2003, e manteve-se desaparecida em todo o episódio golpista que depôs a presidenta Dilma Rousseff.
Sim, houve aqui e acolá algumas manifestações de rua, principalmente os que diziam que não haveria golpe e haveria luta, mas greve no sentido real da palavra não.
A de hoje nos traz algum alento.
Vale o “antes tarde do que nunca”.
Uma das coisas mais engraçadas de se ver ou melhor, ouvir, é a reação da imprensa conservadora.
Por uma questão de imagem eles são obrigados a reconhecer nos microfones a legitimidade da greve como um instrumento que faz parte do jogo democrático.
Mas, por outro lado, é evidente o ranço contra o movimento, tanto que a cobertura dos fatos se restringe aos problemas de circulação, ônibus parados, metrô, etc. destacando que muitos trabalhadores estão parados porque não puderam chegar ao trabalho.
É uma forma evidente de diminuir o fato político.
O foco só muda quando ocorre algum episódio de violência quando então a postura é mostrar o ato sempre como vandalismo dos manifestantes.
O direito de ir e vir é sempre destacado, como se nosso povo pobre pudesse mesmo ir e vir quando e onde quisesse.
O foco só muda quando ocorre algum episódio de violência quando então a postura é mostrar o ato sempre como vandalismo dos manifestantes.
O direito de ir e vir é sempre destacado, como se nosso povo pobre pudesse mesmo ir e vir quando e onde quisesse.
Na verdade,o direito de ir e vir explorado pela imprensa está ligado à obrigação do trabalho e da produtividade. Não é, verdadeiramente uma preocupação com um direito democrático.
Mas e quanto à violência?
Óbvio que toda violência é lamentável, mas, é inegável que é uma ´possibilidade que o trabalhador e manifestante devem entender como possível.
Quem só participa de um movimento paradista se tiver garantias de que não haverá violência não entendeu direito do que está fazendo parte.
A violência policial no brasil é bem conhecida, e ânimos exaltados de quem luta por seus direitos algo que pode ser considerado normal.
A greve é bem-vinda, e você que participou dela entenda que isso também é participar da história. Sua consciência deve estar em paz com suas obrigações de cidadania e com o que poderá dizer aos netos um dia.
Espera-se que os congressistas sejam sensíveis às manifestações e cumpram seu papel de representantes da vontade do povo quando votarem os projetos polêmicos que ameaçam direitos conquistados e garantias do povo brasileiro.
Mas e quanto à violência?
Óbvio que toda violência é lamentável, mas, é inegável que é uma ´possibilidade que o trabalhador e manifestante devem entender como possível.
Quem só participa de um movimento paradista se tiver garantias de que não haverá violência não entendeu direito do que está fazendo parte.
A violência policial no brasil é bem conhecida, e ânimos exaltados de quem luta por seus direitos algo que pode ser considerado normal.
A greve é bem-vinda, e você que participou dela entenda que isso também é participar da história. Sua consciência deve estar em paz com suas obrigações de cidadania e com o que poderá dizer aos netos um dia.
Espera-se que os congressistas sejam sensíveis às manifestações e cumpram seu papel de representantes da vontade do povo quando votarem os projetos polêmicos que ameaçam direitos conquistados e garantias do povo brasileiro.
Prof. Péricles
sábado, 22 de abril de 2017
EVOÉ DIONÍSIO
Nesses tempos vividos, tempos de surpresas e decepções, me pego às vezes pensando que a vilania e a mentira podem mais que as verdades.
E quando o desânimo estampa sua cara feia sobre as mais belas esperanças pareço ouvir a voz de Zeus gritando a Dionísio “Evoé, coragem meu filho”.
Dionísio era uma divindade que tinha tudo para ser rebelde e belicosa.
Sua mãe, a mortal Sêmele, morreu incinerada quando estava no sexto mês de gravidez e ele só não sucumbiu também porque seu pai, Zeus, terminou a gestação colocando as cinzas do feto na própria perna divina.
Passou toda a infância vivendo como um louco, errante, perseguido pelo ciúme diabólico de Hera, a terrível mulher de Zeus.
Mesmo quando recuperou a lucidez, já adulto, Dionísio continuou perseguido por inimigos declarados e secretos, mas venceu a todos usando a música e a alegria em vez das armas do ódio.
Dionísio descobriu como extrair o vinho da uva, foi o deus dos ébrios e dos ensandecidos.
Sempre esteve ligado aos excessos, especialmente os excessos da paixão humana pelo sexo e pela bebida.
Um bebum divino.
Entre os romanos era conhecido como Baco e os bacanais, festas regadas a muito vinho e muito sexo eram inspiradas por ele e realizadas em sua homenagem.
Nesses tempos confusos em que pobres manifestam um conservadorismo capaz de fazer corar até os mais abastados do país, talvez, apenas Dionísio para nos fazer reagir com a paz ao incompreensível.
Entre os romanos era conhecido como Baco e os bacanais, festas regadas a muito vinho e muito sexo eram inspiradas por ele e realizadas em sua homenagem.
Nesses tempos confusos em que pobres manifestam um conservadorismo capaz de fazer corar até os mais abastados do país, talvez, apenas Dionísio para nos fazer reagir com a paz ao incompreensível.
A doce loucura dos incompreendidos e dos que dançam músicas mudas aos ouvidos deve ser a trilha sonora desse drama vergonhoso em que o país está sendo loteado em fatias e vendido diante da pasmaceira geral de seu povo.
Quando não se vê um só dos milhões de beneficiados pelos programas sociais rugindo revoltas contra o fim desses mesmos programas, só com muita loucura permissiva e embriaguez para não ficar realmente louco.
Apenas Dionísio é capaz de compreender a embriaguez do intelecto e a vitória da insensatez.
Evoé Dionísio.
Quando não se vê um só dos milhões de beneficiados pelos programas sociais rugindo revoltas contra o fim desses mesmos programas, só com muita loucura permissiva e embriaguez para não ficar realmente louco.
Apenas Dionísio é capaz de compreender a embriaguez do intelecto e a vitória da insensatez.
Evoé Dionísio.
Que os tambores falem mais alto do que as calúnias.
Prof. Péricles
Prof. Péricles
quinta-feira, 20 de abril de 2017
O FIM DE UM CASAMENTO DE CONVENIÊNCIA
Londres iniciou no dia 05 desse mês o processo de ruptura com a União Europeia que colocará fim a mais de quatro décadas de um casamento dominado pelas questões econômicas.
"Desde 1973, foi uma relação utilitarista com o foco voltado para a dimensão econômica", disse Pauline Schnapper, professora de estudos da civilização britânica na Universidade de Sorbonne de Paris. "A dimensão sentimental foi quase inexistente", acrescentou, em declarações à AFP.
"Foi uma relação transacional", estimou, na mesma linha, Anand Menon, professor britânico de política europeia do King's College de Londres. "Consequentemente, o divórcio é bastante lógico".
O Reino Unido não quis se somar inicialmente ao projeto europeu, concebido após a Segunda Guerra Mundial em um espírito de reconciliação.
"Não nos sentíamos vulneráveis o bastante para nos somarmos", resumiu Menon. No fim, os britânicos ganharam a guerra, e se sentiam fortes com sua relação especial com os Estados Unidos e com o que restava de seu império.
Isso não significa que se opusessem ao projeto, lembrou John Springford, diretor de pesquisas do Centro para a Reforma Europeia, de Londres. Como prova disso há o discurso que Winston Churchill pronunciou em 1946, em Zurique, convocando a criação dos "Estados Unidos da Europa".
No início de 1960, a situação mudou: o crescimento econômico britânico estava abaixo do registrado por seus vizinhos franceses e alemães e o mercado comum se tornou mais atrativo.
