sábado, 13 de fevereiro de 2016

A ASSOMBRAÇÃO BERNIE SANDERS


Por José Inácio Werneck


Ele está para completar 75 anos, é meio careca e o que resta de seus cabelos brancos está sempre despenteado, é um pouco curvado, usa óculos, é um judeu casado com uma católica, diz não ser “particularmente religioso”, admira o Papa Francisco, seu pai era um imigrante pobre da Polônia, sua mãe nasceu nos Estados Unidos filha também de imigrantes pobres, um da Rússia e outro da Polônia, tem um irmão que emigrou para a Inglaterra e virou político lá, viveu em um kibutz em Israel mas opõe-se à política do Primeiro-Ministro israelense Benjamim Netanyahu, foi desde o início contra a invasão do Iraque, defende o direito ao divórcio e ao casamento gay, declara-se socialista – e atrai multidões a seus comícios.

Este é Bernie Sanders, o homem que vem povoando os pesadelos de Hillary Clinton na campanha das primárias democráticas para a eleição presidencial dos Estados Unidos, no próximo mês de novembro.

O fenômeno Bernie Sanders entre os democratas explica-se um pouco como o fenômeno Donald Trump entre os republicanos: ambos passam, a seu modo, uma imagem de autenticidade que falta a seus concorrentes nos dois partidos.

Trump é um bilionário que resolveu explorar os sentimentos menos generosos do povo americano – e encontrou eco entre um eleitorado esmagadoramente branco e carregado de preconceitos contra imigrantes hispânicos, negros, muçulmanos e outras minorias raciais ou religiosas.

Sanders apela para os sentimentos mais generosos do povo americano.

Ele foi criado no bairro de Brooklyn, na cidade de Nova York, mudou-se para o estado de Vermont, de tradições liberais, e lá fez carreira política, primeiro como prefeito, depois deputado e por fim senador. Um senador independente, nem afiliado ao Partido Democrata nem ao Partido Republicano, mas com uma história de votos sempre alinhados com os democratas.

Ele não se filiou ao Partido Democrata, embora agora queira ser seu candidato, porque na verdade se considerava e ainda se considera um socialista.

Não um socialista do tipo “o petróleo é nosso”, mas socialista, como ele mesmo explica, porque nos Estados Unidos há instituições sociais, como o Social Security, Medicare e Medicaid, que precisam ser defendidas do constante ataque da direita representada pelo Partido Republicano.

Um socialista porque defende o Plano de Saúde implantado pelo Presidente Barack Obama, conhecido como Obamacare, e que, mais, quer aprimorá-lo, transformando-o em um National Health Service – Assistência Médica governamental – como existe no Reino Unido, Dinamarca e outros países europeus.

Mais: Bernie Sanders quer educação universitária gratuita, garantida pelo governo.

Nada disto poderá acontecer se os bilionários nos Estados Unidos não passarem a pagar mais impostos.

É contra os bilionários, aqueles a quem ele chama de 1%, que se desenvolve a campanha de Bernie Sanders.

Poucos acreditavam que ele pudesse ser escolhido como o candidato democrata. Agora há quem julgue isto possível, embora tal opinião seja ainda minoria entre os comentaristas políticos.

O argumento sempre apresentado contra Bernie Sanders é que, se ele viesse a ser eleito, nada poderia realizar, pois bateria de frente com uma Câmara de Deputados e um Senado dominado pelos republicanos.

A isto Bernie Sanders responde que, se for eleito, será em consequência de uma “revolução política” que alterará também a composição da Câmara e do Senado e, mesmo que não a altere, terá enviado uma “mensagem” que os republicanos serão obrigados a aceitar, embora a contragosto.

O fato é que, com uma regularidade espantosa, Bernie Sanders vem arrastando multidões de 20 e 30 mil pessoas a seus comícios por todo o país – algo com que Hillary Clinton nem ousa sonhar.

Hillary, franca favorita a ser escolhida a candidata democrata em 2008, encontrou um obstáculo inesperado e irresistível num filho de um imigrante pobre, de cor negra, chamado Barack Obama.

Agora, ainda em sua tentativa de ser a primeira mulher a ser eleita para a presidência dos Estados Unidos, encontra também um obstáculo inesperado em outro filho de imigrante pobre. Não de cor negra, mas judeu.

Os Estados Unidos nunca tinham eleito um presidente negro e nunca elegeram um presidente judeu.

