quinta-feira, 19 de abril de 2012
TORTURADO ATÉ A MORTE
Os fatos a seguir narrados são verdadeiros embora não comprovados historicamente, visto seus responsáveis terem escondido ou destruído todas as provas.
“Ele foi preso pelas forças da repressão ao entardecer de quinta-feira depois da última reunião de seu pequeno grupo.
Não houve reação. Absolutamente nenhum confronto com os homens que vieram prendê-lo.
Como de costume, não havia mandato judicial, nem uma acusação formal que justificasse a prisão.
Foi levado diretamente para a sala de torturas onde passou a ser interrogado da forma mais desumana que alguém pode conceber.
Levou tapa na cara, pontapés, socos, pauladas. Foi chicoteado por horas.
Ficou praticamente desfigurado de tantas agressões.
Enquanto apanhava ouvia as acusações desconexas. Era questionado de forma vaga e confusa e ameaçado o tempo todo.
O chefe do aparato policial era um homem inseguro que buscava demonstrar humanidade e que apenas cumpria ordens, embora, as cumprisse com requinte.
No outro dia o martírio continuou.
Além das torturas físicas havia as torturas psicológicas.
Diziam que matariam seus amigos, seus irmãos. Diziam que o matariam na frente de sua mãe e ele sofreria demais por isso se ele não falasse.
Mas, ele não tinha o que falar.
Não tinha segredos para negociar. Não sabia de conspirações como eles insistiam em indagar. Nem mesmo participara de nada que visasse atingir o poder.
Nada.
E dessa forma, sem negociações e sem piedade ele foi torturado por quase 24 horas vindo a falecer em algum momento da sexta-feira seguinte à sua prisão”.
Este absurdo tão atual, foi cometido há mais de 2 mil anos.
O nome de mais essa vítima da violência é Jesus Cristo. O grande líder de todos os torturados do mundo.
Aquele aquém, com certeza, a maioria dos mortos e desaparecidos do Brasil, devem ter lançado uma oração de socorro, cada um a seu jeito, em seu último suspiro.
Preso pelo aparato repressivo da arrogância, do poder e da ordem. Mantido em cativeiro, torturado até a morte.
As marchas com Deus e pela pátria foram conduzidas pelos conservadores da época, que exigiam que Herodes detivesse o perigo subversivo. Temiam perder algum quinhão de seu prestígio e poder.
E a mensagem daquele homem era mesmo subversiva ao sistema, pois, falava em igualdade e justiça.
O golpe se deu, mas, como toda ditadura se esfacelou com o tempo como um castelo de cartas enquanto a mensagem de Jesus, seu apelo ao respeito aos pequenos e desprotegidos, sua exortação a uma vida de paz e de amor, entretanto, ainda ecoa da montanha de onde um dia ele disse aparentes incoerências do tipo - bem aventurados os perseguidos; Bem aventurados os que sofrem; Bem aventurados os humilhados.
Nesse mês de comemorações de Páscoa seria correto lembrar de Jesus como um desses sonhadores, anarquistas e idealistas enlouquecidos capazes de morrer sob tortura na luta pela liberdade no Brasil e no mundo.
Prof. Péricles
terça-feira, 17 de abril de 2012
A DERROCADA DO GRUPO ABRIL
Na década de 90, dois grupos empresarias brasileiros despontavam entre os principais grupos de mídia da América Latina. Depois da Globo, o outro grupo brasileiro era a Abril.
Desde então, a Abril Mídia é uma coleção de fechamentos e venda de empresas ou participações acionárias. A Abril fechou a gravadora Abril Music, o site Usina do Som e os canais de TV paga Fiz TV e Idea TV. Vendeu sua participação na HBO Brasil, na DirecTV Latin America, na ESPN Brasil, no Eurochannel, na TVA MMDS, na TVA Cabo e no UOL, entre outras.
Hoje a Abril se resume basicamente à editora e sua gráfica, à DGB (holding de distribuição e logística que é um verdadeiro monopólio nas bancas de jornais), à Elemídia (que instala monitores informativos em hotéis, elevadores, aeroportos, etc) e ao canal de TV paga MTV Brasil. Além dos sites de cada um destes veículos. Um grupo de mídia pequeno para o cenário de convergência que vivemos.
Cabe registrar que a MTV Brasil (que licencia a marca da Viacom) vive às voltas com o fantasma dos cortes de gastos e demissão de pessoal. Sua duração no longo prazo é constantemente posta em dúvida.
Para piorar, os Civita venderam 30% da Abril (o limite permitido pela Constituição Federal) aos sul-africanos do Naspers (donos, no Brasil, do site Buscapé). O Naspers, quando se chamava Die Nasionale Pers, foi o órgão de imprensa oficioso do povo africâner e porta-voz do apartheid. Pieter Botha e Frederik de Klerk foram membros do board do Naspers.
