sábado, 6 de fevereiro de 2016

ATÉ AS PEDRAS PODEM CHORAR

Nióbio



Niobe era filha de Tântalo (aquele, do suplício) e Dione. Portanto, neta de Zeus.

Teve 14 filhos (sete homens e sete mulheres) e representava o mito da fertilidade feminina, na antiguidade, uma grande virtude.

Além de fértil, Níobe era também bastante estúpida, pois ousou ofender em público a Leto, amante de seu avô Zeus, que com ele tivera dois filhos: o deus Apolo e a deusa Artêmis.

Leto era muito querida, símbolo da humildade e modéstia, representava “a outra” e era perseguida pela esposa de Zeus, a terrível e ciumenta deusa Hera.

Pois o povo da polis de Tebas organizou uma grande homenagem a Leto, e Níobe que era a rainha da cidade, se ofendeu, e dessa forma ofendeu Leto: entre várias coisas lembrou que ela tinha 14 filhos enquanto Leto tinha só dois, suprema humilhação entre as mulheres gregas.

O final desse mito foi tenebroso.

Apolo e Artêmis, ambos arqueiros, mataram todos os 14 filhos de Níobe a flechadas, como vingança pelo insulto à sua mãe.

Níobe se recolheu a um esconderijo distante dos olhos humanos e passou a chorar dia e noite pela perda dos filhos. Chorou tanto, e tão intensamente, que o vovô Zeus se compadeceu de sua dor e a transformou numa rocha, mas ela ainda chorava a perda dos filhos, vertendo água constantemente.

Descoberto em 1801 pelo inglês Charles Hatchett, o Nióbio, o mais leve dos metais refratários, é utilizado principalmente em ligas ferrosas (tão poderoso que é utilizado na escala de 100 gramas para cada tonelada de ferro), criando aços bastante resistentes que são utilizadas em tubos de gasodutos, motores de aeroplanos, propulsão de foguetes e em outros chamados supercondutores, além de soldagem, indústria nuclear, eletrônica, lentes óticas, tomógrafos, etc.

É o número 41 da Tabela Periódica.

É uma rocha que verte humidade constantemente.

Dá para dizer que é um produto brasileiro já que 99% das reservas do mundo estão no Brasil.

Sua importância hoje para a indústria mundial é vital, comparável a importância do petróleo.

Segundo relatos vazados pelo Wikileaks, o governo americano caracteriza o Nióbio como um recurso estratégico e imprescindível aos planos americanos. Além disso, outros países e consultorias especializadas incluem o metal na lista de elementos em situação crítica ou ameaçada.

O Brasil exporta a preço de banana 70 mil toneladas desse produto por ano, mas poderia exportar milhões.

Por que se vende uma das maiores riquezas do mundo a preço de banana?

Uma riqueza imensurável favorecendo apenas meia dúzia de pessoas sombrias.

E você aí achando que o interesse dos Estados Unidos aqui era só o pré-sal...

E sem entender porque governos nacionalistas e progressistas preocupam tanto os gringos e seus sócios aqui dentro...

Um verdadeiro crime contra o povo brasileiro..

Diante do entreguismo interesseiro e da falta de patriotismo, nos ensinam os gregos, até as pedras podem chorar... como as mães saudosas.







Prof. péricles

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

OVNIS, UM ASSUNTO CADA VEZ MAIS SÉRIO



Por Sheila Sacks

Em maio de 2013, a BBC News veiculou matéria sobre um tema que a mídia em geral ignora ou enfoca de forma folclórica talvez por entendê-lo fantasioso. Tratava-se de uma ocorrência relacionada à aparição de ufos (unidentified flying objects) ou ovnis (objetos voadores não identificados ou discos voadores), termos utilizados no Brasil.

A notícia comentava o relatório da firma britânica UK Airprox Board, especializada em segurança de voos e incidentes aéreos, que analisou um episódio acontecido em 2 de dezembro de 2012, quando um avião de passageiros por pouco não colidiu com um objeto não identificado.