Será Sanders tão irresistível para Hillary quanto Obama foi?



José Inácio Werneck, jornalista e escritor, é intérprete judicial em Bristol, no Connecticut, EUA, onde vive.



quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

O MAIOR JORNALISTA BRASILEIRO

Cipriano Barata


Por Appólo Natali


Um jornalista baiano é, até hoje, considerado exemplo de independência dentro da profissão.

Tanto ele como seu implacável perseguidor, D. Pedro I, morreram em 1838, um aqui, outro na Europa.

Ao final da vida tormentosa dos dois, se D. Pedro I tivesse alguma coisa ainda a dizer, diria: dominei-o com 11 anos de masmorras e uma prisão perpétua.

Foi assim: no tempo em que era crime não se ajoelhar e beijar as mãos do imperador, o baiano virou-lhe as costas durante sua visita à masmorra, o que lhe valeu a pena de prisão perpétua.

O baiano defendia o fim da tortura praticada por bagatela pelos dominadores e exigia a abolição de seus instrumentos.

E se tivesse ainda alguma coisa a dizer, o que diria o baiano? Eu o derrubei do trono, tirano – chamava-o de tirano – depois da minha libertação fui à Bahia como emissário da conjura pela Abdicação.

Uma das primeiras lideranças políticas de amplitude nacional que se forjou no imediato período pré e pós-Independência, ele foi, na Colônia, no Império e na Regência, temido, prestigiado e perseguido líder, incansável e intransigente combatente da opressão lusitana.

Incendiou a Bahia com a guerra de guerrilha para expulsar os portugueses da Província, então dominada pelas forças do brutal general Madeira.

Foi ativista e participante de históricas revoltas regionais que se espalharam pelo Brasil contra a tirania portuguesa, durante a Colônia, Império e Regência.

Proclamava-se um liberal que açoita a tirania e defende a pátria.

Sempre acusado de pregar a Republica. Há 200 anos defendia eleições diretas para os presidentes das províncias. A abolição dos escravos, que aconteceu em 1888, ele a queria para 1860.

Um dos fundadores do jornalismo político no Brasil.

Deputado pelo Brasil nas Cortes, em Lisboa, sustentou com valentia verbal e física a causa da liberdade. 

Atracou-se e derrubou um marechal português no plenário durante defesa que fazia dos interesses brasileiros e do direito de cidadania dos escravos. O Marechal rolou pelas escadas. Fugiu para a Inglaterra.

O baiano indignou-se com a afirmação do padre Diogo Feijó, Regente de um governo forte e centralizador, de que o brasileiro não foi feito para a desordem, que o seu natural é o da tranquilidade. Esse termo docilidade aplicado aos brasileiros, disse o baiano, é como dizer brasileiro ovelha mansa, que trabalha como burro para pagar tributos em benefício dos satélites do governo.

Era médico. E jornalista.

Em meio aos ferros de tortura e insetos peçonhentos, nas várias masmorras inundadas, fétidas, sem ar e calor abrazador onde era aprisionado, o baiano editava seus jornais e distribuía para todo o Brasil.

Dizem que com a ajuda de sociedades secretas que almejavam a Independência.

Sentinela da Liberdade era o título de seu jornal, com o nome do Forte ou masmorra onde estava preso e o brado: Alerta!

Em 9 de abril de 1823, uma quarta-feira, nasceu o número 1, Sentinela da Liberdade na Guarita de Pernambuco, Alerta!

O último Sentinela, do total de 66 exemplares que editou, saiu em dezembro de 1835, em Recife.

Foram doze anos do denominado jornalismo do cárcere, como é conhecida sua atuação como jornalista.

O médico Bezerra de Menezes, nome sempre citado pelos espíritas hoje, dirigiu um Sentinela da Liberdade, no Rio de Janeiro. 

Exilados publicaram em 1825, na Inglaterra, o Sentinela da Liberdade na Guarita de Londres, como suplemento do Sunday Time.

Não receberei anúncios sobre venda de escravos porque minha gazeta não é leilão nem capitão do mato, ironizava.

O historiador Pedro Calmon o vê como um dos grandes seres que passaram pela Terra. Disse dele o historiador Nelson Werneck Sodré, que poucos fizeram tanto pela nossa Independência quanto esse baiano que, ainda no Brasil Colônia, já conheceria as amarguras do cárcere por sonhar com nossa liberdade política.