Mas a adesão do Reino Unido não foi fácil. Sua primeira candidatura, em 1961, se deparou com o veto do presidente francês Charles de Gaulle, que via nos britânicos um Cavalo de Troia americano e questionava seu espírito europeu.
Depois de outro veto de De Gaulle, em 1967, o Reino Unido finalmente entrou na Comunidade Econômica Europeia em 1973. No entanto, a entrada coincidiu com o impacto da primeira crise do petróleo, e o impulso econômico esperado não ocorreu.
Em 1975, apenas dois anos depois de sua entrada, os britânicos celebraram o primeiro referendo sobre a Comunidade Econômica Europeia, no qual a permanência se impôs com um apoio de 67%.
Este resultado não acabou com as reticências, e é difícil lembrar algum político britânico que tenha defendido entusiasticamente os benefícios da adesão, além, talvez, de Tony Blair.
"Entrar tarde reforçou a sensação de mal-estar (...) de que havíamos nos unido a um clube moldado por outros", explicou Menon.
A primeira crise não demorou a aparecer. Em 1979, Londres se negou a participar do sistema monetário europeu em nome da soberania nacional e monetária.
E também se opôs a qualquer iniciativa para fortalecer a integração política, reforçando a impressão de que Londres tinha um pé dentro e um pé fora. Em 1985, também se negou a participar de Schengen – desaparecimento dos controles fronteiriços – e em 1993 do euro.
As reticências se cristalizaram no discurso de Margaret Thatcher de 1988 no qual ela rejeitou a ideia "de um superestado europeu".
Quatro anos antes, a líder conservadora havia obtido finalmente uma diminuição da contribuição britânica ao orçamento da UE ao famoso grito de "Devolvam meu dinheiro".
A desconfiança em relação a Bruxelas se acentuou em meados dos anos 90, com a criação do Ukip, o Partido para a Independência do Reino Unido, que defendia a saída da UE.
Seu êxito eleitoral, particularmente nas eleições europeias de 2014, levou o Partido Conservador, que já tinha seu próprio setor eurocético, a endurecer seu discurso.
A crise na Eurozona e a imigração europeia – que contribuiu para o crescimento do Reino Unido, lembrou Schnapper – radicalizaram o debate, levando o primeiro-ministro, David Cameron, a convocar o referendo de 23 de junho de 2016 que colocou o último prego no caixão de uma relação de conveniência.
Por Ouerdya Ait Abdelmalek
A primeira crise não demorou a aparecer. Em 1979, Londres se negou a participar do sistema monetário europeu em nome da soberania nacional e monetária.
E também se opôs a qualquer iniciativa para fortalecer a integração política, reforçando a impressão de que Londres tinha um pé dentro e um pé fora. Em 1985, também se negou a participar de Schengen – desaparecimento dos controles fronteiriços – e em 1993 do euro.
As reticências se cristalizaram no discurso de Margaret Thatcher de 1988 no qual ela rejeitou a ideia "de um superestado europeu".
Quatro anos antes, a líder conservadora havia obtido finalmente uma diminuição da contribuição britânica ao orçamento da UE ao famoso grito de "Devolvam meu dinheiro".
A desconfiança em relação a Bruxelas se acentuou em meados dos anos 90, com a criação do Ukip, o Partido para a Independência do Reino Unido, que defendia a saída da UE.
Seu êxito eleitoral, particularmente nas eleições europeias de 2014, levou o Partido Conservador, que já tinha seu próprio setor eurocético, a endurecer seu discurso.
A crise na Eurozona e a imigração europeia – que contribuiu para o crescimento do Reino Unido, lembrou Schnapper – radicalizaram o debate, levando o primeiro-ministro, David Cameron, a convocar o referendo de 23 de junho de 2016 que colocou o último prego no caixão de uma relação de conveniência.
Por Ouerdya Ait Abdelmalek
terça-feira, 18 de abril de 2017
NOTÍCIAS DE FIM DE SEMANA
Confesso que estou bastante confuso.
Dizem que os Estados Unidos detonaram no Afeganistão a “mãe de todas as bombas”, mas, bomba tem mãe? Deve ser uma peste intragável.
Além disso, todo mundo sabe que a mãe de todas as bombas é atuante no Brasil. Isso mesmo, made in Brasil, nada de Estados Unidos.
A MOAB dos americanos pode até arrasar alguns quarteirões, mas a nossa “Terceirização do Trabalho” arrasa é vidas e para sempre.
Se a bomba americana significa o fim do sossego do Estado islâmico, a Terceirização será o fim dos direitos dos trabalhadores brasileiros, duramente conquistados, sob sangue suor e lágrimas de muitos outros brasileiros.
Os americanos alegam que pouparam o mundo da explosão de uma bomba nuclear e por isso a Mãe de todas as bombas até representa boa vontade da parte deles.
Acredito, mas, por outro lado, aqui também está se evitando detonar a bomba máxima que é o fim da aposentadoria.
Se uma bomba atômica yanke pode representar a volta para os tempos das cavernas aqui a reforma da previdência pode significar a volta para a senzala de milhões de brasileiros.
O brasileiro mais consciente deve estar se sentindo como um passageiro de avião que está sendo derrubado deliberadamente por outros passageiros. Eles vão se espatifar e se dar mal, mas, caramba, todos que estão lá dentro também.
Isso tudo é uma grande loucura. Devo estar bebendo demais e tendo pesadelos.
Daqui a pouco o relógio vai berrar e eu vou despertar num Brasil governado pela Dilma. Um país referência internacional e respeitado por todos.
O golpe, o fim dos direitos e da dignidade foi só um sonho ruim.
Existem coisas que nos fazem sentir menores, ou menos humanos.
Nesse sábado (15/04), milhares de pessoas, homens, mulheres e crianças, acotovelavam-se numa área próxima de Aleppo, a segunda maior cidade da Síria. Elas esperavam o cumprimento de um acordo entre rebeldes e governo que, prometia retira-las da zona de conflito, levando-as para uma área mais distante e segura.
No meio da tarde um ônibus chegou ao local e estacionou próximo a um grupo maior de crianças, que, como é comum entre as crianças, estavam juntas ensaiando brincadeiras.
O ônibus, atraiu a atenção ainda mais quando comida, é, comida passou a ser vista pelas janelas atraindo os famintos como só os famintos conseguem entender.
Por volta das 15:30 hs. do horário local, quando já era grande o círculo de curiosos olhando para o interior do veículo, ele explodiu.
Após o barulho medonho, era possível ver um rastro de sangue e de corpos disformes.
A explosão matou pelo menos 126 pessoas, sendo, no mínimo, 68 crianças, segundo a correspondente da BBC no Oriente Médio.
Para a estatística do horror, são apenas mais alguns números. Parece que o mundo embruteceu de tal forma que não há mais sensibilidade em relação a essa gente massacrada por uma guerra que, antes mesmo de começar, já prometia ser cruel e prolongada.
Atrair crianças famintas com comida para depois mata-las em quantidade...
Coisas assim nos fazem sentir vergonha de ser humano.
Você não acha?
Prof. Péricles
Coisas assim nos fazem sentir vergonha de ser humano.
Você não acha?
Prof. Péricles
domingo, 16 de abril de 2017
ENTRE GOLPES E VOTOS
A última semana foi turbulenta para a política sul-americana. Num curto espaço de três dias assistimos manifestantes atearem fogo contra o Congresso paraguaio, o Congresso ser fechado na Venezuela e a oposição, derrotada no Equador, exigir recontagem de votos com a abertura de um terceiro turno eleitoral.
Infelizmente, esses não são casos isolados na América Latina, não são raios em dia de céu azul.