O avião em questão, um Airbus A320, preparava-se para aterrissar no Aeroporto Internacional de Glasgow, na Escócia, quando o piloto e os tripulantes viram um objeto à frente aparecer repentinamente e passar embaixo da aeronave, a uns dez segundos de distância, segundo o comandante. Porém, o radar não teria detectado nenhum tipo de aeroplano naquele momento, e imediatamente após o incidente foi iniciada uma busca na região sem resultados.

Em um trecho da conversa registrada entre o controlador de voo, na torre de monitoramento, e o piloto do avião, logo após a passagem do objeto, este afirma “não ter certeza do que é (o objeto)”, e acrescenta que “sem dúvida é bem grande, e é azul e amarelo”.

A investigação não conseguiu determinar o tipo de objeto descrito, apesar de descartar a possibilidade de ser outra aeronave ou um balão meteorológico.

No seu parecer final, a UK Airprox Board admitiu que as fontes de vigilância disponíveis não obtiveram êxito em rastrear nenhuma atividade que correspondesse àquela narrada pelo piloto do A320, ainda que as condições meteorológicas fossem consideradas favoráveis para a observação.

Esse seria mais um entre milhares de incidentes aéreos não conclusivos ou mal explicados que a mídia se exime em apurar mais profundamente, limitando-se apenas a reportá-lo.

Desde 2003, o governo britânico vem disponibilizando ao público e à mídia documentos ufológicos – antes catalogados sob a rubrica de secretos e ultrassecretos – que podem ser consultados em seu Arquivo Nacional (The National Archives – TNA). Esse acesso foi ampliado a partir de 2008 com a incorporação de novos arquivos, agora também disponíveis na internet.

Um desses relatos ficou conhecido como o caso Roswell inglês, em alusão ao famoso incidente ufológico que teria ocorrido em 1947, na cidade de Roswell, no noroeste dos Estados Unidos (estado do Novo México) envolvendo a queda de um ovni, fato negado pelas autoridades militares americanas.

Na Inglaterra, no início do governo de Margaret Thatcher, na década de 1980, o “avistamento” de “luzes inexplicáveis” pairando sobre a Floresta Rendlesham – de acordo com o memorando de 13 de janeiro de 1981, assinado pelo subcomandante da base da Força Aérea Britânica (Royal Air Force – RAF) de Bentwaters, tenente-coronel Charles Halt – também foi considerado “não significativo para a Defesa”. O incidente que envolveu “avistamentos” de ovnis se estendeu por quatro dias, em dezembro de 1980, e foi presenciado por dezenas de militares.

Em 1997, durante uma festa de caridade em Londres, Thatcher teve um encontro casual com a jornalista e ufóloga inglesa Georgina Bruni (1947-2008), e proferiu uma frase que intrigou a jornalista. Diante da pergunta sobre o fenômeno dos ovnis e de sua tecnologia avançada, Thatcher teria respondido: “Você não pode dizer as pessoas” (You can’t tell the people).

Outra liberação de documentos ufológicos bastante aguardada por estudiosos desses fenômenos, mas ignorada pela mídia, viria da parte de Julian Assange e de seu site Wikileaks. Em um deles, enviado da embaixada dos EUA em Gana, na África, a Washington, em novembro de 1973, há o registro de como o espaço aéreo havia sido violado por ovnis, os quais se afirmavam não corresponderiam a aeronaves comerciais convencionais.

Assange permanece asilado na embaixada do Equador em Londres desde junho de 2012 e um de seus mais importantes informantes, o soldado norte-americano Bradley Manning, analista de inteligência, foi condenado a 35 anos de prisão nos EUA.

A pré-candidata do Partido Democrata à eleição presidencial americana de novembro de 2016, Hillary Clinton, afirmou que vai investigar o fenômeno dos ovnis se for eleita. ”Eu vou chegar ao âmago da questão”, assegurou. Ela deu a declaração ao repórter do jornal “The Conway Dayle Sun” que publicou a matéria no final de 2015 (30 de dezembro).

A ex-primeira dama dos EUA lembrou que em 2007, Bill Clinton então presidente havia dito que os ovnis eram o assunto número um dos pedidos de informações de documentos oficiais formulados pelos cidadãos americanos. “Penso que já fomos visitados”, disse ela na reportagem.