Ou seja, a Abril vive hoje do prestígio da revista Veja. Sem ela, os Civita já teriam virado empresários de porte médio do setor de comunicações, irrelevantes para o futuro do setor no Brasil.
E, segundo denúncias de Luis Nassif, sabedores dessa situação, os Civita tratam de inflar de todos os modos as vendas da Veja, inclusive com uma ajuda substancial do governo de São Paulo, que adquire milhares de assinaturas.
Cada vez mais fracos, mais temerosos do futuro, a tendência é que elevem o tom de voz na crítica a qualquer regulação das comunicações no Brasil. E se aproveitem da falta de vontade política do governo para enfrentar o tema e blefem com um poder político que, se um dia o tiveram, hoje com certeza já se esvaiu quase todo.
PS: como não são bobos e sabem que seu horizonte se estreita, os Civita resolveram colocar os ovos em outro cesto e passaram a investir em educação, criando uma outra empresa, sem relações com a Abril Mídia, chamada Abril Educação. Quando a Veja for de vez para as calendas, é de educação privada que eles irão viver.
Luis Nassif/a-derrocada-do-grupo-abril
Desde então, a Abril Mídia é uma coleção de fechamentos e venda de empresas ou participações acionárias. A Abril fechou a gravadora Abril Music, o site Usina do Som e os canais de TV paga Fiz TV e Idea TV. Vendeu sua participação na HBO Brasil, na DirecTV Latin America, na ESPN Brasil, no Eurochannel, na TVA MMDS, na TVA Cabo e no UOL, entre outras.
Hoje a Abril se resume basicamente à editora e sua gráfica, à DGB (holding de distribuição e logística que é um verdadeiro monopólio nas bancas de jornais), à Elemídia (que instala monitores informativos em hotéis, elevadores, aeroportos, etc) e ao canal de TV paga MTV Brasil. Além dos sites de cada um destes veículos. Um grupo de mídia pequeno para o cenário de convergência que vivemos.
Cabe registrar que a MTV Brasil (que licencia a marca da Viacom) vive às voltas com o fantasma dos cortes de gastos e demissão de pessoal. Sua duração no longo prazo é constantemente posta em dúvida.
Para piorar, os Civita venderam 30% da Abril (o limite permitido pela Constituição Federal) aos sul-africanos do Naspers (donos, no Brasil, do site Buscapé). O Naspers, quando se chamava Die Nasionale Pers, foi o órgão de imprensa oficioso do povo africâner e porta-voz do apartheid. Pieter Botha e Frederik de Klerk foram membros do board do Naspers.
Ou seja, a Abril vive hoje do prestígio da revista Veja. Sem ela, os Civita já teriam virado empresários de porte médio do setor de comunicações, irrelevantes para o futuro do setor no Brasil.
E, segundo denúncias de Luis Nassif, sabedores dessa situação, os Civita tratam de inflar de todos os modos as vendas da Veja, inclusive com uma ajuda substancial do governo de São Paulo, que adquire milhares de assinaturas.
Cada vez mais fracos, mais temerosos do futuro, a tendência é que elevem o tom de voz na crítica a qualquer regulação das comunicações no Brasil. E se aproveitem da falta de vontade política do governo para enfrentar o tema e blefem com um poder político que, se um dia o tiveram, hoje com certeza já se esvaiu quase todo.
PS: como não são bobos e sabem que seu horizonte se estreita, os Civita resolveram colocar os ovos em outro cesto e passaram a investir em educação, criando uma outra empresa, sem relações com a Abril Mídia, chamada Abril Educação. Quando a Veja for de vez para as calendas, é de educação privada que eles irão viver.
Luis Nassif/a-derrocada-do-grupo-abril
domingo, 15 de abril de 2012
O PAPA E O MARXISMO
O papa Bento XVI tem razão: o marxismo não é mais útil. Sim, o marxismo conforme muitos na Igreja Católica o entendem: uma ideologia ateísta, que justificou os crimes de Stalin e as barbaridades da revolução cultural chinesa.
Aceitar que o marxismo conforme a ótica de Ratzinger é o mesmo marxismo conforme a ótica de Marx seria como identificar catolicismo com Inquisição. Poder-se-ia dizer hoje: o catolicismo não é mais útil. Porque já não se justifica enviar mulheres tidas como bruxas à fogueira nem torturar suspeitos de heresia.
Ora, felizmente o catolicismo não pode ser identificado com a Inquisição, nem com a pedofilia de padres e bispos.