A mais recente onda de intervenções contra a soberania eleitoral na América Latina teve seu início em Honduras em 2009. Na ocasião, setores militares aliados ao poder judiciário não apenas destituíram o presidente legitimamente eleito do país, Manuel Zelaya. Como também o expulsaram do país. A Assembléia Geral das Nações Unidas, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos e a Organização dos Estados Americanos foram algumas das organizações internacionais que condenaram o golpe no país.
Em 2012 foi a vez do Paraguai passar por adversidades contra sua soberania eleitoral. Em um processo de impeachment que durou pouco mais de 24 horas. O presidente legítimo do país, Fernando Lugo, foi destituído.
O golpe foi considerado uma manobra de seu vice-presidente, Federico Franco, do Partido Liberal, que assumiu o país após a queda de Lugo, com apoio do conservador Partido Colorado. No caso paraguaio, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos, o Mercosul e a Unasul condenaram a destituição de Lugo como ato arbitrário que não seguiu o devido processo legal e o amplo direito de defesa.
No Brasil, foi em 2016 que a soberania eleitoral foi desrespeitada com o impeachment considerado ilegal de Dilma Rousseff.
A mais recente onda de intervenções contra a soberania eleitoral na América Latina teve seu início em Honduras em 2009. Na ocasião, setores militares aliados ao poder judiciário não apenas destituíram o presidente legitimamente eleito do país, Manuel Zelaya. Como também o expulsaram do país. A Assembléia Geral das Nações Unidas, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos e a Organização dos Estados Americanos foram algumas das organizações internacionais que condenaram o golpe no país.
Em 2012 foi a vez do Paraguai passar por adversidades contra sua soberania eleitoral. Em um processo de impeachment que durou pouco mais de 24 horas. O presidente legítimo do país, Fernando Lugo, foi destituído.
O golpe foi considerado uma manobra de seu vice-presidente, Federico Franco, do Partido Liberal, que assumiu o país após a queda de Lugo, com apoio do conservador Partido Colorado. No caso paraguaio, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos, o Mercosul e a Unasul condenaram a destituição de Lugo como ato arbitrário que não seguiu o devido processo legal e o amplo direito de defesa.
No Brasil, foi em 2016 que a soberania eleitoral foi desrespeitada com o impeachment considerado ilegal de Dilma Rousseff.
Assim como no Paraguai, também no Brasil a conspiração contra a presidenta legitimamente eleita partiu de uma aliança entre o principal partido de oposição, o PSDB, e o vice-presidente da república, Michel Temer.
A queda de Dilma teve início em 2014 quando o candidato presidencial do PSDB que foi derrotado, Aécio Neves, deu início a um terceiro turno eleitoral ao não reconhecer o resultado da eleição. No ano seguinte, o PSDB conseguiu o apoio do PMDB, partido do vice-presidente da república, para pedir a saída de Dilma. Em 2016 alcançaram seu objetivo, que foi considerado ilegal pelo secretário-geral da Organização dos Estados Americanos.
Na Venezuela, país que há algum tempo vive uma instabilidade política e institucional, os três poderes não se entendem.
A queda de Dilma teve início em 2014 quando o candidato presidencial do PSDB que foi derrotado, Aécio Neves, deu início a um terceiro turno eleitoral ao não reconhecer o resultado da eleição. No ano seguinte, o PSDB conseguiu o apoio do PMDB, partido do vice-presidente da república, para pedir a saída de Dilma. Em 2016 alcançaram seu objetivo, que foi considerado ilegal pelo secretário-geral da Organização dos Estados Americanos.
Na Venezuela, país que há algum tempo vive uma instabilidade política e institucional, os três poderes não se entendem.
O Judiciário exige que o Congresso não dê posse a alguns deputados. Mas o Congresso não respeita a decisão do Judiciário. Na queda de braço entre poderes, na última quarta-feira, falou mais alto o Judiciário, aliado ao poder Executivo de Nicolas Maduro. Como consequência, o Congresso foi fechado. Independentemente de quem esteja certo, o fato é que, na briga entre os poderes, quem perdeu foi a soberania eleitoral.
No Paraguai, a confusão foi tão séria quanto na Venezuela. O Partido Colorado, do atual presidente Horacio Cartes, costurou uma aliança com a Frente Guasu, do ex-presidente Fernando Lugo, para aprovar uma emenda constitucional que permita a reeleição no país. Por óbvio, a medida interessa tanto para Lugo quanto para Cartes. Quem não gostou foi o Partido Liberal do candidato de centro-direita, Efraín Alegre.
Mas a insatisfação não ficou apenas nos debates do parlamento. Militantes de seu partido simplesmente invadiram e atearam fogo ao Congresso em um completo desrespeito ao poder legislativo. Para piorar a situação, durante a confusão a polícia assassinou a principal liderança da juventude do Partido Liberal. O clima, portanto, não está nada tranquilo no país.
Já no Equador, o candidato do atual presidente Rafael Correa, Lenin Moreno, da Aliança País, venceu a eleição presidencial no último domingo contra o banqueiro Guillermo Lasso. Mas, assim como ocorreu no Brasil em 2014, o candidato derrotado exigiu a recontagem dos votos, dando início a um terceiro turno eleitoral no país.
Ainda que a recontagem mantenha Moreno como presidente do país, o fato é que há um clima pesado de polarização política no Equador, não apenas por Moreno ter vencido por uma margem apertada de 51% dos votos, mas também por sua base de apoio legislativo ter sido reduzida consideravelmente. Se Corrêa contava com 100 votos no Congresso contra 37 da oposição, agora Moreno terá somente 74 deputados contra 63 da oposição.
A próxima batalha eleitoral na América Latina será em Honduras, em novembro, onde Xiomara Castro, esposa do ex-presidente Manuel Zelaya, será candidata contra aqueles que lhe usurparam o poder.
Que o eleitorado tenha liberdade para eleger seus representantes e que estes permaneçam no cargo até que novas eleições ocorram é o mínimo que se espera de uma democracia liberal. Infelizmente, grandes interesses econômicos parecem não concordar com esse princípio na América Latina. Uma pena.
Por Theófilo Rodrigues, professor substituto do Departamento de Ciência Política da UFRJ, Mestre em ciência política pela UFF e doutor em ciências sociais pela PUC-Rio.
No Paraguai, a confusão foi tão séria quanto na Venezuela. O Partido Colorado, do atual presidente Horacio Cartes, costurou uma aliança com a Frente Guasu, do ex-presidente Fernando Lugo, para aprovar uma emenda constitucional que permita a reeleição no país. Por óbvio, a medida interessa tanto para Lugo quanto para Cartes. Quem não gostou foi o Partido Liberal do candidato de centro-direita, Efraín Alegre.
Mas a insatisfação não ficou apenas nos debates do parlamento. Militantes de seu partido simplesmente invadiram e atearam fogo ao Congresso em um completo desrespeito ao poder legislativo. Para piorar a situação, durante a confusão a polícia assassinou a principal liderança da juventude do Partido Liberal. O clima, portanto, não está nada tranquilo no país.
Já no Equador, o candidato do atual presidente Rafael Correa, Lenin Moreno, da Aliança País, venceu a eleição presidencial no último domingo contra o banqueiro Guillermo Lasso. Mas, assim como ocorreu no Brasil em 2014, o candidato derrotado exigiu a recontagem dos votos, dando início a um terceiro turno eleitoral no país.
Ainda que a recontagem mantenha Moreno como presidente do país, o fato é que há um clima pesado de polarização política no Equador, não apenas por Moreno ter vencido por uma margem apertada de 51% dos votos, mas também por sua base de apoio legislativo ter sido reduzida consideravelmente. Se Corrêa contava com 100 votos no Congresso contra 37 da oposição, agora Moreno terá somente 74 deputados contra 63 da oposição.