Hillary contou que se eleita, pretende criar um grupo especial para investigar a Área 51, uma base militar secreta no estado de Novo México suspeita de abrigar alienígenas e restos de uma nave que teria caído em Roswell.

Por aqui, um encontro inédito reuniu ufólogos e representantes do Ministério da Defesa, em Brasília, em abril de 2013, onde se determinou que todos os documentos sobre o assunto sob a responsabilidade do Exército, Marinha e Aeronáutica fossem tornados públicos, como estabelece a Lei de Acesso à Informação – LAI (Lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011).

A disposição do governo foi comemorada pelo ufólogo Ademar José Gevaerd, editor da revista UFO, presente ao encontro, que classificou a reunião de “histórica e sem precedentes em todo o mundo”.

Além da promessa de manter um canal de comunicação permanente com os estudiosos dos fenômenos ufológicos, os militares que participaram da reunião revelaram que o maior número de requerimentos de informações ao órgão, a partir da regulamentação da LAI, em 16 de maio de 2012, tinha os ovnis como ponto de interesse, uma surpresa para os próprios ufólogos.

Porém, passados quase dois anos desse encontro a expectativa positiva dos ufólogos brasileiros não se efetivou. Isso porque a disponibilização de documentos sigilosos sobre operações militares envolvendo “avistamentos” de ovnis esbarrou em obstáculos como documentos destruídos e pastas ainda classificadas de secretas.



Sheila Sacks, jornalista formada pela PUC-RJ sempre trabalhou em assessoria de imprensa.Tem artigos publicados nos sites Observatório da Imprensa e Rio Total


terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

MERCADO DE OUTORGAS DE ÁGUAS

Por Roberto Malvezzi

Esses dias fui entrevistado pela Folha de São Paulo sobre uma nova investida da Agência Nacional de Águas para a criação do “mercado de outorga de águas”.
O assunto é antigo e, vez em quando, se mexe no túmulo.
A proposta vem do Banco Mundial e FMI para a criação do mercado de águas como a melhor forma de gerir a crescente crise hídrica global.
Como no Brasil a água é um bem da União (Constituição de 1988) ou um bem público (conforme a lei 9.433/97), então ela não pode ser privatizada e nem mercantilizada.
Acontece que há tempos o grupo que representa o pensamento dessas instituições internacionais no Brasil – e das multinacionais da água – busca brechas na lei para criar o mercado de águas, pelo mecanismo de compra e venda de outorgas.
Já que a água não pode ser um bem privado, então que se tenta criar o mercado das outorgas (quantidades de água concedidas pelo Estado a um determinado usuário), podendo ser vendida de um usuário para outro.
Hoje o mercado de outorgas é impossível. Quando um usuário que conseguiu uma outorga não utiliza a água demandada, ela volta ao poder do Estado e não pode ser transferida de um usuário para o outro, muito menos ser vendida.
A finalidade é óbvia, isto é, evitar que se crie especulação financeira em torno de um bem público e essencial, evitando a compra e venda de reservas de água.
A lei já tem uma aberração, que é a outorga preventiva, isto é, uma empresa pode reservar para si um determinado volume de água até que seu empreendimento possa ser implantado. Essa outorga preventiva pode ser renovada mesmo quando o prazo foi expirado e nenhuma gota d’água utilizada.
Onde o mercado de águas – sob todas as formas – foi criado o fracasso foi mortal, literalmente.
Na Bolívia gerou a guerra da água, na França, depois de alguns anos, o serviço voltou ao controle público. Assim em tantas partes do mundo.
Mas o Brasil é tardio e colonizado. Muitos de nossos agentes públicos também o são.
Pela nossa legislação existe uma ética no uso da água, isto é, em caso de escassez a prioridade é o abastecimento humano e a dessedentação dos animais. Portanto, prioridades como essas, estabelecidas em lei, não podem ser substituídas pelo mercado. Em momentos críticos como esse é exigida a intervenção do Estado através do organismo competente para determinar a prevalência das prioridades sobre os demais usos.
Se prevalecer o mercado, então uma empresa de abastecimento de água, para ganhar dinheiro, pode vender parte – ou totalmente – de sua outorga para uma empresa de irrigação, por exemplo. Nesse caso, sacrificaria as pessoas em função do lucro e da empresa que pode pagar mais pela água.
Portanto não é só uma questão legal, é antes de tudo ética, humanitária e zeladora dos direitos dos animais.
A proposta inverte a ordem natural e dos valores, colocando o mercado como senhor absoluto da situação, exatamente em momentos de escassez gritante.