Do mesmo modo, o marxismo não se confunde com os marxistas que o utilizaram para disseminar o medo, o terror, e sufocar a liberdade religiosa. Há que voltar a Marx para saber o que é marxismo; assim como há que retornar aos Evangelhos e a Jesus para saber o que é cristianismo, e a Francisco de Assis para saber o que é catolicismo.
Ao longo da história, em nome das mais belas palavras foram cometidos os mais horrendos crimes. Em nome da democracia, os EUA se apoderaram de Porto Rico e da base cubana de Guantánamo. Em nome do progresso, países da Europa Ocidental colonizaram povos africanos e deixaram ali um rastro de miséria. Em nome da liberdade, a rainha Vitória, do Reino Unido, promoveu na China a devastadora Guerra do Ópio. Em nome da paz, a Casa Branca cometeu o mais ousado e genocida ato terrorista de toda a história: as bombas atômicas sobre as populações de Hiroshima e Nagasaki. Em nome da liberdade, os EUA implantaram, em quase toda a América Latina, ditaduras sanguinárias ao longo de três décadas (1960-1980).
O marxismo é um método de análise da realidade. E, mais do que nunca, útil para se compreender a atual crise do capitalismo. O capitalismo, sim, já não é útil, pois promoveu a mais acentuada desigualdade social entre a população do mundo; apoderou-se de riquezas naturais de outros povos; desenvolveu sua face imperialista e monopolista; centrou o equilíbrio do mundo em arsenais nucleares; e disseminou a ideologia neoliberal, que reduz o ser humano a mero consumista submisso aos encantos da mercadoria.
Hoje, o capitalismo é hegemônico no mundo. E de 7 bilhões de pessoas que habitam o planeta, 4 bilhões vivem abaixo da linha da pobreza, e 1,2 bilhão padecem fome crônica. O capitalismo fracassou para 2/3 da humanidade que não têm acesso a uma vida digna. Onde o cristianismo e o marxismo falam em solidariedade, o capitalismo introduziu a competição; onde falam em cooperação, ele introduziu a concorrência; onde falam em respeito à soberania dos povos, ele introduziu a globocolonização.
A religião não é um método de análise da realidade. O marxismo não é uma religião. A luz que a fé projeta sobre a realidade é, queira ou não o Vaticano, sempre mediatizada por uma ideologia.
A ideologia neoliberal, que identifica capitalismo e democracia, hoje impera na consciência de muitos cristãos e os impede de perceber que o capitalismo é intrinsecamente perverso.
A Igreja Católica, muitas vezes, é conivente com o capitalismo porque este a cobre de privilégios e lhe franqueia uma liberdade que é negada, pela pobreza, a milhões de seres humanos.
Ora, já está provado que o capitalismo não assegura um futuro digno para a humanidade. Bento XVI o admitiu ao afirmar que devemos buscar novos modelos. O marxismo, ao analisar as contradições e insuficiências do capitalismo, nos abre uma porta de esperança a uma sociedade que os católicos, na celebração eucarística, caracterizam como o mundo em que todos haverão de "partilhar os bens da Terra e os frutos do trabalho humano". A isso Marx chamou de socialismo.
O arcebispo católico de Munique, Reinhard Marx lançou, em 2011, um livro intitulado O Capital – um legado a favor da humanidade. A capa contém as mesmas cores e fontes gráficas da primeira edição de O Capital, de Karl Marx, publicada em Hamburgo, em 1867."Marx não está morto e é preciso levá-lo a sério", disse o prelado por ocasião do lançamento da obra. "Há que se confrontar com a obra de Karl Marx, que nos ajuda a entender as teorias da acumulação capitalista e o mercantilismo. Isso não significa deixar-se atrair pelas aberrações e atrocidades cometidas em seu nome no século 20".
O autor do novo O Capital, nomeado cardeal por Bento XVI em novembro de 2010, qualifica de "sociais-éticos" os princípios defendidos em seu livro, critica o capitalismo neoliberal, qualifica a especulação de "selvagem" e "pecado", e advoga que a economia precisa ser redesenhada segundo normas éticas de uma nova ordem econômica e política."As regras do jogo devem ter qualidade ética. Nesse sentido, a doutrina social da Igreja é crítica frente ao capitalismo", afirma o arcebispo.
O livro se inicia com uma carta de Reinhard Marx a Karl Marx, a quem chama de "querido homônimo", falecido em 1883. Roga-lhe reconhecer agora seu equívoco quanto à inexistência de Deus. O que sugere, nas entrelinhas, que o autor do Manifesto Comunista se encontra entre os que, do outro lado da vida, desfrutam da visão beatífica de Deus.