A próxima batalha eleitoral na América Latina será em Honduras, em novembro, onde Xiomara Castro, esposa do ex-presidente Manuel Zelaya, será candidata contra aqueles que lhe usurparam o poder.
Que o eleitorado tenha liberdade para eleger seus representantes e que estes permaneçam no cargo até que novas eleições ocorram é o mínimo que se espera de uma democracia liberal. Infelizmente, grandes interesses econômicos parecem não concordar com esse princípio na América Latina. Uma pena.
Por Theófilo Rodrigues, professor substituto do Departamento de Ciência Política da UFRJ, Mestre em ciência política pela UFF e doutor em ciências sociais pela PUC-Rio.
sábado, 15 de abril de 2017
A LÓGICA DOS PREDADORES
O modo de vida capitalista trouxe ao mundo a idéia de que a competição entre as pessoas é tão natural como a competição entre animais irracionais que lutam pela sobrevivência no espaço natural.
Na natureza existem predadores e presas e é extremamente justo que o mais fraco sucumba diante da força do mais e forte e, por isso, prolifere em muito maior quantidade para fornecer alimento (sua prole) aos predadores mantendo-se o equilíbrio entre as espécies.
Já nas sociedades humanas, para o capitalismo, também existem a caça e o caçador, onde a competição também é necessária para manter o equilíbrio da própria existência da ordem econômica.
Mais ou menos como se a burguesia fosse leões (predadores) e a classe trabalhadora fossem zebras ou búfalos (presas), e a classe média as hienas que ficam com os restos dos alimentos dos leões e se julgam grandes caçadores como os próprios.
O governo é o órgão central que mantém o funcionamento dessa lógica entre os mais capazes e ricos e os menos capazes e pobres, que, aliás, devem proliferar numa quantidade maior para consumir e fornecer mão-de-obra barata necessária.
Toda espécie de reivindicação e movimento social das massas de presas, na ótica dos predadores e de seus governos, é uma ameaça ao controle social sobre o qual toda a sociedade se equilibra.
Quando uma “caça” atinge o órgão central de controle (o governo) é visto como uma agressão, um inconveniente à lógica que deve ser superado.
Como diria Maquiavel, as classes dominantes podem usar todos os recursos, morais e imorais, legais ou ilegais, pacíficos ou de força, para manter o poder pois, manter o poder entre os poderosos predadores é a única forma de manter a ordem social e sem ela haveria o caos e o fim do próprio Estado.
Lula e o PT são odiados por representarem essa inversão dessa lógica perversa onde o governo deve ser exercido pelos poderosos e para os poderosos.
Respeitando-se as diferenças históricas do tempo, é a mesma lógica que manteve os privilégios das sociedades escravagistas e feudais.
O grande problema é que, enquanto a lei da selva não é questionada pelas presas, as Leis humanas quando confrontadas com a justiça real, torna-se uma arma contra a manutenção do esquema de opressão.
E quando a ordem democracia permite partidos de esquerda chegarem ao poder, é necessário inverter a Lei, burla-la ou modifica-la. Ou seja, praticar golpes e exercer o golpismo.
Foi assim com Getúlio Vargas em 1954, João Goulart em 1964 e Dilma Roussef em 2016.
Perder o poder é também perder dinheiro e isso justifica todo o ódio ao pensamento da esquerda e seus militantes. É que esse grupo da fauna com os avanços de um governo de caçados traz à floresta a ideia de que, unidos, é possível viver sem ser destruído pelos predadores, como mostra a foto.
E isso, para a ordem burguesa, é o pecado supremo que não pode ser admitido.
Prof. Péricles
Toda espécie de reivindicação e movimento social das massas de presas, na ótica dos predadores e de seus governos, é uma ameaça ao controle social sobre o qual toda a sociedade se equilibra.
Quando uma “caça” atinge o órgão central de controle (o governo) é visto como uma agressão, um inconveniente à lógica que deve ser superado.
Como diria Maquiavel, as classes dominantes podem usar todos os recursos, morais e imorais, legais ou ilegais, pacíficos ou de força, para manter o poder pois, manter o poder entre os poderosos predadores é a única forma de manter a ordem social e sem ela haveria o caos e o fim do próprio Estado.
Lula e o PT são odiados por representarem essa inversão dessa lógica perversa onde o governo deve ser exercido pelos poderosos e para os poderosos.
Respeitando-se as diferenças históricas do tempo, é a mesma lógica que manteve os privilégios das sociedades escravagistas e feudais.
O grande problema é que, enquanto a lei da selva não é questionada pelas presas, as Leis humanas quando confrontadas com a justiça real, torna-se uma arma contra a manutenção do esquema de opressão.
E quando a ordem democracia permite partidos de esquerda chegarem ao poder, é necessário inverter a Lei, burla-la ou modifica-la. Ou seja, praticar golpes e exercer o golpismo.
Foi assim com Getúlio Vargas em 1954, João Goulart em 1964 e Dilma Roussef em 2016.
Perder o poder é também perder dinheiro e isso justifica todo o ódio ao pensamento da esquerda e seus militantes. É que esse grupo da fauna com os avanços de um governo de caçados traz à floresta a ideia de que, unidos, é possível viver sem ser destruído pelos predadores, como mostra a foto.
E isso, para a ordem burguesa, é o pecado supremo que não pode ser admitido.
Prof. Péricles
quarta-feira, 12 de abril de 2017
CONFIRMADO, HITLER REENCARNOU NO RIO
Está confirmado : Hitler rencarnou no Rio. Como os kardecistas sabem e nisso estão na mesma linha dos budistas, as reencarnações ocorrem para melhorar os indivíduos. Renascendo aqui, renascendo lá, as almas vão se purificando.
Mas nem sempre. Existem almas empedernidas difíceis de serem purificadas na lavagem das reencarnações sucessivas.
De acordo com os mais entendidos em reencarnações, o nosso mundo está vivendo um clima parecido com o clima dos anos 30 do século passado, porque – vejam só! – a maioria dos nazistas e fascistas mortos na Segunda Guerra já reencarnaram e são hoje pessoas adultas, muitas delas ocupando cargos políticos em diversos países. Um reencarnado geralmente não retorna ao mesmo país onde viveu.
Vocês que acompanham o noticiário brasileiros e internacional já pensaram muitas vezes que fulano e sicrano agem e falam como se fossem nazistas ou fascistas. Pois é isso mesmo. Alguns trabalhavam diretamente com Hitler outros foram condenados por crimes contra a humanidade no Tribunal de Nuremberg.
Peguem uma folha de papel e coloquem numa coluna os nomes mais notórios de criminosos nazistas e fascistas, pode juntar também figuras como o Stalin. Faça um risco vertical e na outra coluna coloque os nomes de pessoas da nossa atualidade, que imagina serem a reencarnação. Pode ser bastante instrutivo e esclarecedor esse jogo, que poderíamos chamar de Jogo das Reencarnações, para a família jogar reunida num dia de chuva.
Mas atenção, vejam primeiro com o copo – aquele copo que em torno da mesa empurramos com o dedo indicador e que dispara respondendo perguntas e às vezes até a mesa levita – se no grupo familiar não existe um desses reencarnados. Pode ser mesmo um antigo SS disfarçado.
Felizmente, a maioria desses nazisfascistas reencarnados são fáceis de se identificar porque continuam dizendo as mesmas coisas da época do Hitler e Mussolini, dentro do contexto atual. Revelam o mesmo ódio e o mesmo racismo. Pode ser no balcão de um bar, num encontro no metrô mas pode ser numa festa familiar. Depois de umas e outras, o reencarnado começa a falar mal de árabes, se for na Europa, ou de índios e negros, mesmo se para disfarçar utiliza a palavra afrodescendentes.