Sentinela da Liberdade foi uma epopéia da imprensa brasileira, um dos momentos supremos da vida da imprensa brasileira, um dos marcos na luta pela nossa liberdade, diz Sodré.

Para intimidar os dominadores daquele Brasil cativo, muitos escreviam nas portas de suas casas: Barata.

Quem, além de Cypriano Jozé Barata de Almeida (era com “z” que se escrevia), pode ser considerado o maior jornalista brasileiro de todos os tempos?





Apollo Natali foi o primeiro redator da antiga Agência Estado, foi redator da Rádio Eldorado, do Estadão e do antigo Jornal da Tarde.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

PARA QUEM TORCER?


Final de ano tem eleições nos Estados Unidos, ou, no Império como diria o coxinha mais ardente.

É bem verdade que desde o governo Lula, quando o Brasil buscou novas parcerias, a influência direta dessa nação sobre nós tem diminuído. Ainda assim, não tem como negar o impacto que a escolha do presidente do país que possuí 22% do PIB mundial tem sobre o Brasil e sobre todos os países do mundo.

Assim, uma pergunta que se destaca é: nós que não participamos, só assistimos, devemos torcer pra quem?

Vejamos.

O sistema eleitoral americano é curioso e diferente de tudo que conhecemos aqui no Brasil.

É presidencialista, mas, por ser uma confederação, a eleição não é direta, uma vez que é decidida por um colégio eleitoral, onde cada estado, de acordo com a extensão e população tem direito a um número determinado de votos.

Os eleitores de cada estado votam diretamente (em 08 de novembro) e, a maioria dos votos desses eleitores determina para quem vão os votos do estado.

É a soma dos votos de todos os estados que decide o novo presidente.

Confuso? Você ainda não viu nada.

O sistema eleitoral, urna, cédulas, etc. de cada estado é próprio e pode ser bastante diverso um dos outros.

Uma zona.

Dois partidos políticos disputam a presidência, embora existam mais de 20 partidos legalmente inscritos, alguns com importância apenas regional.

Portanto, em teoria, o sistema eleitoral é pluripartidário, mas, na prática, bipartidário.

Os dois partidos que realmente decidem são, o Partido Republicano (o elefante) e o Partido Democrata (o jumento).

Os dois partidos são conservadores, tipo Partido Liberal e Partido Conservador no Brasil Império ou PMDB e PSDB nos tempos atuais, mas, algumas sutis diferenças existem.

O Partido Republicano é o mais conservador. Suas propostas estão sempre de acordo com os valores mais tradicionais desse país ligados à religiosidade protestante, predominância de elementos brancos e sionistas e total oposição às ideias mais liberais como legalização do aborto ou universalização da saúde.

O Partido Democrata, também conservador, adquiriu ao longo do tempo ares mais democráticos, principalmente devido à necessidade de ser um contraponto ao conservadorismo do Partido Republicano.

Antes das eleições presidenciais, ocorre uma eleição talvez mais espetacular ainda, as chamada prévias, quando diferentes candidatos dos dois partidos, disputam a indicação para ser o nome do partido na eleição “quente”.

Esse ano o Partido Republicano apresenta como nome mais forte o milionário e polêmico Donald Trump. Um dos homens mais ricos dos Estados Unidos, Trump tem se destacado por atrair obre si um ar demagogo e populista de uma personagem que não teme a polêmica nem tem papas na língua.

Não fosse tão nocivo aos nossos interesses e aos interesses da paz mundial seria o candidato mais “engraçado” que faria que muitos torcessem por sua vitória.

O Partido Democrata apresenta duas candidaturas realmente interessantes.

De um lado Hilary Clinton, esposa do ex-presidente Bill Clinton e que, em caso de vitória será a primeira mulher presidente dos EUA (substituindo o primeiro presidente negro).

Mas a candidatura mais espetacular, sem dúvida é a de seu adversário, Bernie Sanders.

Sanders sempre se destacou pela crítica ao capitalismo selvagem tendo sempre, como prefeito e senador, feito de seu discurso uma prática. Ele representa uma visão chamada por lá de “socialista” (não confundir com marxista).

Bernie Sanders tem recebido inflamado apoio dos imigrantes, das mulheres e, surpreendentemente dos jovens (Sanders já tem mais de 70 anos).