Frei Betto
Escritor e assessor de movimentos sociais
[Escritor, autor do romance Um homem chamado Jesus (Rocco), entre outros livros -
Aceitar que o marxismo conforme a ótica de Ratzinger é o mesmo marxismo conforme a ótica de Marx seria como identificar catolicismo com Inquisição. Poder-se-ia dizer hoje: o catolicismo não é mais útil. Porque já não se justifica enviar mulheres tidas como bruxas à fogueira nem torturar suspeitos de heresia.
Ora, felizmente o catolicismo não pode ser identificado com a Inquisição, nem com a pedofilia de padres e bispos.
Do mesmo modo, o marxismo não se confunde com os marxistas que o utilizaram para disseminar o medo, o terror, e sufocar a liberdade religiosa. Há que voltar a Marx para saber o que é marxismo; assim como há que retornar aos Evangelhos e a Jesus para saber o que é cristianismo, e a Francisco de Assis para saber o que é catolicismo.
Ao longo da história, em nome das mais belas palavras foram cometidos os mais horrendos crimes. Em nome da democracia, os EUA se apoderaram de Porto Rico e da base cubana de Guantánamo. Em nome do progresso, países da Europa Ocidental colonizaram povos africanos e deixaram ali um rastro de miséria. Em nome da liberdade, a rainha Vitória, do Reino Unido, promoveu na China a devastadora Guerra do Ópio. Em nome da paz, a Casa Branca cometeu o mais ousado e genocida ato terrorista de toda a história: as bombas atômicas sobre as populações de Hiroshima e Nagasaki. Em nome da liberdade, os EUA implantaram, em quase toda a América Latina, ditaduras sanguinárias ao longo de três décadas (1960-1980).
O marxismo é um método de análise da realidade. E, mais do que nunca, útil para se compreender a atual crise do capitalismo. O capitalismo, sim, já não é útil, pois promoveu a mais acentuada desigualdade social entre a população do mundo; apoderou-se de riquezas naturais de outros povos; desenvolveu sua face imperialista e monopolista; centrou o equilíbrio do mundo em arsenais nucleares; e disseminou a ideologia neoliberal, que reduz o ser humano a mero consumista submisso aos encantos da mercadoria.
Hoje, o capitalismo é hegemônico no mundo. E de 7 bilhões de pessoas que habitam o planeta, 4 bilhões vivem abaixo da linha da pobreza, e 1,2 bilhão padecem fome crônica. O capitalismo fracassou para 2/3 da humanidade que não têm acesso a uma vida digna. Onde o cristianismo e o marxismo falam em solidariedade, o capitalismo introduziu a competição; onde falam em cooperação, ele introduziu a concorrência; onde falam em respeito à soberania dos povos, ele introduziu a globocolonização.
A religião não é um método de análise da realidade. O marxismo não é uma religião. A luz que a fé projeta sobre a realidade é, queira ou não o Vaticano, sempre mediatizada por uma ideologia.
A ideologia neoliberal, que identifica capitalismo e democracia, hoje impera na consciência de muitos cristãos e os impede de perceber que o capitalismo é intrinsecamente perverso.
A Igreja Católica, muitas vezes, é conivente com o capitalismo porque este a cobre de privilégios e lhe franqueia uma liberdade que é negada, pela pobreza, a milhões de seres humanos.
Ora, já está provado que o capitalismo não assegura um futuro digno para a humanidade. Bento XVI o admitiu ao afirmar que devemos buscar novos modelos. O marxismo, ao analisar as contradições e insuficiências do capitalismo, nos abre uma porta de esperança a uma sociedade que os católicos, na celebração eucarística, caracterizam como o mundo em que todos haverão de "partilhar os bens da Terra e os frutos do trabalho humano". A isso Marx chamou de socialismo.
O arcebispo católico de Munique, Reinhard Marx lançou, em 2011, um livro intitulado O Capital – um legado a favor da humanidade. A capa contém as mesmas cores e fontes gráficas da primeira edição de O Capital, de Karl Marx, publicada em Hamburgo, em 1867."Marx não está morto e é preciso levá-lo a sério", disse o prelado por ocasião do lançamento da obra. "Há que se confrontar com a obra de Karl Marx, que nos ajuda a entender as teorias da acumulação capitalista e o mercantilismo. Isso não significa deixar-se atrair pelas aberrações e atrocidades cometidas em seu nome no século 20".
O autor do novo O Capital, nomeado cardeal por Bento XVI em novembro de 2010, qualifica de "sociais-éticos" os princípios defendidos em seu livro, critica o capitalismo neoliberal, qualifica a especulação de "selvagem" e "pecado", e advoga que a economia precisa ser redesenhada segundo normas éticas de uma nova ordem econômica e política."As regras do jogo devem ter qualidade ética. Nesse sentido, a doutrina social da Igreja é crítica frente ao capitalismo", afirma o arcebispo.