Roberto Malvezzi, Gogóé músico. filósofo e teólogo


sábado, 30 de janeiro de 2016

A CORRUPÇÃO CONTRA-ATACA


Falar sobre corrupção é fácil.

Explorar o tema em proveito próprio assumindo uma postura moralista, então, é típico da direita tupiniquim, desde os tempos de Getúlio, passando por JK e eleição de Jânio Quadros e golpe contra Jango.

Mas, mostrar ação contra a corrupção, isso, poucos mostram.

Os governos do PT tem suas mazelas a pagar, com certeza, mas é inegável que mais do que qualquer outro governo, tratou de combater a corrupção. Senão, vejamos:

Em 2003, ano que Lula tomou posse, foi sancionada a lei que criou a Controladoria Geral da União (CGU). Órgão que coordena o sistema de fiscalização e controle da República.

No mesmo ano, o Ministro Marcos Thomaz Bastos reestruturou a Polícia Federal.

Em 2004, foi criado o Portal Transparência que exige que as instituições informem a cidadania, por meio virtual sobre seus procedimentos, de forma que todos possam, facilmente, se informar sobre licitações, adimplência, inadimplências, etc.

Também em 2004, Lula criou o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que fiscaliza o Judiciário. Foi ideia de José Dirceu que, ao que parece, jamais será perdoado por isso.

Também foi ideia de José Dirceu criar o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), que fiscaliza os procuradores do Ministério Público Federal e estaduais.

Em 2005, foi regulamentado o pregão eletrônico que, gradualmente se tornou obrigatório. Em teoria, o Pregão Eletrônico substituindo as outras formas licitatórias e estando integrado à plataforma virtual de informação torna mais difícil a maracutaia dos corredores e conversas ao pé do ouvido, estando sujeito ao acompanhamento por parte da cidadania.

Em 2008, foi criado o cadastro de empresas inidôneas, (CEIS).

Em 2009, foi sancionada a lei da Transparência, que determina a disponibilização em tempo real de todas as informações sobre a execução orçamentária e financeira da União, Estados, Distrito federal e Municípios. Antes era uma caixa preta.

Em 2012, foi aprovada a lei de Acesso à Informação.

Todas essas normas jurídicas consolidam a transparência do exercício da função pública e controle social da gestão e dos recursos públicos e atos do governo. Todos os órgãos de fiscalização e controle, tiveram seu corpo funcional ampliado e qualificado.

Em 2013, a Presidente Dilma sancionou a lei que define a figura do corruptor e responsabiliza pessoas jurídicas, por atos contra a administração pública. Essa lei é que está possibilitando o Ministério público, a Polícia Federal, e o Judiciário, irem fundo nas investigações contra a corrupção. Com base nela que estão sendo presos banqueiros, empresários, etc.

Já em 2015, após vergonhosas manobras do Presidente do Congresso Nacional que permitia o financiamento privado de campanha eleitoral (é nesse momento, quando o capital privado financia a eleição de alguém que a maior parte da corrupção começa), a Presidente Dilma, vetou a manobra e, em parceria com o STF que anteriormente já havia se pronunciado contra o financiamento privado, fechou a torneira inesgotável dos apoios corruptos, ao menos, dessa forma.

Importante lembrar ainda que, em 1994, no primeiro governo de FHC, foi extinto a Comissão Especial de investigação (CEI) criada no governo Itamar Franco. Logo depois FHC, alterou a lei de licitação da Petrobrás, abrindo caminho para a corrupção.

O Procurador Geral da República na administração do FHC, não Investigava nada e não abria processo contra ninguém, sendo por isso apelidado de “engavetador geral da república”.

Talvez tudo isso esclareça porque grupos unidos ao fascismo estejam, de forma tão desesperada, tentando derrubar um governo legitimamente eleito e que apresenta, continuamente,  ações concretas contra a corrupção.