Parece ser a coisa nova, a proposta real de mudanças numa potência que não consegue mais esconder sua decadência e o empobrecimento de boa parte de sua população.

Bernie Sanders do Partido Democrata, o candidato dos mais pobres e de Michel Moorer, talvez mereça também a nossa torcida.



Prof. Péricles







sábado, 6 de fevereiro de 2016

ATÉ AS PEDRAS PODEM CHORAR

Nióbio



Niobe era filha de Tântalo (aquele, do suplício) e Dione. Portanto, neta de Zeus.

Teve 14 filhos (sete homens e sete mulheres) e representava o mito da fertilidade feminina, na antiguidade, uma grande virtude.

Além de fértil, Níobe era também bastante estúpida, pois ousou ofender em público a Leto, amante de seu avô Zeus, que com ele tivera dois filhos: o deus Apolo e a deusa Artêmis.

Leto era muito querida, símbolo da humildade e modéstia, representava “a outra” e era perseguida pela esposa de Zeus, a terrível e ciumenta deusa Hera.

Pois o povo da polis de Tebas organizou uma grande homenagem a Leto, e Níobe que era a rainha da cidade, se ofendeu, e dessa forma ofendeu Leto: entre várias coisas lembrou que ela tinha 14 filhos enquanto Leto tinha só dois, suprema humilhação entre as mulheres gregas.

O final desse mito foi tenebroso.

Apolo e Artêmis, ambos arqueiros, mataram todos os 14 filhos de Níobe a flechadas, como vingança pelo insulto à sua mãe.

Níobe se recolheu a um esconderijo distante dos olhos humanos e passou a chorar dia e noite pela perda dos filhos. Chorou tanto, e tão intensamente, que o vovô Zeus se compadeceu de sua dor e a transformou numa rocha, mas ela ainda chorava a perda dos filhos, vertendo água constantemente.

Descoberto em 1801 pelo inglês Charles Hatchett, o Nióbio, o mais leve dos metais refratários, é utilizado principalmente em ligas ferrosas (tão poderoso que é utilizado na escala de 100 gramas para cada tonelada de ferro), criando aços bastante resistentes que são utilizadas em tubos de gasodutos, motores de aeroplanos, propulsão de foguetes e em outros chamados supercondutores, além de soldagem, indústria nuclear, eletrônica, lentes óticas, tomógrafos, etc.

É o número 41 da Tabela Periódica.

É uma rocha que verte humidade constantemente.

Dá para dizer que é um produto brasileiro já que 99% das reservas do mundo estão no Brasil.

Sua importância hoje para a indústria mundial é vital, comparável a importância do petróleo.

Segundo relatos vazados pelo Wikileaks, o governo americano caracteriza o Nióbio como um recurso estratégico e imprescindível aos planos americanos. Além disso, outros países e consultorias especializadas incluem o metal na lista de elementos em situação crítica ou ameaçada.

O Brasil exporta a preço de banana 70 mil toneladas desse produto por ano, mas poderia exportar milhões.

Por que se vende uma das maiores riquezas do mundo a preço de banana?

Uma riqueza imensurável favorecendo apenas meia dúzia de pessoas sombrias.

E você aí achando que o interesse dos Estados Unidos aqui era só o pré-sal...

E sem entender porque governos nacionalistas e progressistas preocupam tanto os gringos e seus sócios aqui dentro...

Um verdadeiro crime contra o povo brasileiro..

Diante do entreguismo interesseiro e da falta de patriotismo, nos ensinam os gregos, até as pedras podem chorar... como as mães saudosas.







Prof. péricles

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

OVNIS, UM ASSUNTO CADA VEZ MAIS SÉRIO



Por Sheila Sacks

Em maio de 2013, a BBC News veiculou matéria sobre um tema que a mídia em geral ignora ou enfoca de forma folclórica talvez por entendê-lo fantasioso. Tratava-se de uma ocorrência relacionada à aparição de ufos (unidentified flying objects) ou ovnis (objetos voadores não identificados ou discos voadores), termos utilizados no Brasil.

A notícia comentava o relatório da firma britânica UK Airprox Board, especializada em segurança de voos e incidentes aéreos, que analisou um episódio acontecido em 2 de dezembro de 2012, quando um avião de passageiros por pouco não colidiu com um objeto não identificado.