O livro se inicia com uma carta de Reinhard Marx a Karl Marx, a quem chama de "querido homônimo", falecido em 1883. Roga-lhe reconhecer agora seu equívoco quanto à inexistência de Deus. O que sugere, nas entrelinhas, que o autor do Manifesto Comunista se encontra entre os que, do outro lado da vida, desfrutam da visão beatífica de Deus.
Frei Betto
Escritor e assessor de movimentos sociais
[Escritor, autor do romance Um homem chamado Jesus (Rocco), entre outros livros -
quinta-feira, 12 de abril de 2012
CONSERVADORES NUNCA MUDAM
Quando se é jovem, mulher bonita é mulher gostosa. Não há como separar beleza da atração ao sexo, então, nosso (nós homens) conceito de beleza está atrelado às possibilidades de prazer que o alvo de nossa admiração promete.
Quando amadurecemos, mulher bonita é muito mais que isso. É mulher serena, sábia e piedosa para com nossas inconstâncias.
Aprendemos com o tempo a separar sexo de beleza, sabedoria de fanfarronice, serenidade de apatia.
Quando somos jovens, liberdade é tudo aquilo que nos permite extrapolar nossa energia. É todos ser, ambiente e situação que nos permite liberar. Qualquer ato, o resmungo da mãe, a advertência da professora, o não da namorada, qualquer coisa que nos limite é visto como inibidor do sagrado direito à liberdade.
O tempo nos ensina, que a liberdade implica no respeito à liberdade alheia e que liberdade não é libertinagem e ainda que éramos libertinos e não libertos.
Quando jovens a crítica é sempre pessoal, burra (da parte do crítico) e injusta.
Quando “crescemos” aprendemos a tirar da crítica tudo o que ela pode conter para nossa melhora, para nosso auto-julgamento.
O tempo é o senhor da razão, diziam nossas avós. E pra variar, elas estavam certas.
O amadurecimento é capaz de transformas água em estalactite, montanha em planície e idéias em projetos.
Por isso é importante amadurecer. Por isso não é feio nem sinal de fraqueza mudar uma opinião ou rever um conceito.
Não é o que acontece com os conservadores.
Os conservadores são pessoas que se embrutecem dentro de suas certezas.
Os Conservadores não são, necessariamente, mais velhos, pois muitos jovens são mais conservadores do que o Papa.
Apegados às suas certezas possuem a falsa sensação de ter a verdade absoluta sobre os fatos e se os fatos se alteram tornam-se cegos à mudança temendo perder o controle que julgavam ter sobre os mesmo.
Olham as coisas apenas do mesmo ângulo, ou seja, de um único ponto de vista.
Revolução, apenas a palavra já provoca ojerizas.
Esquerdista é comunista. Jovem fora do padrão é maconheiro, e maconheiro é bandido.
Elite é elite, classe média é fechada e povo é uma invenção dos comunistas.
Esses professorezinhos de história, esses padrecos envolvidos em causas sociais, esses são os culpados pela corrupção, pelas dificuldades, por tudo que lhe foge da zona de conforto.
Nunca tiveram nem jamais terão uma propriedade rural, mas defendem o latifúndio e odeiam o MST mais do que os próprios coronéis. São eles, e não os latifundiários, os maiores inimigos da reforma agrária.
Nunca votaram, nem em seus piores pesadelos em qualquer partido de esquerda, mas, muitas vezes, para dar ares de veracidade aos seus argumentos afirmam que “eu já votei no PT” ou “eu fui simpatizante do socialismo” coisa que, ele sabe, jamais poderá ser comprovada.
O conservador teme estar errado. Ele não quer ouvir argumentos porque se for convencido de um erro isso representaria que a vida inteira ele esteve errado sobre algo e isso é impossível.
Os conservadores fazem parte de nossa paisagem política. Compõem o eleitorado que disputamos. Os conservadores não podem ser diminuídos, subestimados ou esquecidos.
Na verdade, o melhor que se faz é ter vivo que foram eles que apoiaram Jânio e a vassoura moralista. Foram os conservadores que organizaram a Marcha com Deus pela Liberdade e foram eles que clamaram, exigiram, imploraram pelo golpe militar de 1964.
Esquecê-los? Jamais.
Buscar sempre o debate..
Assim como na ficção o vampiro teme o crucifixo, os conservadores temem um bom argumento que lhes abale as carcomidas estruturas de convicções e preconceitos que construíram para se justificar a vida toda.
Prof. Péricles
Quando amadurecemos, mulher bonita é muito mais que isso. É mulher serena, sábia e piedosa para com nossas inconstâncias.
Aprendemos com o tempo a separar sexo de beleza, sabedoria de fanfarronice, serenidade de apatia.
