domingo, 9 de dezembro de 2012
O CÉU É UMA FESTA
No dia 5 de dezembro último, na espaçosa e bem cuidada área da recepção do jardim celestial, todos queriam saber de que se tratava aquela enorme reunião. Só gente boa. Almas puras e corações sem susto.
A festa foi organizada pelo “Cavaleiro da Esperança”, Luiz Carlos Prestes e Olga Prestes, auxiliados pelo baiano Jorge Amado junto com a esposa Zélia e outras almas atéias.
Karl Heinrich Marx e Frederich Engels mantinham-se sempre juntos. Marx trazia um calhamaço de papéis debaixo do braço e viam-se na capa, tratar da analise do sistema da capitalista no Paraíso Celeste e insinuações da revolução que acabaria com a divisão em classes anjos, arcanjos, serafins e querubins. E já iniciava o manifesto comunista: “Trabalhadores de todo o céu, uni-vos”...
Kautsky unia-se Lenin e caminhavam com passos firmes, abraçados com Mao e Erneto Che Guevara, acompanhado de perto de Carlos Marighella. Afanasiev mais ouvia do que falava.
Ouvi uma voz vindo lá do fundo que dizia: “Esses velhos comunistas tinham muita resistência em falar sobre suas vidas, mas não é possível entender a História sem conhecer os militantes comunistas de todo o mundo”
E acompanhavam o entusiasta Juscelino, contemporâneos brasileiros João Goulart, Miguel Arrais, Armando Ziller, Temperani Pereira, Darci Ribeiro, Raul Riff, Waldir Pires, Brizola, Clodsmith Riani, Hercules Correa, Dante Pelacani, Samuel Wainer, Francisco Mangabeira, José Jofily, Celso Furtado, Caio Prado Junior, Marechal Osvino Ferreir Alves, Josué de Castro, João Pinheiro Neto, Djalma Maranhão, Roberto Morena, Amauri Silva, Neiva Moreira, Ferro Costa, Francisco Julião, Pelópidas Silveira, Bocayuva Cunha, Adão Pereira Nunes, Eloy Dutra, Marco Antonio, João Amazonas, Maurício Grabois, Max da Costa Santos, Roland Corbisier, José Aparecido de Oliveira, Rubens Paiva, Florestan Fernandes, Paulo de Tarso e outros que não identifiquei na hora.
Hobsbawn, ainda em fase de adaptação, acabara de chegar no dia 1º de outubro deste ano, ajeitava os óculos e falava de seu projeto de escrever “Era da eternidade”.
Sempre próximos, Ho Chi Min, Kim Il-sung e tentava pronunciar algumas palavras em português, para saudar o novo hóspede.
Allende trazia entre outros e outras, Neruda, Vitor e Violeta Parra, Mercedes Sosa, a turma de “Los imarenhos e convidou até Peron e Evita Peron que disseram que não perderia nunca esta oportunidade de estar com este grande homem.
Numa outra ala, sorriam juntos Astrogildo Pereira, Agildo Barata, Graciliano Ramos e Saramago, num portunhol de fazer gosto aos moradores da fronteira do Brasil com o Uruguai.
Franz Fanon lembrava para os presentes os rápidos contatos quando Niemeyer esteve pela primeira na Argélia, quando Fano, escrevia “Os condenados da Terra”, e lutava na Frente de Libertação Nacional.
O céu – hoje - é uma festa! Só festa e alegria.
Anuncia-se a chegada do arquiteto brasileiro que pretende mudar completamente a arquitetura celestial e acabar com a mesmice que ali impera. Oscar Niemeyer chega com a experiência de 105 anos mudando a paisagem de todo o mundo. Agora veio para mudar, também, o céu. Pioneiro na exploração das possibilidades construtivas e plásticas do concreto armado, na certa revolucionará a paisagem tradicional do céu.
E o céu também. Observem. É esperar para ver que infinitas obras ali farão o Mestre.
Para esta solenidade, pedi aos meus dois irmãos que lá revivem, o Vercy e o Vécio, para me representaram, junto ao Oscar Niemeyer. Mas, me aguardem. Não chegarei para essa grande festa de dezembro, mas ainda teremos muito que festejar: Fidel Castro prepara a viagem e quer uma festa de arromba com salsa, rumba e samba.
Pretende reunir o que há de melhor com base no “Buena Vista Social Club" e os mejores de Cuba: Compay Segundo, Celina & Reutilio, Ibrahim Ferrer, Silvio Rodriguez, Ernesto Lecuona, Pablo Milanes, Omara Portuondo, César Portillo de la Luz e Chucho Valdes.
Penso que seria uma excelente oportunidade para encontrar tanta gente boa. E todos reuniram-se para exaltar a memória do grande arquiteto e combatente comunista de tantas décadas, de mais de um século.
Claro que a multidão movimentava frenética e alegremente e me deixou sem registrar presença de muitas pessoas interessantes que compareceram ao grande evento celestial que há muito não se via.
Verly, 05-12-12
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