A mais recente suspeita é a da reencarnação do próprio Hitler sem bigodinho mas com ligeira semelhança, no Rio de Janeiro. E o disfarce usado é quase perfeito – Hitler reencarnado se faz amigo de judeus, a ponto de lhe emprestarem até uma de suas associações para fazer suas pregações. O tom da voz, se prestarem atenção nas gravações ou vídeos, é a mesma que empregava quando subia nas mesas de bares em Berlim para acusar os judeus como responsáveis pela crise da época na Alemanha. Para conquistar a simpatia da casa, o reencarnado sem querer se revelou, ao fazer comparações de pessoas com porcos.
Como vive agora no Brasil, os bodes expiatórios dos males brasileiros, alvos do seu desejo mórbido e incontido de perseguir e exterminar, são os índios e os negros. Não se sabe como fará no Brasil para isso, mas um nazista reencarnado na África do Sul, na época do apartheid, era cientista e fazia pesquisas para encontrar um vírus racista, ou seja, um vírus capaz de atacar só negros e não os brancos. Parece que foi preso ou internado, porque maldade exagerada se confunde com loucura.
Como vocês sabem, revelações de possíveis reencarnações são extremamente raras e por isso sujeitas ao mais absoluto segredo. Porém, correndo o risco de ser castigado e reencarnado em mosquito Aedes Egypti, acho que esta é a única melhor maneira de alertá-los quanto ao perigo de vocês serem enganados e fazerem parte de uma multidão parecida com a dos nazistas em Berlim, dizendo Heil Hitler.
Não posso dar o nome e sobrenome dessa perigosa figura, mas deixei umas indicações e com seus amigos vocês poderão logo colocar na coluna, diante do nome de Hitler, o nome desse reencarnado.
E como se costuma fazer numa boa rede social e correntes, não deixe de compartilhar, não é fake!
Rui Martins, jornalista, escritor, escreveu Dinheiro Sujo da Corrupção, sobre as contas suíças de Maluf, e o primeiro livro sobre Roberto Carlos, A Rebelião Romântica da Jovem Guarda, em 1966.
domingo, 9 de abril de 2017
RAUL E ANA LÚCIA
Ela era uma menina simples, de família pobre, se chamava Ana Lúcia (Analú, para os íntimos), trabalhava como balconista numa loja no centro da cidade e ganhava um salário pequeno, que mal dava para ajudar a família.
Ele era advogado, recém-formado, se chamava Raul e militava num partido de esquerda.
Ela não entendia nada de política e costumava ficar ouvindo ele se definir como um lutador pelos interesses dos mais pobres e suas definições sobre utopia, classes sociais e mais valia, coisas que ela não sabia do que se tratava, mas que ouvia com entusiasmo, já que ele falava bonito.
Ele dizia que sua luta era por ela e por outras como ela, gente simples do povo que ele tanto amava.
Certa vez Analú foi com o namorado numa reunião sindical. Sentados lado a lado ele tão educado, tão meigo provocava suspiros enquanto imaginava que jamais encontraria outro homem tão gentil e doce como ele. Um homem que a entendesse tão bem.
Então Raul foi chamado para falar no palco.
Pobre Ana Lúcia, nunca se recuperaria do trauma...
Diante da plateia seu namorado abandonou completamente os modos gentis e delicados assumindo uma postura extremamente agressiva. Gritou até ficar rouco, gesticulava como se manuseasse uma clava invisível e ofendeu um monte de gente que igualmente reagiram xingando e gesticulando.
Ao voltar ao seu lugar, ao lado dela, Raul voltou a ser o bondoso namorado de modos meigos que ela conhecia.
Naquela noite, ela não dormiu de tantos pensamentos conflitantes em sua cabeça. Qual deles afinal era seu namorado?
No outro dia, ela até questionou o porquê da transformação e ele respondeu que agia assim porque defendia suas posições políticas e o povo, que o seu sindicato deveria sempre defender o povo e impedir quaisquer distorções desse objetivo que é o que aconteceria se o grupo rival dominasse o sindicato.
Ela era povo, pensava Analú, mas preferia o Raul educado e afetuoso e não aquele estranho que ficava vermelho de tanto gritar e ofender.
Com o tempo Raul foi parecendo mais estranho à Ana Lúcia.
Buscava convencê-la do que era interessante e o que não valia nada. Do que ela deveria fazer ou menosprezar. Queria dirigir suas escolhas e quando ela não demonstrava entusiasmo a chamava de alienada e direcionada pela sociedade e pela propaganda burguesa.
Ana Lúcia cada vez mais se percebia sem vontade e não entendia como alguém que dizia amá-la era tão surdo para seus pequenos desejos a ponto de cada vez mais esconder dele as suas próprias opiniões.
Um certo dia ela percebeu que entre ela e Raul a distância só fazia aumentar.
E o namoro terminou.
A esquerda brasileira sempre teve mais intelecto do que povo e sobre o povo mais teorias do que prática.
No Brasil depois de 14 anos no poder e pós golpe talvez fosse interessante um repensar sobre suas estratégias e seu destino, mas, sem esquecer o que mesmo quer o povo que ela jura representar.
Ou Raul e Ana Lúcia continuarão distantes.
Prof. Péricles
Ele era advogado, recém-formado, se chamava Raul e militava num partido de esquerda.
Ela não entendia nada de política e costumava ficar ouvindo ele se definir como um lutador pelos interesses dos mais pobres e suas definições sobre utopia, classes sociais e mais valia, coisas que ela não sabia do que se tratava, mas que ouvia com entusiasmo, já que ele falava bonito.
Ele dizia que sua luta era por ela e por outras como ela, gente simples do povo que ele tanto amava.
Certa vez Analú foi com o namorado numa reunião sindical. Sentados lado a lado ele tão educado, tão meigo provocava suspiros enquanto imaginava que jamais encontraria outro homem tão gentil e doce como ele. Um homem que a entendesse tão bem.
Então Raul foi chamado para falar no palco.
Pobre Ana Lúcia, nunca se recuperaria do trauma...
Diante da plateia seu namorado abandonou completamente os modos gentis e delicados assumindo uma postura extremamente agressiva. Gritou até ficar rouco, gesticulava como se manuseasse uma clava invisível e ofendeu um monte de gente que igualmente reagiram xingando e gesticulando.
Ao voltar ao seu lugar, ao lado dela, Raul voltou a ser o bondoso namorado de modos meigos que ela conhecia.
Naquela noite, ela não dormiu de tantos pensamentos conflitantes em sua cabeça. Qual deles afinal era seu namorado?
No outro dia, ela até questionou o porquê da transformação e ele respondeu que agia assim porque defendia suas posições políticas e o povo, que o seu sindicato deveria sempre defender o povo e impedir quaisquer distorções desse objetivo que é o que aconteceria se o grupo rival dominasse o sindicato.
Ela era povo, pensava Analú, mas preferia o Raul educado e afetuoso e não aquele estranho que ficava vermelho de tanto gritar e ofender.
Com o tempo Raul foi parecendo mais estranho à Ana Lúcia.
Buscava convencê-la do que era interessante e o que não valia nada. Do que ela deveria fazer ou menosprezar. Queria dirigir suas escolhas e quando ela não demonstrava entusiasmo a chamava de alienada e direcionada pela sociedade e pela propaganda burguesa.
Ana Lúcia cada vez mais se percebia sem vontade e não entendia como alguém que dizia amá-la era tão surdo para seus pequenos desejos a ponto de cada vez mais esconder dele as suas próprias opiniões.