Quando somos jovens, liberdade é tudo aquilo que nos permite extrapolar nossa energia. É todos ser, ambiente e situação que nos permite liberar. Qualquer ato, o resmungo da mãe, a advertência da professora, o não da namorada, qualquer coisa que nos limite é visto como inibidor do sagrado direito à liberdade.
O tempo nos ensina, que a liberdade implica no respeito à liberdade alheia e que liberdade não é libertinagem e ainda que éramos libertinos e não libertos.
Quando jovens a crítica é sempre pessoal, burra (da parte do crítico) e injusta.
Quando “crescemos” aprendemos a tirar da crítica tudo o que ela pode conter para nossa melhora, para nosso auto-julgamento.
O tempo é o senhor da razão, diziam nossas avós. E pra variar, elas estavam certas.
O amadurecimento é capaz de transformas água em estalactite, montanha em planície e idéias em projetos.
Por isso é importante amadurecer. Por isso não é feio nem sinal de fraqueza mudar uma opinião ou rever um conceito.
Não é o que acontece com os conservadores.
Os conservadores são pessoas que se embrutecem dentro de suas certezas.
Os Conservadores não são, necessariamente, mais velhos, pois muitos jovens são mais conservadores do que o Papa.
Apegados às suas certezas possuem a falsa sensação de ter a verdade absoluta sobre os fatos e se os fatos se alteram tornam-se cegos à mudança temendo perder o controle que julgavam ter sobre os mesmo.
Olham as coisas apenas do mesmo ângulo, ou seja, de um único ponto de vista.
Revolução, apenas a palavra já provoca ojerizas.
Esquerdista é comunista. Jovem fora do padrão é maconheiro, e maconheiro é bandido.
Elite é elite, classe média é fechada e povo é uma invenção dos comunistas.
Esses professorezinhos de história, esses padrecos envolvidos em causas sociais, esses são os culpados pela corrupção, pelas dificuldades, por tudo que lhe foge da zona de conforto.
Nunca tiveram nem jamais terão uma propriedade rural, mas defendem o latifúndio e odeiam o MST mais do que os próprios coronéis. São eles, e não os latifundiários, os maiores inimigos da reforma agrária.
Nunca votaram, nem em seus piores pesadelos em qualquer partido de esquerda, mas, muitas vezes, para dar ares de veracidade aos seus argumentos afirmam que “eu já votei no PT” ou “eu fui simpatizante do socialismo” coisa que, ele sabe, jamais poderá ser comprovada.
O conservador teme estar errado. Ele não quer ouvir argumentos porque se for convencido de um erro isso representaria que a vida inteira ele esteve errado sobre algo e isso é impossível.
Os conservadores fazem parte de nossa paisagem política. Compõem o eleitorado que disputamos. Os conservadores não podem ser diminuídos, subestimados ou esquecidos.
Na verdade, o melhor que se faz é ter vivo que foram eles que apoiaram Jânio e a vassoura moralista. Foram os conservadores que organizaram a Marcha com Deus pela Liberdade e foram eles que clamaram, exigiram, imploraram pelo golpe militar de 1964.
Esquecê-los? Jamais.
Buscar sempre o debate..
Assim como na ficção o vampiro teme o crucifixo, os conservadores temem um bom argumento que lhes abale as carcomidas estruturas de convicções e preconceitos que construíram para se justificar a vida toda.
Prof. Péricles
terça-feira, 10 de abril de 2012
ENRUSTIDOS
Se ainda houvesse necessidade, o caso do Senador e da Cachoeira seria uma saborosa lição.
Paladino do bem, campeão da moral, carrasco dos corruptos sempre mostrado pela mídia com o dedo em riste exigindo demissões, cpis e compostura, o senador foi envolvido numa investigação da Polícia Federal, autorizada pela justiça, que trás de forma clara e sem dúvidas, provas de seu envolvimento até a raiz dos cabelos, em inescrupulosas negociatas.
Se ainda fosse preciso, seria o momento da sociedade brasileira, aquela parcela bem intencionada que sonho com uma vida melhor para os brasileiros, mas que é facilmente levada pelas ondas da emoção plantadas pela mídia e pelos setores mais conservadores, entender, que não existem heróis acima do bem e do mal, nesse jogo sujo que, infelizmente, faz parte da rotina política de nosso país.
Não existem mágicos, não existem santos.
O Senador é mais um exemplo da coisa mais podre do jogo do poder, aquele corrupto até a alma que usa o discurso da anticorrupção para iludir os outros.
Ele não é o primeiro. Houve muitos outros.
Houve um candidato despreparado, mas que foi eleito presidente, sem propostas e sem planos, apenas defendendo acabar com a corrupção, varrer a corrupção do Brasil, tornando-se a vassoura seu símbolo.