Prof. Péricles



quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

HOMENAGEM MAIS QUE JUSTA


Por Mário Augusto Jakobskind

Hoje há quase unanimidade quanto à ausência de líderes do porte de Leonel Brizola, governador do Rio de Janeiro por duas vezes e uma no Rio Grande do Sul.


Polêmico, Brizola foi sempre combatido pela mídia conservadora, em particular pelo jornal O Globo.


Tanto assim que uma semana antes da morte do líder trabalhista, o diretor executivo da Rede Globo, Ali Kamel divulgava artigo no jornal mais vendido do Rio de Janeiro culpando Brizola pela onda de violência na cidade do Rio de Janeiro.

Kamel, por sinal, é uma das carreiras mais ascendentes e rápidas do jornalismo brasileiro. Pode-se imaginar o motivo. Em 1982, por ocasião da primeira eleição de Brizola como governador do Estado Rio de Janeiro, Kamel era estagiário na rádio Jornal do Brasil e participou da cobertura da emissora da eleição, tendo comprovado a tentativa de fraude eleitoral no episódio conhecido como Proconsult,

Com o tempo, Kamel deixou para trás essa participação e foi galgando postos até chegar ao cargo atual.

Mas voltando a Brizola, o governador do Estado do Rio de Janeiro foi responsável, junto com Darci Ribeiro, pelo projeto dos CIEPS, combatido por setores da direita e mesmo da esquerda que a direita gosta.

Se o projeto fosse levado adiante, possivelmente nos dias atuais boa parte dos jovens da época poderia ter a oportunidade de encontrar caminhos que possivelmente o levariam a ter um destino diferente da marginalidade.

Mas o tempo passou e logo em seguida ao governo Brizola, Moreira Franco assumiu o Palácio da Guanabara e sepultou o projeto educacional dos CIEPS, contando nesse sentido com o apoio de O Globo e particularmente de Roberto Marinho.

É conhecido por inúmeros jornalistas as pautas de O Globo para combater Brizola.

O próprio Marinho cobrava diariamente dos editores fatos negativos contra o Governador. Chegou ao ponto de um dia o próprio Roberto Marinho ter exigido que o jornal pautasse dessa forma, mesmo que nada houvesse para criticar o Governador.

Brizola ficou em terceiro lugar na primeira eleição presidencial depois do fim da ditadura civil militar que assolou o país durante 21 anos. Brizola colocava sempre em pauta a questão das perdas internacionais, deixando furiosos não apenas o empresário Roberto Marinho, como economistas que posteriormente se tornaram apologistas do modelo neoliberal fortalecido a partir do governo do então Presidente Fernando Henrique Cardoso.

Brizola, sem dúvida, marcou época na política brasileira, antes e depois de 1964, mesmo tendo sido na prática linchado pelas Organizações Globo, tendo à frente figuras como Ali Kamel e outros do gênero.

Onze anos e meio depois de sua morte, a Presidente Dilma Rousseff com muita razão o colocou na lista dos Heróis da Pátria, o que tem provocado irritação de alguns setores, que não se conformam com o fato.

Muitos não têm coragem de aparecer como opositores da medida, preferindo apenas destilar a contrariedade dando continuidade ao sectarismo contra Dilma Rousseff.

Chegou ao ponto de opositores preverem o fim do governo que venceu a eleição presidencial em outubro de 2014.

Nesse sentido surgiram defensores radicais do impeachment, jogando do mesmo lado que o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, que poderá, por decisão do Supremo Tribunal Federal, perder o cargo que exerce envergonhando o Brasil.

O que Dilma Rousseff enfrenta hoje em termos de oposição sectária, guardando-se as devidas proporções, de alguma forma remete ao que Brizola enfrentou quando exercia cargos públicos depois de eleito pelo povo.

Por estas e muitas outras fez muito bem Dilma Rousseff em colocar Brizola no rol dos Heróis da Pátria.


Mário Augusto Jakobskindjornalista e escritor, correspondente do jornal uruguaio Brecha.


segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

ERA UMA VEZ EM COXILÂNDIA



Era uma vez um país chamado Coxilândia.