Um certo dia ela percebeu que entre ela e Raul a distância só fazia aumentar.
E o namoro terminou.
A esquerda brasileira sempre teve mais intelecto do que povo e sobre o povo mais teorias do que prática.
No Brasil depois de 14 anos no poder e pós golpe talvez fosse interessante um repensar sobre suas estratégias e seu destino, mas, sem esquecer o que mesmo quer o povo que ela jura representar.
Ou Raul e Ana Lúcia continuarão distantes.
Prof. Péricles
sexta-feira, 7 de abril de 2017
SÓ PODE SER DEBOCHE
Rede Globo...
Presença de Anitta - a garota que foi abusada na infância e depois virou uma "ninfeta safada" de 18 anos que seduz e destrói a vida um pai de família (interpretado por José Mayer).
Laços de Família - esse mesmo ator interpreta Pedro, que se envolve com várias mulheres, fazendo todas se odiarem. Uma delas é uma menor de idade, interpretada por Debora Secco, com quem ele tem relacionamentos sexuais agressivos como forma de "corretivo". Na mesma novela mãe e filha disputam o mesmo homem.
Avenida Brasil - o empresário Cadinho se envolve com três mulheres lindas, ricas e poderosas, que abrem mão do conforto e, sobretudo, da dignidade para viver com ele na pobreza mesmo depois de se descobrirem enganadas.
Ligações Perigosas - o personagem Augusto, vivido por Selton Mello, entra no quarto de Cecília, estupra a personagem, que depois se apaixona por ele;
Verdades Secretas - o milionário empresário Alex se apaixona pela personagem Angel de 16 anos, com quem vive um tórrido romance, a ponto de se casar com a mãe dela para ficar perto da moça. A trama termina com o suicídio de uma mulher e com outra se tornando homicida;
Império - O charmoso e sedutor Comendador, vivido por Alexandre Nero, casado com Marta, mantém uma mulher mais jovem que sua filha como amante. O galante morre no final, deixando as duas com nítido sentimento de viuvez;
Da cor do pecado - O título da novela faz referência à cor de sua protagonista, Taís Araújo, cujos "dotes" de sedução são associados à sua negritude.
BBB - participante Laercio confessa embebedar adolescentes para fazer sexo com elas e, em sua saída, Pedro Bial diz "venha para fora com suas Anittas e Lolitas".
Escolinha do professor Raimundo - a personagem Marina da Glória sempre responde errado às perguntas, porém com sua voz sexy e seu "jeito insinuante", acaba tirando 10.
Angélica e Xuxa - as duas apresentadoras eram, ainda menores de idade, hipersexualizadas em programas para crianças, a ponto do jornal o Estado de São Paulo dizer que Xuxa povoava os mais secretos pensamentos infantis. O mesmo jornal anunciou que a TV manchete agora poderia fazer frente à audiência de Xuxa, pois havia contratado a estonteante ninfeta Angélica, à época com 13 anos.
Somando-se a esses exemplos as incontáveis passadas de mão, beijos roubados, assédio moral e sexual em ambiente de trabalho que depois viram romance, etc, etc.
Quando a Rede Globo diz, em nota, que "repudia qualquer forma de desrespeito, violência ou preconceito"... Só pode ser deboche, não é?
A Rede Globo sempre hipersexualizou nossos corpos, ridicularizou e desprezou nossas potencialidades, romantizou abusos, violências e humilhações contra todas as mulheres, ricas e pobres, e mais violentamente ainda contra mulheres negras e atuou fortemente na naturalização da cultura do estupro, da pedofilia e da exploração sexual.
Não vamos cair nessa!
Texto de Francine Albernaz Pickersgill
quinta-feira, 6 de abril de 2017
O BRASIL E A GRANDE TRAGÉDIA
Planeta Terra, em algum momento do futuro.
Há muito o planeta já não tem vida, porém, nesse exato momento recebe a visita de uma equipe de arqueólogos espaciais, ets em busca de respostas.
Por que a vaca, ou melhor, a Terra foi pro brejo?
Quem apertou o botão? Ou o teclado?
Teria sido o lendário Trump, citado em cds primitivos como um presidente demoníaco do norte?
Livros antigos apontam que a respostas devem estar no hemisfério sul do orbe, mais precisamente num lugar outrora chamado de Brazil ou Brasil, algo assim...
As escavações começaram onde muitos acreditavam ser o local de fundação da terceira polis capital, Brasília, mas, as surpresas mesmo vieram de outro sítio arqueológico: uma tal São Paulo.
Os primeiros trabalhos revelaram restos de um grande pato. Um pato de borracha, aparentemente um deus pagão adorado por uma estranha tribo de idiotas.
Depois foram descobertas amontoados de tecidos que se revelarem camisas amarelas com um curioso símbolo esotérico com as letras “CBF”.
Qual seria a ligação? O que aquele pato de borracha e aqueles vestígios de camisetas tinham a ver com o fim da vida inteligente naquela parte do planeta?
Outras expedições continuaram incansáveis, escavando e amontoando descobertas.
Comprovou-se a existência de uma seita secreta denominada PMDB que tinha o poder das mutações, pois era encontrada em praticamente todas as formas de poder estabelecidas.
Em estranhas pinturas rupestres, conhecidas por pichações, haviam citações fascistas e adorações a lideres homofóbicos e racistas.
Antigos instrumentos, aparentemente panelas inox amassadas, também foram encontrados nos entulhos dessa civilização.
Então era isso? Mas como seria possível?
O tal Brazil, depois de um período de combate à miséria registrado em seus pergaminhos quando até as águas sagradas do São Francisco trouxeram vida ao árido nordeste havia entrado em tamanha decadência levado apenas por lideranças fascistas que usaram pato de borracha, camisetas amarelas e usando panelas como instrumentos de guerra?
Buscando datar os acontecimentos os historiadores ets admiraram-se ao descobrir que tudo havia sido contemporâneo.
O pato, as águas do rio, o combate à miséria, as marchas fascistas, as panelas, as camisetas, os idiotas, tudo junto e misturado...
Como era possível tamanha confusão?
Teria esse povo ingerido veneno tóxico? Maconha estragada? Lavagem cerebral?
E qual o papel em tudo aquilo daquele aparelhinho primitivo de transmissão de imagens que eles chamavam de televisão?
Há muito o planeta já não tem vida, porém, nesse exato momento recebe a visita de uma equipe de arqueólogos espaciais, ets em busca de respostas.
Por que a vaca, ou melhor, a Terra foi pro brejo?
Quem apertou o botão? Ou o teclado?
Teria sido o lendário Trump, citado em cds primitivos como um presidente demoníaco do norte?
Livros antigos apontam que a respostas devem estar no hemisfério sul do orbe, mais precisamente num lugar outrora chamado de Brazil ou Brasil, algo assim...
As escavações começaram onde muitos acreditavam ser o local de fundação da terceira polis capital, Brasília, mas, as surpresas mesmo vieram de outro sítio arqueológico: uma tal São Paulo.
Os primeiros trabalhos revelaram restos de um grande pato. Um pato de borracha, aparentemente um deus pagão adorado por uma estranha tribo de idiotas.
Depois foram descobertas amontoados de tecidos que se revelarem camisas amarelas com um curioso símbolo esotérico com as letras “CBF”.
Qual seria a ligação? O que aquele pato de borracha e aqueles vestígios de camisetas tinham a ver com o fim da vida inteligente naquela parte do planeta?
Outras expedições continuaram incansáveis, escavando e amontoando descobertas.
Comprovou-se a existência de uma seita secreta denominada PMDB que tinha o poder das mutações, pois era encontrada em praticamente todas as formas de poder estabelecidas.