O avião em questão, um Airbus A320, preparava-se para aterrissar no Aeroporto Internacional de Glasgow, na Escócia, quando o piloto e os tripulantes viram um objeto à frente aparecer repentinamente e passar embaixo da aeronave, a uns dez segundos de distância, segundo o comandante. Porém, o radar não teria detectado nenhum tipo de aeroplano naquele momento, e imediatamente após o incidente foi iniciada uma busca na região sem resultados.

Em um trecho da conversa registrada entre o controlador de voo, na torre de monitoramento, e o piloto do avião, logo após a passagem do objeto, este afirma “não ter certeza do que é (o objeto)”, e acrescenta que “sem dúvida é bem grande, e é azul e amarelo”.

A investigação não conseguiu determinar o tipo de objeto descrito, apesar de descartar a possibilidade de ser outra aeronave ou um balão meteorológico.

No seu parecer final, a UK Airprox Board admitiu que as fontes de vigilância disponíveis não obtiveram êxito em rastrear nenhuma atividade que correspondesse àquela narrada pelo piloto do A320, ainda que as condições meteorológicas fossem consideradas favoráveis para a observação.

Esse seria mais um entre milhares de incidentes aéreos não conclusivos ou mal explicados que a mídia se exime em apurar mais profundamente, limitando-se apenas a reportá-lo.

Desde 2003, o governo britânico vem disponibilizando ao público e à mídia documentos ufológicos – antes catalogados sob a rubrica de secretos e ultrassecretos – que podem ser consultados em seu Arquivo Nacional (The National Archives – TNA). Esse acesso foi ampliado a partir de 2008 com a incorporação de novos arquivos, agora também disponíveis na internet.

Um desses relatos ficou conhecido como o caso Roswell inglês, em alusão ao famoso incidente ufológico que teria ocorrido em 1947, na cidade de Roswell, no noroeste dos Estados Unidos (estado do Novo México) envolvendo a queda de um ovni, fato negado pelas autoridades militares americanas.

Na Inglaterra, no início do governo de Margaret Thatcher, na década de 1980, o “avistamento” de “luzes inexplicáveis” pairando sobre a Floresta Rendlesham – de acordo com o memorando de 13 de janeiro de 1981, assinado pelo subcomandante da base da Força Aérea Britânica (Royal Air Force – RAF) de Bentwaters, tenente-coronel Charles Halt – também foi considerado “não significativo para a Defesa”. O incidente que envolveu “avistamentos” de ovnis se estendeu por quatro dias, em dezembro de 1980, e foi presenciado por dezenas de militares.

Em 1997, durante uma festa de caridade em Londres, Thatcher teve um encontro casual com a jornalista e ufóloga inglesa Georgina Bruni (1947-2008), e proferiu uma frase que intrigou a jornalista. Diante da pergunta sobre o fenômeno dos ovnis e de sua tecnologia avançada, Thatcher teria respondido: “Você não pode dizer as pessoas” (You can’t tell the people).

Outra liberação de documentos ufológicos bastante aguardada por estudiosos desses fenômenos, mas ignorada pela mídia, viria da parte de Julian Assange e de seu site Wikileaks. Em um deles, enviado da embaixada dos EUA em Gana, na África, a Washington, em novembro de 1973, há o registro de como o espaço aéreo havia sido violado por ovnis, os quais se afirmavam não corresponderiam a aeronaves comerciais convencionais.

Assange permanece asilado na embaixada do Equador em Londres desde junho de 2012 e um de seus mais importantes informantes, o soldado norte-americano Bradley Manning, analista de inteligência, foi condenado a 35 anos de prisão nos EUA.

A pré-candidata do Partido Democrata à eleição presidencial americana de novembro de 2016, Hillary Clinton, afirmou que vai investigar o fenômeno dos ovnis se for eleita. ”Eu vou chegar ao âmago da questão”, assegurou. Ela deu a declaração ao repórter do jornal “The Conway Dayle Sun” que publicou a matéria no final de 2015 (30 de dezembro).

A ex-primeira dama dos EUA lembrou que em 2007, Bill Clinton então presidente havia dito que os ovnis eram o assunto número um dos pedidos de informações de documentos oficiais formulados pelos cidadãos americanos. “Penso que já fomos visitados”, disse ela na reportagem.

Hillary contou que se eleita, pretende criar um grupo especial para investigar a Área 51, uma base militar secreta no estado de Novo México suspeita de abrigar alienígenas e restos de uma nave que teria caído em Roswell.