Teve aquele outro, mais despreparado ainda que foi eleito pela mídia com um discurso vazio e sem sentido, mas prometendo “caçar os marajás”.
E ele não será o último, pois o discurso moralista sempre é fácil e sempre seduz os incautos. Ele não será o último enquanto partidos sem propostas e sem conteúdo continuarem se apossando da “corrupção dos outros” enquanto escamoteia a sua própria.
A corrupção no Brasil e no mundo é intrínseca ao exercício da administração da coisa pública que envolve muito dinheiro, interesses, burocracia e pessoas.
Existe, claro, formas de combatê-la, de maneira honesta e sem partidarização.
Uma delas, talvez a mais urgente, é acabar definitivamente com qualquer forma de contribuição nas campanhas eleitorais.
É nesse momento, quando pessoas físicas e empresas contribuem, que nascem os acordos futuros, as negociatas. Ou você acha que a contribuição se dá por amor ou ideal?
Deveríamos criar no Brasil uma legislação parecida com a do Reino Unido, onde verba de campanha é pública e dividida de igual maneira entre os partidos. Qualquer outro centavo, além disso, é crime eleitoral.
Com atos realistas e objetivos só dessa forma poderemos combater essa moléstia moral e financeira.
O resto é discurso vazio. Falso moralismo. Hipocrisia.
Como o enrustido homofóbico que agride os homossexuais, continuarão existindo os enrustidos moralistas que agridem nossa inteligência.
Prof. Péricles
Paladino do bem, campeão da moral, carrasco dos corruptos sempre mostrado pela mídia com o dedo em riste exigindo demissões, cpis e compostura, o senador foi envolvido numa investigação da Polícia Federal, autorizada pela justiça, que trás de forma clara e sem dúvidas, provas de seu envolvimento até a raiz dos cabelos, em inescrupulosas negociatas.
Se ainda fosse preciso, seria o momento da sociedade brasileira, aquela parcela bem intencionada que sonho com uma vida melhor para os brasileiros, mas que é facilmente levada pelas ondas da emoção plantadas pela mídia e pelos setores mais conservadores, entender, que não existem heróis acima do bem e do mal, nesse jogo sujo que, infelizmente, faz parte da rotina política de nosso país.
Não existem mágicos, não existem santos.
O Senador é mais um exemplo da coisa mais podre do jogo do poder, aquele corrupto até a alma que usa o discurso da anticorrupção para iludir os outros.
Ele não é o primeiro. Houve muitos outros.
Houve um candidato despreparado, mas que foi eleito presidente, sem propostas e sem planos, apenas defendendo acabar com a corrupção, varrer a corrupção do Brasil, tornando-se a vassoura seu símbolo.
Teve aquele outro, mais despreparado ainda que foi eleito pela mídia com um discurso vazio e sem sentido, mas prometendo “caçar os marajás”.
E ele não será o último, pois o discurso moralista sempre é fácil e sempre seduz os incautos. Ele não será o último enquanto partidos sem propostas e sem conteúdo continuarem se apossando da “corrupção dos outros” enquanto escamoteia a sua própria.
A corrupção no Brasil e no mundo é intrínseca ao exercício da administração da coisa pública que envolve muito dinheiro, interesses, burocracia e pessoas.
Existe, claro, formas de combatê-la, de maneira honesta e sem partidarização.
Uma delas, talvez a mais urgente, é acabar definitivamente com qualquer forma de contribuição nas campanhas eleitorais.
É nesse momento, quando pessoas físicas e empresas contribuem, que nascem os acordos futuros, as negociatas. Ou você acha que a contribuição se dá por amor ou ideal?
Deveríamos criar no Brasil uma legislação parecida com a do Reino Unido, onde verba de campanha é pública e dividida de igual maneira entre os partidos. Qualquer outro centavo, além disso, é crime eleitoral.
Com atos realistas e objetivos só dessa forma poderemos combater essa moléstia moral e financeira.
O resto é discurso vazio. Falso moralismo. Hipocrisia.
Como o enrustido homofóbico que agride os homossexuais, continuarão existindo os enrustidos moralistas que agridem nossa inteligência.
Prof. Péricles
domingo, 8 de abril de 2012
AVALIAÇÃO DO GOVERNO DILMA
A presidenta Dilma Rousseff bateu um novo recorde desde o início do seu mandato e ampliou a sua popularidade mesmo depois da divulgação de um crescimento modesto do PIB (Produto Interno Bruto) em 2011 e em meio a turbulências de uma crise política em sua base de apoio no Congresso.
Segundo pesquisa CNI/Ibope divulgada nesta quarta-feira (4), a aprovação pessoal da presidenta (aqueles que acham o jeito Dilma de governar "ótimo" ou "bom") subiu cinco pontos percentuais desde dezembro, de 72% para 77%. É o maior índice registrado desde março do ano passado, quando a primeira pesquisa sobre seu governo foi divulgada.