Em estranhas pinturas rupestres, conhecidas por pichações, haviam citações fascistas e adorações a lideres homofóbicos e racistas.
Antigos instrumentos, aparentemente panelas inox amassadas, também foram encontrados nos entulhos dessa civilização.
Então era isso? Mas como seria possível?
O tal Brazil, depois de um período de combate à miséria registrado em seus pergaminhos quando até as águas sagradas do São Francisco trouxeram vida ao árido nordeste havia entrado em tamanha decadência levado apenas por lideranças fascistas que usaram pato de borracha, camisetas amarelas e usando panelas como instrumentos de guerra?
Buscando datar os acontecimentos os historiadores ets admiraram-se ao descobrir que tudo havia sido contemporâneo.
O pato, as águas do rio, o combate à miséria, as marchas fascistas, as panelas, as camisetas, os idiotas, tudo junto e misturado...
Como era possível tamanha confusão?
Teria esse povo ingerido veneno tóxico? Maconha estragada? Lavagem cerebral?
E qual o papel em tudo aquilo daquele aparelhinho primitivo de transmissão de imagens que eles chamavam de televisão?
Mistérios.
Fato é que a vida inteligente havia desaparecido mas...
Fato é que a vida inteligente havia desaparecido mas...
Será que alguém, racionalmente, conseguirá, um dia, entender o que aconteceu no Brasil?
(Continua)
Prof. Péricles
(Continua)
Prof. Péricles
terça-feira, 4 de abril de 2017
QUAL O SEU NOME?
Por Apóllo Natali
Havia expectativa quanto ao primeiro brasileirinho ou brasileirinha a nascer no terceiro milênio, e também com relação ao nome que receberia.
Seria o de algum revolucionário, como os muitos rebentos da geração 68 batizados de Ernesto em homenagem a Chê Guevara? O de um herói dos esportes, como o Romário que nos deu o tetracampeonato de futebol? Daniela, para lembrar a Mercury que canta e nos encanta?
Nada disto. A inspiração do nome da menina que nasceu à meia-noite em ponto do primeiro dia de janeiro de 2001, na cidade paulista de Sorocaba, veio do anseio dos pais de que ela alcançasse muitos triunfos na vida: Natália Vitória.
O nome é um modo de designar as pessoas. É como uma etiqueta colocada sobre nós. E é uma instituição jurídica. Muitos pais e mães, alguns irresponsáveis, outros visionários, andaram colocando nomes desmoralizantes em seus filhos.
Nada disto. A inspiração do nome da menina que nasceu à meia-noite em ponto do primeiro dia de janeiro de 2001, na cidade paulista de Sorocaba, veio do anseio dos pais de que ela alcançasse muitos triunfos na vida: Natália Vitória.
O nome é um modo de designar as pessoas. É como uma etiqueta colocada sobre nós. E é uma instituição jurídica. Muitos pais e mães, alguns irresponsáveis, outros visionários, andaram colocando nomes desmoralizantes em seus filhos.
Isto não existe mais, porque agora os nossos oficiais de registro não aceitam nomes bizarros, evitando também os homônimos (quase sempre de famosos); se os pais insistem, entregam a decisão ao juiz.
Ninguém pode impedir que os pais escolham nomes de personalidades para seus filhos, como Lincoln, Washington, Jefferson, Margareth, Edson (o da lâmpada), Roosevelt e outros.
Embora tenham se complicado os que, vivendo em países onde a esquerda não tem colher de chá, escolheram nomes incomuns como Lênin, Stalin, Trotsky, Fidel (o já citado Ernesto escapava, por já ser muito utilizado antes de certa foto correr mundo).
No tempo da segunda guerra mundial, o povo do nordeste do Brasil lia a placa da base da marinha dos Estados unidos – US Nave – e seus filhos passaram a se chamar Usnave.
Tamanha foi a pílula de westerns enfiados garganta abaixo aos cidadãos do mundo pelos Estados Unidos, que houve crianças batizadas com os nomes de Durango Kid, Jamesvest, Marlon Brando e quem procurar vai achar mais.
Eu sou Apóllo, que a partir do lançamento das naves à Lua, passou a designar tudo, desde funilarias e teatros até calcinhas. Meu pai é Cezar. Meu avô, Aníbal. Minha avó, Kzarina. Um primo, Homero. Um tio, Américo. Tias e primas têm nomes de flores: Margarida, Flora, Valquiria, Florisa, Rosa, Violeta, Jasmin. Minha irmã se chama Primavera.
No meu serviço tinha Ulysses, Narciso, Adonis, Hércules.
Quando me dizem que meu nome é o de um deus grego, o da beleza, modéstia à parte retruco que é também o nome de um inseto, apenas para ressaltar a transitoriedade das nossas vidas.
Mas há nomes que ultrapassam a imaginação.
O dono de um carro que comprei uma vez, se chamava Universo Trincado. Excelente pessoa que, certamente, não pode concordar com os juristas que dizem que o nome dá a chave da pessoa quase inteira.
No Nordeste era conhecido, há algumas décadas, o nome lança Perfume Rodo Metálico. Conhecidos foram também os nomes de Maria Tiburcina Prostituta Cataerva e Maria da Graciosa Rodela. Uma mulher morreu de parto e a criança se chamou Restos Mortais de Catarina.
Existem até colecionadores de nomes esquisitos, que falam em Cafiaspirina da Silva, Um Dois Três de Oliveira Quatro, Olindo Barba de Jesus, José Casou de Calças Curtas, Decênio Feverêncio de Oitenta e Cinco, Antonio Dodói.
Os jornais divulgaram certa vez nomes de artistas de ópera. A família era formada pela menina Traviata, os meninos Trovador e Rigoleto. E também Crepúscula dos Deuses, Produto do Amor Conjugal de Maria América e Mariano Chaves.
O ex-presidente Getúlio Vargas, católico declarado, colocou nome de protestante num de seus filhos: Lutero.
O povo já ouviu falar de gente chamada Oceano Pacífico e dos nomes literários dados aos filhos pelo então deputado Epílogo de Campos: se chamaram Prólogo, Soneto e Ementa. O que esperou fosse o último se chamou Epílogo Júnior. Mas veio mais um, menina, de nome Errata.
Jerônimo Rosado teve muitos filhos e os chamou de Um, Dois, Três, e por aí vai, só que em francês. Um deles, o vigésimo, foi o deputado Vingt Rosado. O décimo oitavo, Dix-Huit Rosado.
Um nome sempre citado pelos catedráticos de Direito em sala de aula é Himeneu Casamentício das Dores Conjugais.
E você, quem é?
Apóllo Natali foi o primeiro redator da antiga Agência Estado. Escreve atualmente para diversos sites e blogs de notícia, como o Observatório da Imprensa.
Ninguém pode impedir que os pais escolham nomes de personalidades para seus filhos, como Lincoln, Washington, Jefferson, Margareth, Edson (o da lâmpada), Roosevelt e outros.
Embora tenham se complicado os que, vivendo em países onde a esquerda não tem colher de chá, escolheram nomes incomuns como Lênin, Stalin, Trotsky, Fidel (o já citado Ernesto escapava, por já ser muito utilizado antes de certa foto correr mundo).
No tempo da segunda guerra mundial, o povo do nordeste do Brasil lia a placa da base da marinha dos Estados unidos – US Nave – e seus filhos passaram a se chamar Usnave.
Tamanha foi a pílula de westerns enfiados garganta abaixo aos cidadãos do mundo pelos Estados Unidos, que houve crianças batizadas com os nomes de Durango Kid, Jamesvest, Marlon Brando e quem procurar vai achar mais.
