sábado, 4 de outubro de 2014

DIRETAS, OUTRA VEZ


Em 1984 os brasileiros sonharam poder votar para presidente de forma direta e democrática e desse sonho nasceu o movimento “Diretas Já” que, infelizmente, não sensibilizou o Congresso a aprovar a emenda Dante de Oliveira que permitiria tal eleição.

As primeiras eleições diretas para presidente pós Ditadura Militar, ocorreram apenas em 1989 com um resultado devastador, um candidato fabricado pela mídia, especialmente a Rede Globo, Fernando Color de Melo, derrotou homens de história e profundidade como Brizola e Ulisses Guimarães.

As segundas eleições diretas ocorreram em 1994 e, novamente foi decidida por artificialismos.

Com a imagem associada ao controle da inflação pelo Plano Real Fernando Henrique Cardoso venceu de forma tranqüila. Interessante recordar que a paternidade do Plano Real, criado no governo de Itamar Franco, por uma equipe econômica ligada a PUC de São Paulo, foi atribuída a Fernando Henrique Cardoso para que ele aparecesse como o candidato que salvou o Brasil do dragão da inflação Para isso, foi guindado por Itamar do Ministério das Relações exteriores para o Ministério da Fazendo, momentos antes da implantação do plano.

Novo embuste, nova vitória conservadora. Fernando Henrique Cardoso representou a continuidade das políticas neoliberais, iniciadas no governo interrompido de Color.

A Constituição de 1988, assim como as demais constituições republicanas, não previa a reeleição do presidente. Para que a reeleição de FHC, necessária para manter o perigo petista e Lula afastados do poder, foi produzida aquilo que em teoria jamais poderia ser produzida, uma alteração da Constituição.

Para isso eram necessários os votos de 2/3 do Congresso e essa proporção foi atingida pelo governo FHC e aliados de maneira até hoje acusada de fraudulenta, com suposto pagamento aos congressistas que marca o nascimento do mensalão.

Dessa maneira, a terceira eleição direta se deu a partir de uma artificialidade, e Fernando Henrique Cardoso foi reeleito em 1998.

A quarta eleição direta ocorreu em 2002. O neoliberalismo já mostrava sinais de enfraquecimento, o PT abriu-se para a formação de novas alianças, algumas que decepcionaram até sua militância, e dessa forma Lula é apresentado em nova versão, mais light e vence o pleito.

Na quinta eleição direta em 2006 Lula vence novamente, impulsionado por fortes programas sociais, como o “Fome Zero”.

Em 2010, os brasileiros elegeram, na sexta eleição direta, pela primeira vez, uma mulher, Dilma Roussef, para presidente do país.
Tanto nos dois governos Lula como no governo Roussef, o Brasil e o mundo mudaram muito.

O mundo assistiu duas graves crises econômicas, em 2008 nos Estados Unidos e em 2010 na Europa, além de uma crescente militarização dos conflitos a partir de uma política desenvolvida nos Estados Unidos que lembra os velhos tempos da “Guerra Fria”.

Os principais países emergentes formaram os BRICS e adquirem um peso relevante no cenário econômico internacional. Economias consideradas sólidas ruíram e o neoliberalismo entrou, definitivamente, em decadência.

O Brasil diminuiu a miséria de seu povo e apresenta índices que permitem um otimismo para os dias que virão, apesar das dificuldades que também virão.

Amanhã, teremos Diretas outra vez.

Independente de quem vença as eleições, o mais importante é que cada brasileiro valorize seu voto e recorde das lutas e lágrimas que precederam esse gesto, aparentemente tão simples.

Que o voto de cada um seja coerente com o seu pensamento e com o que deseja para seu povo.

E, principalmente, fechadas as urnas, contados os votos, que todos, aceitem os resultados mesmo que contrários às sua opção.

Um dos mais importantes momentos da democracia é a aceitação da vontade da maioria.


Prof. Péricles

Um comentário:

Anônimo disse...

Esqueceu de assinar o texto? rsrs