quarta-feira, 7 de janeiro de 2015
QUANDO "NÃO SEI" É A MELHOR RESPOSTA
Por ironia da vida, embora Marx destacasse que os caminhos da história fossem dirigidos por processos de lutas sociais e não por individualidades, foram as personalidades dos protagonistas que determinaram o futuro da primeira experiência socialista da história.
Vladimir Ilitch Lênin foi o mais brilhante de uma geração de pensadores geniais. Do alto de sua sabedoria, não se limitou a aplicar as idéias de Marx, mas, foi além disso, adaptando essas idéias às especificidades russas.
Mesmo exilado, fazia oposição ao Czar, o soberano absolutista Nicolau II.
Intelectual de intensa produção literária, não acreditava estar vivendo o momento ideal para a revolução comunista. Entendia que a imensa maioria dos russos submetidos a situações quase servis de trabalho e com alto grau de analfabetismo deveria antes, se politizar para assumir o poder.
Lênin não considerava que ele e meia dúzia de iluminados do Partido Operário Social-Democrata Russo legitimasse o poder da maioria e foi contra a própria ascensão ao poder após a renúncia do Czar em fevereiro de 1917.
Ao retornar para casa e ser recebido por uma multidão carregando bandeiras vermelhas, Lênin fez, na Estação Finlândia, em Petrogrado, um discurso em que apoiava o governo nas mãos dos Mencheviques (facção reformista, portanto, não revolucionária) como um estágio necessário na criação da nova ordem.
A um amigo próximo Lênin teria confessado seu pesar, pois queria muito ver seu povo vivendo uma sociedade comunista, mas pensava que duraria menos do que o tempo necessário para que as massas estivessem preparadas.
Porém, Lênin foi atropelado pelos acontecimentos. O Governo provisório não tirou a Rússia da Guerra (I Guerra Mundial), a fome e a revolta popular aumentaram e, mesmo contra suas previsões, em outubro, o povo praticamente o impôs no poder.
Começava assim, o primeiro governo socialista da história.
Uma pergunta crucial atormentava o novo governo russo. Uma pergunta que exigia resposta e coragem. Algo que fazia tremer os que esperavam que aquela “aventura” tivesse um final feliz. A pergunta era – se a economia capitalista se baseia na busca do lucro e na competição dentro de “leis” de mercado, onde todo investidor procura ter vantagens e se dar bem e por isso o estado tende a se dar bem, como se faria a economia socialista se a maior parte dos bens de produção (que geram lucros) e as terras produtivas foram socializadas? Quem iria competir com quem? Não havendo competição o que irá impulsionar os investimentos?
A essa pergunta decisiva sobre todos os aspectos, visto que a sociedade política não sobrevive sem uma economia que funcione, Lênin respondeu criando a NEP (Nova política Econômica) onde alguns elementos de mercados eram preservados numa espécie de hibrido de passagem do capitalismo para o socialismo. Um pouco confusa a NEP tinha o grande mérito do “não sei, vamos dar um tempo pra ver como fica”.
Parecia que tudo estava dando certo. Um governante sem adoração ao próprio ego, sábio e consciente de seu momento, líder máximo de um processo que parecia enveredar por uma nova democracia popular, sendo guinado por uma economia prudente e consciente de seus desafios.
Foi então que o imponderável se fez presente e interferiu na grande revolução vermelha.
Lênin sofreu o primeiro AVC (como se denomina hoje) em 26 de maio de 1922. O segundo em 16 de dezembro de 1922 o deixou extremamente debilitado. O terceiro em 10 de março de 1923, se revelaria fatal.
Morreu em 21 de janeiro de 1924, aos 54 anos.
Com sua morte os rumos da revolução sofreriam uma guinada rumo ao mais cruel autoritarismo e uma das mais sangrentas ditaduras da história, o Stalinismo.
Prof. Péricles
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Um comentário:
Péricles,
"Por ironia da vida, embora Marx destacasse que os caminhos da história fossem dirigidos por processos de lutas sociais e não por individualidades ..."
"... foram as personalidades dos protagonistas que determinaram o futuro da primeira experiência socialista da história."
"Porém, Lênin foi atropelado pelos acontecimentos. O Governo provisório não tirou a Rússia da Guerra (I Guerra Mundial), a fome e a revolta popular aumentaram e, mesmo contra suas previsões, em outubro, o povo praticamente o impôs no poder."
As grandes individualidades também são vítimas de sua História e da História que os cerca.
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