Eu sou Apóllo, que a partir do lançamento das naves à Lua, passou a designar tudo, desde funilarias e teatros até calcinhas. Meu pai é Cezar. Meu avô, Aníbal. Minha avó, Kzarina. Um primo, Homero. Um tio, Américo. Tias e primas têm nomes de flores: Margarida, Flora, Valquiria, Florisa, Rosa, Violeta, Jasmin. Minha irmã se chama Primavera.
No meu serviço tinha Ulysses, Narciso, Adonis, Hércules.
Quando me dizem que meu nome é o de um deus grego, o da beleza, modéstia à parte retruco que é também o nome de um inseto, apenas para ressaltar a transitoriedade das nossas vidas.
Mas há nomes que ultrapassam a imaginação.
O dono de um carro que comprei uma vez, se chamava Universo Trincado. Excelente pessoa que, certamente, não pode concordar com os juristas que dizem que o nome dá a chave da pessoa quase inteira.
No Nordeste era conhecido, há algumas décadas, o nome lança Perfume Rodo Metálico. Conhecidos foram também os nomes de Maria Tiburcina Prostituta Cataerva e Maria da Graciosa Rodela. Uma mulher morreu de parto e a criança se chamou Restos Mortais de Catarina.
Existem até colecionadores de nomes esquisitos, que falam em Cafiaspirina da Silva, Um Dois Três de Oliveira Quatro, Olindo Barba de Jesus, José Casou de Calças Curtas, Decênio Feverêncio de Oitenta e Cinco, Antonio Dodói.
Os jornais divulgaram certa vez nomes de artistas de ópera. A família era formada pela menina Traviata, os meninos Trovador e Rigoleto. E também Crepúscula dos Deuses, Produto do Amor Conjugal de Maria América e Mariano Chaves.
O ex-presidente Getúlio Vargas, católico declarado, colocou nome de protestante num de seus filhos: Lutero.
O povo já ouviu falar de gente chamada Oceano Pacífico e dos nomes literários dados aos filhos pelo então deputado Epílogo de Campos: se chamaram Prólogo, Soneto e Ementa. O que esperou fosse o último se chamou Epílogo Júnior. Mas veio mais um, menina, de nome Errata.
Jerônimo Rosado teve muitos filhos e os chamou de Um, Dois, Três, e por aí vai, só que em francês. Um deles, o vigésimo, foi o deputado Vingt Rosado. O décimo oitavo, Dix-Huit Rosado.
Um nome sempre citado pelos catedráticos de Direito em sala de aula é Himeneu Casamentício das Dores Conjugais.
E você, quem é?
Apóllo Natali foi o primeiro redator da antiga Agência Estado. Escreve atualmente para diversos sites e blogs de notícia, como o Observatório da Imprensa.
domingo, 2 de abril de 2017
COMO IDENTIFICAR UM COXINHA
ESTUDO REVELA COMO INDENTIFICAR UM PERFIL DE COXINHA NO FACE:
1) -"Não sou nem de esquerda, nem de direita, sou pelo Brasil!" - (é de direita).
2) -"Não tenho partido, meu partido é o Brasil!" - (vota no PSDB).
3) -"Quero que a corrupção seja combatida no PT, PSDB ou PQP!" - (quer que a corrupção seja combatida apenas no PT. No perfil pessoal, só tem publicações contra o PT. Contra o PSDB ou PQP, nada).
4) -"Não sou coxinha nem petralha, sou brasileiro!" - (é coxinha).
5) -"Quero meu país livre da corrupção!" - (vota em Alckmin há 15 anos).
6) -"PT gosta de sustentar vagabundo!" - (perdeu a escrava doméstica e está tendo que lavar os pratos).
7) -"Não sou PSDB, mas também não concordo com o Bolsa-Esmola do PT!" - (é fascista).
8) -"PT dá casa pra vagabundo!" - (é proprietário de várias casas para alugar).
9) -"Estou indignado com tanta corrupção!" - (segurou o cartaz 'Somos milhões de Cunhas').
10) -"Nenhum político presta!" - (é analfabeto político).
11) -"Tempos bons eram os de FHC!" - (é patrão e não paga direitos trabalhistas nem tira nota fiscal ).
12) -"Não sou de direita, mas tem que tirar essa vagabunda do poder!" - (votou em Aécio e está com o avatar de Bolsonaro na foto do perfil).
13) -"O PT não ensina a pescar e ainda rouba os rios e o anzol!" - (é fã de Lobão, assina a Veja, assiste e ri com Danilo Gentili, e publica 'pensamentos' de Arnaldo Jabor).
14) -"O PT quer parar com as investigações!" - (é burro).
15) -"Não sou de direita, mas o PT é uma quadrilha!" - (vota no PSDB desde que tirou o título).
16) -"Não bato panelas contra partido A ou B, mas contra a corrupção!" - (tem que bater uma panela de pressão na própria cabeça).
17) -"Não pude trocar meu carro, um absurdo o preço!" - (nunca passou necessidade ou se importou com quem já passou).
18) -"Não sou de direita, mas minha bandeira não vai ser vermelha! Fora Dilma, fora Lula, fora PT, fora petralhas, fora comunistas, vão embora para Cuba e deixem nosso país em paz!" - (é caso perdido, tem que ser internado).
19) -"Encher o Peito e chamar alguém de Pão com Mortadela" (Pobre SOBERBA que passava fome e melhorou de vida no governo Lula/Dilma e hoje se acha rico por que vota em Aécio que é candidato de rico).
Texto: Samantha Costa
sábado, 1 de abril de 2017
TRAUMAS, TRAUMINHAS E TRAUMÕES
Trauma é uma palavra de origem grega. Os gregos chamavam assim uma “ferida” produzida por uma ação violenta.
Freud explicou que todos nós temos muitos traumas psicológicos, ou seja, feridas psicológicas, a maioria delas produzidas quando ainda éramos crianças, e que vivemos todos por aí, dodói, tentando se libertar das dores de nossos traumas.
Existem traumas, trauminhas e traumões.
Alguns carregam sacolas deles, outros se acham libertos, mas sempre carregam algum nos bolsos.
Como todos, eu já me libertei de vários, mas adquiri outros e, com o passar do tempo, até já me acostumei com alguns.
Quer saber, não troco alguns dos meus mais antigos traumas por felicidades virtuais que pululam por aí.
Curto minha solidão que antes me massacrava. Consigo despertar com ela ao lado e até consigo rir lembrando o quanto já me foi pavorosa e hoje mais parece uma corriqueira dor de cabeça.
Entretanto, superar essas meninas exige experiência, tempo e vontade, e infelizmente, a maioria acha que nunca tem tempo para nada.
Mas, as vezes elas ganham.
As penitenciárias, por exemplo, estão lotadas de traumas.
Os hospitais também, os manicômios em especial, enquanto os cemitérios servem de depósitos silenciosos de traumas que só se foram quando os hospedeiros foram também.
Ultimamente, para minha surpresa, descobri um trauma novo.
Algo assim, totalmente inesperado.
Descobri isso casualmente, caminhando pela rua, quando cruzei com uma moça usando a camiseta da seleção brasileira.
Camiseta da seleção brasileira... aquela mesma, canarinho, de tantas e tantas alegrias no passado.
De súbito me lembrou marchas fascistas, pato amarelo, panelas inox batidas.
Descobri que estou traumatizado por um símbolo que era de alegria.
Camisa amarelinha da seleção agora, na minha mente, está associada com fim de direitos e de aposentadoria.
Um novo trauma, um trauminha, mas como dói.
Talvez doa para sempre.
Ou até a seleção passar a jogar de azul.
Prof. Péricles
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