A presidenta tem usado como trunfo em sua relação com o Congresso as altas taxas de popularidade alcançadas desde o início de seu governo.
A avaliação de sua gestão, contudo, manteve-se a mesma na comparação com dezembro, estacionada em 56%. O índice tinha sido o melhor para um primeiro ano de governo desde que a pesquisa da Confederação Nacional da Indústria começou a ser feita, em 1995.
Comparativamente, o governo Luiz Inácio Lula da Silva tinha avaliação "ótima" ou "boa" de 34% no início de seu segundo ano de mandato, em 2004. Na época, o governo estava abalado pelo seu primeiro escândalo de corrupção, após a revelação do caso Waldomiro Diniz, ex-assessor da Casa Civil.
Ainda assim, é maior o número de entrevistados que considera o governo Dilma pior do que o governo Lula (23%). A gestão Dilma é considerada superior por 15%.
LEMBRANÇAS
A pesquisa aponta que os assuntos mais espinhosos, e que poderiam abalar a avaliação positiva do governo, foram pouco lembrados pelos entrevistados. É o caso do crescimento do PIB de 2,7% em 2011, citado por apenas 1%. A crise política, que levou à troca da liderança do governo no Senado, foi citado por 4%.
De acordo com o levantamento, os assuntos mais lembrados espontaneamente pelos entrevistados sobre o governo foram os "programas sociais voltados para mulheres" e as "viagens da presidente Dilma".
A pouco mais de dois meses da Conferência Rio +20 e com a votação do novo código florestal voltando à pauta do Congresso, a pesquisa apontou que as ações e políticas para o meio ambiente foram aquelas que apresentaram maior crescimento na aprovação em relação a dezembro, saltando de 48% para 53%.
As áreas com pior avaliação são, de acordo com a pesquisa, impostos (65% de desaprovação), saúde (63%) e segurança pública (61%).
A pesquisa foi realizada entre os dias 16 e 19 de março. No levantamento, foram ouvidas 2.002 pessoas em 142 municípios.
De: http://www1.folha.uol.com.br
Folha.com - Breno Costa
04/04/2012
Segundo pesquisa CNI/Ibope divulgada nesta quarta-feira (4), a aprovação pessoal da presidenta (aqueles que acham o jeito Dilma de governar "ótimo" ou "bom") subiu cinco pontos percentuais desde dezembro, de 72% para 77%. É o maior índice registrado desde março do ano passado, quando a primeira pesquisa sobre seu governo foi divulgada.
A presidenta tem usado como trunfo em sua relação com o Congresso as altas taxas de popularidade alcançadas desde o início de seu governo.
A avaliação de sua gestão, contudo, manteve-se a mesma na comparação com dezembro, estacionada em 56%. O índice tinha sido o melhor para um primeiro ano de governo desde que a pesquisa da Confederação Nacional da Indústria começou a ser feita, em 1995.
Comparativamente, o governo Luiz Inácio Lula da Silva tinha avaliação "ótima" ou "boa" de 34% no início de seu segundo ano de mandato, em 2004. Na época, o governo estava abalado pelo seu primeiro escândalo de corrupção, após a revelação do caso Waldomiro Diniz, ex-assessor da Casa Civil.
Ainda assim, é maior o número de entrevistados que considera o governo Dilma pior do que o governo Lula (23%). A gestão Dilma é considerada superior por 15%.
LEMBRANÇAS
A pesquisa aponta que os assuntos mais espinhosos, e que poderiam abalar a avaliação positiva do governo, foram pouco lembrados pelos entrevistados. É o caso do crescimento do PIB de 2,7% em 2011, citado por apenas 1%. A crise política, que levou à troca da liderança do governo no Senado, foi citado por 4%.
De acordo com o levantamento, os assuntos mais lembrados espontaneamente pelos entrevistados sobre o governo foram os "programas sociais voltados para mulheres" e as "viagens da presidente Dilma".
A pouco mais de dois meses da Conferência Rio +20 e com a votação do novo código florestal voltando à pauta do Congresso, a pesquisa apontou que as ações e políticas para o meio ambiente foram aquelas que apresentaram maior crescimento na aprovação em relação a dezembro, saltando de 48% para 53%.
As áreas com pior avaliação são, de acordo com a pesquisa, impostos (65% de desaprovação), saúde (63%) e segurança pública (61%).
A pesquisa foi realizada entre os dias 16 e 19 de março. No levantamento, foram ouvidas 2.002 pessoas em 142 municípios.
De: http://www1.folha.uol.com.br
Folha.com - Breno Costa
04/04/2012
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