Por aqui, um encontro inédito reuniu ufólogos e representantes do Ministério da Defesa, em Brasília, em abril de 2013, onde se determinou que todos os documentos sobre o assunto sob a responsabilidade do Exército, Marinha e Aeronáutica fossem tornados públicos, como estabelece a Lei de Acesso à Informação – LAI (Lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011).

A disposição do governo foi comemorada pelo ufólogo Ademar José Gevaerd, editor da revista UFO, presente ao encontro, que classificou a reunião de “histórica e sem precedentes em todo o mundo”.

Além da promessa de manter um canal de comunicação permanente com os estudiosos dos fenômenos ufológicos, os militares que participaram da reunião revelaram que o maior número de requerimentos de informações ao órgão, a partir da regulamentação da LAI, em 16 de maio de 2012, tinha os ovnis como ponto de interesse, uma surpresa para os próprios ufólogos.

Porém, passados quase dois anos desse encontro a expectativa positiva dos ufólogos brasileiros não se efetivou. Isso porque a disponibilização de documentos sigilosos sobre operações militares envolvendo “avistamentos” de ovnis esbarrou em obstáculos como documentos destruídos e pastas ainda classificadas de secretas.



Sheila Sacks, jornalista formada pela PUC-RJ sempre trabalhou em assessoria de imprensa.Tem artigos publicados nos sites Observatório da Imprensa e Rio Total


terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

MERCADO DE OUTORGAS DE ÁGUAS

Por Roberto Malvezzi

Esses dias fui entrevistado pela Folha de São Paulo sobre uma nova investida da Agência Nacional de Águas para a criação do “mercado de outorga de águas”.
O assunto é antigo e, vez em quando, se mexe no túmulo.
A proposta vem do Banco Mundial e FMI para a criação do mercado de águas como a melhor forma de gerir a crescente crise hídrica global.
Como no Brasil a água é um bem da União (Constituição de 1988) ou um bem público (conforme a lei 9.433/97), então ela não pode ser privatizada e nem mercantilizada.
Acontece que há tempos o grupo que representa o pensamento dessas instituições internacionais no Brasil – e das multinacionais da água – busca brechas na lei para criar o mercado de águas, pelo mecanismo de compra e venda de outorgas.
Já que a água não pode ser um bem privado, então que se tenta criar o mercado das outorgas (quantidades de água concedidas pelo Estado a um determinado usuário), podendo ser vendida de um usuário para outro.
Hoje o mercado de outorgas é impossível. Quando um usuário que conseguiu uma outorga não utiliza a água demandada, ela volta ao poder do Estado e não pode ser transferida de um usuário para o outro, muito menos ser vendida.
A finalidade é óbvia, isto é, evitar que se crie especulação financeira em torno de um bem público e essencial, evitando a compra e venda de reservas de água.
A lei já tem uma aberração, que é a outorga preventiva, isto é, uma empresa pode reservar para si um determinado volume de água até que seu empreendimento possa ser implantado. Essa outorga preventiva pode ser renovada mesmo quando o prazo foi expirado e nenhuma gota d’água utilizada.
Onde o mercado de águas – sob todas as formas – foi criado o fracasso foi mortal, literalmente.
Na Bolívia gerou a guerra da água, na França, depois de alguns anos, o serviço voltou ao controle público. Assim em tantas partes do mundo.
Mas o Brasil é tardio e colonizado. Muitos de nossos agentes públicos também o são.
Pela nossa legislação existe uma ética no uso da água, isto é, em caso de escassez a prioridade é o abastecimento humano e a dessedentação dos animais. Portanto, prioridades como essas, estabelecidas em lei, não podem ser substituídas pelo mercado. Em momentos críticos como esse é exigida a intervenção do Estado através do organismo competente para determinar a prevalência das prioridades sobre os demais usos.
Se prevalecer o mercado, então uma empresa de abastecimento de água, para ganhar dinheiro, pode vender parte – ou totalmente – de sua outorga para uma empresa de irrigação, por exemplo. Nesse caso, sacrificaria as pessoas em função do lucro e da empresa que pode pagar mais pela água.
Portanto não é só uma questão legal, é antes de tudo ética, humanitária e zeladora dos direitos dos animais.
A proposta inverte a ordem natural e dos valores, colocando o mercado como senhor absoluto da situação, exatamente em momentos de escassez gritante.

Roberto Malvezzi, Gogóé músico. filósofo e teólogo