Seus habitantes eram chamados de coxinhas.

O símbolo Nacional de Coxilândia era um cachorro vira-lata.

Na verdade, os coxinhas preferiam o tucano, mas por serem muito complexados se identificavam mais com os vira-latas.

Achavam que nada em seu país prestava e sonhavam viver nos Estados Unidos.

A moeda nacional de Coxilândia era o dólar, muito usada nas férias em Miami, Las Vegas ou nas viagens para Disneylândia.

Em Coxilândia havia muita e muita terra agriculturável que não produzia nada útil, mas a posse dessas terras era de poucas pessoas.

Havia também muita e muita gente sem terra para plantar, a quem era oferecido trabalho semiescravo nas terras que já tinham dono.

O uso coletivo da terra, também chamado de Reforma Agrária, faria bem para todos os habitantes de Coxilândia. A comida seria mais barata, haveria menos gente em situação de miséria, diminuiria a violência do campo. Mas, os coxinhas, principalmente aqueles que não tinham terra nenhuma, eram contra a Reforma Agrária.

Existia liberdade religiosa, mas predominavam os católicos que nunca iam nas Igrejas.

Tinha samba, carnaval e futebol, festas populares, porém controladas por contraventores e corruptos que realmente se divertiam.

Muitas outras forças e energias eram adoradas pelos coxinhas.

A imprensa, por exemplo estava num patamar de divindade. Tudo o que era dito na mídia, imediatamente virava dogma.

As novelas televisivas criavam moda, mitos e alienados.

Liam a Revista “Óia” e se achavam bem informados.

Os coxinhas formavam uma sociedade estratificada, dividida oficialmente em: doutores (aquém o coxinha adorava beijar a mão), a classe média, por sua vez subdividida em: os que achavam que um dia seriam doutores e os que desconfiavam que jamais seriam doutores, mas, adoravam puxar o saco deles.

E tinha milhões de outras pessoas que não se enquadravam nesses grupos e eram denominados pelos coxinhas de comunistas, pobres e vagabundos.

Os coxinhas odiavam ver pobre de carro, adquirindo bens, viajando de avião e ver filhos de pobres estudando nos mesmos colégios que os coxinhazinhas estudavam.

Adotavam rótulos onde os pobres, comunistas e vagabundos falavam errado e eram ignorantes sem perceber que era a sua a maior ignorância.

Havia eleições em três turnos em Coxilândia.

No primeiro turno e segundo turnos deviam ser eleitos os candidatos dos doutores e seus amigos. O terceiro turno era para derrubar os candidatos dos comunistas, pobres e vagabundos que ousassem ser eleitos.

A culinária do país era riquíssima.

Além da comida nacional, a coxinha, também eram muito apreciadas as comidas finas, pelos doutores que as comiam e pelos puxa sacos que não comiam, mas, sentiam prazer em saber que os doutores comiam.

O governo era uma república que os coxinhas definiam como “republiqueta”, quando perdiam. Entretanto, a ditadura era um ideal dos que não tinham ideais.

Em Coxilândia 70% dos presos eram negros, menos de 20% dos estudantes nas faculdades eram negros, mas não havia racismo.

Mulheres recebiam salários menores que os homens, eram violentadas e agredidas na proporção de uma a cada 20 minutos, mas não existia machismo.

Homossexuais era agredidos e assassinados nas ruas e na saída de espetáculos, demitidos de seus empregos e não aceitos em certas igrejas, mas não havia homofobia.

Fascista se autodenominava intervencionista.

9% da população concentrava 55% da riqueza, mas se dizia que o país era de absoluta igualdade social e econômica.

Ricos e filhos de ricos que roubavam, violentavam e dirigiam bêbados ou drogados, não iam para a cadeia, mas se dizia que todos eram iguais perante a Lei.

Professores ganhavam uma miséria e eram agredidos pela polícia quando reclamavam enquanto os juízes recebiam até auxílio moradia.

Diziam que Deus era Coxinha e que povo que elegia candidato da mídia era o mais politizado do país.

No próximo texto vamos falar do folclore de Coxilândia. 



Prof. Péricles